terça-feira, dezembro 10, 2024

Ganzu – O quinto dia – parte 2

-Quer mais uma fatia, seu Inácio? – Perguntou Aninha.
-Não, minha filha. Obrigado. Estou satisfeito. – Respondeu o caçador, recusando a fatia do bolo.
-Guarda meu pedaço aí! – Disse Greg, enquanto escovava o chão cheio de espuma.

Greg, Marcelo e Vladmir estavam terminando a limpeza da sala.

-Até que essa mistura doida de produtos de limpeza atenuou o cheiro. – Disse Nareba.
-Vladmir concordou, trazendo mais um balde de água.

Na mesa, Inácio e as duas meninas faziam um lanche. Eram quase cinco horas da tarde e Aninha tinha assado um bolo. Sarah fez o café.

-Seu Inácio, conta pra elas como que o senhor matou o chupacabras! – pediu Vladmir, derramando a água no chão de madeira para lavar a espumeira.
-Elas não acreditaram quando nós contamos! – Disse Nareba.
-Mais é verdade sim, sô! Lutei com o bicho. Mas matar, não sei se matei! Dei foi uma faca no bucho dele! – Disse o homem, empolgado.
-Eles disseram que o bicho agarrou no senhor, verdade mesmo? – Perguntou Aninha.

Inácio meteu a mão no bolso e tirou um cachimbo feito com sabugo de milho. Ele foi até o embornal que estava pendurado numa das poltronas e pegou um saco com fumo. Colocou o fumo no cachimbo e acendeu com um palito de fósforo. Deu uma baforada e soltou a fumaça no ar, que se dissipou num balé caótico.

-O bicho “himpinotiza” a gente! Eu tava de butuca no mato, esperando ele atacar… O chupacabra tava comendo tudo que era criação aí das redondezas. Então, o bicho ja tinha atacado as galinha lá do sitio dos Bernardes. Atacou três noites seguidas. Aí, seu Carlos Bernardes me chamou, e eu armei o bote.
-E ele apareceu mesmo? – Perguntou Sarah.
-Não deu outra, minha filha! O bicho apareceu do mato. Ele tava atacando um cachorro, eu atirei nele. Aí ele “oiou” pra mim com aquelas butuca duns “oião”! Pensei até que ele ia fugir, mas ele veio foi pra cima de mim! “Garrei” na faca e “rolamo” no chão. Ele me metia as unha. Senti a carne furando. Depois, quando ele escapou e o corpo esfriou, desceu o melado do sangue. – Contou o caçador, abrindo a camisa para mostrar com orgulho as horríveis cicatrizes no braço.
-Cruz credo! – Disse Sarah, assustada.
-Só faltava agora aparecer o chupacabras!
-Com o Ganzu la fora não vai ter chupacabras que resista! – Riu Marcelo, enquanto passava para guardar as vassouras.

Greg lavou as mãos na pia e sentou-se pesadamente na cadeira. – Ufa! Tá tudo limpo agora.

Vladmir estava na janela, tentando enxergar através das fraturas no vidro.

-Vem pra cá comer um bolinho aqui com nóis, meu filho! – disse Inácio.

Vladmir foi até a mesa. – Nem sinal dele.

-Ele vai dar sossego. Já é o terceiro cavalo que ele come! – Riu Greg.
Inácio estava sério, olhando para Greg.

-Que foi?
-Respeita a memória do Manto Negro, garoto.
-Era esse o nome delem tio?
-Era… peguei ele pequeno. Potro ainda… Coitado. – Disse Inácio, limpando desajeitadamente a lágrima que escorria no canto do olho. – Pra vocês era só um cavalo. Pra mim ele era um filho, um amigo… Tudo isso junto.

-Pelo menos ele morreu e o senhor se salvou. – Disse Marcelo, tentando animar o caçador.
-Eu daria minha vida por ele, rapaz.
-Eu sei. Eu sei, seu Inácio.
-Mas eu ainda não entendi uma coisa. Vocês me explicaram que acharam esse monstro lá dentro duma pedra. Filhotinho. Mas como que ele está desse tamanhão?
-A gente não sabe, tio. – Disse Vladmir. – Ele começou a crescer sem parar desde que saiu de dentro do ovo. Se ele não parar de crescer, em dez dias estará maior que essa casa.
-Mas pelo menos ele parou de rodear a casa. -Disse Sarah.
-Sabe o que eu acho? – Perguntou Greg. – Eu acho que o ganzu está lá fora, escondido, esperando a gente sair.
-Cruzes, Greg! Você é muito pessimista, cara!
-Pessimista, não. Realista.
-Acho que agora que a chuva parou, temos que reativar o projeto da antena. – Disse Marcelo.
-Não dá. Esquece isso. – Falou Vladmir.
-Como assim? A ideia não era sua?
-Cara… Pensa no Ganzu lá fora! Se damos notícias a alguém, vai vir gente pra nos resgatar. O Ganzu vai comer todo mundo!
-Nossa… É mesmo!
-A única esperança é matarmos essa coisa! – Falou Inácio.
-Foi o que eu disse a eles hoje de manhã! – Riu Greg. -Mas quando eu falo alguma coisa, esses pregos aí todos são contra.
-Mas teu plano era fugir no carro! – Disse Marcelo.
-O Carro tá funcionando bem? – Perguntou Inácio.
-Acho que sim. – Greg respondeu.
-Escutem… A gente tem que explodir aquele bicho. Atirar num troço daquele tamanho pra matar vai ser impossível, até porque não temos rifle de matar elefante.
-O senhor está pensando em explodir o nosso carro? – Perguntou Sarah.
-Estou! A gente manda tudo pelos ares!
-Olha, pode ser que funcione! – Disse Vladmir empolgado. – Temos ainda dois botijões de gás lá no quartinho.
-Ah, Não sei! Me parece mais perigoso do que encarar o monstro. – Disse Aninha, cruzando os braços.
-Se não fizermos nada, o bicho vai continuar a crescer e matar. Vamos ficar aqui esperando que ele tenha forças para arrebentar essa porta e comer todo mundo? Muito obrigado, mas eu fico com a opção de explodir ele! – Disse Sarah para a amiga.

Inácio foi com Vladmir até o quartinho ver os dois botijões.

-Hummmm. Isso vai dar uma bela explosão! – Disse ele.
-Mas como vamos fazer? – Perguntou Vladmir.
-Temos que fazer um detonador. – Disse Nareba, chegando junto à porta.

Inácio voltou, fumando o cachimbo. Sentou-se no sofá, rodeado dos jovens.

-Meu plano é o seguinte. temos que colocar os dois “bujões” lá dentro do carro de vocês. Ainda não sei como, mas fazemos um detonador. Colocaremos uma isca no carro. O monstro vem até o carro para comer a isca. Então detonamos ele e o carro daqui de cima. – Disse ele.

Todos se entreolharam.
-Não me leve a mal, seu Inácio. Mas tem uns furos aí no seu projeto. Primeiro que não temos uma isca. Depois, não sabemos como faremos o tal detonador. Não temos garantias de que o bicho vai trepar no carro… – Disse Nareba.

Inácio concordou, movendo a cabeça positivamente.

Esperem! Eu tenho uma ideia! – Disse Vladmir.
-Fala russo!
-Então, podemos pegar aquele caldo nojento dos corpos… Colocamos aqueles restos nuns baldes e jogamos ao redor da van. O cheiro vai atrair o Ganzu, com certeza, é como fazem com os tubarões. Temos que fechar bem o carro. Entramos pelo teto e liberamos o gás la dentro. Temos que encher o carro de gás. Eu posso usar os fios do projeto da antena, para fazer uma ligação na bateria. Aí daqui do telhado apenas juntamos os fios em curto e o carro explode.
-É!
-Pode funcionar!
-É a melhor ideia até agora! – Disse Greg.

-Primeira coisa, temos que ter certeza que o Ganzu não está muito perto do carro, ou ele vai vir direto pra cá quando escutar a gente!- Falou Marcelo.

Todos correram para a janela. Não havia nenhum sinal do Ganzu.
-Ele pode estar metido lá no meio do mato…
-Ou estar na parte de trás da casa.
-Certamente ele deve estar vasculhando a área em busca de mais comida. – Disse o nerd. Todos concordaram.
-Essa merda só pensa em comer! – Riu Greg.

Bom, vamos pegar os “bujões”. Com o que está ligado ao fogão são três. – Disse Inácio, apontando os botijões de gás.

Eu consigo chegar no carro, passando pelo telhado da varanda- Disse Greg. Posso fazer isso três vezes, levando os botijões.
Eu vou com o Greg, enquanto ele coloca o gás na van, eu monto os fios na bateria do carro. -Falou Vladmir.
Ah… Tô vendo que já me fodi! Eu que vou ter que pegar aqueles pedaços de gente morta lá fora, né? – Perguntou Marcelo.

Os amigos sorriram. Aninha deu de ombros. – É um trabalho sujo, mas alguém tem que fazê-lo!
-Ei, onde estão os direitos iguais mesmo?
-Negativo, Nareba! Somos sexo frágil, né Sarinha?
-Não podemos perder tempo! Mais algumas horas e vai ficar de noite. Aí tudo será mais complicado! – Disse Inácio, apagando o cachimbo.

Todos se prepararam para a missão. Marcelo foi até o quartinho e pegou um balde de alumínio. Pegou também a pá de jardim.
Marcelo foi até a varanda. Certificou-se de que não havia sinal do monstro. Então começou a juntar os pedaços dilacerados de carne fétida espelhados pelo chão. Em muitos momentos ele teve ânsia de vômito.

Enquanto isso, no segundo andar, Inácio, Greg e Vladmir subiam para o quarto com os botijões de gás. Greg parecia tranquilo, mas Vladmir estava quase morrendo com o peso. – Cruzes! Que porra pesada!

-Deixa de ser fraco, gordinho! – Falou Inácio, que levava o botijão como se fosse de papel. – Dá isso pra cá! – Disse o caçador.
Vladmir passou o botijão para Inácio, que subiu as escadas carregando um no ombro e o outro na mão.
As meninas se impressionaram com a força do homem que já tinha mais de 50 anos.

Eles foram até o quarto da ponta. Era o quarto que tinha infiltração. Uma macha escura de água da chuva havia descido pelo forro e marcara a parede.

-Esse telhado não vai aguentar muito mais… – Disse o caçador olhando para o teto.
-Pois é!
-Não sei como ainda não desabou! – Falou ele.
-Vamos! Vamos logo. Passa os botijões pra mim! – Disse Greg, trepando na janela e passando para o telhado da varanda.

Inácio deu os dois primeiros botijões para Greg. Ele andou com cuidado pelo telhado da varanda. Então parou no meio e voltando-se para a janela disse: Meninas fiquem de olho no Ganzu. Ao menor sinal dele, gritem!

As duas acenaram positivamente.

Greg carregou com cuidado os dois botijões pelo telhado. Seu medo é que a madeira cedesse e ele caísse. O telhado da varanda era mais recente que o telhado do teto do casarão, mas também estava um pouco escorregadio.
Vladmir amarrou os longos fios num rolo e passou pelo braço. Ele atravessou a janela e seguiu Greg pelo telhado, levando o botijão mais vazio.

Greg e Vladmir foram até a árvore. Eles precisariam pular e se agarrar num grosso galho da mangueira, para descer sobre o teto da van. Mas como fazer isso com os três botijões de gás?

Greg acenou para os amigos da janela. Todos olhavam atentos o que ele iria fazer.

-E agora, Greg? O que a gente faz?
-Bom, eu vou pular no galho e passar pro telhado da van. Daí tu vai pegar o botijão e vai jogar pra mim. Eu pego eles e empilho sobre o carro. Depois, entro pelo teto solar.

-E aí? Eles já conseguiram? – Perguntou Marcelo, chegando no quarto com o balde cheio de pedaços dos mortos.
-Nossa! Que fedor! – Disse Sarah, tampando a boca.

Aninha correu para o banheiro para vomitar.

-Ah… Mulheres! – Riu o caçador.

Greg se preparava para pular quando o pior aconteceu. O Ganzu apareceu. Ele surgiu do matagal bem perto do local onde o Manto Negro tinha sido devorado.

Foi Inácio que viu o bicho. – Alá! Alá o monstro! – Gritou Inácio.

A pequena distração causada pelo aparecimento do monstro fez com que Greg não pulasse. A madeira do telhado da varanda se pariu num “craak”. Greg e Vladmir caíram estatelados no chão do jardim com os botijões.

-Nãããão! -Gritaram as meninas.

Assim que os dois bateram no chão. O Ganzu, que estava a cerca de cinquenta metros deles deu um pulo. Ele havia sentido. O monstro disparou correndo com suas dezenas de perninhas, vindo na direção da casa.

-Greg! Greeeg! Vlad! – Elas gritavam da janela, desesperadas.

No chão enlameado do jardim, Vladmir se levantava, tonto. Imediatamente viu a fratura exposta na perna de Greg. O lutador estava segurando a perna, trêmulo, sem dizer nada. Uma horrível ponta de osso se projetava pelo ferimento na canela.

-Sobe! Sobe! – Gritava Vlad, puxando o lutador pelo braço, mas a dor que Greg sentia era lancinante.

Marcelo disparou correndo pelas escadas. Tinha que pegar Vladmir Obrushev e o Greg antes que o monstro os alcançasse.
No segundo andar, seu Inácio atravessou a janela, e ficando em pé no alto da varanda começou a atirar na criatura. Mas os tiros pareciam só deixar o Ganzu mais irado.

Lá em baixo, Vladmir apoiou o braço do lutador sobre seus ombros.
-Vamos! – Disse ele, puxando o amigo.
-Eu… Eu não vou conseguir!
-Vamos, porra! – Gritou o Nerd.

Cada pequeno passo produzia uma dor que Greg parecia quase desmaiar. Ele estava ficando pálido. O ferimento estava soltando muito sangue.

Marcelo estava descendo as escadas em disparada para abrir a porta da sala pros amigos, quando tropeçou e capotou, rolando escada abaixo. Caiu desacordado no chão.

Lá fora, Vlad e Greg estavam diante da porta. A criatura se aproximava.

-Abre! Abre essa merda! – Gritavam os dois, esmurrando a porta.
-Fudeu! Fudeu! – Berrava Greg, com o olho na criatura, que já se aproximava da varanda.

Ninguém abriu a porta.

No alto da varanda, Inácio precisou tomar uma decisão difícil. Mirou a arma no botijão azul, que era o que estava mais longe do carro e que estaria mais perto da criatura.

Ele disparou quatro tiros no botijão para conseguir que ele estourasse. Quando o vasilhame de gás estourou, foi uma impressionante explosão, que quase virou a van. Explodiu todas as vidraças da casa, jogou Vladmir e Greg longe.
O Ganzu foi jogado longe com a onda de choque. Caiu de lado com as patas para cima, imóveis.

Aninha, sara e Inácio estavam sem escutar nada. Seus ouvidos só faziam um zumbido fino.

Vladmir se levantou, segurando-se nas paredes. Estava transtornado.
Olhou em volta. Greg estava caído ao lado dele.

O russo olhou para o jardim, procurando o monstro.

-Greg! Greeeg! Matamos ele! Ele está morto! A explosão matou o Ganzu!

Mas Greg não respondia. Estava muito fraco e debilitado. O ferimento na perna fazia o grande lutador se esvair em sangue. Seus lábios roxos balbuciaram algo incompreensível.
-Greg? Greg? Fala comigo, cara!
-E… Eu não vou conseguir, gordinho.
-Não, cara! O Ganzu morreu! Nós vamos nos salvar! Segura firme.
-Eu… Não aguento mais… Pelo menos… Matamos… Aquele filho da pu… – Disse Greg. – Então sua cabeça pendeu para trás.

Vladmir pegou o pulso do amigo. Ele estava morto.

-Porra Greg! Não morrem, cara! Não morre!

No segundo adar Aninha, Sarah e seu Inácio comemoravam, abraçados.

-Acabou! Acabou!

-Vou empalhar esse bicho, porque quando eu contar ninguém nunca vai acreditar em mim! – Disse Inácio.

Eles entraram. resolveram descer para encontrar com Greg, Marcelo e Vladmir. Sarah deu um grito quando viu Marcelo caído no final da escada.

-Marcelo!!!!

As meninas e o caçador desceram correndo para acudir Marcelo, que estava desmaiado.
-Marcelo? Fala comigo, Marcelo! – Gritava Sarah, sacudindo o ex namorado. Mas ele não acordava.
-Para de sacudir ele! Deixa eu ver o pulso! – Disse Aninha, empurrando a amiga para o lado.

Sarah começou a chorar.
Aninha estava medindo o pulso de Marcelo quando bateram na porta.

-Abre! Abre!!!

Sarah olhou para Inácio. – É o russo!

-Fique aí que eu vou abrir pra eles. – Disse Inácio.

Sarah e Aninha carregaram Marcelo até o sofá, enquanto seu Inácio abria a tranca da porta.

Quando ele abriu, viu o gordinho com o amigo morto a seus pés.

-Ah, não!

-Greg! Não! Não! – Gritou Aninha, correndo até o corpo do amigo.
-Ele não aguentou. – Disse o russo.
Aninha estava chorando ao lado do lutador, caído na varanda. Vladmir apoiou o braço no ombro da amiga, e ela o abraçou, em prantos.
-Calma, calma, shhhh….

Sarah estava abraçada com Marcelo, caído no sofá. Ela também chorava.

-Você está bem, rapaz? – Perguntou Inácio olhando as escoriações no corpo de Vladmir Obrushev.
-Tô com uns cortes e arranhões… Mas eu não quebrei nada.
-Ele arrebentou a veia da perna. Por isso que morreu. – Falou Inácio, apontando a poça enorme de sangue na varanda.
-É uma artéria. – Disse o russo.

Inácio não respondeu. Ele saiu da casa, desceu pela escadas e andou pelo jardim, indo até o enorme corpo do Ganzu, que jazia imóvel, virado de lado.

-Olha pra isso! Que abominação… A maior caça que já peguei! – Disse Inácio.

Vladmir foi até a porta. Olhou o caçador ao lado do monstro. Ele parecia diminuto perto do colosso de carne e pernas que era do tamanho da van.

-Como que ele está? – perguntou o russo olhando para Marcelo.
-Tá desmaiado… Foi uma concussão. – Disse Aninha, limpando as lágrimas.
-Temos que levar o Marcelo para a cidade mais próxima! – Falou Sarah, abrindo os olhos de Marcelo para ver suas pupilas dilatadas.

Vamos meninas… Temos que dar o fora dessa fazenda maldita. – Disse Vladmir. – Em menos de uma hora estará tudo escuro!

-Eeeei! Garotos! – Gritou Inácio lá fora.
-O seu Inácio tá chamando. – Disse Vladmir. O Russo foi até a porta, com Sarah e Aninha.

Inácio estava ao lado da criatura. -Vamos fazer um churrasco desse bicho? Vamos botar fogo nele! – Gritou.

Aninha se virou para Vladmir e disse: -Se ele colocar fogo no bicho, vai ser foda explicar para a polícia esse monte de morte.

-Não! – Gritaram eles da casa. – Deixa ele como está!

Então, antes que pudessem falar qualquer coisa, os rapazes testemunharam um dos mais macabros espetáculos que já viram. A criatura que estava caída começou subitamente a se mexer. Todos eles começaram a gritar desordenadamente, mas seu Inácio estava de costas para o monstro e não entendeu.

Um caldo gosmento e quente verteu sobre o caçador queimando sua carne.

derretidocommonstro

Inácio caiu de joelhos diante dos jovens. enquanto era derretido pelo jato de gosma da criatura. O Ganzu saltou sobre ele e começou a comê-lo.

-Aaaaaaaah! As meninas gritaram de pavor ao ver o homem derretendo olhando para elas.
Vladmir correu e trancou a porta da casa.

-Rápido! Rápido! Lá pra cima! Vamos! Vamos!

CONTINUA

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. po Philipe… que ansiedade que dá ficar esperando o próximo capítulo… dia após dia… e dá-lhe “F5” na sua página… continue firme que adoro(amos) teu trabalho e tuas gumpices… abraço

  2. “Wagner André Reginato >> cara, aonde se arruma essas imagens? o_O”

    ele q cria, oras… por isto demora um pouquinho mais pra publicar os capítulos… imagine a batalha q é pra ele tocar a vida pessoal, a profissional e ainda vir aqui dar este presente pra gente… de graça…
    me corrija se eu estiver errado, Philipe…
    abraço

    • Eu crio essas imagens com montagem de fotos no photoshop. Em alguns casos demoro mais para fazer a ilustração do conto que para escrever ele. Eu escrevo relativamente rapido, a merda mesmo é conseguir achar o espaço para sentar e poder fazer o conto sem ser interrompido a cada dois minutos com telefone, cliente, Davi…

  3. Noossa, bem que eu tava pensando que tinha sido muito fácil o povo se livrar do Ganzu. Eu tava aqui pensando “esse bicho não tá morto é nada, daqui a pouco ele pega todo mundo de surpresa”. E não deu outra!

    Philipe, me fala uma coisa, aquele lance de fazer uma continuação para o conto do zumbi, como ficou? Ainda tá de pé? Você tem alguma previsão pra isso? Cara eu to esperando até hoje, não consigo esquecer aquele conto! kkkkkk

  4. Eita, 2 mortes no mesmo capítulo. É muito bom você estar com um conto novo, é legal a ansiedade pelo capítulo novo, e esse conto a cada capítulo fica mais espetacular.

    • Hahahahahahaha
      Curti a comparação do Philipe com o George R. R. Martin (Crônicas de Gelo e Fogo / Game of Thrones)…
      Mas digamos q no conto “Ganzu”, no placar geral, o Philipe matou mais gente ruim (os dois pistoleiros e o Greg) q gente boa (Armando e Inácio)… Tá certo q ele matou o caseiro e filhos… mas… ao menos não foi, em tese, culpa do Ganzu…

  5. Pow Philipe, pra que toda essa matança velho! Justo o Armando que era o cara mais legal da turma, assim o coração não aguenta he he.
    Enfim, mais uma ótima estória; ansioso aqui pelo que nos aguarda! Abraços!

    • Só para bancar o nerd chato da turma: “estória” não existe.
      Este é um neologismo que foi proposto há anos atrás, mas que foi desbancado na nova reforma ortográfica.

      • Cara, um acordo ortográfico não tem o objetivo ou mesmo a competência para “desbancar” uma palavra. Como o próprio nome já sugere… o acordo só vai uniformizar a ortografia… ou seja, o modo como a palavra deve ser escrita.
        No caso da distinção entre história e estória há um uso consagrado popularmente que faz, bem ou mal, uma repartição do significado e dá uma certa especificidade à cada uma das palavras. História estaria relacionada à disciplina e aos fatos notáveis e oficiais enquanto estória seria algo de caráter mais subjetivo, englobando os relatos e mesmo narrativas ficcionais (o próprio Guimarães Rosa tem um livro chamado “primeiras estórias”).
        Mas, a PIRA dessa situação é que mesmo com um uso popular consagrado, alguns dicionários e a galera da gramática e adjacências RECOMENDA o uso de uma grafia única para qualquer que seja o sentido, no caso eles recomendam o uso de História – para evitar equívocos ou transtornos, então… se houver dúvida é sempre melhor optar por essa opção. Isso não quer dizer que a palavra estória NÃO EXISTA, mas apenas que ETIMOLOGICAMENTE não há uma justificativa plausível para a existência de duas grafias distintas em língua portuguesa, mesmo que haja uma aparente repartição de significado. E, por que não há justificativa? Por que a palavra estória é uma derivação da palavra história, elas compartilham a mesma raiz etimológica… a estória roubou um pedaço do significado da história. Só isso… use o que você preferir, é o uso que importa, não os burocracismos.

        • Sempre me incomodou haver estória e história. Pra mim devia ser só história e o sentido da frase ja vai dar pra saber do que se trata, até porque, muito do que consideramos História hoje, é pura estória, hahaha.

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