quinta-feira, junho 26, 2025

O homem que sabia ficar invisível

Um homem com poderes misteriosos acabou se envolvendo numa confusão tão épica com um diamante que a pedra ficou com o nome dele para a história

Volta e meia eu escavo, encontro e trago para contar aqui casos sobre pessoas que realizaram proezas estranhas, intrigantes e misteriosas. De gente que pegou fogo do nada a gente que saiu voando por aí. Gente que comia até defunto e gente que vivia sem comer nada.
Então você já deve estar acostumado a ver coisas realmente intrigantes aparecendo por aqui no Mundo Gump, e não preciso falar muito para te apresentar a mais um membro desse tipo estranho de “clube dos X Men”.  Mas aqui está um verdadeiro caso de “não vão acreditar em você na mesa do bar”.

O homem que sabia ficar invisível 

Seu nome era Alexander Malcolm Jacob, e ao que parece só existe uma fotografia desse homem por aí:

Alexander Malcolm Jacob
Alexander Malcolm Jacob

Já sei, você pode achar que estou usando o velho recurso de usar sentido figurado, para atrair sua atenção e te fazer ler as minhas mal traçadas linhas, mas a verdade é que invisível aqui é literal mesmo! Não se trata de um cara discreto, ele conseguia desaparecer, no melhor estilo do “Mister M”, na frente das pessoas, chocando absolutamente todo mundo que presenciava o fenômeno.

Mas antes de chegar na parte que ele some, para terror de seus convidados, vamos saber um pouco mais sobre quem é este cara; e tentar imaginar: como diabos ele conseguiu aprender a fazer isso?

Origem misteriosa

Não se sabe com precisão de onde ele veio. Todos o conheciam apenas como Alexander Malcolm Jacob, mas muitos tinham certeza de que se tratava de um pseudônimo e embora ninguém saiba com certeza seu nome verdadeiro, muito se especulou sobre isso ao longo do tempo.

Pelas descrições e pela fotografia, sabemos que ele era um homem de aparência europeia, que falava inglês muito bem e passou quase toda a vida na Índia, então colônia britânica.

Alguns o consideravam polonês, outros o chamavam de judeu armênio, e a Wikipedia diz que ele devia ser um cristão Jacobita. Ele próprio, certa vez, declarou ser turco, nascido perto de Constantinopla.  Segundo sua biografia, seu pai seria o primeiro fabricante de sabão no império otomano.

Acredita-se que o verdadeiro nome de Alexander era Iskandar Maliki bin Yaqub al-Birr.

Mas foi com o nome de Alexander Jacob que ele se tornaria conhecido. Tão conhecido, que suas histórias iriam fazer autores a criar peronsagens inspirados nele.  O autor americano F. Marion Crawford escreveu o romance Mr. Isaacs sobre ele em 1882. O personagem Lurgan Sahib do romance Kim , de Rudyard Kipling, também foi baseado em Jacob.

Vendido como escravo

Segundo contou certa vez o própro Alexander, quando criança, seus pais eram muito pobres e literalmente o venderam como escravo a um rico paxá, para servi-lo como servo. Porém, o Paxá  logo percebeu alguma coisa “diferente” naquele franzino garotinho. Não está claro se Alexander demonstrou algum poder paranormal diante do Paxá, ou apenas seu talento em conversar, e  encantar as pessoas com sua fluência fez com que o Paxá lhe desse um tratamento distinto entre os seus servos. O fato é que isso lhe deu uma boa educação.

O paxá tratou Alexander como se fosse mais que um servo, e lhe ensinou não apenas literatura, línguas, filosofia e as sutilezas da cultura oriental, mas também o iluminou sobre o ocultismo – o que o ajudou muito em sua carreira futura.

Após a morte do paxá, o jovem com 21 anos foi primeiro a Meca (um indício de que ele era muçulmano) e de lá peregrinou até à Índia.

Logo que chegou na Índia, ele estava na completa miséria, seu mestre havia morrido, ele não tinha dinheiro nem fiadores. Alexander mudou-se para Bombaim, onde trabalhou como escriturário com base em seu conhecimento de árabe. Graças ao seu conhecimento, rapidamente conseguiu um emprego na corte de Ami-ul-Kabir, pai de Sir Kharsheedjah Bahadur; em Hуderabad e, dois anos depois, graças ao seu talento extraordinário para distinguir instantaneamente jóias falsas de verdadeiras, ele se viu em Calcutá, trabalhando para os joalheiros Charles Nephew and Co. Ele então trabalhou para o Nawab de Rampur e Dholpur por um curto período.

Agente secreto?

Alexander tinha tamanho talento que rapidamente enriqueceu no comércio de pedras preciosas. Seus clientes incluíam altos funcionários da Índia e da Grã-Bretanha, e foi provavelmente nessa época que surgiram rumores de que ele tinha virado nada menos que um… AGENTE SECRETO de sua majestade, um colega do James Bond!

Os rumores eram de que  Alexander foi recrutado pela inteligência britânica para fazer espionagem. Não há retratos sobreviventes do Sr. Jacob (exceto por uma fotografia duvidosa de autenticidade obscura mostrada ali em cima) mas, de acordo com relatos de pessoas, ele era muito bonito de rosto e corpo, e também possuía algo como magnetismo natural, atraindo constantemente a atenção de todos.  Esse poder de sedução e mistério o levaram a ser procurado para conversas e conselhos por vice-reis e príncipes

Jacob chegou a Simla na década de 1870 e fundou um negócio de comércio de pedras preciosas e curiosidades. O sucesso do negócio permitiu-lhe construir e manter uma casa de luxo, conhecida como Belvedere, em Simla.

O lugar era um sucesso! Era frequentemente visitado por multidões de nobres. Apesar de podre de rico, seus hábitos eram praticamente ascéticos — Alexander nunca bebia, não fumava, era celibatário, vegetariano rigoroso e, em vez de cavalos caros em seu estábulo, havia apenas um pônei peludo e feio, no qual ele gostava de cavalgar pela região.

Ocultismo e mistérios

Muitos que investigaram sua vida acreditam que ela foi toda permeada pelo ocultismo, pela filosofia oriental e por conhecimentos avançados da astrologia.

Ele não usou esse conhecimento para enganar os crédulos, mas viveu de acordo com seus princípios e ensinamentos.  Em jantares, ele frequentemente impressionava os convidados com seus “milagres”.

Certa vez, em um de seus jantares, a popular médium e esotérica Helena Blavatskу estava presente e ela admitiu publicamente que ele era um mestre em “demonstrar fenômenos sobrenaturais à vontade”.

Um desses milagres foi sua repentina “dissolução” no ar, bem diante dos olhos de seus convidados.

Num segundo ele estava lá, sentado à mesa, como todos os outros, manejando habilmente uma faca e um garfo, e de repente, PUF! O vazio se instalou em seu lugar. Apenas a faca e o garfo se moviam, como antes, levitando sozinhos sobre o prato…

Isso causou um profundo impacto em Blavatsky e no resto dos comensais. Seria uma espécie de desmaterialização?  Seja como for, (eu não estava lá pra ver) nem todo mundo parecia ficar chocado com os milagres. E aqui está um caso onde um coroa simplesmente fez pouco caso de Jacob.

O homem que não areditou nele

Certo dia, num jantar, um general não estava se sentindo muito satisfeito com tais “performances” e exigiu algo mais sofisticado.

Ele pediu a Jacob que mostrasse outros “truques”.

Ah Mermão… Aí o véio pisou no calo de Jacob, que visivelmente ofendido pela palavra “truque”, pediu ao general que lhe desse sua bengala.

A bengala era feita de uma videira velha. Alexander examinou a bengala e pediu que um serviçal trouxesse uma tirrina com água. Quando ele trouxe, Alexander mergulhou a bengala do general naquela tigela com água. Nada aconteceu.
Eles se entreolharam, os convidados esperando algo espantoso, mas nada aconteceu. Eu até posso imaginar que o General sorriu amarelo, se sentinto o “rei da noite”, mas depois de alguns minutos, todos viram, estupefatos, raízes sugindo na ponta da bengala.

Logo, na outra extremidade começaram a aparecer brotos. Rapidamente, as raízes estavam se espalhando e encheram toda a tigela. Alexander se levantou e segurou a bengala, murmurando algo praticamente inaudível.

Então, para choque de todos, galhos começaram a crescer da bengala, e em suas pontas se abriram folhas, e então surgiram pequenos cachos de uvas, que começaram a crescer!

Tudo isso aconteceu em literalmente 10 minutos.

E você acha que acabou?

Alexander pediu a um dos convidados que fechasse os olhos e imaginasse que estava no lá quarto de sua casa, que ficava a cerca de um quilômetro e meio de onde acontecia o jantar.

O convidado obedeceu. Fechou os olhos e, ao abri-los, ficou surpreso ao ver não a mesa de jantar e os convidados, mas era o seu quarto ao seu redor, com Alexander ao seu lado!

Alexander então pediu ao hóspede que fechasse os olhos novamente para que pudessem voltar para o jantar, mas agora, chocado, o hóspede recusou.

“Bem”, disse Jacob, “já que você não quer ir, eu vou sozinho. Tchau!”   E ele desapareceu, deixando o hóspede em seu quarto.

E assim, ele voltou a aparecer no jantar.  Esse episódio insano, parece ter saído da mente fertil de um editor do Notícias Populares, mas nos indica aque a viagem não foi hipnose.  Alexander e seu convidado de alguma forma, se teletransportaram para a casa do hóspede.

Em 1896, um correspondente da revista espiritualista Borderland encontrou-se com Jacob e pediu-lhe que comentasse sobre todos esses e outros “milagres”. Jacob afirmou que não fizera “nada de anormal” e que todos esses “truques” poderiam ter sido realizados pelo próprio correspondente, se ele soubesse como fazê-los.

Quando o repórter perguntou sobre outro truque envolvendo andar sobre as águas, Jacob ignorou: “Ah, eu não andei sobre as águas, embora possa parecer que sim. Mas, na verdade, fui sustentado no ar pelo meu amigo, que é invisível para todos. Ele morreu há 150 anos e tem sido gentil o suficiente para se tornar meu guardião desde então”, respondeu Alexander.

Não ficou claro quem era o tal “amigo”.

Outro milagre registrado para a posteridade foi um “truque” em que ele tirou o lenço do pescoço e começou a agitá-lo. Assim que ele fez isso, um volume gigantesco de borboletas surgiu voando ao redor, seguindo o lenço e havia tantas delas “que não se via nenhum objeto no quarto, nem as paredes nem o teto”.

Mas bastou Alexander dizer uma certa palavra e todas as borboletas desapareceram, como se nunca tivessem existido ali.

Em outra ocasião, ele mostrou sua sala de estar a um hóspede, que ficou chocado ao ver um enorme incêndio; tudo na sala estava tomado pelas chamas. No entanto, essas chamas eram “fantasmagóricas”, e não emanavam nenhum calor.

John Lord conta sobre ele:

“Jacob era notório, de Simla ao elegante spa de Homburg, por seus poderes mágicos. Os crédulos atribuíam-lhe a capacidade de andar sobre as águas, e até os menos crédulos lhe concediam poderes de mesmerismo e telepatia. Britânicos e indianos acreditavam que ele praticava magia branca, e havia relatos variados de que ele era judeu, armênio, agente russo e agente britânico. Era óbvio para todos que ele era o mais importante negociante de joias e antiguidades da Índia, e poucos sabiam que ele havia, de fato, realizado missões para o Departamento Secreto do governo da Índia. Ele viajava de trem particular. Sua pequena loja em Simla era um pantécnico de riquezas, resplandecente de ouro e esfumaçada de incenso, e nela Jacob agachava-se, pálido e discreto, mantendo um diário repleto de segredos.”

A treta do diamante

Bem, como eu disse Jacob estava podre de rico, morando num tipo de palacio onde realizava façanhas de enlouquecer até mesmo um técnico de efeitos especiais de Hollywood, mas o que ele não sabia é que seu império poderoso estava prestes a ruir, graças a um diamante amaldiçoado, chamado “diamante Jacob”:

O famoso Diamante Jacob
O famoso Diamante Jacob

Alexander Jacob é mais famoso pelo diamante que levou seu nome para sempre do que pelos estranhos milagres que realizou.

O Diamante Jacob , que é o sétimo maior diamante conhecido no mundo (anteriormente conhecido como Diamante Victoria, Diamante Imperial ou Grande Diamante Branco).

Esse diamante foi encontrado na àfrica do Sul, e depois de uma enorme história de contrabando e troca de mãos, veio parar na propriedade do Nizam (príncipe) de Hyderabad e atualmente é propriedade do Governo da Índia.

Mas voltando ao nosso amigo bigodudo misterioso,  foi a venda do Diamante Jacob para Mir Mahbub Ali Khan , Nizam de Hyderabad, considerado um dos homens mais ricos na história do mundo, e que arruinou Jacob. E eu vou te contar esse podre, né?

Quem foi Mir Mahboob Ali Khan

Mir Mahboob Ali Khan, era o sexto Nizam de Hyderabad, que ascendeu ao trono do opulento e influente reino em 1869. Seu reinado foi marcado não apenas por sua riqueza, mas também por sua profunda benevolência e natureza compassiva. Seus atos de bondade foram tão significativos que ele foi carinhosamente chamado de “o rei amado” em Hyderabad, um testemunho da profundidade de seu caráter e do impacto que teve no reino. 

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Há muitas histórias sobre o Nizam, Mir Mahboob Ali Khan, vagando incógnito pela cidade, estendendo a mão aos necessitados. Sua generosidade era lendária, com a crença de que qualquer um que buscasse sua ajuda jamais seria rejeitado de mãos vazias. No entanto, ele também tinha um “gosto pelo luxo”, uma característica que coexistia com sua benevolência. 

Ele podia se dar ao luxo de ser pródigo e caridoso sem diminuir suas vastas riquezas, um testemunho de seu caráter único. Além disso, o Nizam tinha um interesse particular em acumular diamantes, um fascínio que adicionava outra camada de intriga à sua persona. 

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O papel de assistente-chefe de Mahboob Ali Khan não era para ser encarado levianamente. Era ocupado por um armênio chamado Albert Abid. O estimado historiador DF Karaka, de Hyderabad, observou:

“Sempre que Mahboob Ali Pasha precisava de ajuda para desabotoar ou trocar de roupa, Abid estava  ao seu lado. Sua presença não era apenas importante, mas indispensável para Sua Alteza”. 

Como criado do Nizam, Abid tinha uma ampla gama de responsabilidades, desde gerenciar o guarda-roupa do Nizam até supervisionar seus pertences pessoais. Diz-se que Abid liderava uma equipe de 12 servos apenas para vestir o Nizam.

No entanto, a astúcia de Abid era incomparável. Sabendo que o Nizam nunca usava a mesma roupa duas vezes, Abid discretamente pegava as roupas e outros pertences de seu empregador, apenas para vendê-los de volta ao Nizam mais tarde. O governante, alheio ao fato de que já possuía esses itens, ja que ele comprava tanto treco quanto um Michael Jackson deprimido, os aceitava alegremente como novas compras! 

A astúcia e a falsidade de Abid o levaram a acumular uma fortuna impressionante dando migué no principe.

Ele acabou abrindo uma grande loja em Hyderabad, administrada por sua esposa, que eles apropriadamente chamaram de “Abid’s”. A loja se tornou um símbolo de seu sucesso e, até hoje, toda a área onde a loja ficava é conhecida como “Abid’s”, um testemunho da riqueza que ele acumulou com sua astúcia. 

Abid, em sua posição única e vantajosa, era a chave para os comerciantes que buscavam acesso ao Nizam, que era um gastador compulsivo. O costume era simples, porém decisivo — o Nizam pronunciava uma única palavra, “Passand” (aprovado) ou “Na Passand” (desaprovado), determinando o destino dos itens. O primeiro seria adquirido a qualquer custo, enquanto o segundo seria rejeitado, graças à influência de Abid. (guarda esse detalhe que é importante ali na frente!)

Em meio aos acontecimentos em Hyderabad, uma figura misteriosa surgiu em Shimla, a capital britânica durante o verão. Era ele, o nosso amigo bigodudo, Alexander Malcolm Jacob.

A intriga e a influência de Jacob iam além de sua personalidade enigmática. Ele era um importante fornecedor de antiguidades e joias para os marajás e figuras britânicas influentes. Através de sua ligação com o Abid, ele estabeleceu um relacionamento próximo com Mahboob Ali Khan. Essa relação se mostrou lucrativa, pois Jacob vendeu inúmeras jóias ao príncipe a preços exorbitantes, uma prova de sua capacidade de lucrar com o príncipe facilmente influenciável. 

Em 1891, Jacob se preparava para fechar a transação mais significativa de sua vida.

Ele havia elaborado um plano para adquirir o diamante “Imperial” de 184,75 quilates, recentemente descoberto na África do Sul, de um grupo em Londres por 21 lakhs de rúpias, com a intenção de vendê-lo depois ao Nizam por 50 lakhs de rúpias.

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Nessa época, o Diamante Jacob era chamado de “diamante imperial”

Ele também havia se comprometido a pagar uma comissão de 5 lakhs de rúpias a Abid se o negócio fosse fechado com sucesso.  

Auxiliado por Abid, Jacob conheceu o Nizam, que manifestou a sua disposição em comprar o diamante, naquele momento, em Londres. No entanto, havia uma condição:

O Nizam se reservaria o direito de decidir se desejava ou não a gema e poderia declarar “Passand ou Na Passand”.

Posteriormente, Nizam transferiu 23 lakhs de rúpias a Jacob para facilitar o transporte do diamante para a Índia. Logo, a notícia do interesse de Nizam em adquirir o diamante chegou ao governo britânico por meio de informantes no palácio de Nizam. Preocupado com os hábitos extravagantes do Nizam, o governo britânico o dissuadiu de adquirir o caro diamante. Além disso, o primeiro-ministro de Nizam também se opôs ao negócio. 

Quando Jacob apresentou o diamante ao Nizam em julho de 1891, ficou consternado quando este declarou “Na Passand” após inspecioná-lo.

(Posteriormente, houve ambiguidade em torno do negócio. Jacob enviou um telegrama ao seu banco solicitando a transferência de fundos para Londres, alegando que o Nizam havia de fato concordado em comprar o diamante. Alegadamente, o Nizam havia informado Jacob, por meio de Abid, que sua rejeição era apenas uma “manobra para enganar os britânicos” e que ele realmente desejava adquirir a pedra.)

No entanto, o Nizam reverteu sua decisão e solicitou o reembolso do depósito. Mas aí Jacob recusou, insistindo que o acordo fosse finalizado, o que levou a uma prolongada batalha judicial pelo dinheiro. Contratando os principais representantes legais da Índia Britânica, Alexander Jacob se defendeu no tribunal contra ninguém menos que o Nizam! O caso atraiu atenção significativa em toda a Índia e internacionalmente, com uma comissão especial enviada a Hyderabad para coletar o depoimento de Nizam.  

O episódio marcou um acontecimento inédito, com um príncipe indiano enfrentando um tribunal britânico, causando um gigantesco constrangimento.

Dentro de um sapato e peso de papel

O “diamante Jacob”, como ficou conhecido, ganhou a reputação de ser “masculino” ou “azarado” em Hyderabad. Apesar de ter sido absolvido das acusações de fraude, Jacob nunca recebeu o pagamento pendente. Após a disputa judicial, Mahboob Ali Khan se distanciou do diamante “masculino” Jacob, guardando-o sem supervisão em um sapato velho embrulhado em um pano imundo no fundo de uma gaveta.

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Mahboob Ali Khan, pai de Mir Osman Ali Khan, o último Nizam de Hyderabad, teria encontrado o diamante Jacob no sapato do pai. Apesar do tamanho e do valor, Mir Osman Ali Khan o usou como peso de papel, causando constrangimento à família. 

Décadas depois, o diamante foi transferido para um fundo e adquirido pelo Governo da Índia em 1995. Atualmente, ele está guardado nos cofres do Reserve Bank of India, em Mumbai. 

Enfim, esssa foi a treta do diamante, que abalou o mundo na época. A história também envolve Albert Abid, que ganhou rios de dinheiro enganando seu mestre e se estabeleceu na Inglaterra, e Alexander Jacob, que perdeu dinheiro e reputação no caso dos diamantes, levando a uma vida errante. A história intrigante do diamante Jacob e os personagens que o cercam o tornam um dos diamantes mais fascinantes do mundo.

Sobre a treta, John Lord descreve o caso da seguinte forma:

Jacob concordou em comprar para o Nizam um famoso diamante guardado na Inglaterra, então chamado de ‘Imperial’ (e mais tarde  batizado em homenagem a ele de ‘Jacob’), pela soma de trezentas mil libras, metade das quais Sua Alteza havia pago como depósito. Jacob entregou o diamante pessoalmente, tendo apenas o criado do Nizam como testemunha. Ele partiu, com o Nizam ainda devendo metade do preço de compra. Sem que Jacob soubesse, o residente ouvira falar da transação. Um homem digno e prolixo, cuja paixão eram as questões legais e a propriedade, o residente procurou salvar o governo quase falido do Nizam da loucura de comprar mais uma bugiganga. O Nizam congelou. Não lhe foi permitido pagar o restante do dinheiro e ele também não quis devolver o diamante. Enrolou-o em um pano manchado de tinta e o jogou em uma gaveta. Jacob foi forçado a defender seu investimento processando um tribunal de Calcutá; embora tenha vencido o caso, estava financeiramente arruinado. Suas despesas legais eram grandes. Nenhum príncipe na Índia negociou com ele novamente e ele morreu na penúria, mesmo com sua magia. passou, em Bombaim.”

A controvérsia sobre a venda custou a Jacob praticamente todos os seus clientes. As custas das despesas judiciais de processar o príncipe usando os maiors escritorios do país, e a consequente inadimplência de outros príncipes que viram o fato dele ter ousado processar um principe como algo de “mau-tom”, o levaram à falência.

Em total desgosto pela situação, apesar de absolvido, ele decidiu ir embora de Simla para Bombaim no final de 1901.

Jacob perdeu a visão e, após quatorze anos de cegueira, foi curado pela caridade de um amigo cirurgião. Seus últimos anos foram passados ​​em um modesto quarto no Anexo de Watson, uma propriedade que se localizava de frente para o Iate Clube de Bombaim onde passou a vender porcelana, aderindo mais à sua filosofia de uma vida sem luxos e acreditando na imortalidade da alma. Não tinha família nem filhos. Ninguém jamais soube os segredos de seus milagres ou quem ele realmente era.

As últimas palavras de Jacob (para Alice Dracott) foram: “Dê lembranças a Simla”.

 

Ele morreu em 1921 e seu obituário no The Times de 21 de janeiro de 1921 afirma que Jacob “afirmava ser turco… nascido perto de Constantinopla”.

Existe um livro sobre esse personagem intrigante chamado The Mysterious Mr Jacob: Diamond Merchant, Magician And Spy

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Philipe Kling David
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Philipe Kling David, autor de mais de 30 livros, é editor do Mundo Gump, um blog que explora o extraordinário e o curioso. Formado em Psicologia, ele combina escrita criativa, pesquisa rigorosa e uma curiosidade insaciável para oferecer histórias fascinantes. Especialista na interseção entre ciência, cultura e o desconhecido, Philipe é palestrante em blogs, WordPress e tecnologia, além de colaborador de revistas como UFO, Ovni Pesquisa e Digital Designer. Seu compromisso com a qualidade torna o Mundo Gump uma referência em conteúdo autêntico e intrigante.

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