Você comeria um cachorro-quente preto?

Quando eu estava na faculdade, eu estudava de noite, e um dos mais tradicionais rangos que eu fazia entre as aulas de terapia psicanalítica e psicometria era o famoso podrão da van.

Era uma van de higiene questionável que ficava parada na porta da faculdade vendendo “podrão”, como a gente carinhosamente chamava. A dona era minha amiga e me deixava comprar fiado ali quando a grana ficava curta.  Era bom pra dedéu, e você ainda podia escolher entre linguiça ou salsicha. O preço também era acessível, e quando eu ficava sem grana era porque naquele tempo eu era MEGA viciado em Coca-cola, (ao ponto de tomar 5 litros  num só dia) e acabava gastando o dinheiro do podrão no “maná negro dos deuses” ela ficava com peninha e me deixava pagar no dia seguinte.

Quase todo mundo que vive nas cidades grandes e não é um fresco, já comeu um podrão pelo menos uma vez na vida. Alguns são sem dúvida inesquecíveis pelo prazer que proporcionam na entrada, mas é claro que não podemos esquecer daqueles que se tornam marcas indeléveis em nossa memória pelo pandemônio que produzem em nossas tripas e na louça do banheiro. Um dos mais marcantes podrões que eu comi desta categoria foi aquele na pracinha de Manaus que eu relatei aqui. 

Bom, seja como for, aqui está um post interessante sobre uma coisa bem curiosa, que é o famigerado cahorro-quente-preto de Tóquio.

 

Sério. Olhe ali na lente da verdade e confesse: Isso dá vontade de comer ou dá vontade de sair correndo com medo?

O Japão é já bem conhecido aqui da galera do Mundo Gump por sua variedade de alimentos estranhos, né?

O ” Black Terra Hot-Dog” (olha o nome da porra do bagulho!)  é uma das dilícias do fast-food na terra dos Samurais. Apesar de sua aparência bisonha, ele é bastante vendido no distrito de Akihabara em Tóquio. Com seus  mais de 30 centímetros de comprimento, parece que foi esquecido no forno e virou carvãozinho.

Tudo começou com os Hamburguers negros há mais ou menos um ano. A ideia surgiu quando o  Burger King lançou o  Kuro Burger Premium no Japão.

Kuro Burger premium
Kuro Burger premium

 

Foi ali que apareceram os pães pretos e o ketchup escuro, mas a carne, o molho especial e os vegetais ainda conservam as suas cores naturais.

Vendo aí uma oportunidade, a  Vegas Premium Hot-Dogs, em Akihabara, Tóquio, decidiu chutar a bunda do Burger King e criou seu rango que é totalmente preto como carvão. Vegas já era uma lanchonete famosa pelo tamanho de seus deliciosos hot-dogs, que abrangem mais de 30 cm de comprimento, mas desde que introduziu o  “Black Terra Hot-Dog”, em março, sua popularidade cresceu ainda mais.

A esta altura, se você não é um fakepointer de plantão da internet, que acha que isso aí é puro photoshop, dizendo “fake!” e  que “também faço”, deve estar se perguntando como que uma porra com este visual aí pode fazer sucesso.

E é algo nessa linha que me atrai nessa história toda. É curioso como a mente do consumidor é algo estranho e insondável.

Talvez, ao implantar uma novidade assim no Brasil, o cara iria a uma falência épica, mas no japão isso é um case de enorme sucesso. Entender as razões disso pode ser importante para não deixarmos passar ideias estapafúrdias a princípio, que poderiam se revelar grandes sucessos.

Outra coisa a  se pensar e reconhecer, é a coragem. Algo que está em franca extinção no mundo dos negócios pós-crise de 2008. Com medo de errar, muitos empresários estão deixando de acertar e deixar de acertar, é um erro, e talvez o pior deles, o erro mascarado e covarde que não aparece e não te ensina nada.

Qualquer pessoa que se depara com algo assim tem em mente duas coisas: “Que troço estranho!”  E a outra é sem dúvida: “Como eles fazem esta merda ficar preta?”

Bom, basicamente há duas maneiras de fazer algo colorido ficar preto: Pintando ou tingindo, ou ainda esturricando até virar carvão, mas em termos gastronômicos, isso não daria certo, hehehe.

Inicialmente, os clientes pensaram que o restaurante estava usando a tinta da lula para tingir o pão e a salsicha. A tinta da lula é um poderosíssimo corante, totalmente não tóxico que é usado em culinária para fazer alguns pratos, como o espaguete e arroz preto.

A tinta de lula é usada para tingir massas como o espaguete e talharim pretos

Posteriormente, reportagens da mídia japonesa revelaram que a estratégia de empretalhar o rango era outra: A Vegas Premium Hot-Dogs usa pó de carvão de bambu comestível, que é utilizado como corante de alimentos em toda a Ásia. Isso parece ruim, mas aparentemente não altera o sabor e parece que ainda faz bem para sua saúde.

O podrão preto japonês custa cerca de 18 reais.

 

Uma dica legal seria servir no lugar do refri, aquela famosa água preta da Russia. Lembra?

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

    • fique uma semana comendo açai, mais de 500g …. o dia que tu pegar potão de 01 litro vc vai ver como é a experiencia do roxo-quase-preto … comer muita (MUITA) taioba idem, dá aquele tom verde-das-trevas bem loco … XD

  1. Um tempão atrás a Nestlé tinha lançado uma versão “black” do sorvete Sem Parar . Não era preto como o podrão aí mas era bem escuro . O sorvete tinha tanto corante que um dia eu comi uns dois ou três potes desse e quando eu fui no banheiro saiu um puta treco preto , achei que eu tava com câncer ou algo assim mas depois eu associei o que eu tinha comido com a escultura que eu tinha feito .

    Pelo jeito a ideia do sorvete preto não colou porque eu nunca mais vi .

  2. Sem considerar os comentários satirizando a “cor”e fazendo aquelas analogias que voces já devem saber…. o negócio é uma questão bastante cultural. O Japão, como é um pais sem muitos recursos naturais, está mais acostumado a se adaptar aos cardápios mais estranhos que apareçam e lá as “coisas” pegam com maior facilidade.
    Mas voltando à cor do “troço”…até quando se come muito chocolate já fazemos aqueles “charutões” bem escuros e consistentes, imagina quando se manda ums dois ou tres desses daí?]
    Agora, aqui:”Outra coisa a se pensar e reconhecer, é a coragem. Algo que está em franca extinção no mundo dos negócios pós-crise de 2008. Com medo de errar, muitos empresários estão deixando de acertar e deixar de acertar, é um erro, e talvez o pior deles, o erro mascarado e covarde que não aparece e não te ensina nada”, filosofou bem pra “carai”!
    Gostei! Vou postar no face!

  3. Quem já fez dieta com complementação de ferro, ou já tomou carvão ativado, sabe o resultado que dá. Mas o interessante no caso do carvão é que ele supostamente diminui certos odores de gases…

  4. HAHAHA, eu comentei sobre o charutão preto e virou um fórum com depoimentos de cocô das trevas..kkkk
    só não capricho mais no coment, se não posso ser processado…kkk
    abraços OBAMA!!

  5. Philipe, tu já escreveu sobre o poço misterioso de Oak Island? Aquele bagulho centenário que ngm sabe o que tem dentro, nem quem contruiu?

  6. É lendo posts como esse e parando para refletir que tomamos consciência como estamos presos a padrões.

    O Philipe mostrou na matéria que alimentos pretos como esse são melhor aceitos no Japão devido a cultura.

    Aqui no Brasil não pegaria por estarmos acostumados com alimentos mais coloridos ou com melhor apresentação.

    Mas a e coca-cola? que é toda preta e tem sabor ácido? Foram tantas e tanta campanhas de marketing por parte da coca-cola que acabamos nos habituando com o produto.

    O fato é que em um país tropical como o nosso, com várias e deliciosas opções de frutas tropicais, de cores vivas, deveríamos ter uma indústria de sucos ou hábito de consumir sucos bem maior que o atual.

    Mas o capitalismo consegue nos viciar em um produto que, a princípio, não é tão apresentável quanto as opções naturais de nosso próprio país. Salientando que não estou criticando o sabor da coca-cola, mas a apresentação do produto seguindo a lógica mostrada no post acima.

  7. rapaz, sabores e curiosidades à parte, mas que uma pegadinha envolvendo esses cachorros quentes iria ficar engracada, isso iria viu! imagina o sujeito na rua numa fome do cao fosse pedir um cachorro quente e o vendedor viesse com um desses? na hora a galera iria estilar feio.. hahahahahahahahahahaha

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