O experimento Carlson – Parte 20
A mulher oriental olhava fixamente para ele. Ela trazia no olhar um misto de admiração e reprovação.
A mulher oriental olhava fixamente para ele. Ela trazia no olhar um misto de admiração e reprovação.
Morten Carlson desceu a colina, tentando não cair. A perna dava umas fraquejadas inesperadas e por isso ele ia se apoiando nos braços.
Levou alguns segundos para que Carlson habituasse seus olhos ao brilho cegante do sol. A luz fortíssima castigou seu corpo nu. Ele se virou para trás e o que viu foi a enorme esfera espelhada levitando atrás dele.
Já devia faltar pouco para o amanhecer quando Carlson conseguiu descer a enorme colina de rochas afiadas. A sede torturava-lhe a alma. Cada passo parecia um suplício.
A cidade estava em ruínas. Logo, Morten observou que a colina de pedras escuras que havia acabado de descer não eram rochas afloradas pela atividade vulcânica do planeta, mas sim destroços das construções.
O frio era crescente. Carlson tentou desesperadamente reiniciar o computador do traje, sem sucesso. Seria necessário retirar o traje, desmontá-lo para encontrar a razão do problema. Os sistemas auxiliares também estavam inoperantes, o que parecia indicar uma falha profunda no modulo de aquecimento. Pra piorar essa falha comprometera a eficiência do sistema de geração de água na mochila.
Um solavanco despertou Carlson de seus sono.
-Oh shit! Um terremoto! – Seu primeiro medo é que pedras rolassem sobre ele. De fato rolaram muitas mas ele escapou.
Morten não entendeu nada do que a mulher disse, mas ele notou que ela estava fazendo perguntas e parecia aflita. Pensou em responder, mas o que diria? Não sabia uma palavra sequer em chinês. Nem mesmo sabia onde devia apertar na tela do dispositivo, para se comunicar com a mulher.
Carlson tentava como podia se livrar da coisa que o arrastava para o fundo, mas era impossível. Era muito forte. O traje, cheio de água havia se tornado uma prisão do qual escapar seria impossível, ainda mais com aquela coisa lhe tragando para a escuridão. A água foi se tornando turva e fria à medida …
Morten Carlson tentava se agarrar da forma que podia, mas foi inútil. Seu corpo deslizou com as rochas soltas até a beira do precipício. Ele sabia que uma queda de pelo menos cem metros de altura o aguardava.