Eu estava pesquisando para escrever o post anterior sobre a ilha que tem dois reveillons, e acabei sem querer descobrindo que esse país tem uma curiosidade que é muito, muito louca: è o país mais pela-saco no futebol em todos os tempos!
Futebol não é o forte
Esse placar desafia até o bom senso. Em 11 de abril de 2001, um jogo entre Austrália e Samoa Americana entrou para os livros de recordes como a maior goleada da história do futebol internacional. O placar? 31 a 0. Sim, não é erro de digitação: trinta e um a zero.
O Contexto da Partida
A partida foi válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2002, no grupo da Oceania. E, bem, é preciso dizer que Samoa Americana não era exatamente uma potência no futebol. A equipe estava em processo de formação e enfrentava sérios desafios, como falta de jogadores experientes e dificuldades logísticas.
No dia do jogo, a situação ficou ainda mais complicada: a maioria dos jogadores titulares de Samoa Americana não pôde viajar devido a problemas com vistos. O time acabou escalando um grupo de jovens, incluindo um goleiro de 15 anos, para enfrentar uma seleção australiana que já era extremamente superior em nível técnico.
O Massacre em Campo
Logo no início do jogo, ficou claro que seria uma longa tarde para Samoa Americana. Com menos de 10 minutos, a Austrália já havia marcado três gols. No intervalo, o placar era de 16 a 0, e o pior ainda estava por vir.
O atacante Archie Thompson foi o grande destaque da partida, marcando impressionantes 13 gols – um recorde mundial para jogos internacionais. Outro jogador, David Zdrilic, balançou as redes 8 vezes. A defesa de Samoa Americana parecia inexistente, e o jovem goleiro fez o que pôde para evitar o desastre total, mas não havia como parar a máquina ofensiva australiana.
Por Que a Goleada Foi Tão Extrema?
Além da disparidade técnica óbvia, algumas circunstâncias específicas contribuíram para o resultado:
- Regulamento das Eliminatórias da Oceania: O saldo de gols era um dos critérios decisivos para classificação, incentivando seleções a buscar placares altos.
- Inexperiência de Samoa Americana: Muitos jogadores eram amadores, e alguns sequer tinham experiência em competições internacionais.
- Fome de Gols da Austrália: A seleção australiana, sabendo da importância de melhorar o saldo, não tirou o pé do acelerador.
Repercussão
O jogo gerou grande repercussão na mídia esportiva, com opiniões divididas. Alguns argumentaram que a Austrália exagerou ao não aliviar a pressão, enquanto outros destacaram que as regras do torneio exigiam essa abordagem para maximizar as chances de classificação.
Já a FIFA viu o jogo como um exemplo da necessidade de reformular as eliminatórias da Oceania, o que resultou em mudanças nos anos seguintes.
Um Marco na História do Futebol
Se por um lado a goleada de 31 a 0 é motivo de orgulho (e um recorde) para a Austrália, para Samoa Americana, foi um divisor de águas. A equipe decidiu investir no desenvolvimento do futebol no país, com destaque para a inclusão de treinadores mais experientes e programas de base. Anos depois, Samoa Americana conseguiu sua primeira vitória em jogos oficiais, mostrando resiliência e superação.
Curiosidades
- Archie Thompson, o herói do jogo, nunca superou a marca de 13 gols em nenhuma outra partida na carreira.
- Apesar do placar histórico, o goleiro de Samoa Americana, Nicky Salapu, tornou-se uma espécie de ícone cult por sua determinação em permanecer em campo durante os 90 minutos.
- A partida foi disputada no International Sports Stadium, em Coffs Harbour, na Austrália, diante de poucos espectadores.
A goleada de 31 a 0 entre Austrália e Samoa Americana é uma lembrança de que o futebol pode ser imprevisível e, às vezes, até implacável. Mas também é um exemplo de como mesmo as maiores derrotas do futebol podem inspirar mudanças e crescimento.
Uma informação importante é que em virtude dessa disparidade da Austrália frente a todo o restante do Continente, a FIFA agora colocou a Austrália para participar das eliminatórias da Ásia, enfrentando países mais fortes como Japão e Coréia do Sul. Muitas vezes, inclusive, a Austrália consegue se classificar nesses grupos. Na eliminatória para a Copa de 2026, a Austrália é segunda colocada de seu grupo, atrás do Japão.
E o que aconteceu agora com as eliminatórias da Oceania? Bom, com a saída do “Bad boy” Austrália, outro país tomou seu lugar de brigão da rua, a Nova Zelândia.
Pra avaliarmos, nessa eliminatória foram dois grupos de 4 times, sendo o Grupo A com Nova Caledônia, Fiji, Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão, tendo avançado para a semifinal Nova Caledônia e Fiji, enquanto o Grupo B contém Nova Zelândia, Taiti, Vanuatu e Samoa, com Nova Zelândia e Taiti atualmente nas semis.
E os placares? Nova Zelândia fez 8 x 0 na Samoa e depois 8 x 1 em Vanuatu. O jogo com Taiti foi pegado e acabou 3×0.
Se teve algo bom na saída da Austrália foi que possibilitou algumas bizarrices, como a seleção do Taiti, vencedora do OFC National CUP de 2012, disputar a Copa das Confederações em 2013, aqui no Brasil, jogando com Nigéria (perdeu de 6×1), Espanha (perdeu de 10×0) e Uruguai (8×0), totalizando o pior resultado de uma seleção na história das Copas FIFA.