Madre Teresa de Calcutá, a santa com o pezinho no inferno

Se tem um troço que me causou um mal estar do caramba é ver que uma pessoa como Madre Teresa de Calcutá foi canonizada. Madre Teresa, assim como outros vultos históricos, tipo Che Guevara, ficou para o mundo como uma pessoa boa. Ela que chegou a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, nunca foi mais que um engodo, uma mulher fria e que muitas vezes beirou o sadismo, com o mais detestável dos objetivos: Levantar dinheiro para o Vaticano.

Durante anos, sua popularidade cresceu atrelada à figura quase arquetípica de uma vovozinha bondosa com uma aparência frágil. Nascida em 1910, cuidando de crianças e doentes de todos os tipos, na mais absoluta pobreza, comoveu o mundo e mais que isso, fez dela literalmente uma celebridade.

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Não há absolutamente nada de errado em se tornar uma celebridade, aliás, muito pelo contrário quando você simboliza ao mundo a esperança e a doação em prol dos que sofrem.

Porém, mais que apenas uma celebridade, Madre Teresa foi sim uma máquina de arrecadar dinheiro! O que antes era sinônimo de caridade no século vinte, é hoje alvo de contestações por diversos pesquisadores. (Note, não sou eu. São PESQUISADORES.)

Madre Teresa nasceu na Albânia e seu verdadeiro nome era Agnes Bojaxhiu. Sua organização, as Missionárias da Caridade, tem 4.000 freiras e 40.000 voluntários leigos (e agora depois de santa, ela vai explodir bonito!)
Sua fama começou com um filme sobre sua vida (e mais tarde um livro, “Something Beautiful for God”) feito pelo político inglês Malcolm Muggeridge em 1969. Malcolm era extremamente crédulo e se encantou com ela, a ponto de ver milagres ocorrendo durante as filmagens, como uma “aura” que apareceu no filme, na verdade o resultado do uso durante o dia de uma película mais apropriada para filmagens noturnas. Mas ele não quis saber de explicações técnicas…
O inglês Christopher Hitchens preparou um documentário sobre suas atividades, com farto material filmado, transmitido pela BBC, e publicou um livro em 1995, “The Missionary Position: Mother Teresa In Theory And Practice”, onde chega conclusão de que ela apoiava os ricos e poderosos e tudo lhes perdoava, enquanto pregava obediência e resignação aos pobres. Seu trabalho provocou muitas reações de repúdio. Seus críticos citaram abundantemente os Evangelhos e o acusaram de crueldade com uma mulher idosa, santa e humilde — mas em nenhum momento contestaram os fatos apresentados.

“Nem todos veem Madre Teresa e sua história com bons olhos”, revela Geneviève Chénard, pesquisadora em educação da Universidade de Montreal, no Canadá. Ela é co-autora de uma pesquisa inédita que expõe uma face pouco conhecida da religiosa. Após revisar com dois colegas, 287 documentos sobre a famosa freira que é sinônimo das mais elevadas causas humanas, ela descobriu uma nova Madre Teresa, bem menos elogiável e nobre do que todos esperávamos. Era um engodo. Mais um vulto para a sociedade da mentira.

“Foi uma surpresa até para mim”, admite a estudiosa, que esperava encontrar críticas mais duras, mas não antecipava a enxurrada de acusações com as quais se deparou.

Não é uma grande novidade, evidentemente, que se revele que Madre Teresa era uma bela duma filha da puta disfarçada de “agente do senhor na Terra”. Há artigos sobre isso e até um (acho que dois na verdade) documentários expondo o engodo.

De acordo com os pesquisadores, as discrepâncias entre a realidade e a biografia heroica da agora santa, vão da administração das sedes das congregações das Missionárias da Caridade à natureza da fé de Madre Teresa.

“Vimos, por exemplo, que a congregação era pouco criteriosa na hora de aceitar doações em dinheiro”, afirma Geneviève. Parece o mal dos séculos hein? Como sempre quem posa muito de bom moço, pode se revelar podre por dentro.

Da análise documental, a impressão que ficou é que, para a organização, dinheiro era dinheiro, independentemente de onde vinha. Ou seja, ela operava na logica dos nossos políticos brasileiros.

Seguindo essa lógica, Madre Teresa se associou a ditadores e famosos salafrários que, nas horas vagas, se dedicavam à filantropia. De Jean-Claude Duvalier, por exemplo, ditador do Haiti acusado de corrupção e violação de direitos humanos, ela recebeu não só dinheiro, mas também uma homenagem. Já com James Keating, nebuloso investidor do mercado imobiliário americano de quem obteve patrocínio, a religiosa topou até fazer foto.

No auge da arrecadação, estima-se que a congregação tinha o equivalente a R$ 102 milhões em caixa. “E o mais curioso é que, mesmo com tanto dinheiro, as condições dos doentes nas sedes era terrível”, diz Geneviève.

Mas como isso é possível?

Simples, Madre Teresa de Calcutá USAVA os doentes da Índia, na sua ampla maioria hindus pobres para arrecadar dinheiro para eles que ela DESVIAVA na cara-dura e mandava para o Vaticano. O doente não via uma porra dum remedinho, ou quando raramente via, era vencido, ou sujo ou agulha reutilizada centenas de vezes… Como resultado, suas casas de tratamento eram CAMPOS DA MORTE, enquanto as contas bancárias explodiam de dinheiro.
E para piorar, a “santa” não deixava médicos trabalharem, não deixava os familiares removerem os doentes, que ela acompanhava com um misto de morbidez e felicidade enquanto eles definhavam e se agravavam até o óbito.

Óbitos que ela comemorava como vitórias

A mulher era tão pirada que ela acreditava firmemente que o sofrimento era uma condição necessária para galgar ao céu. Assim, em vez de trabalhar para atenuar o sofrimento, o que essa “santa” fez, foi investir a grana que vinha para os doentes em novas sedes para captar mais e mais pessoas que poderiam ter sobrevivência num hospital, mas que ali ficariam presas para morrer, e morrer da pior e mais agonizante maneira possível, e era esse sofrimento que a Madre dedicava a Jesus.

“O mundo ganha com esse sofrimento”, ela chegou a dizer. Só que vento que venta lá, não venta cá, meu amigo… Curiosamente, quando era ela que adoecia, a fanática religiosa não se tratava nos centros geridos por ela, mas sim em hospitais de ponta na Índia e nos Estados Unidos.

Uma vez que todo o dinheiro arrecadado ia para a expansão das obras e não para a melhoria das condições de atendimento aos doentes, as condições das casas eram terríveis. Relatos de médicos que fizeram visitas aos centros de tratamento e cuidado geridos pela congregação apontaram, além da falta higiene crônica, ausência de equipamentos básicos para os cuidados prestados e tratadores sem treinamento ou qualificação. Seringas eram lavadas com água fria de torneira e doenças graves eram tratadas com analgésicos simples, como o paracetamol.

Ética seletiva

Sabe aquele político que banca de bastião da moraliadade suprema onde não há nenhuma alma no planeta mais honesto que ele e nas horas vagas ele se cerca de todo tipo de escroque da pior qualidade que se pode imaginar? Pois é. Nossa nova santa era assim também.
Embora dura e inflexível, publicamente, em suas opiniões contra o divórcio, Madre Teresa fez vista grossa para o fim do casamento de Lady Diana, que, mesmo tendo se separado do príncipe Charles, continuou entre as preferidas (doadoras) da religiosa.

“Diana foi uma grande patrocinadora das Missionárias da Caridade. Será que é por isso que ela continuou sendo recebida e elogiada?”, questiona Geneviève. É óbvio. Mas não só isso. Ela também acobertou pedofilia. Era o ex-jesuíta Donald McGuire.

Em 1993, o sacerdote, que era amigo de Teresa, estava afastado de suas atividades por abusar de um garoto. A missionária usou sua influência para que McGuire voltasse à ativa. Nos anos seguintes, oito outras queixas de pedofilia foram apresentadas por fiéis à Igreja e às autoridades. E McGuire acabou condenado a 25 anos de prisão.

Madre Teresa e a origem do mito

Charity worker Mother Teresa (1910 - 1997), seen in her hospital around the time she was awarded the Templeton Prize for Progress. (Photo by Mark Edwards/Keystone Features/Getty Images)
Me dá dimdim!

Madre Teresa foi “inventada” pelo jornalista Malcolm Muggeridge, da BBC, que lhe dedicou em 1969 o documentário “Algo bonito para Deus”, apresentando ao mundo a figura frágil de uma missionária que se dedicava aos pobres e doentes da Índia. Em 1971, o jornalista publicou um livro com o mesmo título. Graças ao sucesso e fama que veio no rastro do filme e livro, a missionária abriu centenas de “casas de doentes” em vários países, mas não as tornava hospitais de fato, a ponto de os doentes serem mantidos em agonia em esteiras no chão.

Fica claro que em seu caminho, Madre Teresa colocou em prática a sua convicção de que o sofrimento humano é elemento fundamental para a salvação. Que ela acreditasse nessa hipocrisia maluca, tudo bem (apesar de se tratar em hospital de verdade quando o bicho pegava para o lado dela), mas essa crença de que os sofredores estavam mais perto do céu e de Cristo e por isso ela deveria se dedicar a fazê-los sofrer, é uma coisa tão horrenda que surpreende que ela seja sequer cotada para uma beatificação, que dirá se tornar uma santa.

O jornalista britânico radicado nos Estados Unidos Christopher Hitchens (1949- 2011) já tinha denunciado o embuste que era Teresa ao publicar em 1995 o livro “A Intocável Madre Teresa de Calcutá”.

Diz um trecho do livro: “Tenham em mente que a receita global da Madre Teresa é mais do que suficiente para equipar várias clínicas de primeira classe em Bengala. A decisão de não fazê-lo […] é deliberada. A questão não é o alívio do sofrimento honesto, mas a promulgação de um culto baseado na morte e sofrimento e subjugação.”

Mas mesmo com tudo isso tão às claras, há religiosos que atuam como militantes políticos cegos com acrobacias retóricas para passar a mão na cabeça da nova Santa, como Luiz Carlos Susin, frei, teólogo e professor da PUCRS:

— Não podemos julgar as ações da Madre Teresa com os olhos do Ocidente de hoje. Ela trabalhou em um nível humanitário emergencial adequado às condições que existiam naquele momento…

É sempre assim, apesar das evidências, nego gosta de dar uma de avestruz.

Pelo menos dois estudos acadêmicos confirmaram as condições inadequadas de atendimento nos abrigos: um artigo publicado em 1994 na revista médica Lancet apontou o uso incorreto de medicamentos e a falta de diagnóstico para doenças curáveis.

No fundo, a verdade é que tudo girava em torno de GRANA.
Madre Teresa recebeu milhões de dólares em doações. Mas nem sempre o dinheiro veio de fonte confiável. Um de seus principais benfeitores foi o banqueiro americano Charles Keating — que seria preso como autor de uma das maiores fraudes econômicas dos EUA. Charles era um católico fundamentalista. Foi condenado a 10 anos de prisão por roubar em torno de 252.000.000 de dólares de 17.000 fundos de aposentadoria de gente humilde. Mas deu a ela mas de um milhão de dólares e lhe emprestava com frequência seu avião particular. Em troca, ele fazia uso de seu prestígio como “santa”. Mesmo após as acusações, a religiosa enviou uma carta à corte dos EUA em favor de Keating elogiando sua generosidade.

Antes mesmo do Vaticano decidir qualquer coisa, a opinião pública decidiu — ela era santa. E daí para a frente sua santidade não foi mais questionada, fizesse ela o que fizesse. Pelo contrário, suas ações passaram a ser julgadas com base em sua reputação e não o contrário. Até o Vaticano, que no início via suas esquisitices com reservas, devido a seu tradicionalismo e oposição às mudanças introduzidas pelo Concílio Vaticano II, aceitou o “fato” e passou a capitalizar sobre sua imagem. Afinal, dindim é dindim!

As pessoas enviavam a ela milhões e milhões de dólares em donativos para que ela construísse seus hospitais. Apenas numa conta nos EUA, havia mais de 50 milhões de dólares. O resto estava espalhado pelo mundo (menos na Índia, onde ela teria que prestar conta pelo que recebia). Entretanto, esse dinheiro era usado para construir novos conventos da ordem pelo mundo. Quando ela morreu, as irmãs já estavam instaladas em 150 países. Este estudo científico diz que cerca de um terço das pessoas morreram nas casas de abrigo. 

Sobre as vítimas, Madre Teresa de Calcutá se orgulhava de dizer que desde que a sua fundação foi criada em Calcutá mais de 29 mil pessoas tinham morrido ali dentro, isso por que na cabeça doente dessa senhora lesada eram 29 mil “almas” que expurgaram seus pecados e agora estavam ao lado de Jesus no paraíso…

Madre Teresa dizia que a AIDS era o castigo de Deus por um comportamento sexual inadequado (o que não explica por que esposas fiéis também pegam AIDS de seus maridos e crianças pegam de suas mães).
Apesar de toda sua fortuna, Madre Teresa insistia em manter a imagem de uma ordem de irmãs pobres e mendicantes. Tudo tinha que ser mendigado a cada dia: comida, roupas, serviços. Se a coleta fosse pequena, comia-se menos. Em certa ocasião, as irmãs receberam um grande carregamento de tomates e, para que não se estragassem, fizeram extrato. Foram severamente repreendidas por Madre Teresa: “Quem guarda comida de um dia para o outro, está duvidando da Providência Divina”.

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Ela procurava manter uma imagem pública de pessoa humilde — mas não via nada de mais em aceitar as ofertas para viajar de primeira classe que as linhas aéreas lhe faziam. E foi assim que ela viajou a Roma para o seu primeiro encontro com o papa. Ao desembarcar, vestiu seu humilde sari e tomou um ônibus. É claro que, no dia seguinte, todos os jornais a retrataram como a freirinha humilde que andava de ônibus e se vestia pobremente, sem se perguntar como é que ela teria conseguido viajar até a Itália.

O papa João Paulo II abriu o processo de sua beatificação a partir de um “milagre” ocorrido na Índia pouco tempo após sua morte, sem esperar os 7 anos regulamentares. A mídia americana evita criticá-la, por medo de serem acusados de conspiração com os judeus. Deu no que deu.

Também recaem dúvidas sobre o milagre reconhecido pelo Vaticano, que fez de Madre Teresa beata. Segundo os canadenses, o time de médicos que tratou a miraculada, a indiana Monica Besra, tem explicação científica para a cura do suposto tumor que ela tinha no abdome. Para eles, a massa, na realidade, nunca foi um tumor, mas sim um cisto, e ele desapareceu depois de nove meses de tratamento. “É de se imaginar que o Vaticano já conheça os argumentos contrários à canonização de Madre Teresa”, diz a irmã Célia Cadorin, responsável pelos processos que resultaram na canonização de São Frei Galvão e da Santa Madre Paulina. E já que virou santa, é porque, aos olhos do Vaticano, as virtudes da missionária são mais fortes que seus “eventuais” deslizes.

Os jornalistas Christopher Hitchens e Tariq Ali criou um documentário para a televisão sobre a Madre Teresa chamado Anjo do Inferno , que Hitchens acusa -a de “demagógica, obscurantista e servo de poderes terrenos” que prefere para denunciar o aborto e a contracepção para ajudar os pobres. De acordo como jornal Washington Post , o documentário também revela a estreita amizade da santa com Keating e Jean-Claude Duvalier, o ditador haitiano conhecido como Baby Doc e infame para sequestrar e torturar as pessoas.
Na própria Índia suas atividades foram bastante criticadas, pois os orfanatos teriam como finalidade principal converter crianças hindus em católicos.

Fica claro que os objetivos dela nunca foram efetivamente melhorar a condição financeira dos pobres. Quem alega que ela não fez isso é idiota. O plano não foi este e se alguém deu dinheiro pensando que ela faria isso, o fez por pura estupidez, embora detratores sugiram que ela contribuiu para dar esta impressão a muitos investidores. O plano era tão somente expandir sua ordem religiosa pela índia, e para tal ela usava os mais necessitados. A capitalização em cima do marketing aliado com a demanda humana permanente para a criação de figuras e vultos históricos icônicos levou à arrecadação de milhões de dólares pelo mundo enquanto as pessoas morriam com agulhas contaminadas, falta de antibióticos e de doenças absolutamente corriqueiras. Há quem diga que em alguns dos abrigos as condições sanitárias eram muito piores que a dos campos de concentração. E isso é uma mancha indelével na figura histórica de Madre Tersa de Calcutá. Mas talvez, com o tempo, isso se atenue e fique apenas o lado bom, apresentável e inspirador da história de vida dela.

Assim, gradualmente o lado ruim de Madre Teresa vai sendo extirpado. Com o tempo, as coisas ruins e humanas da vida dela vão sendo apagados para ficar apenas uma versão polida e brilhante de humildade, compaixão e bondade. A igreja é boa nisso. Fizeram com Jesus. Mas é uma necessidade humana de buscar ícones e construir narrativas. O tempo se encarrega de sedimentar os aspectos da propaganda que interessam, e nesse prisma, talvez seja a grande coisa boa que essa dona fez. Descolando a Madre Teresa de Calcutá da realidade de sofrimento e morte da figura perfeita de uma religiosa pura, santa e iluminada, ela se torna um ícone de inspiração, com tudo que é ruim sendo varrido para debaixo do tapete.

Fica a questão central dessa canonização que é: Por que o Vaticano sabendo em detalhes de tudo isso a converteu de beata em santa? Minhas suspeitas recaem sobre o declínio gradual da Igreja Católica no mundo.

Sabemos que os santos exercem um papel importante no arregimentamento de fiéis. Ao longo dos anos, a Igreja vem perdendo membros, e nas últimas décadas lançou-se com incrível obstinação para mudar este quadro. De modo que no fim das contas, essa canonização é mais um tapa na nossa cara.

Muito provavelmente Mare Teresa não virou santa por suas realizações, mas pelo ícone que uma vez representou. É extremamente triste que muitas pessoas – católicas ou não, mas principalmente os católicos, se agarrem firmemente às ilusões e narrativas de vultos edulcorados pelo marketing em detrimento dos que realmente arriscaram suas vidas para salvar as pessoas.

E a história está REPLETA DELAS. Muitas morreram completamente incógnitas, porque não representam esta ou àquela religião. É uma coisa a se pensar, porque a religião, em si, é um caminho do Homem para o divino, mas não é uma invenção do divino e sim do ser humano, falho, limitado e problemático. Talvez, se pegarmos Madre Teresa de Calcutá como um exemplo do mundo de mentiras e falsas promessas e acordos espúrios em troca do dinheiro, ela realmente tenha – por acidente – contribuído para vermos que muitas vezes, a realidade que nos vendem não é o que acontece de fato; mas sim um enredo para nos enganar e nos condicionar.

Ao sabermos separar o joio do trigo, tudo isso pode levar a um mundo efetivamente melhor e mais claro.

https://youtu.be/IdYb_qS_ksg

 

Antes que me acusem de ser herege ou estar à serviço de satanás, informo que sou católico, mas não compactuo com a ideia de que sofrimento leva à iluminação. É uma ideia torta e perigosa que leva ao sofrimento e a justificativas para atos detestáveis em diversas religiões.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Vejo que nesta questão pesa o fato de que a ética e a moral religiosas não precisam passar pelo crivo da razão e isto, convencionalmente, não se questiona: seja pela crença inabalável de que o plano religioso constitui-se em esfera existencial superior às nossas questões mundanas (única na qual se aplicaria a razão do mundo material – inferior), seja pelo receio de, ao se tentar minimamente racionalizar um fato de íntima ligação religiosa, causar contragosto naqueles que crêem – motivo pelo qual você mesmo, como católico, teve que ressalvar este ponto em negrito e sublinhado ao final da publicação.
    Dentro desta visão de mundo, em que os parâmetros do que é correto não precisam ser balizados por uma relação de causa e consequência material – real -, fica fácil elaborar sofismas nos quais a ação de “purificar” estas almas pelo sofrimento para que se “desincumbam de seus pecados” e atinjam seu “lugar no paraíso” é uma atitude correta. Não há necessidade de prova, basta crer que é assim e “assim será”. Louvar o sofrimento humano como um sinal de acensão ao “plano superior” se torna lógico dentro desta sistemática, ainda que esta seja desprovida de lastros na realidade do mundo (afinal, a realidade espiritual não é a mesma da realidade do mundo em que vivemos, não é?).
    É por isso que se tornaria “justificável” um Jihadista cometer atrocidades, tais quais as quais este grupo diuturnamente pratica, em nome de uma lógica religiosa abstrata na qual esta é a ação boa e correta, emanada de uma entidade de condição existencial superior. O que a Madre fez foi algo similar do ponto de vista lógico, ainda que muito diverso do ponto de vista das consequências materiais. 70 virgens no paraíso. Expurgo dos pecados para estar ao lado de Jesus; muda a roupagem, não o conceito.
    Não duvido nada que a Madre acreditasse piamente e de maneira inquestionável, em sua própria consciência, de que o que ela fazia era o mais correto, o melhor, o bem à luz de sua visão de mundo. Talvez ela mesma se enxergasse como santa ao ver as dimensões tomadas por sua obra, numa espécie de êxtase do “fim justificam os meios”.

    • Sinatra,

      Leia “A Ciência da Cruz”, de Edith Stein. Religião não precisa ser irracional e nem o “Deus das lacunas da ciência”. Aliás, o cristianismo herdou toda a filosofia clássica. O problema é a preguiça e a vontade de filosofar narcisisticamente ao invés de realmente entender e aprender o que está sendo proposto, para além da nossa maneira de pensar.

  2. Pois é, o Vaticanso sempre foi craque nisso, Anchieta, Padre Cicero, Madre Teresa e por ai vai…..quando as estatisticas ficam desfavoraveis, a Sacro Santa Igreja Apostólica Romana cria seus factóides.Assim foi em Fatima, Guadalupe e uma série de outras mais.!

  3. Interessante que me lembrou um documentário que tava passando no History (acho) sobre uns santos aleatórios do México, como a Santa Muerte e Juan soldado. Só não serão canonizados, né? kkkk

  4. Texto muito tenso, mas ainda bem que foi a visão de católico, imagina se eu, evangélico, ouso dizer a décima parte disso tudo aí?

  5. Sou católico e também sou contra essa canonização. Sempre ouvi essas histórias sobre Madre Teresa, mas nunca soube se eram verdadeiras. Diante da sua pesquisa, fontes, fatos e argumentos, isso me parece ainda mais ser a verdade nua e crua.

    A igreja católica está numa procura incessante por “santos dos novos tempos” e isso tem criado esse tipo de santo. Lamentável.

  6. Com uma boa doação, a igreja católica canoniza até o diabo. Falando sério agora, nesse elenco de santos canonizados da igreja católica tem santos verdadeiros e muita tranqueira misturados. Por isso a igreja, e lamentavelmente as religiões em geral, perdem adeptos dia a dia, e o ateísmo cresce, é uma reação natural, as pessoas não serão idiotas para sempre. O problema aí é confundir religião com a ligação com Deus, que existe independentemente de religião formal.

  7. Eu já tinha assistido um documentário revelando as tramoias dessa velha safada aí.
    O “engraçado” é que em vários hospitais tem um quadro dela. Imagine o cara estar bem doente em uma cama num hospital e ter um quadro do “anjo da morte” olhando pra ele, isso faz é o cara se sentir pior kkkk

  8. Que lindo! Gente que nunca ofereceu um copo de água pra um mendigo patrulhando a caridade alheia.

    Philipe, acho saudável se dispor a averiguar com desconfiança as coisas que francamente não conhecemos, mas você não acha que aqui você deixou de aplicar, contra as informações que registrou, a mesma desconfiança que aplicou contra a madre?

    Os abrigos eram ruins? Certo, que bom que houve quem se preocupasse em melhorar os locais! O fato de um número inimaginável de pessoas que não tinham onde caírem mortas serem atendidas ainda era (e é) muito, mas muito melhor do que não haver nada. Não vejo como uma crítica a esse ponto deva ser outra coisa senão construtiva, ainda mais quando não estivemos nos locais pra conhecer as condições e demandas de atendimentos, o que é uma dinâmica sempre complicada. Ela não foi uma ativista política? Certo, mas quem devia exigir que ela o fosse? Já velhinha ela aceitou um lugar confortável em um avião e só depois pegou um ônibus? Putz, e daí?! Ela deu todo o dinheiro pra Igreja? Nossa, que mulher gananciosa! Todo mundo sabe que a Igreja católica gera sofrimentos indizíveis com o maior número de orfanatos e órgãos de caridade no mundo… E o pior: ela confortava o sofrimento das pessoas ensinando-as a doutrina da “ciência da cruz” e isso é sadismo?! Tudo bem, se ela efetivamente negou aliviar a dor das pessoas isso é um erro, mas nós podemos acusá-la facilmente de ter feito e imposto isso? É muito fácil confundir a ideia de que é possível unir os seus sofrimentos aos sofrimentos de Cristo com uma ideia de sadismo ou masoquismo, não me parece responsável tratar desse tema tão levianamente. A mim, realmente parece malicioso deixar de fora a verdadeira ideia católica de sofrimento nesse assunto para uma acusação que perverte obras de misericórdia corporais tão maiores do que nós já sonhamos em fazer.

    Não vou colocar a minha mão no fogo por nada, mas reduzir a nada o que é muito mais do que nós fazemos é hipócrita. É um texto irresponsável, Philipe, e espero que a sua desconfiança saudável das coisas não o cegue a ponto de se tornar inimigo até mesmo de iniciativas positivas. Não há bondade no mundo que não possa ser acusada de hipocrisia, mas desconfiança por desconfiança é uma escolha que nos torna responsáveis por ficarmos sem coisa alguma e nem oferecemos algo no lugar.

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