O fantasma que deixou uma mensagem no computador

Na década 80, um casal recém-casado de ​​britânicos foram morar numa velha casa de campo na fronteira de Cheshire e North Wales. Tudo parecia um conto de fadas até que algo inusitado ocorreu:  Eles receberam uma mensagem via computador de um fantasma, que se disse morador daquela casa no século XVI!

Esta história ainda é considerada um dos eventos de fantasmas mais incomuns e interessantes no País de Gales, embora poucas pessoas acreditem em sua veracidade.

Marido e mulher Ken Webster e Debbie Oakes estavam andando pelo caminho do jardim perto da casa um dia, pouco depois de se mudar para a cidade de Dodleston, quando viram um estranho brilho verde vindo da janela da sala.

Uma vez lá dentro, eles  perceberam que um computador emprestado no fim de semana do departamento de TI da escola de Ken estava ligado e a seguinte mensagem estava exibida na tela do monitor:

“Verdadeiros são os pesadelos de um homem que teme. / Seguros são os corpos do mundo silencioso. / Vire a bela flor, vire para o sol / Pois você vai crescer e semear / Mas a flor chega muito alto e murcha na queima luz…”

A mensagem surgiu num BBC Micro, um dos primeiros computadores domésticos do mundo. Não havia ainda a internet.

A mensagem, assinada por um Lucas Waitman , era tão estranha e incompreensível que o casal ficou confuso e acabou descartando-a como uma falha no computador.

Mais cedo nesta casa, eles já haviam encontrado algo estranho, como misteriosas pegadas empoeiradas no chão, ou quando alguém dobrava latas de comida de gato em uma pirâmide uniforme. Mas esta mensagem foi a primeira desse tipo. Mas ela não seria a última.

A casa onde o fenômeno ocorreu em 1988

Alguns dias depois, Ken encontrou outra mensagem na tela do computador, que o acusava de roubar o imóvel:

“Que palavras estranhas você diz. Você é uma pessoa decente que tem uma mulher chique e mora na minha casa – com as luzes que o diabo faz – foi um grande crime roubar minha casa.”

Nesse momento, Ken percebeu que essas mensagens não eram apenas estranhas, assustadoras e bizarras, mas foram escritas em uma versão muito arcaica do idioma inglês. Por isso, Ken decidiu mostrar aqueles textos ao seu conhecido, especializado em literatura medieval, e ele concordou com quanto ao estilo do texto. Se era uma fraude, tinha que ser alguém versado em literatura antiga.

Ao longo do próximo ano e meio, os eventos na casa se tornaram ainda mais bizarros, incluindo Ken de repente recebendo mensagens de um sujeito que dizia ser… Do futuro! O computador estava recebendo uma mensagem de um cara que dizia ser de 2109.

(O Plano Vertical).

Segundo ele, havia algum tipo de portal na casa que conectava diretamente diferentes pontos no tempo – Lucas nos anos 1500, Ken e seus amigos nos anos 80 e até apareceu um homem misterioso do século 22 que insinuou que essa “passagem cósmica” fazia parte de algum “objetivo maior” ou “experimento”.

Quanto a Lucas, o homem medieval, em sua última mensagem via computador, contou que já foi expulso da casa, acusado de feitiçaria por causa de sua capacidade de se comunicar com “pessoas do futuro”.

Depois disso, Lucas não escreveu mais para Ken e sua esposa, e o homem misterioso de 2109 também desapareceu.

Essas histórias de Ken e seu livro causaram muita fofoca e muitas pessoas curiosas vieram à casa dos cônjuges, além de pesquisadores de fenômenos paranormais. No entanto, eles, infelizmente, não encontraram nada aqui que comprovasse a veracidade das histórias de Ken.

Ele jura que não inventou a história e o caso realmente foi investigado por peritos oficiais. Existem ate documentários sobre esse intrigante episódio, que na minha opinião está mais para um curioso fenômeno ligado a um contexto multidimensional do tempo do que o de um fantasma propriamente dito.

A primeira coisa que me chamou a atenção sobre o caso é: Como o “fantasma” saberia deixar a mensagem? Pois ele era de um tempo onde sequer havia eletricidade… E então procurando mais sobre o caso, eu descobri.

É curioso que a mensagem surgisse num computador pré-histórico offline. Para se ter uma ideia de quão primitivo este computador da BBC era, o editor de textos, chamado EDWORD estava gravado num microchip, e era carregado fisicamente na placa-mãe.

No caso, o computador emprestado pela escola continha o chip de editor de textos. Mas carregá-lo era trabalhoso. Era preciso escrever alguns comandos para carregar o editor e deixar o mesmo pronto para escrever. Pelo que eu pude entender do caso, posteriormente, durante a investigação se descobriu que o “fantasma” não executou o programa.  Ken havia deixado o computador ligado com o Edword já carregado e saíram de casa para visitar o amigo Dave Lovell.  Quando Ken voltou, ele acionou o comando de verificação dos arquivos salvos por Nic, e notou um arquivo novo, chamado  KDN, que revelou ser a primeira mensagem.

Aqui esta a imagem da mensagem que eles encontraram:

Considerando que não era algo que Nic criou, Ken considerou que devia ser então uma brincadeira de outro amigo, John, que de vez em quando aparecia lá para trabalhar numas letras de musica de uma banda que estava querendo montar. Mas havia algo além nesse episódio.

O computador da BBC tinha seu editor de textos bem limitado e ao ser carregado ele mostrava as opções sendo “create”, para se fazer um texto. Quando as tais mensagens misteriosas surgiam, havia algum tipo de bug associado, pois o menu mostrava a palavra sem a letra C: formando a palavra “REATE”

Então isso explica por que eles ficaram na duvida entre um bug no chip e uma zoeira de John. A parada do “Reate” realmente indicava que algo estava afetando o programa gravado na Eeprom? Ninguém pensou nisso na época e o computador então voltou para a escola e não foi emprestado novamente até o anos de 1985.

Num dos dias que o computador estava na casa, ele foi deixado ligado novamente. Outra mensagem surgiria:

Dessa vez, ao invés de mensagens poéticas e imagéticas, havia um texto em prosa, um pouco mais claro e detalhado. Desta vez a casa havia sido trancada, e não havia sinais de arrombamento.
Ken achou aquilo estranho, e sendo ele um professor, levou o caso e debateu sobre isso com os amigos professores no intervalo das aulas na escola. Todos os professores parecem ter concordado que só poderia ser alguém trollando com ele, mas o caso atraiu particularmente a atenção de um dos professores, o de literatura inglesa, pois ele notou que a forma como algumas palavras tinham sido escritas era similar ao modo de escrita do século 16.

Outra pessoa que ouviu a história e ficou curioso foi um vizinho, chamado Joh Cummings que era um advogado em Londres. Foi John que questionou se não seria o caso de “responder” à carta, do que quer que fosse aquilo.

Então o processo foi esse. Eles escreviam mensagens com perguntas na tela e saiam de casa. Quando retornavam, às vezes o “fantasma” respondia as questões.

“No tempo do reinado da rainha Elizabeth a segunda;

Preado L.W,  Obrigado por sua mensagem.

Nos desculpamos por incomodar você.
O que você gostaria que fizéssemos?
Você morou nessa casa por volta do ano 1620?
Você quer que nós contemos sobre o nosso tempo?
Por que escreveu um poema?
Quem é Edward Grey?
Está relacionado com a família Egerton?
Você tem uma família?
O seu rei é o rei James ou Charles Stuart?
O que é uma casa de tributos?
Esta vila foi chamada de Dooleston na sua época e quantas famílias viveram aqui?
Obrigado por suas mensagens.
Obrigado por não nos assustar.”

Após inserir essas perguntas acima, eles se retiraram para beber umas cervejas num bar. E adivinha só? Ao voltarem no final da noite, o fantasma tinha respondido, e detalhado o ano. Ele estava respondendo do ano de 1521!

Ele diz:

“era uma fazenda de troncos e pedras; eu agradeço que você me fale mais sobre o seu tempo. Vocês tem um cavalo? Edmund Grey, irmão de John Grey mora em Kinertone Hall. Seu rei, é claro, Henrique VIII, que tem 6 e quarenta anos. Eu queria Rei James, a casa de impostos é um lugar de loore, Escolar?
L.W. 28 de março do ano 1521 (?)”

A resposta do fantasma levou a um problema de inconsistência histórica:
Em 1521, sabe-se que Henrique VIII tinha somente 30 anos, não 46 como o fantasma disse. No entanto, o grupo decidiu não contestar o fantasma, e ao invés disso, tentar obter mais dados. Outra coisa que notaram estava relacionada a gramatica. O fantasma colocara o ponto de interrogação entre parêntesis e isso foi visto como um tipo de marca recente, que parecia apontar mais para a possibilidade plausível de ser alguém brincado com eles de alguma maneira.
Ken continuou pegando o mesmo computador emprestado da escola sistematicamente, sob a desculpa de estar trabalhando num roteiro, mas é claro que o objetivo agora era descobrir que diabos de farsa era aquela.
E assim as mensagens foram surgindo, cada vez com mais detalhes. Ele disse que a casa tinha bases de pedra vermelha, e que precisava “acordar cedo para semear a própria cerveja” (creio que uma gíria antiga no sentido de sair para ganhar a vida),e que ira em breve a Nantwitch para visitar um fazendeiro chamado Richard Wishall. Ele também queria deixar claro que Ken estava efetivamente “invadindo sua casa” e nessa ocasião assinou com o nome “Lukas”. Em mensagens subsequentes ele detalharia o nome todo, Lukas Wainman, (L.W)

Graças a essa base de informações, foi possível começar a investigar mais empiricamente aquilo. E a coisa começou a parecer menos uma brincadeira do que se supunha inicialmente.

Escavando a casa eles descobriram de fato pedras vermelhas sob o piso da cozinha. Era uma clara conexão com o que Lukas descreveu no computador sobre sua casa.
Mas a evidência mais consistente veio de Peter Trinder, que era o professor de literatura inglesa,  que estava investigando as palavras de Lukas. Ele conseguiu localizá-las num período de tempo específico. Não apenas as palavras, mas a construção das frases estava completamente correta e consistente com as formas do uso do Latim, e puderam ser identificados até a era de Chesire, em  meados do século XVI.
Outra coisa surpreendente foi que as inconsistências que eles inicialmente pensaram haver, começaram a desvanecer sob o escrutínio da investigação. Lukas revelou estar vivendo na época do casamento de Henrique Oitavo  e Catherine Parr, o que localizaria entre 1543 e 1547 e afirmou ter estudado no Brasenose College em Oxford. NO entanto, quando Ken informou estar em 1985, isso complicou o assunto:

“Você me diz que seu ano é 1985, mas eu pensei que havia dito que era 2109 como seu amigo do leems boyste prey…”

 

Ken notou então que Lukas estava bem no meio do que parecia ser uma “linha cruzada”. Ele não falava apenas com Ken, mas com alguém no futuro, no ano de 2109! Lukas disse que esse cara apareceu e trouxe para ele o “Leems boyste”, ou “caixa de luzes”.
E foi assim que Ken supôs que a caixa de luzes levada pelo viajante do tempo era um computador BBC Micro. É estranho. É esquisito. A história de fantasma se torna agora uma história de viajante do tempo.

Ken então, decidiu tentar uma comunicação com o cara do futuro. Com uma simples mensagem:

 CHAMANDO 2109 –

Logo, ele quase desmaiaria quando viu surgir a resposta:

Ken, Bed, Peter,

Desculpe-nos que nós possamos dar a você apenas duas escolhas. 1- que você tenha que explicar sua dúvida de forma tão sem rima. Que você possa ter entendimento instantâneo e causar o que não deveria acontecer, ou 2-tente entender que vocês 3 têm um propósito que mudar no seu tempo de vida , a face da história, nós, 2109, não devemos afetar seus pensamentos diretamente, mas dar a você algum tipo de orientação que permitirá espaço para o seu próprio destino.
Tudo que podemos dizer é que somos parte do mesmo Deus, o que ele é (?) É.

Esta resposta estranhamente escrita parecia ser do futuro, e duas linhas de comunicação estavam aparentemente se cruzando e esse cruzamento parecia ter um claro objetivo, embora ele estivesse além da compreensão de Ken, Debbie, Peter e a essa altura Nick que tinha se juntado ao grupo.

Manifestações Paranormais

Em paralelo ao estranho advento de uma comunicação com um cara no século 16 e outro em 2109, estranhos fenômenos paranormais começaram a ocorrer na casa. Latas começaram a surgir empilhadas na cozinha.

Não obstante às latas empilhadas, uma estranha mensagem foi escrita com giz na parede:

Sons de passos também eram ouvidos andando pela casa, deixando inclusive, pegadas.

No dia 15 de maio, Debbie notou algo estranho.

“Deixei Ken na escola depois de passarmos a noite em  East Green, dirigi até a casa para dar comida aos gatos. Era 9:00. Quando cheguei caminhando até a porta da frente senti que havia algo diferente. Talvez fossem os gatos sentados sobre o muro do jardim me observando em vez de vir me receber e ficar a minha volta, como sempre faziam. Eles pareciam assustados. Eu enfiei a chave na fechadura e empurrei a porta. Na sala de estar, fiquei cara a cara com  uma pilha enorme de móveis de dois metros de altura.  Todos empilhados no canto da sala. A forma como estavam pareciam ter sido jogados uns sobre os outros. Instantaneamente eu dei meia volta e saí dali rapidinho. Os gatos ainda me observavam com olhar espantado de cima do muro. Eu não sabia o que fazer.

Foto da sala no dia

Então agora a coisa estava ficando mais seria. Não era só um quebra-cabeça tecnológico. Algo mais estava  ocorrendo naquela casa.

Posteriormente, Debbie investigou as Leylines, ou “linhas Ley”. Uma série de confluências relacionando locais e marcos antigos. Ela percebeu que uma dessas linhas passava exatamente em cima da casa.  Após isso ela começou a ter “visões” de Lukas e ate mesmo a sonhar com ele.
Nessa fase, Peter convenceu Ken a pedir ajuda à Sociedade de Pesquisa Psíquica, e eles vieram investigar.  John Bucknall e David Welch da SPP estiveram no local. Estranhamente, com os investigadores na casa as primeiras sessões de comunicação pelo computador foram mal sucedidas. Mas mesmo assim eles propuseram uma serie de testes, sendo um deles o que eles escreveriam dez perguntas para as entidades, fossem Ken ou o cara de 2109. O quarto foi trancado com as perguntas na tela.  Posteriormente elas foram apagadas sem que nenhum dos envolvidos fora os dois parapsicólogos tivessem visto as questões. O computador foi colocado então em modo texto para as respostas. Mas elas não vieram.
Após vários dias, o monitor mostrou a tela de escrita sem resposta, até que finalmente,  uma resposta surgiu.

David, John Dave, 

Você interfere na comunicação. Da próxima vez que você decidir fazer seu pequeno experimento, você deve estar livre a partir daqui. Sugerimos que você tente alguém para se sentar com a Debbie. Sim, nós somos o que você chamaria de Universo Tachyon, mas seu entendimento está incorreto. 
Nós não pedimos mais de vocês que continuar como você prefere. Temos John presente se for dada escolha ou você pode trazer outro como mencionado. Não nos preocupa que isso não seja provado. Nós vamos dar-lhe um plotting de uma estrela na próxima vez. Nós nos movemos a uma velocidade para cobrir cada ponto no seu tempo no universo. Não temos arquivos que alimentamos de uma energia “neet” que você não terá rebanho de 2109.

Ao ver aquilo, Dave Welch respondeu: “O interlocutor de 2109  não respondeu às perguntas, mas parecia que eles pegaram todas as perguntas deixadas para eles na mesma ordem.”. Finalmente, parecia que Ken, Debbie e Peter tinham uma prova . Eles tinham categoricamente negado acesso às perguntas, e dado que 2109 parecia saber o teor das perguntas, isso os excluiria como possíveis fraudadores. Pelo menos é o que eles esperavam. Na realidade, a SPR ficou quieta. Eles começaram a especular se talvez microfones de alto ganho não tivessem sido usados para captar o som da batida das teclas o que poderia ser usado para tentar determinar o que tinha sido escrito.  (eu tb mandei um “pqp que forçado” nessa hora) Eles tb especularam que alguém poderia ter usado o aterramento elétrico do cômodo para de algum modo enviar dados ao computador.

Seja qual for a opinião deles, John logo deixou o grupo da SPR, e Dave Welch simplesmente desapareceu sem deixar vestígios e curiosamente, um relatório oficial nunca foi arquivado para o caso.

Vários jornais da época relataram o caso mas essa matéria acima parece mostrar uma virada. Ken havia ate então, numa tentativa de descobrir o mistério, escondido alguns fatos, e deliberadamente o próprio Lukas, com medo, não deu seu nome verdadeiro para “as pessoas do futuro” com quem se comunicava.  Ficamos sabendo só aqui que na verdade, Lukas não se chamava Lukas, mas sim Tomas Harden. Após descobrir o nome real, um aluno com este nome foi localizado nos antigos arquivos da universidade de Basenose em Oxford. Em 1985 não havia internet e isso só pode ser verificado quando Peter pegou o nome e viajou para Oxford para pesquisar nos livros de presença locais.

Surgem novas mensagens de 2109

O interlocutor do futuro ressurgiu com um nome. Em uma mensagem, ele sugeria se encontrar com um cavalheiro de nome Gary Rowe:

“Você pode ligar para ele no numero abaixo e convidá-lo para falar com você, quando ele vier mostre a ele e pergunte o que ele acha. Peter deve fazer o telefonema. Diga que você recebeu este telefone de um entusiasta do fenômeno UFO.
2109.”

 

Então, eles fizeram o que 2109 sugeriu e o que se seguiu foi uma comunicação mais direta de Gary Rowe com 2109.
2019 pediu para que Ken imprimisse suas mensagens sem lê-las e colocasse um envelope e as remetesse diretamente para o endereço desse cara desconhecido. A coisa estava chegando agora num nível de bizarrice suprema, envolvendo o aspecto UFO numa festa que começou com fantasmas e derivou para viajantes do tempo e inteligências cósmico-táquions, seja lá o que isso for…

Apesar de toda a circunstância estranha, Ken fazia o que 2109 solicitava. Imprimia suas mensagens, sem ler e enviava num envelope para Gary Rowe. (abrindo um parêntesis aqui, nem por um cacete eu ia fazer isso de imprimir alguma coisa sem ler, mas diz o cara que obedeceu cegamente às ordens da inteligência do futuro)

Essa estranha comunicação acabou com uma mensagem do tal de Gary, que dizia:

Cumprimentos. Estou instruído a me desculpar mas em qualquer caso eu teria feito por minha vontade. Haverá uma carta, espero que neste fim de semana. Também estou instruído a pedir desculpas a Ken e Debbie. Devo tentar responder sua ultima mensagem. Parece que você é mais importante do que eu percebi no esquema das coisas.

Gary.

Pouco depois Gary se tornou bem evasivo sobre suas questões com 2109 e parece ter simplesmente desaparecido. Ken descreve essa situação no livro como estranha e extremamente frustrante, pois apesar de Gary ter sido sugerido pelo próprio 2109, ele não levou a investigação dos amigos a avançar na elucidação do que estaria acontecendo naquele computador.

Na realidade, Ken começou a perceber que talvez tivesse sido usado deliberadamente por 2109 para contatar Gary Rowe sobre o futuro e agora Gary estava totalmente focado e manter para si o que quer que ele tenha ficado sabendo nas mensagens secretas de 2109.

São as mensagens finais enviadas por Tomas que nos oferecem algumas pistas e detalhes que podem ser usadas par apurar um pouco mais as coisas, como quando ele disse que o Leems apareceu para ele brilhando como uma luz verde que surgiu da parede de sua chaminé. conforme traduzido para melhor compreensão numa liguagem moderna por Peter, Tomas escreve:

Eu nunca temi tanto pela minha alma na minha vida, mas eu estava com tanto medo que não consegui fugir do mensageiro estranho. Ele disse: “-Não tenha medo, bom Tomas. Você está destinado a ser um grande homem , se não tiver medo e mantiver sua fé forte. Então depois de outras palavras que eu confesso que não eram como uma conversa do diabo, ele foi embora, deixando o leems que parecia ser o mesmo que você chama de seu computador. “

 

Tomas detalhou que falando em direção ao “leems” ele via as palavras aparecendo automaticamente. Isso deixou claro que de sua parte nunca houve digitação envolvida e presumivelmente o conteúdo de suas mensagens era salvo e enviado automaticamente. Não se sabe se ele em algum momento viu uma unidade de disquete. Como Tomas recebeu as mensagens é um mistério ainda a desvendar. Também fica claro pela descrição de Tomas que embora leems parecesse um computador ele não tinha como ser o mesmo computador da BBC, pois seria impossível qualquer tecnologia de reconhecimento de fala naqueles anos primordiais de 1985. A descrição do Leems parece ser algo bem mais contemporâneo, o que é também curioso pela época com o que o caso foi relatado.
Tomas contou aos interlocutores que tinha vontade de escrever essa aventura com o visitante desconhecido e com eles, as pessoas do futuro, em um livro, para que as gerações futuras encontrassem e soubessem o que ocorreu:

Um dia, todos você se sentarão à minha mesa para vinho e carne à beira do rio em Oxford, onde leremos os livros uns dos outros e riremos e falaremos da verdade e dos bons homens, assistindo Oxford mudar juntos para sempre. No seu tempo, meu livro é antigo, mas não irei ao meu Deus até que esteja escrito, então todos seremos verdadeiramente abraçados. Meu amor a todos vocês.
Esperarei por você em Oxford,
Tomas Harden

Logo depois, 2109 também finalizaria seu contato.

Há outra pessoa que vem. Eles serão a ajuda que precisamos. Então você vai conhecê-los quando quando eles chegarem. Tomas eventualmente escreveu seu livro e logo depois morreu. Ele o colocou em um lugar seguro. Não deve demorar muitos anos para encontrá-lo. Embora ele o escreve em latim com a ajuda de um amigo que conheceu em Oxford. A inscrição diz: Eu escrevo isso na esperança que meus amigos um dia encontrem este livro, assim que as terras não fiquem tão distantes.

A comunicação colocou fim desse caso super estranho, mas ao mesmo tempo lançou uma incrível oportunidade. Segundo 2109, Tomas escreveu o livro e ele esta escondido a espera de alguém o encontrar. Esse livro é a chave para a conclusão do mistério? Um livro do século 16 relatando o que se registrou em 1985 sem duvida será uma pedra angular na confirmação da veracidade do caso.
É praticamente certo que Ken e seus amigos procuraram pelo livro, mas ao que tudo indica, até o momento ele não foi descoberto. O próprio Ken manteve toda a história restrita até o ano de 1989, quando ele finalmente escreveu “Plano Vertical”.
Esse também é um fator que depõe a favor da história toda, pois se o cara tivesse tido todo esse trabalho para criar uma história de ficção, eu imagino que a finalidade seria logo produzir o livro e não cozinhar essas coisas numa gaveta por anos, lançar o livro modestamente e sumir em seguida.
A parte final do livro de Ken é preenchido coma pesquisa de Peter que aprofunda os estudos linguísticos e históricos nos aspectos das mensagens de Thomas, e ele prova academicamente que quem quer que tivesse escrito aquilo precisaria estudar a forma falada na Inglaterra do século 16 de tal maneira que seria tão surpreendente quanto um viajante do tempo real. Ele inclusive elenca uma lista de palavras que não conseguiu decifrar. Algumas dessas palavras hoje já foram decifradas com o poder da internet e elas apontam diretamente para um ponto entre os séculos XV e XVI.
O próprio professor foi na TV e disse que sabe que seu colega, o professor Ken não teria a menor capacidade técnica para fazer esse nível de fraude.
Entretanto, posteriormente, o documentário da BBC entrevistou outros especialistas em linguística que discordaram e sugeriram uma série de erros de verbos no inglês antigo de Thomas que ele não poderia cometer naquele tempo, pois ele teria usado tempos verbais que não haviam sido inventados.
Entretanto, em uma das mensagens os caras de 2109 dizem que eles alteram o teor das falas de Tomas/Lukas para que o que ele diz possa ser compreendido. Bem conveniente, né? Outro fato que chamou a atenção na investigação do caso é que 2109 usa uma gramática estranha, inconsistente, com certas palavras sendo escritas com 3 e ate 4 variações. Um efeito colateral do sistema de comunicação paranormal? Não se sabe.

As pessoas também criticaram o próprio Ken por se recusar a mostrar o rosto no documentário, o que foi visto por muitos como uma manobra de um hoaxer.
Real ou não, o fato é que não podemos deixar de reconhecer que é uma história deveras intrigante e que leva nosso pensamento a um redemoinho de possibilidades e pontas soltas, um Lost da vida real. Ou quase.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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