Manpupuner: Paisagem alienígena na Terra

Açoitados por ventos, chuva e neve, eles se erguem da planície como gigantes petrificados. Imóveis testemunhas do tempo, quase alcançando o céu. O que são essas coisas que tornam o nosso mundo cada vez mais parecido com a paisagem de um planeta distante, perdido na imensidão da galáxia?

Embora pareçam obras de uma inteligência, insondável e misteriosa, esses monolitos de pedra são maravilhas naturais do planeta Terra.
O planalto dos Manpupuner se esconde na República de Komi, em meio a montanhas repletas de coníferas.

Segundo a Wikipedia, as formações incomuns são chamadas de “os Sete Homens Fortes”. A formação geológica tem este nome porque realmente se trata de um conjunto de sete gigantescas, anormalmente altas estruturas em forma de pilares de pedra, que estão localizados a oeste dos montes Urais, no Distrito da República de Komi.

Certamente você nunca ouviu falar da república de Komi até este momento. Então, aqui está ela:

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A República de Komi é uma divisão federal da Federação Russa. Sua capital é a cidade de Syktyvkar. Segundo o censo de 2002, o lugar tem 1.050.000 habitantes. A república de Komi tem por idiomas oficiais o komi (dã!) e o russo.

Mas se não fosse pelos “gigantes” talvez eu morresse sem saber que este lugar existe. São monolitos com cerca de 30 a 42m de altura, que projetam-se de um platô montanhoso formado através dos efeitos de intemperismo de gelo e ventos.

De acordo com uma lenda local, os pilares de pedra eram uma comitiva de Samoyeds – gigantes que estavam andando pelas montanhas para a Sibéria, a fim de destruir o povo Vogulsky. No entanto, ao ver as montanhas sagradas dos Vogulsky, o xamã dos gigantes deixou cair seu tambor mágico e isso congelou toda a comitiva de gigantes como pilares de pedra.

Porra como eu adoro essas lendas ancestrais!

 

Considerada uma das Sete Maravilhas da Rússia, as formações rochosas Manpupuner são uma atração muito popular no país, embora praticamente desconhecidas internacionalmente, o que felizmente deixa o lugar relativamente intocado pelo turismo.
Dizem que sua altura e formas anormais faz o topo desses gigantes de rocha inacessível mesmo para alpinistas experientes.

O menor dos “gigantes” tem 22 metros, e o mais alto deles atinge impressionantes 50 metros, tão alto quanto um prédio de 12 andares!

 

O mais incrível é que eles surgem onde não há pedreiras e nem rochedos ao redor. É impossível olhar para isso e não pensar em uma lenda de gigantes virando pedra.

 

Ao chegar no planalto, a sensação é de estar em um outro mundo.
O lugar tem uma aura mística e muitas pessoas relatam se sentir de forma diferente lá. Há os que sentem uma indescritível sensação de liberdade. Se a pessoa deita-se sobre o solo coberto com um macio e peculiar musgo branco, sente uma energia percorrer seu corpo. Mas há os que se sentem estranhos, e relatam desconforto e até ansiedade diante dos monolitos de pedra. “É como se você estivesse sendo observado” – dizem os visitantes.
Será?

 

Os Sete Gigantes surgem alinhados contra o céu azul e os montes de taiga que parecem não ter fim.
Os visitantes se esmeram em buscar nos contornos embrutecidos da pedra os rostos dos gigantes. Não tarda para alguém coçar a cabeça e perguntar: Como que isso veio parar aqui?
Não se sabe ao certo como nasceu a lenda dos sete gigantes que viraram pedra quando o tambor magico do xamã caiu. Mas é bem provável que a lenda tenha vindo das tribos locais, que tornaram o Manpupuner em um objeto de culto, e reverenciam o conjunto de pedras como defensores das montanhas, guardando seu descanso e protegendo o lugar contra a invasão de tribos hostis.

Quando você considera que só existe um único acesso a esta área da montanha, e que foi cuidadosamente escondido, não é de estranhar que Manpupuner tivesse a reputação de um lugar sagrado.

 

Mas apesar de remota, a localização dos gigantes era conhecida também por tribos nômades, que usavam a área como lugar de pastoreio de seus rebanhos. Esses povos tinham também suas histórias míticas para as pedras. De acordo com suas crenças, as pedras são sete irmãos já fossilizados, onde um xamã maligno não queria que sua irmã casasse com eles e por isso usou um feitiço para torná-los em pedra. Acredita-se que os xamãs de tribos locais tenham explorado essas lendas, usando-as em seu próprio benefício, para assustar os demais dizendo serem capaz de tornar pessoas em pedra. Foram eles que tornaram este território proibido, uma espécie de “lugar de poder”.

O povo Mansi e o povo Komi adoravam seus ídolos de pedra, e baniam do grupo todos os que tentavam escalar as rochas. As mulheres eram proibidas de tocar nas pedras, pois eles eram considerados divindades masculinas.

A montanha dos ídolos de pedra se manteve inacessível até meados dos anos 20 e 30, quando surgiram os primeiros exploradores. Em 1930, para preservar o complexo natural único, foi decidido estabelecer ali uma reserva ambiental. Isso conteve o turismo, mas não impediu o acesso ao lugar.

Há quem acredite que essas pedras foram colocadas ali. Seriam esculturas de deuses, que com a ação do tempo e do vento, bem como a neve e o frio, erodiram-se e perderam suas formas originais. Já os geólogos tem opinião inversa. Eles afirmam que na origem dos gigantes de pedra não há nada de místico.

 

As pedras são compostas de arenito, xisto e quartzito. Sua forma original é devido à ação da água e do vento, e as variações de temperatura inerente ao clima.
A ação dos elementos durou milhões de anos até destruir quase completamente a montanha, só restando esses pilares de material mais resistente, mas que um dia também perecerão ante a força inexorável da natureza. Mas quando isso acontecer, pode ser que já não estejamos mais aqui para testemunhar.

 

Contribuiu para o processo de erosão que produziu os gigantes o derretimento das geleiras que cobriram a área dos Montes Urais durante a era do gelo. Peritos estimaram a idade desses ídolos em 490 milhões de anos. Se essa datação estiver certa, os gigantes são contemporâneos da “Explosão cambriana”. A explosão cambriana, ocorreu entre 490 milhões e 543 milhões de anos atrás e tem este nome porque nesta época, ninguém sabe bem o porque, surgiu um número muito grande de espécies no nosso planeta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como chegar lá?

Todos os rios da região são apenas córregos estreitos, embora um deles, alimentado por vários afluentes, torna-se o  Rio Pechora, que flui para o Oceano Ártico. Portanto, só há duas maneiras de ver esta maravilha natural – voar lá de helicóptero, ou caminhar muitos quilômetros ao longo de vastos territórios desabitados, torcendo pra não ser abduzido por aliens.

 

De acordo com o site da Russian Geographic Society, dá pra chegar lá, mas não vai ser sem dificludades! Abrangendo a região de Perm, na República de Komi, Área Autônoma do Khanti-Mansiisk e região de Sverdlovsk, Manpupuner é altamente inacessível. Ele está localizada a uma distância de 1.500 km de Moscou e apenas cerca de 600 km de Ekaterinburg. Não muito longe, em comparação com Yakutia ou no Extremo Oriente russo. Mas o problema é que dentro de um raio de 100 quilômetros do planalto, a área está completamente desabitada – sem absolutamente nenhum assentamento humano. Nem estradas e nem balsas podem ser encontradas lá.

 

Ainda assim, existem várias maneiras de chegar ao Manpupuner, dependendo de como você prefere viajar. Se você vai a pé, deve chegar primeiro na região de Sverdlovsk. A sua rota terá início na aldeia Ushma. Siga dali para a cidade de Otorten, passando pela cidade de Yanynvondersyakhan, e finalmente, o Manpupuner.

Você também pode acessar o Manpupuner a partir da República Komi. Você vai ter que viajar para a cidade de Troitsko-Pechorsk. Isso pode ser feito, em primeiro lugar, ao tomar um avião de Moscou para Ukhta ou Suktyvkar. Ukhta está mais perto de Troitsko-Pechorsk, mas os bilhetes custam mais caro. Então você pode pegar um ônibus que sai de Ukhta para Troitsko-Pechorsk, ou um trem, para Ukhta de Syktyvkar.

Para chegar a este lugar incrível, você precisa estar realmente em boa forma física e ser corajoso. Apesar disso, a cada ano há mais e mais voluntários dispostos a atravessar o caminho difícil através da taiga a pé, com mochilas pesadas sobre os seus ombros. A Internet está cheia de websites, onde aqueles que já foram compartilham dicas e trilhas pra quem quer se aventurar. Se você vai encarar essa, não deixe de procurar esses conselhos, pois na pior das hipóteses vão te falar o que você já sabe, mas na melhor eles podem SALVAR SUA VIDA!

A melhor época

As opiniões se dividiram sobre a melhor época de ‘conquistar’ o Planalto Manpupuner. Muitos acreditam que a melhor época para viajar para lá é no inverno, (WTF!) quando o planalto está livre de mosquitos, moscas e moscas varejeiras. (realmente, você que não conhece a taiga não imagina o INFERNO que fica no inicio do verão quando as moscas e mosquitos abundam) No inverno é mais relax com seres vivos inconvenientes, já que todos os pântanos congelam e os pilares de pedra ficam cobertos de gelo, o que os torna com visual incrivelmente alienígena.

 

 

Além disso, você viaja com maior velocidade quando esquia – o que é também um bônus – desde que você saiba. Há apenas uma grande desvantagem evidente: Em janeiro, as temperaturas nos Montes Urais caem para  menos 40 graus Celsius. Então, o melhor momento para sua expedição seria provavelmente entre março ou abril, quando a Terra ainda está coberta de neve e os rios de gelo, mas a temperatura já se aproxima de “agradáveis” zero graus Celsius (agradável para o padrão russo). Ainda assim, certifique-se de levar roupas de frio!
Se você está animadão a dar de cara com estas paisagens sensacionais, e ta pensando em massacrar seu cofre de porquinho para comprar uma viagem para a Russia, recomendo antes ouvir o episódio do Passo Diatlov, aqui neste gumpcast, hehehe.
O misterioso e até hoje inexplicado assassinato de um grupo de montanhistas se deu nesta região.

Se com isso você  ainda tiver coragem de ir, seja bem ido! Hahahaha. Mas antes curte aí o visu:

De quebra você pode querer dar uma olhada nos misteriosos caldeirões do vale da morte, enterrados na sibéria

fonte fonte fonte

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Cara, eu amo seu blog.

    O primeiro post que ví foi sobre um rosto que todos sonham, esqueci o nome. Me diverti muito na época da brincadeira do ET que você fez com os leitores, ficou muito verídico. Na época achei muito inteligente e divertido.

    Atualmente os posts estão sensacionais, meus parabéns amigo.

    O planeta Terra tem muitas coisas sensacionais, principalmente na Europa.

  2. Outro dia me ligaram oferecendo a assinatura da Super Interessante, mas eu falei para a moça do telefone que eu não precisava, pois, eu acabava de conhecer o Mundo Gump e era muito mais interessante que a revista! Parabéns! Todos os posts que eu li são incríveis. E quanto a mãe Russia, um dia eu ainda vou lá! Vamos organizar uma expedição Gump?

    Grande abraço

  3. Conheci o blog a poucas semanas e visito diariamente. Parabéns pelo blog, pra mim um dos melhores da interwebs, ótimos textos, ótimos posts. Meu sonho é conhecer a Rússia, é incrível o quanto de coisas inexploráveis que existem em nosso planeta. haha

  4. Citando: “…Acredita-se que os xamãs de tribos locais tenham explorado essas lendas, usando-as em seu próprio benefício, para assustar os demais dizendo serem capaz de tornar pessoas em pedra. Foram eles que tornaram este território proibido, uma espécie de “lugar de poder”.

    Pois é… pelo jeito, a “idiotificação” da humanidade já vem acontecendo desde tempos imemoriais! Parece ser um traço nato da natureza do ser humano sempre tentar se sobrepor aos demais, seja de que modo; seja para quais propósitos for… pelo jeito, o Gerson (gosto de levar vantagem em tudo, cerrrto?) não estava tão errado assim…

    Por essas e por outras é que fico “com o pé atrás” quando alguém desconhecido(a) (ou pouco conhecido(a)), num lugar idem, anuncia esse ou aquele evento de natureza “extraordinária” e fica jurando que é tudo verdade, muito embora não apresente nada que possa validar suas afirmações. Todos parecem concordar que merecem seus “quinze minutos de fama”, conforme preconizado por Andy Warhol.

  5. Isso é que eu chamo de um “programa de índio”. Viajar um monte, se f…. pra caramba só pra ver um monte de pilares de pedra. Tsc. tsc.!

  6. Sensacional… o legal é que se você olhar a 3ª foto, parece mesmo um gigante em pé (com uma boa dose de imaginação), de perfil, com a fronte virada para a esquerda… tem contornos legais e dá pra visualizar até um braço ali.. rssrs.. mto legal…

    Philipe vc tá de parabéns pelo seu blog!!!

  7. Philipe, seu blog é fantástico e me faz passar várias horas pesquisando sobre essas matérias incríveis que você nos apresenta! Parabéns pelo trabalho e siga em frente aconteça o que acontecer!!!

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