O maior espetáculo da Terra

Aí, você tem certeza que quer ler este post? Tem certeza mesmo? Ok, Não tem nada nojento não, falô? È que pra este post ser mais legal, ele tem trilha sonora. Uma moda maluca que acabo de inventar. Dê um play aí e enquanto você lê o preâmbulo da minha aventura de hoje, bota pra baixar.

Hoje comprei um teclado novo e um mouse novo. ambos USB, pra poder voltar a funcionar direito essa joça. Viver sem teclado e sem mouse, é como ser paralítico-cego-surdo e mudo simultaneamente. Pior é estar assim e ver que amigos aparecem no msn querendo falar com você e simplesmente não dá.
Então eu fui e comprei. Voltei todo feliz pra casa e quando fui ligar, que supresa! O mouse tava com defeito… O botão não clicava nem a pau.
Então fui ligar o teclado e… Surpresa número dois! O teclado tava quebrado. O enter não funcionava, o C não saía, o F também. Ah, malandro, fiquei puto. Pô, qual a probabilidade de você comprar dois produtos numa loja e OS DOIS estarem com defeitos de fabricação? Dá um ódio, sabe? Pior é que eu virei o teclado pra ver e em baixo tava o selinho do controle de qualidade. No mouse idem. Que merda de controle de qualidade é esse?
Voltei pro Rio, puto pra caralho, querendo dar umas boas bordoadas no vendedor, que coitado, nem culpa tinha.
Cheguei lá, não tinha mais o teclado. Ele vendeu tudo. Comecei a sentir que estava prestes a começar uma cena de “um dia de fúria”… Resultado, sobrei com um bagulho defeituoso na mão. Fui até o caixa e tive que trocar por um teclado branco, da mesma marca e modelo. (o primeiro era pretinho, show) Qual não foi minha surpresa quando com a maior das desfaçatezes a caixa olha para mim e solta: A diferença é SETENTA E NOVE REAIS, senhor.

Hahaha, agora é engralçado, mas na hora foi trágico. Quase tive uma síncope. Como é que pode um teclado que custa vinte e dois estar quarenta e oito sendo que é da mesma marca, comprado no mesmo dia, no nesmo modelo, na mesma loja com a única diferença sendo a cor??? Eu tentei me controlar e não chamar a loja pelo nominho que eu gostaria e engoli em seco. Pedi o estorno do dinheiro no cartão. Fui comprar em outra loja.

Aí comprei um novo teclado, um mouse novo e parece que agora tudo está de volta a normalidade que reinava antes da “possessão”.

Voltando de barca, aconteceu algo estranho. Na verdade o real motivo deste post.
Não sei direito como explicar uma coisa dessas. Mas vou tentar.
Eu tava ouvindo musiquinha no meu pen-drive. Tudo belezinha… Eu gosto de botar no pen drive umas musicas variadas, muito Chico Buarque que eu adoro e tal. Gosto de umas músicas instrumentais e incidentais de filmes… Aquelas que você nem nota, saca? Peguei a barca da varanda, aquela que tem uns banquinhos em toda a volta da barca e dá pra ir do lado de fora, na lateral da barca, com as pernas na grade, vendo a paisagem.
Então eu estava ouvindo o pen drive quando olhei em volta e meio que caí na real.
O pôr do sol acontecia atrás de mim e ao meu redor, na imensidão do céu espalhavam-se nuvens das mais variadas cores, em uma armonia estética que não parecia real. Olhei pros lados e vi que ninguém, ninguém naquela maldita barca parecia perceber a inacreditável beleza, o espetáculo, o maior espetáculo da Terra descortinando-se desavergonhadamente na nossa frente. Um dormia, o outro parecia perdido em pensamentos, alheios ao cosmo ao nosso redor. Ninguém notava o que acontecia e eu me dei conta de que se não notavam era porque o espetáculo não era pra eles.
Foi quando começou a tocar uma música no meu pen drive, essa aí que eu indiquei aí em cima… E aquelas coisas todas, as nuvens, o sol, as sombras, as cores, dois pequenos pássaros que voaram juntos atravessando a composição do céu, encaixando-se magicamente com os contornos de uma lua no azul. Era simplesmente inacreditável. Um erro mágico da Matrix. A música no último volume, a barca movendo-se e pequenos estalinhos de brilho amarelo-alaranjado do sol pipocando da superfície da água. Ali em cima, gigante, sumindo no horizonte, uma nuvem enorme que era iluminada meio por trás, e o sol contornava ela, produzindo um desenho que me lembrou um dragão.
Então o vento soprou forte e as nuvens que estavam mais baixas começaram a mover-se velozmente, e parece que um outro vento em sentido contrário atingiu as nuvens altas em direção oposta. O sol passou pelo meio e a cena que eu presenciei foi algo impossível de descrever com palavras. Eu me senti ligado a aquilo tudo de um jeito estranho e pareceu que eu era parte daquele cosmo, coisa que geralmente não me acontece. Como quase todo mundo vejo as coisas pelo lado de dentro. De dentro de mim. Tem uma barreira clara entre o que há lá fora e o que há aqui dentro, mas hoje tamanho espetáculo com a música, com as cores, com o movimento da barca e o vento nas nuvens, os pássaros e tudo mais, eu me senti virado pelo avêsso. Eu era parte daquele universo mágnífico e dentro de mim algo me disse que aquilo tudo, aquele quadro mágico que eu via e de certo modo também fazia parte, era especialmente feito pra mim.
Então eu compreendi, que comprar as coisas, elas estarem com defeito, eu ter que voltar no Rio, tudo se encaixava perfeitamente numa estrutura cósmica cujo objetivo máximo era ampliar minha percepção, me dar um presente.
Então, nesses momentos, você recorre à religião, à metafísica, ao holístico, recorre à poesia ou não recorre a nada. Eu simplesmente agradeci ao universo por existir, fechei os olhos e guardei este momento na memória para sempre.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. engraçado como uma trilha sonora pode mudar completamente a percepção do que nos cerca… experimenta ver filme de terror com o volume no mínimo… ou ouvindo Mamonas Assassinas… vira comédia no ato =-P

    Abraços Kling!!

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