No fundo

As aguas agitadas da superfície do mar
São sepultura daqueles que não voltam mais
Da descida de silêncio profundo
a noticia que abala o mundo
De aventura em meio aos corais
agora, no fundo, jaz.

Um caminho de agoniante descida percorreu
Até o fundo abissal desceu
Na busca do naufrágio no breu
Deus sabe que angústia que te acompanhou
Ouvindo estalos e tremores quando tua voz calou
Em frio e silêncio a vida se transformou

Lá no fundo.

O canto que canta no fundo escuro do mar
O grito abafado pra não sufocar
As esperanças de resgate e a triste constatação
Todo seu bilhão não compra uma só respiração

…E esperar

Um rangido rouco no coração
Estalos em juntas de dilatação
Requer a tua alma a escuridão
E tu vais para lá como num sonho, sem emoção
Desejando acordar, escapar se salvar

Lacrada na capsula branca no fundo do mar
Pensa na mulher, nos filhos e nos pais
A pequena tripulação a chorar
Por caminhos de algas e corais
Peixinhos brilhantes vão ignorar

Lá no fundo

Um gemido colossal,
uma uma voz antiga de vento e sal
Uma implosão de barulho medonho
E tu vais para lá como se fosse num sonho

Enferrujados destroços talvez
Espalhados no leito da insensatez
Que teus olhos não vão mais ver
Os habitantes da água irão aparecer
logo vão brincar ao teu lado
Ignorando, sem futuro nem passado
Que tu serás piada lá em cima no mundo
Que tu és destroço perdido no fundo

rica sepultura na eternidade abissal

Lá no fundo.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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