O telescópio do mané

Naquela noite passou na televisão uma reportagem sobre Galileu Galilei. O homem que com tubos de metal e papelão criou o telescópio. O programa contava toda a história dos grandes gênios da ciência. Os exploradores das estrelas, os cientistas e astronautas. Finalizavam com as manchas solares e os buracos negros. As grandes questões sem resposta e o fim da vida no nosso sitema solar, quando o sol finalmente consumir todo o seu hélio e começar a crescer até engolir nosso planeta.
Fiquei fascinado. Passei aquela noite pensando em construir um telescópio para ver as estrelas, investigar as profundezas do cosmos.
Eu me lembro bem disso. Eu tinha oito anos e estava lá no meio do colégio, no enorme pátio. Eram mais ou menos duas e meia da tarde. Eu havia planejado com cuidado o momento de investigação científica. Pedi para ir ao banheiro depois do recreio de maneira que não houvesse nenhuma interferência em meu “trabalho”. ao invés de ir pro banheiro corri pro pátio. E o sol tava de rachar a cuca.
Enfiei a mão no bolso, de onde eu trazia um engenho interessante que me permitiria ver as “manchas solares” e saber se era hora de me preocupar ou não com o fim do mundo. Talvez até quem sabe eu visse um alienígena numa nave espacial.

O engenho era uma lente de aumento. Sem verba para uma luneta, uma lente quebraria o galho, afinal era também um instrumento óptico. E tinha vantagem de caber no bolso.
Apontei ela para o sol e tentei olhar através. Lembro que fiquei ali tentando ver pela lente de aumento o sol, mantendo o olho o mais aberto que eu podia durante alguns minutos quando levei um baita tapão na mão e minha lente voou longe. Eu não vi pra onde foi, porque eu não tava vendo mais nada.
Era a coordenadora, que ia passando e de longe me viu com meu “telescópio” queimando a retina como só um imbecil como eu seria capaz de fazer.
Ela me deu o maior esporro da paróquia. Quase me bateu. Mas me salvou da cegueira em um dos olhos. Fiquei vendo uma mancha durante aquele dia inteiro, que ao longo da semana foi diminuindo até sumir.
Nunca contei pra ninguém essa pequena aventura científica.
Se eu tiver um filho assim eu tô ferrado.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.
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Comentários

  1. Eheheh.. com todo o respeito, mas você era muito retardado!!

    Me amarro no seu blog! Cheguei a ele pela sua entrevista no CG MAX tv! Já conhecia o seu trabalho, de assistir uma palestra sua no SENAC de Copacabana. Parabéns!

  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk meu caro… tipow… nem te chamarei de retardado como o carinha acima… pq tb jah tentei fazer coisas absurdas quando era bem mais novo… porem… no mínimo… meio doido vc era… ou eh neh… sei lah… um designer formado em psicologia neh… hauhauahuaha

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