CENA 1 – EXTERIOR – PRAÇA – DIA
Plano geral de uma praça. Lugar bonito, embora não haja muita gente. Uma senhora vem passando, andando lentamente.
A idosa senta-se num banquinho da praça.
Close na idosa. Olhar perdido.
Pequenos inserts de detalhes da velha. A mão trêmula apóia-se numa bengala antiquada.
CENA 2 – EXTERIOR – PRAÇA – DIA
Uma criancinha passa num velocípede. A câmera acompanha.
A criança olha para a velha.
Close na idosa. Olhar fixo na criança. A velha sorri.
Close nos olhos da criança.
Plano médio da praça. A criancinha se afasta com o velocípede até sair do enquadramento.
CENA 3 – EXTERIOR – PRAÇA – DIA
Entra pela lateral do quadro um mendigo, roto, sujo, cabelo desgrenhado. Barba e cabelos enormes e amassados. A Câmera acompanha.
O mendigo senta-se ao lado da velha.
Plano médio da praça. A velha e o mendigo estão sentados com o olhar perdido, olham para a frente.
A velha vira a cabeça para o mendigo.
O mendigo olha para a frente, fixamente. Ele tem o olhar perdido.
VELHA: Quanto você quer para sentar em outro banco?
O mendigo olha para a velha.
MENDIGO: Trinta.
VELHA: Vinte.
MENDIGO: Vinte e oito.
VELHA: Vinte e cinco.
MENDIGO: Fechado.
A velha abre uma pequena bolsa, já fora de moda e retira um bolinho de notas. Ela entrega ao mendigo.
O mendigo pega o bolo de notas e guarda no bolso.
CENA 4 – EXTERIOR – PRAÇA – DIA
O mendigo levanta e sai. A Câmera se mantém fixa.
A velha tem o olhar perdido. Close no olhar da velha. Expressão fria. Ela fita o vazio.
CENA 5- EXTERIOR – RUA -DIA
Musica incidental. Mendigo caminha pela rua.
Planos diversos do mendigo andando por ruas e becos.
Mendigo desce pelas escadas do metrô.
CENA 6- INTERIOR – METRÔ – DIA
Há um velho sentado num banco. Ele espera o metrô.
Close no olhar do velho. Tem os olhos perdidos.
Mendigo entra pela lateral do quadro e se senta-se ao lado do velho.
Mendigo olha fixamente para a frente. O velho idem.
Velho vira-se para o mendigo.
VELHO: Você poderia sentar em outro lugar?
MENDIGO: Depende.
VELHO: Quanto?
MENDIGO: Quarenta e dois.
VELHO: Pago dez.
MENDIGO: Quarenta e dois.
O velho hesita.
MENDIGO: Quarenta e dois.
VELHO: Vinte.
MENDIGO: Vinte e cinco.
VELHO: Fechado.
O velho mexe na pasta. Pega um bolo de notas e entrega ao mendigo. O Mendigo guarda as notas no bolso, levanta-se e sai. A Câmera permanece fixa no velho.
CENA 7 – EXTERIOR – RUA – TARDE
Musica incidental. Mendigo caminha pela rua. Passa em locais desertos. Corredores, escadas, ruas desertas.
CENA 8 – EXTERIOR – RUA – NOITE
Plano geral de uma avenida. Carros passam na frente de bares e restaurantes. Pessoas comendo, se divertindo.
Mendigo surge ao fundo. Caminha pela avenida. Para em frente a um bar e olha as pessoas comendo. Algumas pessoas param de falar, olham para ele e tornam a conversar como se ele fosse invisível.
O mendigo olha para o lado e sai do enquadramento.
CENA 9- EXTERIOR – RUA – NOITE
Uma prostituta está encostada num poste.
O Mendigo surge e para ao lado dela.
A prostituta tem o olhar perdido. Close no olhar da prostituta.
Ela olha para o lado. O Mendigo está ali, parado.
PROSTITUTA: Qual é?
O mendigo não responde. Ele tem o olhar parado. Olha para o infinito.
PROSTITUTA: Ei.
O mendigo olha para a prostituta.
PROSTITUTA: Tá me atrasando a vida, meu. Dá pra ser ou tá difícil? Tá espantando a clientela, mermão.
MENDIGO: Faço pra você por trinta reais.
PROSTITUTA: Porra, trinta? Não dá pra negociar não?
MENDIGO: Não.
PROSTITUTA: Ah, vai se foder. Olha, só tenho quinze aqui, mas tem este vale do motel. Tá dando desconto de 50%, tá afim?
MENDIGO: Tá bom.
A prostituta pega o dinheiro na bolsinha de couro vermelho. Junta o papelzinho do motel e entrega ao mendigo. Ele coloca o dinheiro no bolso e sai. A prostituta volta a olhar para o vazio.
CENA 10 – EXTERIOR – BECO ESCURO -NOITE
O mendigo entra num beco escuro. Caminha com dificuldade entre latões de lixo e tranqueiras espalhadas pela rua.
Vai até uma porta. Pega uma chave do bolso e abre. A luz ilumina o beco. O mendigo entra.
CENA11 – INTERIOR – CORREDOR -NOITE
O Mendigo caminha por um corredor cheio de canos e cabos. É um lugar diferente, com aparência que lembra o interior de um submarino.
O mendigo vai até o centro de uma câmara. Ele fica parado, olhando para o vazio.
Surge um jovem. O Jovem para em frente ao mendigo.
O mendigo não olha nos olhos do jovem. Olha para a frente. Olhar fixo.
O Jovem estende a mão. O Mendigo enfia a mão no bolso e retira o dinheiro. Entrega ao jovem.
JOVEM: Total?
MENDIGO: 65 mais um vale motel com desconto de 50%.
JOVEM: Hummm. Tá bom. Ontem foi melhor hein?
MENDIGO: Zonas mais rentáveis no setor 15.
JOVEM: Tá. Eu sei. E a taxa da bateria?
MENDIGO: Bateria em 22%.
JOVEM: Tudo bem. Por hoje chega. Vou aproveitar para fazer a atualização do firmware, beleza? Pode entrar em modo de hibernação.
O mendigo fecha os olhos. O rapaz mexe nas costas do mendigo. Retira um cabo preto que estende até uma tomada.
O Jovem abre um notebook e digita algumas coisas. Pluga um cabo usb do computador nas costas do mendigo. No notebook surge uma barra de download que começa a carregar.
Ele levanta da cadeira, olha para o robô parado no meio da sala. Apaga as luzes, sai e fecha a porta. A câmera fica.
FIM
Sobem os créditos finais.
Caraca hein filipe, voce leva jeito mesmo. Fikei passando a cena aqui com minha imaginação fértil, daria um puta curta metragem *o*
Mto bom, vou transformar isso numa animacao…hehehe Já fez isso com algum roteiro desses? Vlw Abs
Realmente, curta metragem dos bons…
Cara você é bom, muito bom. Na minha pretensão de ser cineásta, queria eu ter condições de gravar esse seu roteiro, parabéns pelos ótimos textos!
porra
cara você é muito bom no que faz em
parabens
Realmente produzir um curta com esse roteiro ficaria super show! Você que tem habilidades com 3D poderia se arriscar a fazer, quem sabe?
cara, escrever roteiro deve ser muito chato! na boa!
Opa, se for fechar uma equipe em 3d estamos ai :)
Muito bom seu roteiro, seria bom fazer um curta com Clay em stop motion, seria perfeito os bonequinhos. Sou cineasta também há uns 5 anos produzo curtas para festivais. Ultimamente estou roteirizando Geni e o Zepelim do Chico Buarque com elementos de Bola do Henry René Albert Guy de Maupassant. Começaremos as filmagens em abril. os detalhes estão em meu site e meus antigos trabalhos estão em http://www.youtube.com/roberioxiquita e em http://www.youtube.com/canalcurtalt . se precisar de alguma ajuda meu e-mail está aí e é meu msn também. Parabéns, cheff! x_x
muito bom Philipe, cara esse dai foi bom, gostei…è bem interessante e criativo, vc nao sabe oq vc acontecer, oq te faz parar para ler até o final, muito bom, meus parabens.
Gostei mesmo bem interessante….Dava um bom curta metrajem nao axa?
Abraços;)
Muito boa sua leitura futurista da realidade social que vivemos…que por sinal é bem pior…antes fossem robôs e não crianças exploradas.
Abraços
Com todo o respeito, tomar no cu. Hahahahahaha
Se alguém gravar, me ofereço pra ajudar a tocar na trilha sonora, violino, hoy!
surpreendende, inovador e medidamente louco. Continue assim! Das suas ideias pode surgir um novo cineasta!
:lol: “why cant we make this simple”
Joguei na mega essa semana. Quando receber o dinheiro vamos produzir esse filme. Fique firme!