Eu tava lá agora fritando meu bife pro jantar. Muita gente faz apenas um lanche no jantar. Eu não durmo se não bater um puuta pratão de arroz, feijão, bife, etc. Se não tiver “sustãça” eu não durmo bem. Deve ser isso que tá me causando essa barringuinha feladaputa, marca inconfundível dos 30 anos sedentários que completei em 2006.
Então eu fitava o bife quando comecei a me lembrar de quando eu era guri. A Minha mãe ao longo desse tempo teve várias empregadas domésticas. Uma mais figura que a outra. Comecei a notar uma certa característica ao qual eu nunca antes havia dado atenção, e ali, com o garfo de bife numa mão e a panela na outra tive o insight de relacionar no blog algumas das mais bizarras histórias envolvendo as empregadas lá de casa e também umas duas ou três histórias das empregadas domésticas das minhas tias. TUDO È 100% VERDADE. Pode não parecer, mas são. E é este o mote do Mundo Gump. Não dá pra lembrar de todas. Com certeza umas vinte eu esqueci. Mas…
COM VOCÊS, AS EMPREGADAS:
– Teve aquela que me deixou sumir. (vide posts antigos onde relaciono algumas das vezes que escapei da morte) E quase morri congelado.
– Teve uma que via muita TV. Essa coitada, era fissurada em Tv. Um dia, vendo o comercial da novela ela teve uma ideia brilhante (trocadilho tôsco. Olha só.) Pegou bombril e esfregou a palha de aço nos dentes, para deixar MUITO MAIS BRANCOS. Resultado, arrancou o esmalte e passou a ter um belo sorriso dourado. A boca dela ficou amarelo ocre, meu. Essa empregada em especial marcou minha memória por causa de sua bizarra tara absoluta pelo Agnaldo Timóteo. Podia sera hora que fosse, tava ela cantarolando uma música do Agnaldo Timóteo. Ela chegou a mandar uma carta pro Agnaldo pedindo pra casar com ele.
Uma vez, meu pai quis fazer um bonito e resolveu dar carona pra ela até em casa. OLha… Que legal que foi. Uma experiência de vida. O carro simplesmente viajou umas duas horas entrando num mato cada vez mais fechado até que enfim chegamos num tipo de penhasco entre fazendas onde havia um pequeno dique e uma cabana. Um açúde, onde eles bebiam, tomavam banho, pescavam e jogavam seus dejetos corporais. As paredes do casebre eram de pau a pique, o chão de terra vermelha. No meio da casa pintinhos corriam para todos os lados. Os porcos viviam soltos. Ela era uma das ( no barato) vinte irmãs, todas iguais, com a mesma cara. Apesar de bem pequeno, nunca me esqueci daquele lugar, onde eu vi um fogão a lenha pela primeira vez na vida, e nos anos de escola ficou mais fácil entender a mortalidade infantil, a doença de chagas e todas as mazelas da vida humana. Era um lugar pobre, muito similar ao Vale do Jequetinhonha. Eu me adimirei dos sobrinhos dela. Eram guris também, mas com barrigões (vermes). Ficavam olhando fixamente pro meu tênis Kichute e eu fiquei com pena deles. Lá havia um gato morfético (leproso)que é uma das criaturas smais horrendas que já vi na vida.
Na volta da tal fazenda, choveu e o carro do meu pai (uma caravan azul) atolou num lamaçal. Ainda bem que eu era muito menino pra ajudar. Do mato surgiu um velho que voltou com uns seis caras. Todos com cara de bóia-fria. Eles ajudaram a tirar o carro da lama.
– Teve uma que era tão burra, mas tão burra que a “Marineuza” do seriado “A diarista” com certeza foi inspirada nela. A única diferença é que ela era feia como um estrupício. Essa num dia lá resolveu fazer pastel. Comprou a massa, fez o recheio. O pastel chegou à mesa meio estranho. OLhei pra ele e não falei nada. Minha mãe mordeu e matou a charada. O pastel estava plastificado. Ela não sabia que tinha que tirar o plástico pra fazer pastel. De tão burra, durou pouco.
– Teve uma que era empregada de bacana. Ela só fazia pratos sofisticados. Suflês com nomes em fancês. Todo prato levava petipuá, palmito, campignon, ervas finas, molhos complicados de pronunciar o nome, alcaparras e etc. Durou pouco pq o bolso do meu pai levou casqueira.
– Teve uma que eu acho que passava fome. Essa não valia nada. Roubou na casa da minha mãe. Ela roubava direto. Comida, enlatado, pano de prato, prod. de limpeza… Minha mãe que é muito distraída só deve ter percebido quando a mulher devia ter roubado metade da nossa casa, hehe. Meu pai foi lá na casa dela. Eu era muito novo e não lembro o desfecho dessa história. MAs se não estou errado, essa foi a que comia a comida do meu irmão. Meus pais saíam e deixavam ela tomando conta do André, que tinha menos de 1 aninho. O André foi ficando cada vez mais magrinho, magrinho. A minha mãe preocupada, comprava suplementos e coisas do tipo “engordiet” pra ele e nada dava jeito. O médico diagnosticou que ele estava desnutrido. Pra minha mãe foi um choque. Era como ouvir um atestado de incompetência do médico, que afirmava: seu filho estava desnutrido. A solução do mistério surgiu quando ela descobriu que a empregada filha da puta simplesmente COMIA a comida do neném! O André é magrinho até hoje graças a essa (só mais uma vez) FILHA DA PUUUUTA. Não sei porque meus pais não surraram ela. Merecia. Ela ia matar meu irmão.
– Tiveram também as que batiam na gente. Dessas eu lembro pouco. Teve a Selminha, que me bateu um dia e eu ameacei “demitir” ela. hahaha. Imagina só um pirralhinho metido de cinco anos ameaçando te demitir. MAs a Selminha era gente boa. Minha mãe foi madrinha do casamento dela com o André (o namorado dela chamava André)O pai dela tb era um senhor muito gente fina. Era nosso jardineiro.
– Tiveram também as boas. As boazinhas, como a Cida, que era uma loura alta e bonita. Fazia o maior sucesso na rua. Eu adorava essa. Era muito legal mesmo. Nunca bateu na gente. Levava pra passear, pra acampar com o pessoal da igreja dela e tudo mais. Meus pais deviam adorar o descanso que ela dava pra eles.
– Teve uma que o codinome diz tudo. “ESPANTOSA”. A espantosa chegava pontualmente as seis da manhã na porta do apartamento. Rapaz, era muito feia. Putsgrila! Lembro de um dia que eu abri a porta e lá estava um brucutú de ébano com os cabelos para o alto. Quase dei um grito. Era uma aparição medonha. Eu passeia evitar a cozinha pra não ver a cara dela. Não era simpática nem cozinhava bem. Também não limpava nem cheirava bem. ( dela eu herdei o desgosto e ódio mortal pelo “Leite de Rosas”) Não sei onde minha mãe tava com a cabeça pra contratar a “Espantosa”. A espantosa tinha o hábito de Nunca pentear o cabelo, que por isso era igual, igualzinho ao do Don King, só que preto. Ela parecia um botijão de gás de quase dois metros de altura. Nem em filme de terror tem algo igual. Se um dia ela for no parque Filadélfia e entrar pra ver a Honga, o macaco sai correndo de medo dela. A Espantosa tinha o apelido carinhoso de Darth Vader. E acredite, ela ATENDIA ao ser chamada de darth Vader- até pela minha mãe. Hahaha. Era muito cômico.
– teve aquela do espirro engraçado. Ela espirrava com um barulhinho incomum. Era uma epregada alérgica. Associei ela ao nome de Margareth. Ela não chamava margareth, mas a minha mãe chama Maria Goreth, e ela só conseguia chamar a minha mãe de Margareth. Coitada, a casa empoeirada e ela limpando. Dava dois três minutos começava a espirração que se estendia até as seis da tarde. Ela espirrava fazendo um barulho assim: “AKISSSSSSSSSSSSSSSSHHHHHH” Exatamente como vc leu.
– Teve a Edna. Como esquecer a Edna? A Edna estava na categoria das boazinhas, mas também figurava com honra na categoria das malandras e na categoria das burraldas. A Edna era novinha. Tinha seu destaque na categoria das feiosas, porque ela tinha um queixo pra frente, que com o nariz fazia uma cara de lua. A Edna ela estabanada, quebrava as coisas, tentava sempre ajudar mas era igual ao Chaves com uma vassoura nas mãos. Da Edna tem tanto caso que se eu listasse aqui não ia dar certo. Um dia ela veio do meu quarto gritando. Havia achado uma mão amputada no meu armário. Tá certo, nem todo mundo tem uma mão amputada guardada na gaveta das cuecas como eu tinha, mas dava pra ver que era de borracha. A Edna pegou um cagaço de ir no meu quarto ( uma potencial desculpa pra não limpar o mafuá) e o meu quarto ficou cada vez pior, hehe. A Edna dormia lá perto do tanque. Era engraçado porque ela disfarçava que não estava dormindo. A Edna era tão cômica que depois que eu casei ainda chamei ela pra trabalhar pra mim. Aqui em casa ela aprontou mil e umas.
Edna teve uma filha, ainda enquanto era empregada da minha mãe. Ela levava a Raianne lá pra casa da minha mãe, pq não tinha com quem deixar. O pai era um bandido. A menina era um saco de choro com perninhas.
A Edna tb era exagerada. Um dia minha mãe ensinou pra ela sobre o macete de botar um pouco de açúcar pra dourar o bife.
Edna resolveu testar a novidade em casa. Fez um bife caramelado que o marido achou uma merda. O filhinho dela adorou: ” Tá bão o bife mãe!!!” Hahahaha. Era um bife a milanesa de açúcar. Não lembrando a medida exata, a edna botou uma colher de sopa de açúcar.
Quando ela trabalhava pra mim, um dia cheguei cedo da rua. Toquei a campaínha e nada. Chamei, chamei e lá pelas tantas, eu quase desistindo, a Edna abriu a porta. A cara amassada. Perguntei se ela tava dormindo e ela falou que claro que não… Que tava trabalhando.
Entrei, fui até o meu quarto. A cama meio amarrotada. Botei a mão, tava quente. Resultado, a Edna passara o dia dormindo.
Ela dormia direto. Entrava pro banheiro pra dormir no vaso. Tivemos que dispensar.
– Teve uma que tinha levado um tiro na cara. Era filha da faxineira do prédio. Cagada da minha mãe contratar aquela porra. Ela era envolvida com bandido. O tiro na cara havia sido dado por um rival do marido. Era um buraco fundo no meio da bochecha. Essa era parente da faxineira e passava o dia todo no corredor num conversê que nunca tinha fim. Péssima no serviço.
– Tive uma que era apenas abusada. Um dia abri a porta pra ela. Eu num sono desgraçado. Havia ido dormir às qutro da manhã. 3D é fogo. Vcs sabem. Eu abro a porta e ela manda essa logo de cara: ” Dormindo até agora? Que preguiçoso, hein?”
POrra, meu. POde me dar porrada, me zoar, me sacanear a vontade quando eu tô de bom humor, mas de manhã cedo, com sono eu fico puto. Essa eu odiei. Coisas da NIvea. Ela um dia perguntou pra Nivea na mais absurda cara-de-pau: ” Quanto você ganha? Você ganha bem?” – A nivea com a peculiar cara de espanto. E a empregada completa, lacônica, pensando alto: ” …porque pra morar aqui tem que ganhar bem”.
É mole? Essa mesma figura um dia ao saber que eu ia cozinhar veio correndo:
” Ah, essa eu pago pra ver! Seu Philipe vai cozinhar!” Pra meu espanto ela cruzou os braços e se prostrou ao meu lado vendo o processo de construção do meu prato oficial: Bife com cebola e tomate. E desatou a fazer perguntas e dar palpites. Palpites estranhos como: ” Você não lava o bife? Que nojo!” – Então eu perguntei: ” Você lava o bife?” e ela respondeu com a maior indignação: ” Claro. TEM que lavar o bife. E esfregar!” Ah, meu. Não aguentei e mandei: “ Ah, então é por isso que seu bife fica uma merda né?”
Essa rodou porque falou demais.
– Tiveram também as evangélicas. Das evangélicas eu destaco três. Uma era irmã da minha concunhada. Gente boa, a Lili. Eu encontro com ela sempre nas festas da minha sogra. Ela ficava com nojo rapido e passava mal. POr isso meu prazer mórbido era falar nojeiras pra ela na hora do almoço. Ela chegava a ficar verde.
E teve tb uma que eu nunca tinha visto mais gorda. Meio estranha. Quieta demais. Empregada boa é igual carro. Se vc não ouvir o motor fica estranho o negócio. Rodou rápido.
Tem a Leni, que é miha atual faxineira. A Leni é ótima. Uma pessoa maravilhosa. Eu desconfio que ela sofra de uma anorexia leve, mas não quero comentar isso com ela. A Leni desmaia na rua, fica muito tempo sem comer… è uma pessoa maravilhosa que como todos nós tem seus problemas pessoais, a maior parte deles naquilo que chamamos “família”. Mas eu adoro a Leni. A Leni só é meio chata com aquele papo de que nós (eu e a NIvea) somos tão bons que um dia viraremos evangélicos como ela. Mas fora isso, tudo bem. Tem uam visão bem apla da igreja dela. Eu disse pra ela outro dia que ela devia ser anciã. (que equivale quase a um bispo na igreja dela) Ela ficou toda satisfeita, hehe.
– Teve outra também que foi empregada da minha tia. Essa é um caso à parte… Ela queria ser atriz de novela. No primeiro dinheiro que ganhou alisou o cabelo e meteu duas lentes de contato azul-ultra-azul. Igual uma personagem de novela que eu vi outro dia numa dessas novelecas das seis na globo. Era pedante, sabe como? Pobre soberba. Negra do olho azul. Figuraça.
– Dessa mesma tia, destaco a empregada que fez festa. Meus tios viajaram pra Friburgo. A empregada ia acabar de limpar e ia embora com a chave. No meio da viagem de fim de semana, meu tio resolveu voltar ( não lembro o porque. Mas nem vem ao caso…) Ao chegar em casa a surpresa: A empregada e o namoradinho em plena cena de lua de mel. Banho de banheira e o escambau! Hahahaha. “Quando os gatos saem…”
– Das burras tem a empregada estilo “Solineuza” da minha tia Mariza. Essa era tão energúmena que um dia tava cozinhando quando tocou a musiquinha do gás. MInha tia pede pra ela ir lá fora ver se o gás era o Supergasbrás. Vai a empregada e volta.
” Dona Mariza, não é Supergasbrás não. è uma tal de INFLAMÁVEL!”
Tosco, né? Parece piada, mas é real. Essa mesma figura um dia ao ouvir o carro da funerária anunciando o falecimento de alguém da cidade ( no interior é assim. Morre alguém passa o carro de som: ” Comuicamos com pesar o falecimento de seu Fulano de tal. A família enlutada agradece aos que comparecerem…“) A empregada vira toda séria pra minha Tia e comenta com ar teatralmente triste:
” Dona Mariza, eu tenho uma pena dessa tal família enlutada… Deve ser uma sina, né? Todo dia morre um dessa família.”
Não tenho certeza se era essa, mesma mas a tia Mariza teve uma empregada que só figura aqui porque tinha um filho com nome bizarro e apelido pior:
Nome: Democracino. Apelido: Moquinha.
Tem também a Geraldina. Empregada da minha vó. Mas a Geraldina merece um post só pra ela. É uma pessoa maravilhosa. Íntegra. A relação da Geraldina na minha família transcendeu há muito as questões do plano material. Todos nós sabemos disso. È uma pessoa evoluída. Um espírito de luz. A Geraldina terá um post só pra ela e para os fenômenos que a cercam em breve. Mas só pra marar um detalhe: Ela está na família desde que minha mãe era criança. Já teve propostas pra trabalhar menos, ganhar o dobro e não aceitou. A ligação dela é kármica com a minha avó. Se você não é espírita, não entenderá direito isso. Ela chefia os trabalhos em um centro espírita kardecista. Você sente a aura dela só de passar perto. Foda o troço.
Bom, empregadas domésticas são pessoas como eu e você. as que listei aqui estão aqui não por serem domésticas, nem por desrespeito a esta classe de trabalhadoras que dão muito duro pra ganhar muito pouco e são vítimas do sistema safado e opressor de classes do nosso país. Meu mais profundo respeito por estas pessoas sem as quais nossa vida seria muito difícil. Mas como em todos os trabalhos, há sempre as figuras e as malucas, as burras e as puras. As ingênuas e as safadas. As bonitas e feias.
Até o próximo post.