Conheça o abrigo nuclear mais Gump dos anos 60

O lugar fica enterrado no subsolo e contém paredes de concreto reforçado capazes de segurar uma explosão atômica na superfície. Discretamente construído a cerca de oito metros de profundidade, sob uma simples casinha de subúrbio da Spencer City no numero 3970, em Las Vegas, fica o complexo de 460 metros quadrados.

Não é novidade alguma que no auge da Guerra Fria, nos anos 60 muita gente tinha a límpida certeza que as cagadas entre Estados Unidos e União soviética descambariam em um inverno nuclear tenebroso. Por isso, como nunca, empresas se especializaram em fazer bunkers e abrigos antibombas. Existem muitos bunkers interessantes no mundo (no final do post você acha alguns sobre os quais já escrevi antes por aqui) mas esse aqui, comprado por Gerry Handerson,  se destaca por sua estranha decoração, que é entre o bizarro e o cafona, lembrando também cenário de programa infantil dos anos 80. Vai vendo aí:

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Ao que parece, o lugar foi decorado tentando “negar” que se tratava de um abrigo. Assim, ele foi todo decorado para parecer um ambiente externo. Obviamente que isso não parece ter dado muito certo. A sensação ali ainda é de confinamento, mas um confinamento bizarro, que lembra um pouco o QG do Charada…

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Há uma “casa”, e um grande gramado sintético. As luzes do ambiente são controladas eletronicamente para simular o dia e a noite. Imagino que na ingenuidade dos anos 60 isso devia ser a quintessência da tecnologia de abrigos nucleares. Já posso imaginar o vendedor da empreiteira animado com o projeto: “O senhor nem vai sentir que o mundo la fora acabou!”

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As paredes ao fundo ostentam pinturas que simulam uma pela paisagem nas montanhas.  As colunas foram disfarçadas como árvores e tem uma bela piscina, além de caverna e provavelmente uma cachoeira artificial nas pedras ali.

Já a casa por dentro é o sonho estético dos anos 60. Uma cozinha que mais parece de casa de bonecas: Veja se não falta uma barbie aí:

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Detalhe para o tipo de geladeira que só foi dar as caras no Brasil pelos anos 90.

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Cortinas que lembram as da casa do Elvis!

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E o que dizer essa fodaça churrasqueira dos Flintstones, disfarçada de pedra do jardim? É a cereja do bolo!  Foda-se que as pessoas estão virando carvão na superfície. Vamos queimar uma carninha aqui em baixo depois do golfe! (sim, a casa tem um campo de golfe!)

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…E uma boate também. O espaço interno é bem impressionante. Tudo pensado para reduzir nossa sensação de confinamento. A casa tem três banheiros e dois quartos.

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E o que dizer desse banheiro… com CARPETE rosa? Elementos dourados com mármore rosa, e o assento sanitário que lembra a poltrona da Enterprise!

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isso pode parecer cafona ao ponto de ser o sonho de consumo de um Bicheiro sem noção, mas lembre-se que nos anos 60 isso aqui era o que todo mundo achava o ó do borogodó em termos de beleza e luxo, meufí.

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Aqui é a parte dos fundos da casa. E caso você tenha duvidas, a árvore não é frutífera, infelizmente.

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A piscina era bem funda, com bordas arredondadas, o que é bem interessante.  Mas imagino como uma piscina desse tamanhão nesse lugar fechado devia contribuir absurdamente para mofar a porra TODA.

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Encerramos com este belo visual da parede. Note as luzes sempre ocultas para disfarçar sua existência.

Não deixe de conferir outros abrigos interessantes.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Um dúvida Philipe: Como funcionava a questão do ar? Filtros recolhendo o ar da superfície ‘contaminada’, os tornando respirável e depois jogando o CO2 na atmosfera novamente? E se a ‘guerra’ nuclear ferrasse o planeta todo? A morte da galera la embaixo seria questão de tempo também…..

    • Funciona assim mesmo, com filtros. Geralmente eles são movidos a energia solar ou gerador a óleo diesel. Os antigos eram a base de óleo diesel.

  2. E se realmente uma catástrofe acontecesse na superfície como uma contaminação radioativa, por exemplo? Água de onde? E comida? Você falou “assas uma carninha “. Carne da onde? Teria que ter um estoque de comida monumental, já que teoricamente, não se poderia subir para a superfície por um bom tempo, ou pra sempre. Fumaça de churrasco? Exaustor? Vai renovar o ar sugando o ar contaminado da superfície?
    Realmente esse lugar não foi planejado para determinadas catástrofes, né?

    • Esses abrigos anitucleares realmente são bem limitados. Geralmente eles variam numa escala determinada pela capacidade de resistir a ataques externos e pelo tempo de vida que ele permite dentro dele. Quanto maior a capacidade para pessoas, mais demanda de recursos ele precisa, não só na filtragem do ar, mas na parte de reserva de água, comida, tudo isso. Falando em abrigo, recomendo o filme “rua cloverfield”

      • Philipe, Você citou a umidade da piscina, mas na hora eu imaginei as consequências daquele banheiro acarpetado em ambiente fechado e que logo se tornaria carente de recursos. Acho que o objetivo desse abrigo era: “Não morra de radiação e frio, morra por micoses diversas cultivadas por sua família!”

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