Levou alguns segundos para que Carlson habituasse seus olhos ao brilho cegante do sol. A luz fortíssima castigou seu corpo nu. Ele se virou para trás e o que viu foi a enorme esfera espelhada levitando atrás dele.
Conforme eles avançavam, destruindo grandes construções em seu caminho, derrubando colunas e monólitos de rocha escura que apontavam aos céus, Morten Carlson conseguiu contar.
Fora enfim, dormir exultante.
Dormir por assim dizer, já que ficou deitado com seus olhos abertos na escuridão. Não conseguiria dormir mesmo que quisesse.
Acabara de completar os sete anos de pés no chão...
Já devia faltar pouco para o amanhecer quando Carlson conseguiu descer a enorme colina de rochas afiadas. A sede torturava-lhe a alma. Cada passo parecia um suplício.
A cidade estava em ruínas. Logo, Morten observou que a colina de pedras escuras que havia acabado de descer não eram rochas afloradas pela atividade vulcânica do planeta, mas sim destroços das construções.
O frio era crescente. Carlson tentou desesperadamente reiniciar o computador do traje, sem sucesso. Seria necessário retirar o traje, desmontá-lo para encontrar a razão do problema. Os sistemas auxiliares também estavam inoperantes, o que parecia indicar uma falha profunda no modulo de aquecimento. Pra piorar essa falha comprometera a eficiência do sistema de geração de água na mochila.
Um solavanco despertou Carlson de seus sono.
-Oh shit! Um terremoto! - Seu primeiro medo é que pedras rolassem sobre ele. De fato rolaram muitas mas ele escapou.
Morten não entendeu nada do que a mulher disse, mas ele notou que ela estava fazendo perguntas e parecia aflita. Pensou em responder, mas o que diria? Não sabia uma palavra sequer em chinês. Nem mesmo sabia onde devia apertar na tela do dispositivo, para se comunicar com a mulher.
Carlson tentava como podia se livrar da coisa que o arrastava para o fundo, mas era impossível. Era muito forte. O traje, cheio de água havia se tornado uma prisão do qual...