Pensa num bicho que não tem nenhum medo de altura, mas nenhum MESMO? Esse bicho aqui:
As cabras antigravitacionais
O Ibex alpino é uma espécie de grande herbívoros aparentados com cabras que habitam os picos mais altos dos Alpes europeus, usando seus cascos em pinça e uma agilidade impressionante para escalar até os penhascos mais íngremes, evitando assim a maioria dos predadores. Mas é sua capacidade de escalar até mesmo paredes verticais e a completa falta de respeito para com a própria segurança que tornou os íbexes famosos em todo o mundo.
A Barragem de Cingino, localizada na região de Piemonte, na Itália, é uma das muitas barragens de alvenaria no país europeu, mas se tornou uma atração turística alguns anos atrás, depois que fotos de íbex subindo na barragem vertical até o topo se tornaram virais. E olhando para essas fotos, ou assistindo aos vídeos dos herbívoros percorrendo habilmente a estrutura aparentemente intransponível, é fácil ver por que milhões de pessoas no mundo ficaram chocadas com as habilidades desses bichos. De alguma forma, os íbexes são capazes de agarrar qualquer rocha que se projete da represa, o que lhes permite escalar a parede de 50 metros de altura e alcançar o mineral que eles desejam desesperadamente lamber: o sal.
A dieta herbívora dos íbexes é pobre em sal, mas eles precisam dele para funcionar corretamente. Sem ele, seus ossos não são fortes o suficiente, seu sistema nervoso e músculos não funcionam adequadamente, então eles não sossegarão até obter algum sal para lamber. Na primavera, quando os íbexes descem do topo das montanhas, não é incomum vê-los lambendo estradas que foram tratadas com sais anticongelantes ou mastigando terra em busca de sal. Mas obter esse sal tão necessário, nem sempre é fácil.
Uma fonte de sal precioso que apenas o íbex pode alcançar é encontrada no alto das paredes de barragens como a de Cingino. A etringita, também chamada de sal de Candlot, é um sulfato de alumínio de cálcio hidratado que se forma durante a hidratação do cimento Portland . É um nutriente especialmente valioso para íbexes, por causa do cálcio que contém, e eles descobriram isso e fazem verdadeiros milagres para obtê-lo.
Fotos de íbexes empoleirados nas paredes verticais de barragens circulam online há anos e, embora a maioria delas tenha sido tirada na barragem de Cingino, no Piemonte, esse comportamento foi observado em outras barragens na Itália, como Barbellino, uma barragem de 65 metros na Lombardia, ou represa Lago della Rossa, uma estrutura de 31 metros no Piemonte.
Curiosamente, embora os íbexes como espécie sejam elogiados por sua habilidade de escalar alturas vertiginosas em busca de sal, quando se trata de escalar barragens, nem todos os espécimes estão à altura do desafio. Por exemplo, não se observou que machos grandes se envolvam neste tipo de comportamento, provavelmente porque sua grande massa corporal (até 100 kg) e chifres grandes tornam mais difícil manter o equilíbrio. São as fêmeas e seus filhotes que são mais frequentemente vistos escalando as represas.
Então, como os íbexes conseguem escalar essas estruturas verticais de concreto? O segredo está na forma dos seus cascos, aparentemente.
Os cascos são compostos por dois dedos que se movem independentemente um do outro. A parte inferior de cada dedo do pé é feita de um exterior forte e uma parte interna macia que permite que o íbex se curve e agarre em superfícies extremamente estreitas.
Mesmo que percam o equilíbrio e escorreguem, os íbexes são de alguma forma capazes de agarrar a primeira rocha protuberante que encontram ao descer e simplesmente continuam a escalada. É uma das coisas mais notáveis que você já viu. E pensar que chegamos tão perto de extinguir essas criaturas fascinantes por mais um daqueles motivos estúpidos: A crença que seu chifre era remédio.
No século 19, devido à caça excessiva para consumo de carne e às propriedades supostamente curativas de seus chifres, os íbexes diminuíram para cerca de 100 espécimes nos Alpes ocidentais. Felizmente, os esforços de conservação e o estabelecimento do Parque Nacional Gran Paradiso ajudaram os íbexes a voltarem do limite. Hoje, cerca de 50.000 espécimes estão mais uma vez espalhados pelos Alpes, subindo rochedos e paredões de pedra e desafiando a gravidade. Outro animal que faz a mesma coisa é o cabrito montês. Esse então, é mais maluco ainda: