O piloto que literalmente empurrou um avião em pleno voo

Na guerra, a ampla maioria das histórias é de sofrimento. Mas existem algumas histórias que são tão incríveis que nos impressionam. Essa é uma delas.

Era março de 1967, e corria a terrível Guerra do Vietnã. O Capitão Bob Pardo (com o 1º Ten. Steve Wayne como copiloto) e seu ala, o Captão Earl Aman (com o 1º Ten. Robert Houghton como copiloto) eram pilotos no 433º Esquadrão de Caça Tático, baseados na Base Aérea de Ubon, na Tailândia.
No dia 10 de Março de 1967, eles receberam uma missão para atacar uma fundição no norte cidade de Hanói.

Imediatamente, apesar de serem pilotos experientes, o sangue deles gelou: Hanói era muito famosa entre os pilotos, por ser o lugar mais bem defendido em todo o teatro de guerra do Vietnã.

Earl Aman embarcou no vôo com um estranho nó na garganta. Tinha a boca seca, como que antevendo o que ocorreria nas próximas horas. Durante o bombardeio, o F-4C Phantom II de Aman foi atingido pela artilharia antiaérea, recebendo danos justamente nos tanques de combustível da aeronave.
Logo, o painel do avião informava às más notícias: Ele estava perdendo, rapidamente, bastante combustível, e o que sobrou não seria o suficiente para alcançar um KC-135 Stratotanker. O pequeno reloginho vibrando no painel parecia querer dizer: “Você vai morrer!”

Uma das opções seria ejetar, mas isso certamente significaria a morte. Assim, diante da situação tenebrosa, ocorreu um dos episódios mais inacreditáveis da aviação. Algo tão maluco que nem Hollywood com sua fábrica de sonhos e mentiras, conseguiria igualar.

Para evitar que seu amigo saltasse em território hostil, Pardo teve uma ideia arriscada: Ele ia empurrar o avião de Aman!

Inicialmente, Pardo tentou inserir o nariz de seu Phantom II no compartimento do paraquedas de arrasto da aeronave de Aman, mas a turbulência ali era muita e impediu a manobra. Mas Pardo era muito obstinado. Aman então desceu o seu gancho de cauda, e Pardo conseguiu “encaixar” o seu para-brisa no gancho do Phantom de Aman. Em pleno voo! Foi uma manobra arriscadíssima sem espaço para erros, em plena zona de guerra com artilharia antiaérea espalhada pela selva.

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E assim, Pardo foi empurrando o avião de Aman por quase 140 quilômetros! Era maluquice, mas tinha dado certo. Porém, o destino reservava mais um ponto de virada: Antes de chegarem ao Laos, um dos motores do F-4C do Capt. Pardo começou a pegar fogo. Mesmo assim, ele resolveu que não interromperia a manobra maluca, nunca testada nem sequer cogitada antes.

Resumindo: Pardo empurrou o avião de Aman até o Laos, e ainda fez parte do percurso com um motor só.

Quando chegaram no Laos, vendo que estavam em segurança, os dois ejetaram em uma altitude de 1800 metros. Os quatro pilotos foram resgatados, sendo que Pardo foi o último deles a contrar a segurança. Ao ser resgatado, Pardo abriu um sorriso. Tinha muitos motivos para comemorar, até porque aquele era o dia do aniversário dele.

De início, a USAF condenou o Capitão Bob Pardo pela manobra, já que ele botou a vida de mais dois pilotos em risco, e não salvou a sua aeronave. Porém, mais de 10 anos depois, Pardo teve o seu devido reconhecimento, e em 1989 ele e seu copiloto foram condecorados com a Silver Star pela coragem e por ter arriscado a própria vida para salvar um colega em grandes apuros.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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