Adivinha só o que é isso?

Tá vendo esta pedra? Ela vale cerca de 60.000 dolares. Você pode imaginar que diabos é isso que este moleque está segurando todo feliz?

 

 

A resposta é: âmbar de gris.
Mas o que é o âmbar de gris? Basicamente é… Vômito de baleia.

O âmbar de gris, ou âmbar cinza, como é conhecido, já foi muito disputado na alta perfumaria mundial, porque era usado como fixador nos perfumes mais desejados. Hoje em dia praticamente não é usado comercialmente, mas algumas perfumarias muito específicas ainda o compram, por altas somas, para usarem em protótipos e perfumes exclusivos.
O âmbar forma-se no intestino do cachalote (Physeter macrocephalus Linnaeus, 1758) e está é – ao que se sabe – a única espécie que produz o material em quantidade apreciável, embora pequenas quantidades de uma matéria semelhante tenham sido encontradas nos intestinos da baleia-nariz-de-garrafa-do-norte (Hyperoodon ampullatus), uma espécie de zifiídeo aparentada do cachalote.

Esse treco é uma secreção biliar, aparentemente destinada a envolver matérias indigestíveis, tais como as peças bucais de lulas e polvos e outros materiais duros ou cortantes, que poderiam ficar alojadas no trato intestinal e causar problemas aos animais. O encapsulamento evitaria que quando o animal ficasse submetido às grandes pressões resultantes do mergulho profundo aqueles materiais perfurassem seu intestino. O âmbar facilita a sua expulsão com as fezes. Eventualmente, as baleias podem também vomitá-lo.

Conhecido desde a mais remota antiguidade pelos povos que habitavam as zonas costeiras dos oceanos, por ser encontrado flutuando no mar ou nas praias, o âmbar de gris, com o seu cheiro peculiar e origem desconhecida, era considerado um produto misterioso e por isso reputado como tendo propriedades curativas, afrodisíacas e mesmo mágicas. A sua raridade, resistência à decomposição e características físicas eram tais que sempre foi considerado precioso, e usado em receitas místicas de bruxos e alquimistas.

Ele era mais comum nas costas do Oceano Índico, embora aparecesse nas costas de todos os oceanos, até meados do século XVIII o âmbar de gris era considerado uma forma de “enxofre dos mares”, que se libertaria de cavernas misteriosas nas profundezas e flutuaria nas águas. Outra teoria dava-o como um âmbar mesmo, uma suposta resina, originada na raiz de uma estranha árvore que cresceria no litoral e emitiria raízes submarinas.

Quando o desenvolvimento da pesca predatória das baleias provou que ele estava presente no intestino dos cachalotes, tal presença foi inicialmente explicada como sendo pedaços não digeridos de âmbar engolido pelo animal, que o procuraria no mar pelas suas propriedades curativas.

Apenas em meados do século XIX, a análise química do produto, e particularmente a presença de restos alimentares embebidos, levou à aceitação generalizada de que o âmbar tinha uma origem orgânica e endógena no cachalote.

A presença de âmbar no intestino das baleias é irregular, ocorrendo tanto em machos como em fêmeas, mas parecendo ser exclusivo dos animais adultos. Também não parece existir uma relação direta entre o estado de saúde do animal e a presença do âmbar, embora entre os baleeiros fosse uma prática esperar que nos animais emaciados ou com sinais de doença fosse mais provável a presença de concreções.

Curiosamente, esta coisa acabou sendo COMIDA por muita gente, que esperava encontrar nela propriedades afrodisíacas. Para além da operação salva-broxa, era usado em utilizações cerimoniais e queimado como oferenda na antiguidade.

Na ingestão como afrodisíaco, o âmbar de gris era misturado com açúcar ou ingerido em solução alcoólica. Como especiaria é raramente utilizado no sudeste asiático para aromatizar vinhos e outras bebidas alcoólicas e, em quantidades minúsculas, aromatizar chás. Na perfumaria, o âmbar é dissolvido num álcool, em geral etanol, sendo a dissolução feita a frio para evitar a dissociação do produto. Quando adicionado a essências perfumadas ele prolonga a sua fragrância e complexifica os aromas, “dando-lhe persistência e bouquet”.
Com o desaparecimento da caça comercial ao cachalote, e com as questões jurídicas resultantes da protecção daquele animal no âmbito da Convenção CITES, a indústria perfumeira deixou quase por completo de utilizar o âmbar e passou a usar substitutos químicos com características similares.

Voltando ao caso do menino da foto, aqui está sua história:

Charlie Naysmith, de apenas 8 anos, passeava pela praia de Hengistbury Head, no sul do Reino Unido, quando encontrou aquilo que pensava ser uma simples pedra. No entanto, a descoberta acabou por se revelar um raro âmbar de vômito de cachalote que poderá valer cerca de 50 mil euros. O objetivo do menino é, agora, usar o montante para construir um ab

rigo para animais.

Numa entrevista concedida à ABCNews, Charlie e o pai, Alex Naysmith, confessaram que só se deram conta do que tinham descoberto depois de uma pesquisa na Internet. Este âmbar, que é expelido das entranhas da baleia através do vômito, é muito procurado pelos fabricantes de perfumes caros porque emana um odor suave.

Apelidado de “ouro flutuante” pelos cientistas, o âmbar é um excremento natural que os cachalotes usam como digestivo e é expelido pelo abdómen destes animais a quilômetros da costa. Após uma exposição prolongada ao sol e à água salgada, transforma-se numa pedra compacta com um cheiro agradável.

Até agora apenas um biólogo local, do Sul da Inglaterra, analisou o âmbar que acredita ter mais de 200 anos. Alex está convencido que o âmbar esteve a flutuar durante décadas no mar e convida qualquer especialista que esteja disponível para viajar até ao país e analisar a “pedra”.

Caso seja vendido, o achado vai render ao menino um montante muito elevado. Porém, Charlie já sabe que destino irá dar-lhe. De acordo com Alex, o filho pretende, com o dinheiro da venda, criar uma reserva natural no seu país para abrigar animais. “Ele tem um clube na escola onde começou a cuidar de animais e gostaria de continuar nesse sentido.”, informou o progenitor.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. É o melhor perfume que eu já senti. Minha tia que vive na Alemanha e veio nos visitar certa vez, trouxe este perfume com ela. Era dela (diga-se de passagem e ela nunca trouxe um frasquinho deste para ninguém) e muito a contragosto ela pingou uma gota em mim, ou melhor borrifou com má vontade. O cheirinho ficou na minha fronha um tempão. Morro de vontade de ter um perfume destes. Eu pesquisei e parece que há um similar feito com o âmbar comum, de árvores fossilizadas. Mas mesmo assim é um genérico caríssimo. As perfumarias que o utilizam ficam na cidade de Colonia na Alemanha. Parece que algumas francesas também a tem. Junto com o perfume almíscar são os perfume de origem animal mais caros e raros, mas maravilhosos.

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