quarta-feira, dezembro 11, 2024

As crianças da noite 2

Regina saiu apressada para o trabalho. Nem tomou café.

Enquanto dirigia a caminho do escritório ela pensava no trabalho. Precisava se apressar. Naquele lugar maldito, um atraso poderia colocá-la na mira do supervisor. Por estar gravida, passar mal de vez em quando e sofrer com o cansaço, ela já vinha sendo vista por ele como um peso morto há meses. Regina inclusive desconfiava que após ter o bebê, assim que retornasse de sua licença, seria sumariamente limada daquele departamento. Na avenida, repleta de carros e caminhões, o carro de Regina acelerava a toda velocidade. Volta e meia ela se pegava pensando naquela marca de mão em seu quarto.

Minutos depois, ela já estava no escritório. Regina tinha acabado de entrar em sua baia quando ouviu um barulho acima.

Carlão colocou a cabeça por cima da divisória e comentou.

-Como está minha princesinha hoje?

-Mexendo direto.

-Vai ser bailarina, Rê! Eu te disse!

-Quem sabe, né Carlão?

– Nossa, Rê! Quase que você atrasa hoje hein?

-Nem me fale. Furei uns três sinais vermelhos para conseguir.

-A noite foi boa! hahaha! – Ele brincou, sem imaginar o que Regina havia passado.

-Você não imagina. Tetaram invadir minha casa. Foi horrível!

-Que isso? Sério?

-Uma história longa e estranha, Carlão. Apareceu uma menina na minha porta, era quase meia noite e… – Regina ia começar a contar quando Carlão fez um sinal.

-Seu Nélio chegou!

-Deixa quieto. Bom trabalho, amigão!

-Beijo Rê.

Regina pegou no batente. Eram tantas ligações para fazer que esqueceu por algumas horas daquela estranha noite.  Somente durante o almoço, no refeitório da empresa que Regina conseguiu contar toda a história ao Carlão. Sua amiga Martina, do RH almoçava com eles.

-…E quando eu olhei, tinha uma mãozinha marcada na parede, bem abaixo da Tv do meu quarto. E ela não estava lá quando eu fui dormir…

-Nossa! Tô bege! – Ele disse, mostrando cabelinhos arrepiados em seu braço.

-E você ainda diz que a noite foi boa. – Disse Regina, comendo uma batata frita.

-O que você acha que era essa menina do olho preto, Rê? Será que era tipo… O diabo?

-Eu não sei. Mas aquilo me perturbou bastante. Meu medo nem era da menina, mas aquilo não era normal, você sabe.

-Olha, Rê. Minha tia tinha uma vizinha que todo mundo da rua dizia que tinha pacto! Uma vez a criançada foi brincar de pique esconde no terreno baldio atras da casa dela, e contam que viram ela esfaqueando uma menina nos fundos da casa.

-Porra Carlão!

-Desculpa, eu pensei que ia ajudar.

Martina, uma amiga deles estava almoçando junto e começou a dar palpites.

-Rê, eu acho que você sonhou, cara!

-Sonhei? Você acha o que?

– É, Rê… Tipo, você tá gravida, todo mundo sabe que gravida dorme muito, né Carlão?

-Isso é, né?

-Então, eu acho que você tava muito cansada, era tarde. Você disse que tinha tomado um banho, né isso?

-Sim…

-Então, pensa comigo. Quando uma pessoa dirige muito tempo, já ouviu dizer que ela pode dormir de olho aberto? Até sonhar dirigindo?

-Ih meninas! Têm que ouvir a história que me contaram do cara que tava dirigindo numa estrada e então ele sonhou que…

-Calma aí, Carlão! Porra, não atravessa o samba. Deixa eu falar aqui com a Regina, meu!

-Foi mal. Conta aí.

-Então a pessoa ta dirigindo e tipo o cérebro desliga. Ela pode dormir. Se a gente juntar isso com sonambulismo, vai que rolou aí um estado alterado de consciência. Você dormiu, teve um pesadelo e nem se ligou.

-É… Pensando por este lado… Mas e a mão na minha parede?

-Bom, isso eu não sei explicar, mas eu apostaria que a marca que você olhou e viu uma mão pode ser uma sujeira qualquer que você interpretou aquele formato.

-Não, era uma mão mesmo. Uma mão detalhadinha! Dava para ver os dedinhos. -Disse Regina

-O problema, Rê, é que não faz sentido! – Interrompeu o Carlão.  – Se o alarme não disparou, se a janela não abriu, como que a mão foi parar na parede? E vamos dizer que a menina é um fantasma, sei lá. Pra que ela ia entrar no seu quarto e botar a mão na sua parede? Não é meio idiota isso?

-Realmente, é totalmente idiota, Carlão! – Concordou Martina.

-É… Sei lá pode ser o stress, né? As coisas aqui não andam boas. – Disse Regina bebendo o resto do suco de uva no copinho plástico.

-Quando o Maridão volta, Rê? – Perguntou Carlão.

-O Rogério chega amanhã a noite.

-Aí você vai ficar mais tranquila, né? Acho que a falta dele também causa essas paradas aí, né? Você não tá tomando nenhum remédio não, né amiga?

-Não, não. Não curto isso de tomar remédio. -Disse Regina.

-Bom, gente, vamos nessa? Já deu nossa hora! -Martiuna apontou o relógio da parede.

-Aqui… Vocês não querem dar um pulo lá em casa essa noite? A gente joga um biriba… – Perguntou Regina.

-Tá com medo né? -Riu Carlão

-É que… Bem, acho que com mais alguém lá, seja lá o que for que tenha dado… Não vai acontecer novamente. Eu aproveito e mostro pra vocês o quadro do Peter Krondrek que o Rogério comprou.

-Ok, querida. A gente não perde isso por nada! Tem rango lá? – Perguntou Martina.

-Tem altas pastinhas lá em casa!

-Nos encontramos ali no saguão cinco e meia. Má, vê se não vai agarrar lá naquela bosta de hora extra de novo, hein?

-Relaxa, guria!  Estaremos lá! – Martina disse, já indo para o elevador.

Carlão e Regina desceram um andar de escadas, pois seu andar era embaixo do andar do restaurante.

Enquanto descia, Regina comentou: – Nossa, essa barriga ta me matando, Carlão. Não vejo a hora da Luma nascer…

Quando bateu as cinco horas, Regina reuniu o material. Preencheu o relatório do dia no sistema e saiu.  Ela já estava saindo da baia quando o telefone tocou.

Regina voltou e pegou o aparelho.

-Alô?

Não falaram nada. Havia somente aquela pesada e estranha respiração.

Regina gelou. Ela imediatamente bateu o telefone, antes que a risada sinistra acontecesse.

Foi embora depressa para não pensar no assunto.

Chegando no saguão, Martina e Carlão já esperavam por ela. Eles se juntaram e foram até o carro de Martina. De lá pegaram a rodovia que era o caminho mais rápido até o condomínio.

Já estava escuro quando eles chegaram.

O carro adentrou os portões de grade e percorreu o sinuoso caminho de paralelepípedo por entre arvores grandes e escuras.

-Esse lugar me dá arrepios! – Disse Carlão.

-É, mas custa uma nota! Sorte da Rê que conseguiu um marido rico, bonito e inteligente. -Respondeu Martina.

-…E que ainda é bom de cama! – Riu Regina.

Os três caíram na gargalhada enquanto Regina parava o carro em frente a majestosa casa.

Assim que Regina saiu do carro parou e ficou olhado para a casa.

-Tem alguma coisa errada!

-Ué! A luz tá acesa, Rê!  – Apontou Carlão.

Uma luz tênue brilhava no interior do quarto.

-Mas que… porra… é essa? – Gemeu Regina, já agarrando no braço de Martina.

-Calma, Rê. Você deve ter deixado a Tv ligada. Ela tentou acalmar a amiga.

-Vamos, vamos entrar. Venham!

Regina abriu a porta, correu ate o painel do alarme e o desativou. Havia poucos segundos para a desativação do alarme.

Eles entraram em silêncio. A casa estava em total escuridão.

Regina olhou para Carlão e moveu os lábios, sem falar:

-“Tem alguém lá em cima”!

Carlão fez sinal para que as duas esperassem ali. Foi até a lareira e pegou um ferro de atiçar as brasas. Era um ferro comprido com uma ponta

As duas ficaram junto a porta, abraçadas, prontas para fugir.

Carlão subiu as escadas com cuidado. Ele levava o ferro inclinado para trás, pronto para desferir um golpe no que quer que fosse. Apesar de ser gay, Carlão sempre era capaz de atitudes corajosas, como quando enfrentou dois ladrões na rua há dois anos atrás. Desarmou um e surrou o outro até a polícia chegar. Carlão era forte, malhado e bonito. As mulheres ficavam extasiadas apenas e olhar para ele, mas a cobiça se travestia em decepção quando elas ouviam que “da fruta que você gosta eu como até o caroço”.

Carlão subiu e então sumiu no alto da escada. As duas eram uma pilha de nervos junto à porta.

-O que você acha que é? – Sussurrou Martina.

-Eu não sei. Eu desliguei a televisão. Tenho certeza.

Então as duas ouviram um grito horrível vindo la de cima.

-Ah, meu Deus! O que é isso!

-A menina pegou ele! Vem, vem!

Desesperadas elas começaram a gritar também, e correram para o jardim.

Carlão apareceu rindo na porta : -Hahaha! Enganei as bobas! Não era nada! Só a luz do banheiro!

-Filho da puta!

-Carlão, você quase me matou, cara. Olha aí! Quase que eu pari a Luma! Puta merda. Preciso sentar.

-Ops! Foi mal!

-Você é muito burro, cara. Como que tu me faz uma merda dessas com a menina com oito pra nove meses de gravidez, seu idiota?

-É que eu esqueci que ela tava grávida. Foi mal mesmo. Desculpa, Rê.

Então eles voltaram para a casa.

Regina acendeu as luzes, ligou o som , e ele eles pegaram o baralho.

Após uns minutos admirando as caras pinturas que o marido dela colecionava, começaram a jogar.

Martina acendeu um baseado.  -Não vou te oferecer por causa da Luma…

Martina e Carlão bebiam uísque e Reina tomava suco de uva.

-Me sinto no jardim de infância nesse estado de gravidez. O Rogério não me deixa fazer nada. Foi um sufoco convencer ele de que eu devia continuar trabalhando.

-Você é louca de querer trabalhar na Mastercob tendo marido rico pra te bancar, fia. – Disse Carlão se servido de uísque. -Aquele lugar é o inferno. Eu no seu lugar ficava de madame aqui nesse casarão direto. Só no glamour, Veuve Clicquot na beira da piscina, taça de cristal…

-Eu tô com a Rê. Tem mais é que trabalhar mesmo. Vai depender de marido? Que bosta é essa! Mulher independente é assim! Tem que meter as caras! E digo mais, gravidez não é doença!

Regina apenas riu e pegu mais cartas do monte. Já estavam na sexta partida quando Martina olhou as horas.

-Porra, uma da manhã!

-Vamos nessa? Tô pregado e amanhã tenho que correr com meu personal trainer! – Disse Carlão.

-Personal, sei… aquele do pau grande?

-Opa! – Riu Carlão, já se levantando da mesa.

-Já? Ah, calmaí, gente. Hoje é sexta-feira, pô!  – Disse Regina.

-Não, Rê. Tá tarde, você ta grávida… Tem que dormir cedo, meu!

-Ah, qual é, gente? Vamos ver um filme! Tem um monte que eu não vi ainda aqui no home theater. O Rogério é louco com essa telona…

Carlão sacou o celular e ligou para o taxi. Passou o endereço.

-Vai levar vite minutos. – Ele disse.

-É, não vai dar tempo de ver nenhum filme. – comentou Martina.

-Ah, porque não vamos lá em cima? Deixa eu mostrar a marca da mão!

Os três concordaram e subiram as escadas para o segundo andar.

Quando chegaram no quarto, a marca não estava mais lá.

-Ué!

-Tem certeza que era aqui? Tem só umas manchas… Mas não é uma mão. – Perguntou Carlão.

-Certamente isso não é nem nunca foi uma mão, Rê. – Concluiu Martina.

-Mas gente, de manhã não tava assim. Tenho certeza.

Os três sentaram-se na beira da cama. Carlão quis olhar de longe.

-Olha, daqui, eu acho que realmente parece uma marca de mão… Mas acho que uma parte aí é imaginação…

-Não, gente. Eu olhei de perto. Eu vi a marca. Era bem marcada, tipo de fuligem. Dava até pra ver os dedinhos… Sabe quando a mão da gente fica preta quando trocamos o pneu? Então era tipo isso que botaram aí na parede e…

-Rê. Vamos nos ater aos fatos! Você acordou, havia ido dormir impressionada com o sonho, acordou ainda nele e achou que estava totalmente desperta…

-Concordo com a Ma. Você juntou um mais um e sua mente fez cinco! – Disse Carlão.

-Bom, seja como for, eu até prefiro pensar que vocês estão certos. -Regina reconheceu.

-É como eu perguntei hoje no almoço: Por que o fantasma ia entrar na casa para colocar a mão suja na parede? Não tem sentido. -Sentenciou Carlão.

Então eles estavam discutindo quando a campaínha tocou.

-Opa! O táxi chegou!

-Rápido, né?

Eles desceram as escadas.

-Certamente devia ter um táxi já nas proximidades e a central acionou…

Quando eles abriram a porta, os três começaram a gritar desesperados.

meninafreak2

Ali estava ela.

Era exatamente como Regina havia descrito. Não parecia flutuar e nem nada. Parecia uma menina normal. Suja, quase imunda. Os cabelos bagunçados. O olhar fixo no chão. Os braços retos, caídos ao lado do corpo. Dura como um manequim. A menina não disse nada. Estava parada na frente da porta, como uma estátua de cera.

-Ai meu Deus! Ai meu Deus! -Regina e Martina gritaram. As duas agarravam nos braços de Carlão, que tentava fazer o sinal da cruz…

CONTINUA

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Porra,dá um cagaço essas histórias.E moro num lugar parecido com árvores e tal.
    Philipe,sou novo no blog ainda,comecei a ler semana retrasada e devagarinho estou lendo todos os seus posts,que são ótimos por sinal.
    Até agora não li nada sobre EQM (experiência de quase morte),esta noite aconteceu uma coisa curiosa (depois de um puta cagaço).Estou doente bem gripadão,aí antes de dormir tomei um chá quente (pq minha mãe mandou) e como estava com dor de estômago comi 2 biscoitos tipo os de maizena,bem farelentos.
    Ai acontece que as vezes durmo de barriga para baixo,como sou meio gordo as vezes não é muito bom isso.
    Acontece que me engasguei feio,acho que dei uma leve gorfada enquanto estava dormindo,fato é que acordei como se estivesse levando um choque muito forte,e não sentia meu corpo e tossia muito e não conseguia respirar,por 1 segundo eu apaguei,a impressão que eu tive foi que meu corpo havia parado de funcionar,não sentia meu coração e nem minha respiração,fui tomado por uma paz enorme,não me lembro exatamente o que aconteceu pois foi muito rápido.Mas tenho certeza que eu fui a algum lugar e que eu teria que voltar,não tinha que estar ali.Foi quando novamente acordei como se tivesse despencado,ou levado um choque,eu senti um peso um soco como se eu tivesse caído em cima do meu corpo,e nisso eu me vi dentro de mim lutando para respirar.Foi tão grave que quando eu parei de tossir minha mãe ficou com medo de entrar no quarto achando que eu tinha parado de respirar e falecido desta forma.Fato é que depois disso me sinto uma pessoa diferente Philipe,como se eu estivesse levando minha vida muito na brincadeira até então e que agora eu tenho que aproveitar mais as pessoas que amo,aproveitar meu tempo aqui realmente.isso foi muito louco e tenho certeza que algo aconteceu,gostaria que você fizesse um post sobre isso.Vlw até mais.

  2. não sou nenum rockstar,mas vou completar 27 anos dia 19 de outubro.e quase tive uma morte deste nipe.Foi estranho uq aconteceu por causa de uma engasgada.

  3. Fodastico até agora, só passei pra te agradecer phill por nos mostrar todas essas historias e ser um verdadeiro bardo moderno berrando trovas pela internet… agora, essa imagem editada ai ficou mais ou menos hein huaUHAhuA, curtia mais as da busca por Kuran.
    Valeu mamiferos, aqui quem fala é o Surian, falow!

    • Eu to dando um tempo no gumpcast, pq peguei uma virose sinistra que não cura. Eu fico com a voz falhando, tossindo o tempo todo. Já fui em pneumologista, já tomei um monte de remédio e nada tem adiantado.

  4. Ótima história. Agora uma crítica construtiva: da uma revisada nos personagens. É Rogério no Lugar de Carlão, Ricardo no lugar de Rogério, Martina aparecendo 2 vezes na mesa do almoço…
    Um abraço e continue com o ótimo blog!

  5. massa, a parte legal é que li o primeiro capitulo e a minha casa tem porta de vidro, acordei a noite pra tomar água no maior cagaço de olhar pra porta e ver uma menina de olhos negros parada la.

  6. Nossa Blog excelente, e digo mais esses contos dariam um excelente livro, se já não tiver 1,
    to louco pra ler a parte 3!!!! Parabéns pelo trabalho e melhoras ai Philipe!

  7. Venho acompanhando o blog há algumas semanas, pelo que li nos comentários, me parece que você faz esse tipo de contos com certa frequência, certo?!

    Vou dar uma fuçada no blog para ver se acho outros enquanto espero a continuação.

    Vale dizer que não vejo muita graça em histórias de terror, mas essa realmente conseguiu prender minha atenção.

    Muito bom o blog, parabéns!

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