A curiosa história do Capitão-Abelha

O Brasil é um lugar interessante. Nossos seres misteriosos normalmente são envoltos numa aura de carisma, onde suas peculiaridades os convertem de imediato em personagens perenes de nosso imaginário fantástico. Do Saci Pererê ao Et de Varginha, passando pelo Et Bilu – que até um bordão tinha, nossos personagens não deixam de ser misteriosos ou intrigantes, mas congregam uma certa coisa meio lúdica.

É nesse universo que surge uma figura peculiar: O Capitão-Abelha

A história dessa figura começa quando a jornalista pioneira no Tocantins, Adriana Borges relatou o seu contato com um possível extraterrestre em seu perfil no Twitter.

O início da thread já conta com mais de 10,7 mil curtidas e ultrapassou os dois mil retweets. A história de Adriana se inicia em junho de 1991, há mais de 32 anos atrás na extinta Comunicatins, em Palmas.

Naquela época, um homem surgiu dizendo que queria falar com ela.  A seguir a thread completa:

Era 1991, mês de junho. Eu na redação da extinta Comunicatins, que depois virou TV Palmas. A recepcionista me chamou dizendo que um homem queria falar comigo. Fui lá na porta verificar do que se tratava. Era horário de almoço e eu, moradora de Porto Nacional porque não havia casa disponível para morar em Palmas (só existiam a Arse 14, conhecida como Vila dos Deputados, a Arse 51 e a Arse 72 aqui em Palmas – TO) ficava na TV nesse horário.

Bom, chegando à recepção, havia um homem de mais ou menos 40 anos de idade, de chapéu, mochila nas costas óculos de lentes grossas, calça cor caqui modelo trakking, botinas de expedição e não lembro como era a camisa. Ele falou de cara: é ela! Isso porque a recepcionista disse que ele chegou dizendo que queria falar com uma repórter dali, que era magra e alta de cabelo cacheado.

Bom, eu sorri e perguntei em que poderia ajudar. Ele disse que foi ali pedir pra eu fazer uma reportagem com ele, na serra,sobre as abelhas e os tipos de flores que as abelhas gostam nessa região. Perguntei o nome dele e ouvi:”Capitão Abelha” (tá, podem rir, até eu daria risada. Eu: “mas e o nome do senhor? Pra eu dizer à minha chefe de reportagem sobre sua solicitação”.

Ele: “não adianta, você não vai entender o meu nome, prefiro que me chame de Capitão Abelha e é assim que sou conhecido”.

Não quis brigar com o homem. Adendo: acho que ele me procurou porque eu sou assim. Não questiono muito, eu simplesmente acho tudo possível e aceito. Se ele diz que é Capitão Abelha, o seu nome, então é e pronto. E pra surpresa de vocês, minha chefe de reportagem, que vocês conhecem, mas não vou citar nomes aqui, topou a parada.

Agendamos a reportagem para logo, não lembro quanto tempo foi até irmos à serra, o cinegrafista, auxiliar, motorista da Toyota Bandeirantes que era o carro da reportagem na época e ele, o Capitão Abelha. Ele ia dizendo onde parávamos, as flores estavam ali, parece q esperando e ele sabendo tudo sobre elas.

E sobre as abelhas? Ele parece que viveu muitos anos em uma colméia, sério, gente, é verdade. Ele falava coisas que pareciam ser experiência vivenciada. Inclusive, nesse dia, ele me disse algo que achei meio absurdo, mas que atualmente a gente sabe que é verdade, que se as abelhas desaparecerem da Terra, o ser humano deixa de existir também. Foi uma reportagem muito boa de se fazer. Aprendi muito, nesse dia, sobre vegetação predominante e os tipos de flores que as abelhas gostam por aqui.

..Tudo bem que até ai, nada de novo, né? A parte das abelhas e da vegetação, lógico. A parte do Capitão Abelha é que, enquanto ele explicava sobre cada detalhe, eu prestava atenção nos traços dele. Olhos pequenos, de uma cor que não é amarelo e nem verde, muito próximos, mas não era estrabismo, crânio fora do normal no tamanho, mas era um formato meio oval com a parte superior em destaque. Quando eu perguntei sobre por que ele queria falar das abelhas, ele disse: “Porque elas são o muito interessantes e só isso…”

Daí, terminamos a reportagem, parecíamos amigos. Deixamos ele lá na serra, disse que tinha coisas a fazer ainda. Era aquela estrada antiga que íamos para Aparecida do Rio Negro. Ficou lá, o homem. Alguns dias depois ele voltou à TV me procurando. Eu pensei… Agora vi…

Era uma sexta-feira. Segundo ele, queria dar tchau porque estava indo pra serra passar o fim de semana. Eu perguntei:

“Mas o senhor vai ficar onde lá?”

“Eu durmo lá. Tá vendo aquele morro? Fico ali. Lá eu vejo muitas coisas acontecendo e preciso ver”… – ele disse apontando para um morro que fica perto do que nós chamamos Morro do Chapéu, na serra.

Pra mim, tudo normal, na época eu não via nada de estranho (até eu me surpreendo com isso. Como não via nada de estranho? Por que aquele homem foi no meu trabalho me dizer essas coisas? Mas parece que alguma coisa não me dava start pra pensar, sei lá. E lá se foi o homem com a mochila nas costas e aquelas roupas de quem sobe montanhas. Umas duas semanas depois ele chegou, numa segunda-feira, na TV e me entregou um ramo de florzinhas cinzas. Disse que era presente dos amigos dele que o visitaram naquele fim de semana. Era um ramo diferente, não tem, gente, sério, não tem aquela florzinha por aqui. Subo serra, ando, viajo, e ainda não vi igual. Nesse dia ele pediu pra eu guardar aquele ramo em algum lugar seguro. Guardei na minha gaveta de roupas, em casa (doida). Um outro dia, ele de novo na TV, levou um livro pra eu ler sobre a população intraterrena. Os dragões e tals. Esse livro devolvi dois dias depois de ler e não sei nome , nem autor. Não me apertem.
Quando devolvi ele perguntou:

“Você gostou da história?”

Eu disse que sim, achei interessante. Ele disse algo que lembro mais ou menos assim:

“E, tudo no mundo intraterreno é interessante”.

E foi-se mais uma vez… Sumiu…

Isso deveria ser meados de Julho. Em agosto ele retornou à TV e disse que tinha ido em casa e estava de volta. A gente sempre conversava ali no pátio da Comunicatins, sentados na calçadinha que tinha em volta do prédio de madeira. Eu perguntei qual era a cidade dele, ele disse que era em Minas Gerais. Não insisti pra saber o nome da cidade. Eu disse que tinha nascido em Uberlândia, ele disse que sabia e que sabia também que quando eu (Dryca) tinha 9 anos, vi uma luz muito forte no céu e que fiquei com medo.

Onde entra minha suspeita de que ele não é desse planeta? Bem aqui:

Eu ri e perguntei como ele sabia disso e ele respondeu que apenas sabia e aquela luz tinha ido até mim para me marcar. Não entendi e , mais uma vez, não insisti e sequer achei aquilo estranho.
Parecia conversa normal, sei lá, tudo normal sendo que não era normal…

Nesse dia eu disse que ia subir a serra pra fazer uma reportagem sobre as inscrições rupestres que haviam lá, indicação de uma conhecida cujos irmãos são famosos na capital, pioneiros e que os pais moravam em uma chácara no pé da serra. Ele disse que queria ir junto.

Como era um assunto curioso e que ninguém havia registrado essas inscrições ainda, muita gente da TV queria ir junto. Parecia uma excursão. Marcados para sair num sábado, às 8h da manhã, onze pessoas estavam no pátio da TV para ir junto, entre elas, o Capitão Abelha.

Fomos de carro até a chácara, de lá, seguimos a pé, p/ uma outra chácara para que as pessoas que conheciam o lugar nos guiassem.

Subimos horas seguidas, caí, levantei, xinguei, e fomos subindo, sem trilha, sem nada, só subindo. Adivinhem quem sumia lá na frente? O Capitão Abelha kkkkkkkkkkkk.

Depois ele vinha descendo. Depois de andar muito, paramos porque começou a ficar noite. Tinha um lugar onde havia uma queda d’água, gelada, por sinal, e armamos as redes ali. Só o auxiliar de cinegrafia que preferiu levar um saco de dormir, mas colocou no chão me ameaçando que se uma onça o comesse eu iria pagar caro.

Quando recebi ajuda pra armar minha rede, procurei pelo Capitão Abelha e cadê ele? Já estava dormindo. Fui até a rede dele e vi o homem deitado de barriga pra cima, com as mãos cruzadas no peito, o chápeu nos pés e a mochila embaixo da cabeça.

Ele não estava ali, sério, gente, não estava. O auxiliar de cinegrafia fazia escândalo, morrendo de medo de dormir, eu não conseguia dormir, não podíamos acender fogueira, e cheguei a chamar por ele, porque parecia q não estava respirando.

Ele nem se mexia. Do jeito q deitou, levantou-se. Abriu um saquinho cheio de castanhas e começou a comer. O povo que morava na chácara levou laranja, banana, levamos água, pão, e ele não quis comer nada disso. Eu insisti e ele disse que “castanhas nos suprem de todas as necessidades alimentares e não há necessidade de comer mais nada, apenas beber água”. Fiquei quieta. Depois de nos organizar, subimos mais um pouco e chegamos aos paredões onde estão as inscrições rupestres.

Ele ia explicando sobre cada desenho, o significado de cada inscrição, tudo.

Eu perguntei se ele era paleontólogo, ele disse que onde ele vivia esse conhecimento tem outro nome, só isso. De novo, achei tudo normal.

Sei que voltamos pra base (TV), ele voltou com a gente e se despediu dizendo que ia passar um tempo fora e que um dia voltaria. Aquilo estranho, pela primeira vez, o jeito dele falar era diferente. Ele disse que eu não me preocupasse que estava tudo bem.
E quando ele saiu, apertou minha mão e disse:

“Você sabe que esse lugar aqui é estratégico, entendeu isso? E que muitos estudos estão acontecendo nesse momento” – e ele precisava fazer um novo levantamento.

Eu fiz de conta que entendi, acho que pensei “não vou ser chata” e estava cansada, querendo ir pra casa. Suja, primeira vez que havia subido serra em minha vida. Eu só falei assim:

“Quando o senhor voltar, venha aqui na TV”

Ele disse que provavelmente não voltaria e pediu pra eu prestar atenção nas luzes que, se eu quisesse, poderia ver na serra e que, se eu quisesse também, poderia passar alguns dias com os visitantes.

Achei que ele falava da magia da nova cidade, da capital em construção, do povo chegando todo dia… sei lá. Só muito tempo depois é que entendi e nunca mais consegui saber sobre o paradeiro desse sr.

Podem me chamar do que quiserem, mas eu não tenho vergonha de falar sobre isso porque, pra mim, é muito mágico. Mexe comigo. Aos 9 anos eu vi a luz forte entrando na janela da cozinha da minha casa, cai da cadeira gritando de tanto medo. Minha mãe estava do lado e não viu a tal luz.

Eu gritei de verdade, de tanto medo. Aos 18 anos vi um movimento estranho no céu. Uma noite, nessa mesma idade, vi uma águia gigante (não, não fumei e nem bebi) Ela deu o pio mais lindo que já ouvi.

Em 1995 eu filmei um OVNI,. Vídeo que um ufólogo de Portugal atestou.

De lá pra cá, as coisas ficaram mais fáceis. Vê-los é mais comum que a gente imagina. Estão aqui, entre nós, em todo o planeta… Inclusive se metendo na política em todo o mundo. Mas isso é uma outra história. Faltou eu dizer que as duas reportagens, a das abelhas e a das inscrições rupestres foram perdidas no arquivo da TV.

Quem cuida do Cedoc nunca as encontrou, mas elas veicularam. Inclusive a das inscrições repetiu várias vezes, pq pessoas ligavam na tv pedindo pra passar de novo.

Essa é a história do Capitão-abelha. O homem realmente nunca mais apareceu. Seria um extraterrestre infiltrado? Isso ninguém sabe dizer, mas aquele papo de que ela poderia ir conhecer os visitantes e ele saber de um episódio da vida dela aos nove anos de idade é algo no mínimo estranho.
Como não há maneira de localizar nenhum video mais em que ele aparece, o capitão abelha nunca terá uma imagem concreta atrelada a ele. Ele pode ser só um sujeito místico que vive nas serras cuidando de enxames e vendendo mel? Pode. Essa é uma possibilidade que não pode ser deixada de lado.
Um aspecto interessante na história se refere ao conhecimento enciclopédico do capitão abelha. Essa peculiaridade ocorre em um outro caso (mais estranho ainda que esse) de uma suposta conversa entre um ser humano e um alienígena infiltrado convivendo na Terra, que eu postei aqui.

Mas enfim, é uma história interessante de um personagem intrigante. Esse capitão abelha me lembrou outra figura que já escrevi sobre ela aqui no blog, que é o “Tipa de Burro” se você não leu, vem ler.

Receba o melhor do nosso conteúdo

Cadastre-se, é GRÁTIS!

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade

Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

Artigos similares

Comentários

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Últimos artigos

Gripado

O dia da minha quase-morte

Palavras têm poder?