Quantas “Terras” existem na nossa galáxia?

Todo ano os astrônomos descobrem novos exoplanetas. Até aí, como dizem, “morreu o Neves”, já que estardalhaço mesmo acontece quando os astrônomos usam seus poderosos telescópios para a imensidão do espaço e acabam descobrindo planetas parecidos com a Terra, como foi o caso de Gliese 581 c, um planeta muito parecido com a Terra, mas infelizmente, localizado há 20,5 anos luz da Terra, ou em medidas (não necessariamente) mais compreensíveis, 180 trilhões de quilômetros daqui.
Gliese 581c tem este nome estranho porque ele herdou o nome de seu sol, uma bola de fogo estupenda, chamada Gliese 581 (o que me leva a pensar se existiria no espaço alguma estrela Gliese 22, ou Gliese 334, ou mesmo uma estrela Gliese 1).
Mas o que importa aqui não é a estrela, mas sim o planetinha C.
Quer dizer, planetinha é o caramba. Gliese 581c possui um diâmetro cinquenta por cento maior que o da Terra (estimativa baseada na sua massa), o que em termos de planeta é uma coisinha nanica, mas perto da Terra ele é quase cinco vezes mais maciço, fazendo com que a gravidade à superfície seja 2,15 vezes mais forte que a terrestre.
Mas isso é um calculo aproximado, pois sabemos que se a superfície do planeta C contiver grande quantidade de gelo ou água, a gravidade será 1,3 vez maior que a da Terra. Assim, se você pesasse 50 quilos na Terra, pesaria 65 em Gliese 581c. Não se sabe ao certo as questões de translação ou rotação do Gliese581c, mas estima-se que o planeta pode estar sempre com a mesma face virada para a seu sol. Se for assim mesmo, isso poderia fazer com que o Gliese 581c apresente diferenças de temperatura bastante consideráveis entre a face sempre iluminada e a face em noite eterna. Teoricamente ele teria um lado desértico e outro congelado, sendo que na interseção dos dois lados, poderia haver regiões intermediárias, capazes de abrir formas de vida menos extremas. Outra coisa que também pode acontecer por lá é sua atmosfera ajudar a distribuir o calor, funcionando como um elemento de negociação entre os dois lados do planeta, o que aumentaria suas chances de habitabilidade. Segundo o astrofísico francês Xavier Bonfils do Observatório Astronômico de Lisboa, a temperatura pode variar entre zero e 40 graus Celsius, ou seja, pode ter água em estado líquido à superfície.

A descoberta de planetas parecidos com a Terra nos leva a teorizar quantos planetas poderiam de fato ser “irmãos” do nosso por aí. Planetas sabemos que existem aos borbotões, mas não raro são bolotas gigantes de gás venenoso, pedras quentes ou congeladas vagando no meio da escuridão. O que interessa pra nós não são os extremos, mas a faixa de habitabilidade,m que ocorre em distâncias que não estão perto o suficiente da estrela para virar uma geleia derretida e esturricada e nem longe o bastante para virar um picolé espacial.

Estabelecer estimativas com bases na variabilidade espacial é algo muito difícil, até porque os números raramente são absolutos quando falamos de espaço. A cada dia novas estrelas surgem, explosões cataclísmicas ocorrem e planetas colidem em algum lugar do cosmos. Então, o que os cientistas fazem é tentar reduzir o enquadre de suas estatísticas para áreas baseadas no conhecimento ainda limitado que a Ciência nos deu, e tentar, com ele, fazer projeções. A primeira coisa que os cientistas fizeram não foi estimar os planetas iguais a Terra no universo, mas sim na nossa galáxia. Isso reduziu bem os números, ao ponto de serem “trabalháveis”. Mas ainda assim, é uma coisa incomensurável.

A coisa começa com a pergunta: Quantas estrelas existem na Vila Láctea? Difícil de dizer só imaginando o céu, né? Então, pense novamente, agora olhando para a via Láctea:

Ficou ruim? Por sorte, computadores e telescópios de varredura sabem que estrelas são elementos luminosos e assim, é possível tentar rastrear e estimar seu número a partir de observação. As estimativas apontam para a existência de nada menos que algo entre 200 e 400 bilhões de sóis, somente na Via Láctea. Certamente, cada um desses 400 bilhões, tem muitos planetas orbitando-o. Chegar num valor para planetas que sejam parecidos com a Terra é ainda mais difícil.

Segundo esta matéria da Wired, o número estimado de “outras Terras” estaria em 10 bilhões de planetas, como o nosso. Os cientistas estimam que 40% das estrelas anãs vermelhas podem ter planetas do tamanho da Terra orbitando-as em uma faixa que daria condições adequadas para a vida.

Felizmente, as anãs vermelhas – que são estrelas menores e mais frias do que o nosso sol – são extremamente comuns, e compõem 80% das estrelas na nossa galáxia. Sua onipresença sugere que há dezenas de bilhões de possíveis locais para procurar vida fora da Terra, com pelo menos 100 tais planetas localizados nas proximidades (escalas espaciais).

Esta espetacular estimativa  vem de uma equipe de astrônomos usando o Observatório Europeu do Sul HARPS. O telescópio é usado para caçar planetas e esteve apontado para uma região fixa do espaço recolhendo amostras de 102 anãs vermelhas próximas ao longo de um período de seis anos.  O telescópio descobre os planetas analisando o comportamento oscilante da estrela ao longo do tempo.

A busca encontrou nove planetas contendo entre 1 e 10 massas terrestres, e incluiu dois localizados numa zona habitável, possivelmente dando-lhes a temperatura certa para ter água em estado líquido. Uma vez que as anãs vermelhas não produzem tanto calor como o nosso sol, as suas zonas habitáveis podem ocorrer muito mais perto das estrelas.

Já os planetas maiores, do tamanho de Júpiter, foram encontrados em torno de menos de 12% orbitando as anãs vermelhas, sugerindo que eles são mais raros do que bolas rochosas, pelo menos ao redor das anãs vermelhas.

Até recentemente, os astrônomos podiam apenas adivinhar o número de estrelas com planetas ao seu redor. Mas atualmente, com os mais de 700 exoplanetas já confirmados, os pesquisadores finalmente tem os dados suficientes para começar estimar com mais precisão os valores reais.

A equipe já havia estimado anteriormente que  um quarto das estrelas semelhantes ao nosso sol  tem ao menos um planeta do tamanho da Terra em torno deles, enquanto outro grupo de cientistas acredita que exista ao menos um planeta parecido com a Terra para cada um dos sóis similares ao nosso somente na nossa galáxia.

Os astrônomos esperam um dia construir um telescópio capaz de captar diretamente a luz proveniente de um planeta extrasolar e ver se eles contêm produtos químicos reveladores de vida, tais como oxigênio ou metano.

fonte

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Essa busca por planetas habitaveis…. é como se eu ficasse passande em frente a um condominio de luxo e olhando as enormes casas que tem lá dentro! pra que? a menos que eu ganhe na mega-sena nunca vou morar ali, e a menos que nossa tecnologia de um salto mortal de costas pra frente, nunca sairemos deste nosso planetinha, nem pra aqui pertinho mesmo, Marte por exemplo.

    • Desculpe Thiago, mas esse seu pensamento me pareceu assustadoramente acomodado…se fossemos pensar desse jeito estaríamos até hoje dormindo em cavernas e acendendo fogueiras com atrito de galhos secos, ou pior, nem chegaríamos a esse desenvolvimento…O importante é o legado que essas primeiras pesquisas estão deixando para gerações futuras, pois sabemos que se realmente queremos a perpetuação da espécie humana…precisaremos um dia mudar para outro planeta…ou você acha que o nosso sol durará para sempre?

      •  Eh, posso parecer acomodado sim, mas para viajar distancias como as que nos separam desses planetas: nao temos a tecnologia para isso, temos apenas teorias inviaveis tanto financeira como tecnologicamente, apenas isso, e a menos que uma raca alienigena superior nos de um empurraozinho estamos fadados ao que temos ao alcance da mao, sem parecer absurdo. O que quero dizer eh que nem Marte colonizamos ainda, porque se preocupar com planetas milhoes de anos-luz daqui?

  2. Muito bom, porém este é um assunto para duas de nossas míseras existências terrenas. A ciência está avançando em relação as descobertas de exoplanetas, e muito. 
    De acordo com um famoso astrônomo antigo, Frank Drake, criador do projeto SETI, em sua respectiva equação possibilitou uma quantidade de mais ou menos 100.000 planetas em nossa via lactea com condições de abrigar vida inteligente em uma possível zona habitável.

    Hoje as equações estão sendo colocadas em práticas, com ferramentas tecnológicas muito avançadas, telescópios, novos observatórios, projetos de rádios telescópios não convencionais e inovadores, satélites, etc. 

    Sendo assim, cedo ou tarde descobriremos o que há realmente por detrás destas miríades de estrelas acima de nossas cabeças.

  3. Olha, não quero parecer ignorante ou desrespeitar alguem, mais para um leigo como eu que acompanha as noticias sobre o assunto….esse negocio de planetas parecidos com a terra desde quando me entendo por gente acham um ou outro! pode observar que de tempos em tempos acham um planeta parecido e tals… particularmente acho que é só pra  manter a propaganda sobre o espaço, para que os estudos astronomicos não parem! sem recursos!

  4. A cada dia as possibilidades de existir vida fora da Terra aumentam. Com 10 bilhoes de planetas na faixa do termicamente habitavel ja começa a dar um tesaozinho.

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