A busca de Kuran – As montanhas

Enquanto andávamos, eu pensava nas palavras dele. Leonard havia me dito quem era Kuran, mas eu ainda não conseguia entender.
Minha cabeça estava confusa demais para conseguir juntar o monte de informações que ele me passou. Kuran era apenas um nome, usado pelos magos da ordem de Leonard para se referir a um gênio, que até aquele momento eu não sabia exatamente o que era, e que por alguma razão mística que eu também não consegui compreender direito, estava ligado a tal adaga que ele havia me mostrado na barraca dias atrás.
Embora todos chamasse Kuran de Kuran, o nome do gênio não era aquele. Leonard disse que não poderia me contar o nome do gênio, sem que eu passasse a poder controlá-lo, o que certamente causaria grandes problemas, pois eu ainda não estava preparado.
Os uigures já andavam, puxando os camelos reclamões pelo deserto enquanto minha cabeça retornava constantemente às lições que Leonard me dava. Eu sentia que quanto mais tempo passava perto de Leonard, mais consciente da minha natureza eu me tornava.

Passamos o dia todo subindo e descendo gigantescas montanhas de areia. Algumas eram tão assustadoras que os camelos se recusavam a subir. Os Uigures tinham uma habilidade especial em persuadir os animais sem infligir-lhes violência. Era a sabedoria do deserto.
Naquela tarde, no alto de uma duna, eu vi passar voando por mim uma borboleta. Aquilo parecia completamente surreal. O que ela estava fazendo naquele fim de mundo?
Talvez a borboleta tivesse pensado a mesma coisa ao nos ver por lá. “Talvez isso seja um sinal” – Refleti.
Enquanto eu afundava os pés na areia fofa, desenhada em linhas sinuosas pela ação do permanente vento, tentava ligar os pontos que haviam me conduzido até quele lugar mortal.
Leonard queria matar um demônio escondido naquele deserto. Para isso, ele tinha uma adaga cheia de fru-fru. E estava indo em busca de Kuran, um gênio, que de um jeito complicado, estava ligado à adaga. O que eu não entendia era, se o gênio estava ligado à adaga, por que precisávamos procurá-lo. E o que o gênio tinha a ver com o demônio. Eu evitei fazer mais perguntas a Leonard. Precisava organizar minhas ideias primeiro, para saber o que perguntar. Eu tinha medo de fazer papel de bobo pra ele.
Após longas horas vasculhando meus pensamentos, comecei a questionar se de fato, Leonard iria matar o tal demônio. Talvez ele apenas o subjulgasse, com o poder mágico da adaga, ou ainda, pela ação do tal gênio. Eu não sabia se um gênio poderia matar um demônio, aliás, eu não sabia nem se era possível diferenciar um gênio de um demônio…

Mais um dia se passou, arrastando as horas demoradamente. O calor abafado do Taklimakan começou a ceder.

Acampamos para passar mais uma noite entre as dunas. As montanhas já apareciam no horizonte, indicando que o mapa de Leonard estava certo sobre elas. Os Uigures já começavam a discutir abertamente sobre continuar ou não a missão. Era incompreensível a linguagem deles, mas dava pra ler as expressões faciais. Naquela noite, praticamente não conversamos ao redor da fogueira. Estávamos todos abatidos e o nosso líder parecia distante.
Leonard havia passado o dia todo em silêncio, andando alguns metros à frente de Suleiman, o cameleiro. Leonard parecia compenetrado, decidido.
A comida que havíamos levado para buscar o oásis estava no fim. Sabíamos que nos restavam poucas esperanças de sobrevivência. Então, todos comemos pouco. Um dos camelos já havia nos cedido toda a água que poderia, e por isso ele estava mais leve. Suleiman e o profeta tinham alterado a divisão da carga, de modo que o camelo mais fraco levasse apenas o material mais leve, como a lenha, as panelas, ferramentas e a barraca. Se não achássemos comida no dia seguinte, teríamos que matar e comer aquele pobre camelo.
Naquela noite, com a boca seca, enquanto eu olhava as constelações no céu, a espera de avistar uma estrela cadente, pensei sobre a razão que nos levou a desperdiçar mais de 80% da carne do camelo morto pelo caminho. Aquilo foi uma grande burrice.
Quando o dia amanheceu, fui acordado por Suleiman, que me sacudia falando coisas incompreensíveis. Ele apontou para o saco de dormir de Leonard, que estava vazio.
-Ah, não! – Eu disse.
Leonard tinha desaparecido completamente.
O profeta e Robin vasculharam os arredores, subindo nas dunas num raio ao redor do acampamento, na esperança de ver Leonard ou sua trilha. Mas o vento constante do deserto foi hábil em apagar as pegadas.

Após horas de desesperadas buscas, os homens se reuniram comigo no centro do acampamento.
-Leonard sumiu mesmo. – Disse Robin Broca.
Eu berrei um palavrão.
-Não adianta. Temos que fazer alguma coisa. Eu vi os uigures discutindo e acho que eles pensam que Leonard nos abandonou para morrer aqui.
-Ah, Deus! E agora? O que vamos fazer?
-Você tem um mapa?
-Não. Estava com Leonard.
-E a bússola?
-Também com ele.
-Você foi o único que viu o mapa que ele tinha. Qual era o nosso objetivo?
-Estávamos indo para aquelas montanhas lá em baixo. Tá vendo?
-Se sairmos agora, apertando o passo, talvez consigamos chegar naquelas pedras de noite. Mas e depois?
-Eu não sei. Ele estava indo pra lá. Você viu, ele falava pouco. – Eu disse.
-Como pode alguém sumir assim, no meio da noite? -Perguntou Robin.
– Não sei… Talvez ele tenha resolvido ir até lá sozinho.
-Sem água? Sem as coisas dele? Ele ia morrer. E eu também acho que o senhor Leonard não iria sair sem nos avisar. Aconteceu alguma coisa.
-Você diz alguma coisa como a que matou o risadinha?
-Sim.
Enquanto falávamos, os Uigures estavam sentados no tapete de lã, esperando alguma ordem.
-Eles estão parados. O que vamos fazer?
-Acho que esperam que nós dois decidamos quem será o chefe a partir de agora. – Disse Robin.
-Humm. Certamente que deve ser você, senhor Broca. Até pela sua experiência. Eu trabalhava numa floricultura. – Eu disse.
-Certo. Vamos até lá então. Hip! Hip! – Gritou Robin para os Uigures, que se levantaram do tapete preguiçosamente.
Robin apontou as montanhas e ficou tentando dar ordem por sinais aos Uigures. Eu desmontei a barraca. Suleiman me ajudou a amarrar as coisas no camelo fraco.
Eu sabia que perdidos no deserto, sem o líder experiente, sem comida, sem uma bússola ou mapa, aquele certamente seria nosso último dia com o que restava de dignidade. Pedi para Suleiman se posicionar à frente do camelo forte e tirei a câmera de Joseph da mochila. Eu estava disposto a fazer um último registro daquela expedição, para caso alguém um dia encontrasse nossos restos mortais pelo deserto. Pedi a Suleiman para ficar parado e fiz o único retrato que ele tirou na vida.
Expedição1

Partimos sob o comando de Robin. Seguimos na direção das montanhas.

“Onde está você, Leonard?” – Eu pensava, tentando irradiar minha preocupação pelo deserto, na esperança que ele conseguisse captar. Eu não queria aceitar o fato de que talvez Leonard fosse um milionário louco e tivesse nos colocado  em seu último desatino.Robin havia me dito que as reservas de água estavam tão escassas que somando o que os camelos iriam consumir, restaria para cada um de nós cerca de dois litros ou menos para aquele dia. Os camelos já estavam sem beber água havia dois dias. Certamente não aguentariam mais.

Avançamos, com os passos lentos. Eu tentei evitar beber a água com a sede que surgia galopante. A saliva na minha boca era uma gosma espessa. Os camelos deram os primeiros sinais de que não iam durar. FRaquejaram e caíram sobre as patas dianteiras, empacando na areia fofa.

Os Uigures os puxavam, tentando forçá-los a se levantar mas os animais estavam fracos, cansados, berrando e rosnando de frustração. Subir e descer montanhas de areia era uma tarefa extenuante. Eu estava prestes a cair de exaustão, quando um pequeno milagre aconteceu. Ao chegarmos ao topo da cadeia de colinas de areia, vislumbramos uma vista maravilhosa. Cerca de 800 metros à nossa frente, uma floresta de árvores marrons e verdes surgiu como que por mágica no meio do deserto.

Suleiman gritou: – Tograk! Tograaak!

Concluí que tograk significasse “árvores”. O profeta correu na direção das árvores, puxando os camelos, enquanto gritava – Al Hamdulillah! Al Hamdulillah!  (Deus Seja louvado!)

Fiquei tão animado que saquei a câmera e fiz um retrato da nossa salvação.

tograk

Era um oásis secreto, intocado pelo homem, que esteve ali por mil, talvez mais de mil anos. Repletos de energia e expectativa, corremos para o fundo do vale.Animados, demos água aso camelos, e bebi tanta água, com tamanha felicidade que derramei muita água pelo chão. Molhei o cabelo com o resto da água do cantil.

-Se tem árvores tem que ter água! – Bradou Robin. – Vamos beber! Eu derramei água na cabeça de Robin. Estávamos a salvo. Os Uigures começaram a rir. Todos estávamos felizes. O oásis secreto fora um sopro de vida.

E tudo que eu queria era que Leonard estivesse conosco para testemunhar o nosso êxito.

Suleiman pegou a picareta e começou a desferir pancadas no solo arenoso do vale, em busca de algum sinal de água. Horas depois, no oitavo buraco, já sem forças, percebemos o quanto havíamos nos iludido.

O oásis milagroso se revelou uma grande decepção para todos nós. Não havia sinal de água. Após cavarmos muito, tudo que encontrávamos era uma grossa camada de areia cinzenta.

-Puta que pariu! – Gemeu Robin.

Eu não disse nada. Apenas olhei pra ele e Robin viu em meus olhos o quanto eu me arrependia da inocente brincadeira de derramar água na cabeça dele.

Estávamos na fossa. A vontade era de chorar, mas isso iria nos desidratar.

-Mas como que pode ter árvore nessa joça?

-Deve ter água, mas ela deve estar muito profunda. As árvores devem ter enfiado as raízes a uma grade profundidade.

-Vai ser impossível chegar onde a água está.

-Tem razão, Wilson. Temos que seguir adiante. – Disse Robin. – Mas antes precisamos descansar. Vamos esperar o sol baixar e seguimos para as montanhas durante a noite. Assim pouparemos energia.

Eu concordei e então montamos o acampamento entre as árvores.

Algum tempo depois, os dois Uigures estavam reunidos, lendo um livro do Profeta. Os camelos dormiam e Robin estava na barraca, deitado. Eu sentei-me junto ao tronco da árvore. O local tinha uma sensação de paz indescritível.

-Se aqui tivesse água seria o lugar perfeito. – Pensei.

Eu olhei no chão e vi alguns dentes espalhados.

“Dentes de gente” – Pensei. Talvez aquele fosse um lugar antigo, um cemitério. Não vi sinais de ossos e os dentes enterrados no solo pareciam muito, muito antigos.

O sol estava se pondo, quando levantei-me e andei pelo vale, inspecionando as árvores. Talvez eu encontrasse alguma coisa. Zanzei por todos os lados, mas só achei buracos no chão pra tudo que era lado e algumas árvores secas, que usei para pegar lenha. Fui até os Uigures e peguei o machado. Eu e Suleiman fomos ao fundo do vale, e começamos a cortar lenha para repor o estoque que havíamos queimado nos dias anteriores.

A noite caiu depressa. O Profeta havia feito uma fogueira no centro do vale, onde acampamos.

Eu e Suleiman íamos cortando a lenha e levando até lá. Enquanto cortávamos os galhos secos das árvores, ouvimos um grito de pavor.

Suleiman olhou pra mim com uma expressão estranha e disse alguma coisa que eu não entendi.

Eu segurei firme o pequeno machado e corremos para o acampamento.

Quando nos aproximávamos, vimos que alguém corria por entre as árvores, sacudindo uma tocha, vindo na nossa direção. Suleiman sacou o punhal. Empunhei o machado, esperando que fossem os tais nômades canibais.

Quase o atingimos, mas era o Profeta. Ele estava desesperado, repetindo uma palavra que não entendi, mas tão logo ele falou, Suleiman disparou correndo na frente de nós dois, de volta para onde estávamos cortando a lenha Eu fiquei ali parado por um ou dois segundos, tentando ver o que havia lá no acampamento, mas não vi nada. Quando percebi, já estava sozinho. Suleiman deu no pé, seguido do Profeta. Vendo que os dois pareciam completamente desesperados, eu corri também, sem saber o que estava lá, nem se vinha atrás de nós.

Quando finalmente os alcancei, achei que fosse vomitar o pulmão. Eles estavam brancos, e assustados. Falavam agitadamente, de modo atabalhoado, sobre alguma coisa que os assustou, e apontavam insistentes na direção do acampamento.

-Robin? Robin? – Eu dizia, fazendo o sinal da arma, que identificava o francês.

-Robin? Robin ollu! -Responderam, mas eu não entendi. Dado o estado de pânico dos dois, mais o grito de pavor que escutei, concluí que Robin estava morto.

Tentei sinalizar pra eles sobre o que havia acontecido, mas não entendia nada. Estava ficando cada vez mais escuro e o lugar adquiria contornos ameaçadores. Subitamente, Suleiman viu alguma coisa no meio das árvores. Apontou e começou a gritar:  – Orumcek! Orumcek! Então me entregou a tocha e os dois saíram dali.

Os dois então correram para o alto das dunas. Eu tive ímpeto de correr com eles, mas a curiosidade foi maior. Levantei a tocha acima da cabeça, e tentei forçar os olhos na esperança de vislumbrar alguém ou alguma coisa. Pensei que talvez o guardião tivesse aparecido para os supersticiosos Uigures. Mas não era. O que eu vi foi realmente assustador.

Era um monte de aranhas enormes. Elas eram brancas e pretas, e peludas e surgiam pelo chão às centenas, vagando entre as árvores mortas.

Em pouco tempo, um montão de aranhas vinha na minha direção. Eu saí correndo, mas sempre que olhava para trás, a massa preta e repulsiva que elas formavam me deixava mais desesperado.

Os Uigures gritavam pra mim do alto da duna, que agora eu  tentava escalar, mas no desespero, comecei a afundar na areia fofa. Olhei para trás e as aranhas estavam chegando perto. Elas eram rápidas.

Minha única reação foi usar a tocha para tentar afastá-las de mim.

-Sai bicho maldito! – Eu gritava. As aranhas eram as maiores que eu já tinha visto. Cada uma daquelas criaturas devia medir cerca de quarenta centímetros de uma pata a outra.Olhei para o alto da duna e vi Suleiman e o profeta correrem, sumindo de vista.

-Desgraçados! – Gritei. Eu agora estava por minha conta, lutando contra dúzias de aranhas peludas. O fogo conseguia afastá-las por pouco tempo. Elas levantavam-se, erguendo as patas frintais no ar e exibindo dois pares enormes de quelíceras venenosas. A tocha feita com galhos e raízes secas dos arbustos começava a dar sinais que iria se desmantelar.

-Socorro! Socorro! – Eu gritava, mas nada adiantou. Cada vez mais aranhas se aproximavam de mim. Tentei me levantar, e escalar a areia, mas elas estavam, me cercando. Agora eu girava feito louco tentando evitar o ataque daqueles animais nojentos.

Vendo que não ia ter jeito, resolvi arriscar e parti para o tudo ou nada. Saí chutando as aranhas, que se agarravam na minha bota. Eu usava o fogo para abrir pequenas clareiras onde enfiava um pé e com o outro eu saía chutando os bichos para longe. Mas quanto mais aranhas eu matava, mais delas pareciam surgir de todas as direções. Algumas começaram a saltar, e eu perdi de vez as esperanças quando percebi que varias delas já tinham subido pelas pernas da minha calça.

Fechei os olhos esperando a morte quando ouvi um estalo e depois outro. Então comecei a ouvir um monte de estalos e uma coisa gosmenta espirrou em mim.

Abri os olhos assustado.

Dei de cara com Petrus, com os braços abertos e punhos cerrados na minha direção. Ele estava de olhos fechados. Ao meu redor, milhares de aranhas tombavam para trás, embolando-se num mundaréu de patinhas. Muitas estouravam os abdômens como pipoca, espalhando um caldo esverdeado fedorento. Centenas corriam de volta para a segurança das árvores.

-Petrus! – Gritei emocionado.

-Está com problemas, garoto?- Ele disse, levantando meu chapéu.

Eu corri e o abracei. Ao redor dele estavam alguns homens. Gradualmente a luz do lampião surgiu e eu vi surgir no alto da duna varios rostos conhecidos.  De imediato pude reconhecer Allan Laforet, Ruppert Ellis, Carlos Refacho e Nuno Coelho.

-Graças a Deus! Graças a Deus! – Eu disse, caindo de joelhos à frente de Petrus.

-Estávamos procurando vocês. – Ele disse.- Onde está Leonard?

-Leonard sumiu.

-Sumiu?

-Sim, Petrus. Ele desapareceu de noite.

-E os outros?

-Todos mortos. Só sobramos eu e dois uigures, o velho profeta e o Suleiman.

-Passamos por eles. Estão lá em cima, bebendo água. – Ele disse. – Vem, vamos subir aqui.

Com a ajuda de Petrus, fomos até o alto da duna e de lá avistamos a fogueira no meio do oásis seco.

-Tem alguém lá? – Perguntou Carlos Refacho.

-O Robin estava com a gente, mas ele deu um grito, e então surgiram essas aranhas.

-São aranhas do deserto. Esses bichos são um perigo. Elas se juntam e cortam você em pedaços. Elas devem ter sido atraídas pela luz da fogueira. Lugares como este são um prato cheio pra pegar viajantes desavisados.Este lugar estava marcado no meu mapa, indicando o perigo, você não viu?

-O mapa sumiu com Leonard.

-Bem, está tarde. Você deve estar com fome. Venha conosco. Vamos acampar mais ao sul. Bem longe dessas criaturas.

-Mas e se elas nos seguirem?

-Não se preocupe. A esta altura elas estão fatiando os restos mortais de Robin. Só os atacaram porque vocês foram parar na casa delas.A propósito, maqui está seu chapéu, são e salvo.

-Obrigado meu amigo.

Cerca de uma hora depois, estávamos em volta de uma grande fogueira. Petrus contava sobre a aventura deles, como conseguiram encontrar água e como uma misteriosa tempestade de areia ceifou a vida de Ismael Coelho e Sir Richard Graham, o médico.

Também contei sobre as mortes misteriosas, do uigur e do ucraniano que foram tragados pelas areias e os demais que sumiram durante a tempestade.

-Talvez tenha sido a mesma tempestade. – Disse Petrus.

-Será que foi assim que Leonard sumiu? – Perguntou Allan.

-Não, Leonard simplesmente desapareceu. Ele foi dormir com a gente, e no fim da madrugada havia sumido. -Eu respondi.

Após jantarmos, e comemorarmos o reencontro da expedição, fizemos o tradicional brinde feito com bai jiu (uma bebida local feita de arroz fermentado) dos Uigures: – “Gan Bei!” – E esvaziávamos os copos num só gole.

Quando todos se recolheram nas cabanas, me aproximei de Petrus.

-Ele está vivo, não está.

-Está.

-E pra onde ele foi?

-Ele foi até a montanha. Você sabe.

-Mas por que ele partiu sozinho?

-Ele já não está sozinho. Kuran está com ele.- Disse Petrus.

-E o que eu devo fazer, Petrus?

-O que você acha?

-Eu acho que devo ir pra lá. Eu devia ir ajudar o mestre.

-Se é o que você sabe que deve ser feito, é o que tem que fazer, Wilson.

-É o que farei então. – Respondi, meio sem muita convicção.

-Bom, você está cansado. Estamos perto das montanhas. Se você sair amanhã, chegará nas pedras ao meio dia. Eu vou indicar o caminho, mas não será fácil.- Ele disse, abrindo a tenda.

Eu concordei com a cabeça e entrei.

 

CONTINUA

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. pouca gente o caralho … to eu aqui, seu leitor arduo … e adorando a historia …

    VÉI, quando sai uma escultura nova ? to pensando aqui em um concept … tem como ?

    quanto seria ? manda um email … valew philipe

  2. O conto esta animal, estou curtindo muito suas descricoes, tem todo um clima de indiana jones e a muimia, esta muito bom desanima nao, e faz ele beeeem longo

    • Ah, mas eu estou adorando escrever este conto. Eu não estou desanimado não. A audiência dele não afeta em nada o meu prazer. Pena que tá acabando.

  3. Que isso Philipe será que tem tão pouca gente assim? É claro que a galera fica meio dormente pela explosão de zumbi , mais esse conto ta mto bom tbm cara , força ! ( e alimente a idéia da continuação zumbiensse ! )

    • Eu nem faço ideia da taxa de gente acompanhando este post. Nunca pensei de olhar nas estatísticas. Só concluí com base nos comentários. Mas pra mim isso não muda nada. Nem pra história.

    • Fico feliz que esteja gostando. Uma coisa que estou curtindo nela é fazer as fotos. Algumas me dão muito trabalho, mas acho que fica legal situando imageticamente a história, né?

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