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Stefan Ossowiecki – o paranormal que chocou o mundo

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Na história da parapsicologia constam varios nomes, e relatos de proezas verdadeiramente fantásticas. Agora, aqui está um cara que “chutou o ´pau da barraca” em termos de paranormalidade.

Stefan Ossowiecki

Ossowiecki nasceu em 22 ou 26 de agosto de 1877 e foi um sensitivo polonês dotado de uma percepção extra-sensorial (PES) poderosíssima. Ele ficou conhecido mundialmente como um “médium”, mas embora fizesse tudo o que um excelente médium espírita faz,  nunca tenha sustentado ser um “canal” para comunicação de entidades desencarnadas.

M. Stefan Ossowiecki nasceu em 1877 em Moscou, de pai e mãe poloneses. em uma família abastada de antigos aristocratas poloneses. Seu pai, nascido em Moscou, dono de uma grande fábrica de produtos químicos e assistente de Dmitri Mendeleyev , agarrou-se à sua herança polonesa e ensinou seu filho a falar polonês e a pensar em si mesmo como um polonês. Ele herdaria a herança dessa família, vivendo como um homem rico industrial, dono de uma fabrica de tintas, por boa parte de sua vida adulta.

Sua avó paterna era célebre, na família e entre os vizinhos, por seus dons de clarividência. Sua mãe apresentava as mesmas faculdades, conquanto menos desenvolvidas (pressentimentos, premonições). Um de seus irmãos também possuía dons de lucidez intrigantes, o que levantou em muitos investigadores a hipótese de algum componente genético na paranormalidade.

Desde a sua mais tenra infância, Stefan notou que tinha a faculdade de ler pensamentos.

Ele distraía-se com os amiguinhos adivinhando frases ou números pensados por eles, ainda numa fase em que os seus poderes eram somente uma brincadeira infantil ingênua. Ele mesmo não sabia explicar como fazia aquilo.

Visão de Aura

Dizem que Stefan Ossowiecki manifestou talentos psíquicos em sua juventude, para grande confusão de sua família. Quando o jovem Stefan disse à mãe que conseguia ver faixas coloridas ao redor das pessoas, ela o levou a um oftalmologista, que prescreveu colírios para curar a condição. O medicamento “irritou meus olhos, mas não diminuiu minha capacidade”, Ossowiecki relatou mais tarde.

Quando jovem, Ossowiecki foi matriculado na prestigiosa Universidade Politécnica de São Petersburgo , onde foi treinado na profissão de seu pai, engenharia química. Foi durante esse período que o jovem Ossowiecki supostamente demonstrou uma habilidade de executar psicocinese (mover objetos por força mental).

Poderes nas provas

Os seus dons de clarividência manifestaram-se espontaneamente. Um dos meios de avaliação mais usados na escola consistia em fazer cada aluno tirar ao acaso as questões de que deveria tratar e que se achavam dentro de envelopes fechados.

Ossowiecki – para espanto de colegas e dos professores – divertia-se em responder às perguntas sem nem mesmo abrir o envelope.

Só após responder a pergunta, ele abria o envelope e o professor constatava chocado, qual era a pergunta ao qual o jovem respondeu. (se não me falha a memória, chuparam esse pequeno detalhe no filme A profecia, com o jovem Damien – o anticristo,  respondendo as perguntas antes mesmo que fossem formuladas pelos professores)

Mas filme é filme, e Ossowiecki estava fazendo isso aqui no mundo real.

Suas respostas eram certas e exatas, relacionando-se sempre com a pergunta escrita.

Após o curso no Instituto de Engenharia, Ossowiecki fez um estágio em Frankfurt do Meno como engenheiro duma grande fábrica de tintas.

O dom, que ele possuía desde estudante, de ler bilhetes fechados em envelopes, se desenvolveu a partir dos trinta e cinco anos de idade.

Gradualmente, essa faculdade de lucidez se mostrou mais acentuada ainda no que dizia respeito ao desvendamento da personalidade humana do que no que à leitura dum texto secreto aleatório.

O poder do cara era incrível. Muitas, senão todas as pessoas postas na sua presença não conseguiam ter segredo para Ossowiecki, que não raro penetrava em seus pensamentos mais íntimos, detalhando-os como num livro aberto o presente, o passado e mesmo o futuro!
Além disso, Ossowiecki conseguia encontrar objetos perdidos e até roubados! Posto em contato com a pessoa que perdeu um objeto, ele conseguia, após alguns minutos de concentração mental, dizer onde se encontrava o objeto, em que condições ele foi perdido, descrever quem o achou ou mesmo quem roubou.
fonte: (Geley. Ectoplasrnie et Clairvoyance Apud Tocquet. Les Pouvoirs Secrets de l’Homme. Ed. Port. Os Poderes Secretos do Homem. Editora Ibrasa, 1967).

Ossowiecki foi estudado em 1923 pelo Dr. Geley no Instituto Metapsíquico Internacional, onde leu com a maior facilidade escritos escondidos e reproduziu desenhos que se achavam dentro de envelopes. Além disso, revelou a algumas pessoas (que lá se encontravam com o Dr. Geley) o passado, o presente e o futuro das mesmas. Algumas delas ficaram literalmente estupefatas e mesmo aterrorizadas com as revelações que lhes fez o paranormal.

Interrogado sobre as condições em que as suas faculdades se exerciam, Ossowiecki declarou logo de início que no estado normal era incapaz de realizar uma vidência, os seus poderes só se manifestavam em um estado de transe autoinduzido, estado esse que ele só podia manter durante um tempo relativamente curto, mas que obtinha mais ou menos com certa facilidade segundo as suas disposições.

Tornava-se obstáculo a esse dom tudo quanto o excitasse ou interferisse no seu pensamento consciente: preocupações, aborrecimentos, presença de pessoas hostis ou apenas céticas.

Ossowiecki em casa, 1932

“Para entrar em transe”, explicou, Ossowiecki:

“primeiro declaro a mim mesmo que preciso chegar a tanto; depois me esforço para não pensar em mais nada, e espero. Espero durante alguns minutos, um quarto de hora, ou mesmo cerca de meia hora. Acontece às vezes eu esperar em vão, o transe não vindo. Quando ele vai produzir-se sinto a minha cabeça ficar quente, muito quente. As minhas mãos esfriam. Então sei que vou ser possuído pelas minhas faculdades. Daí a pouco vou perdendo a consciência de tudo quanto me rodeia, e vejo, ouço, sinto e digo o que me foi pedido para revelar.”

Nessa fase do transe, Ossowiecki ficava com o rosto cor de púrpura, e o seu pulso ia de 90 a 100 por minuto, indicando que o estado de transe produzia reflexos diretos em seu estado físico.
Em geral as suas informações paranormais se apresentavam sob a forma de alucinações visuais. Quando ele devia, por exemplo, detectar uma frase escrita, tinha a impressão de vê-la na sua frente e a lia como se a tivesse mesmo diante dos olhos. Às vezes, a alucinação era auditiva. Ossowiecki ouvia a frase em sua mente. Outras vezes também, uma impulsão verbomotora o fazia pronunciar a frase de modo inconsciente – sem sequer compreender o que estava dizendo.  

Ele deu notável evidência de clarividência ao Professor Charles Richet, Dr. Gustave Geley, e muitos outros cientistas, ao ler o conteúdo de cartas seladas o qual, em muitos casos, era desconhecido para os experimentadores. Para Geley ele leu o conteúdo de uma carta como publicado em (Fodor e Lodge. Encyclopedia of Psychic Science, 1952):

Ossowiecki: “estou num jardim zoológico; uma briga prossegue, um animal grande, um elefante. Ele não está na água? Eu vejo sua tromba à medida que ele nada. Eu vejo sangue”.
Geley: “bom, mas isso não é tudo.”
Ossowiecki:“espere, ele não está ferido em sua tromba?”
Geley: “muito bom. Havia uma luta”.
Ossowiecki: “sim, com um crocodilo.”

A sentença que Geley havia escrito antes era “um elefante nadando no Ganges [rio no norte da Índia] foi atacado por um crocodilo que o mordeu em sua tromba”

Em outra experiência por Richet e Geley, escreveram num bilhete fechado em envelope opaco, a frase de Pascal: “O homem é apenas um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante”

Ossowiecki:“refere-se à humanidade, ou melhor, ao homem… É uma criatura, a mais bruta… É um provérbio… São idéias de um dos homens mais importantes do passado… Eu diria que Pascal… O homem é fraco; um caniço fraco, mas… fraqueza… e também o caniço mais pensante”.

Conforme publicado em  (Sudre. Traité de parapsychologie. Ver. Port. Tratado de Parapsicologia. Editora Zahar, 1966).

 O paciente identificou, assim, um retrato do Marechal Pilsudski, que fora colocado num espesso tubo de chumbo, e o descreveu exatamente com suas particularidades.

 Em outra experiência, a famosa atriz Sarah Bernhardt escrevera: “a vida nos parece bela porque a sabemos efêmera!”

Ossowiecki: “A vida parece humilde”.

Nesse caso, o paranormal aparentemente não pôde ler “efêmera”, porque não conhecia o sentido francês do termo; mas declarou que era uma palavra de sete letras. Percebeu, enfim, o ponto de exclamação final.


Dr. E. J. Dingwall, era famoso pela eficácia com que executava suas pesquisas. Quando esteve só, escreveu ao topo de uma folha de papel as palavras: “Les vignobles du Rhin, de la Moselle et de la Bourgogne donnent un vis excellent”. (os vinhedos do Reno, de Moselle e da Borgonha produzem excelentes vinhos).

Na parte inferior da folha, fez um desenho bastante irregular com a intenção de dar a ideia de uma garrafa sem que na realidade o fosse

O caso foi publicado em (Heywood. The Sixth Sense. Ver. Port. O Sexto SentidoUma Investigação da Percepção Extra-Sensorial, ed. Pensamento, 1993).

Ele então colocou a folha dobrada num envelope vermelho e opaco. Este foi introduzido num outro envelope preto, igualmente opaco, que pôr sua vez foi colocado em outro de papel marrom, o qual ele selou. Por fim perfurou-os em quatro lugares.

Este pacote, juntamente com dois envelopes brancos de outras pessoas, foram entregues de uma só vez a Ossowiecki, em plena claridade, e em presença do Dr. Von Schrenck-Notzing e outros observadores treinados, e ele fez comentários sobre todos os três, que foram confirmados como corretos. Alguns dos comentários a respeito do envelope do Dr. Dingwall publicados em (Dingwall. E. J. An Experiment With The Polish Médium. Journal of the Society for Psychical Research, Vol. 21, 1923-1924), foram os seguintes:

Ossowiecki: “eu sinto um restaurante… O Hotel de l’Europe … isso não foi você (designando o Dr. von Schrenck-Notzing) quem escreveu. É outro homem que eu poderia ser capaz de descrever…. A carta que eu estou segurando tem vários envelopes… Isso é e não é uma carta… eu vejo algo esverdeado, num cartão (num pacote)… São as outras cartas [as duas de envelopes brancos] que vieram do Hotel de l’Europe. … Eu vejo um estranho de 34 a 35 anos de idade. Ele está falando algo e é um pouco forte. Você falou com ele… A carta que eu estou segurando foi preparada para mim… eu não posso entender… eu vejo vermelho… algo vermelho… cores… uma senhora de um lado… [longa pausa] Eu não sei por que eu vejo uma pequena garrafa… você tem um belo escritório; muitos retratos velhos; cadeiras acolchoadas em couro, com muita madeira no aposento… o escritório está um pouco escuro … este não é o homem que eu acabei de ver, o forte, o qual descrevi na carta que eu estou segurando… não sei porque vejo uma pequena garrafa… Há um desenho feito por um homem que não é artista… algo vermelho com esta garrafa… Sem dúvida há um segundo envelope… Há um quadrado desenhado no canto do papel. A garrafa está muito mal desenhada. Eu a vejo! eu a vejo.’ Eu a vejo! eu a vejo! no canto do outro lado. Há algo escrito também no centro, na parte de trás”.

Nesta conjuntura Ossowiecki foi solicitado a entrar na sala de jantar para a refeição. O psíquico, ainda segurando o envelope, manchou-o ligeiramente enquanto comia uma sardinha. Ele continuou a falar:

Ossowiecki: “eu vejo um homem que se assemelha a Sr. Vett. É ele que me escreveu uma das duas cartas brancas. Uma das duas é dele. A outra é do forte cavalheiro que já descrevi”.

Dr. von Schrenck-Notzing então aproveitou a oportunidade para informar aos presentes que isto estava correto. Uma das cartas foi preparada pelo Sr. Vett e a outra pelo Sr. Neumann, que é pequeno e bastante robusto. O médium então continuou:

Ossowiecki: “existe alguma outra coisa: algo branco e no meio… eu antes vejo o ano, existe uma data ou o nome da cidade… Isso é mais feminino do que feito por uma mão masculina”.

Posteriormente o Dr. von Schrenck-Notzing perguntou em que língua as palavras estavam escritas e o sensitivo respondeu:

Ossowiecki: “em francês. A garrafa está ligeiramente inclinada para um lado. Não tem rolha. Foi feita com vários traços finos. Primeiramente há um envelope marrom externo; em seguida, um envelope esverdeado e depois um vermelho. Dentro se encontra uma folha de papel branco, dobrada ao meio, na qual está o desenho. Está escrito numa folha avulsa”.

Em seguida, o Dr. Dingwall abriu o pacote, na presença dos outros pesquisadores, e salientou que havia tomado precauções contra adulterações, apesar do fato de que não houve oportunidade para que isso acontecesse. Seu comentário foi de que o caráter supranormal do incidente pareceu bastante decisivo e de que na sua opinião poderia excluir-se completamente a hipótese de coincidência.

Tinta invisível

Em uma das experiências mais curiosas, Geley escreveu uma sentença complexa usando tinta invisível, uma artimanha reconhecida por Ossowiecki bem antes de uma prolongada experiência. De uma só vez, Ossowiecki forneceu muitos detalhes acerca da preparação do material.

Ossowiecki: “você foi interrompido enquanto estava preparando a experiência; eu vejo que você deixa seu escritório, então volta…. Eu vejo os movimentos que você fez para escrever isto… mas eu não posso conseguir ver o que está escrito…. Você copiou isto, depois de ter hesitado um momento, de um livro ao seu alcance manual”.

Depois de fazer estas observações, Ossowiecki conseguia dar uma boa descrição do material, entretanto ele não podia reproduzir o teor, até Geley convertê-lo a uma escrita visível.

Esse experimento muito interessante apontou que por um lado, isso pode parecer ser ainda mais um indicador de clarividência; por outro, a explicação poderia ser que, uma vez que o agente tenha feito um registro escrito, o material entra em um nível acessível de sua mente, do qual poderia ser telepaticamente extraído substancialmente da mesma forma que um registro escrito.

Ossowiecki também achava difícil de decifrar material impresso ou mecanografado onde um esforço semelhante não tinha sido exercido para a escrita (Barrington. The Mediumship of Stefan Ossowiecki, Research in Parapsychology, 1982, p. 72-75).

Neste gigantesco alcance de percepção extra-sensorial (PES), Barrington afirma que nem um conceito mais estendido de clarividência pode responder por outra característica das faculdades de Ossowiecki, i.e, sua capacidade em descrever a pessoa que produziu o alvo material (Barrington. Idem. Ibid).

Esta amplitude vai além da mera descrição física. Sobre um assistente ele não disse apenas que era “uma mulher de 30-35 anos, alta, escura, distinta e inteligente”, mas também que ela tinha sido divorciada e que agora estava casada com um doutor, informações que não podem ser prontamente atribuídas a “simples” observação clarividente mesmo quando combinada com psicometria.

Um dos costumes mais característicos de Ossowiecki ao procurar pelo material alvo era descrever a cena do lugar e o tempo em que aquilo foi preparado, fornecendo informações mas precisas sobre pessoas, ações e ambiente. Alguns exemplos já foram citados. Numa ocasião, quando o material alvo estava numa caixa e embrulhado em bolas de algodão, Ossowiecki se referiu à substância branca, e disse que viu uma senhora (esposa do Prof. Szmurlo) comprando-a na farmácia Marzsalkowska Street.

Quando ele recebia um elemento fotográfico inacabado como alvo (uma tarefa que ele achava difícil) dava uma boa descrição do fotógrafo, de outra pessoa que entrou no aposento e saiu novamente, do estúdio, e da hora do dia em que as fotografias foram tiradas. Parecia como se ele estivesse reexecutando um gravador de vídeo sobre o evento em questão, correndo de um lado para outro até que pudesse observar o material alvo desde o início.

A atitude em mente sobre a importância para Ossowiecki segurar ou tocar um envelope, uma caixa, ou outro recipiente poderia ser considerada como uma forma de psicometria retrocognitiva, não exigindo nenhuma leitura mental nem uma capacidade para “ver” através de coberturas externas.

No lugar de conceber este processo como um retorno no tempo, isso pode ser mais realista ao devolver a descartada noção de telepatia, e considerar as excursões de Ossowiecki no passado como a leitura de uma mente comum, uma tarefa em que ele era ajudado pelo contato com as pessoas que originalmente contribuíram para o material alvo de forma geral (Barrington, idem. Ibid).

O ganhador do prêmio Nobel Charles Richet escreveria em seu livro Our Sixth Sense :

“SE ALGUMA DÚVIDA SOBRE O SEXTO SENTIDO PERMANECER… ESSA DÚVIDA SERÁ DISSIPADA PELA SOMA TOTAL DOS EXPERIMENTOS FEITOS POR GELEY, POR MIM E POR OUTROS COM STEFAN OSSOWIECKI.”

Mas obviamente, Ossowiecki foi questionado por céticos, que mesmo sem poder explicar como ele conseguia saber tanto sobre os experimentos realizados, apenas apontaram a falta de uma metodologia científica nas investigações.

Um dos argumentos contra seus poderes veio de sua incapacidade de resolver o “Enigma” nazista em 1927-28, depois que as forças armadas alemãs começaram a usar a máquina de cifra Enigma em 1926 , o Gabinete de Cifras do Estado-Maior Polonês , em Varsóvia , tentou resolver a máquina com a ajuda de matemáticos renomados e recorrendo à parapsicologia , mas nem mesmo Stefan Ossowiecki conseguiu ajudar.

Outros argumentos dão conta que Ossowiecki  também fez previsões erradas.

O etnólogo Stanislaw Poniatowski testou as habilidades psíquicas de Ossowiecki entre 1937 e 1941, dando-lhe artefatos de pedra paleolíticos. Quando Ossowiecki tentou descrever os fabricantes de ferramentas de pedra, suas descrições se assemelhavam às descrições dos neandertais, embora as ferramentas tivessem sido feitas por humanos anatomicamente modernos.

Em Maio de 1939, ele previu que não haveria guerra naquele ano e que a Polónia manteria boas relações com a Itália — previsões que não se concretizaram: em 1 de Setembro de 1939, os alemães invadiram a Polónia e começou a Segunda Guerra Mundial.

Aliás, Ossowiecki disse aos amigos que quando morresse, seu corpo não seria encontrado.

Ele provavelmente foi morto pela Gestapo durante a Revolta de Varsóvia , em 5 de agosto de 1944, no prédio da antiga Inspetoria Chefe Polonesa das Forças Armadas na Aleje Ujazdowskie ( Avenida Ujazdów ). Ele tem um cenotáfio no Cemitério Powązki de Varsóvia.

Seu corpo nunca foi encontrado.

As capas incríveis da revista Eerie

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Ao preço de apenas dez centavos de dólar, a revista Errie foi uma das milhares de publicações que faziam a cabeça dos jovens nos anos 60. Essa era uma revista de quadrinhos, publicada com miolo majoritariamente em preto e branco.

Embora fosse menos conhecida, ela era mais refinada do que a líder do setor, e com o sucesso, a empresa chegou a ser sediada na 5a avenida, na cidade de Nova York. Ela foi um dos vários empreendimentos editoriais relacionados administrados pelo artista de histórias em quadrinhos e empresário de revistas dos anos 1970 Myron Fass.

Os títulos publicados durante seus 15 anos de operação incluíram Weird , Horror Tales , Terror Tales , Tales from the Tomb , Tales of Voodoo e Witches’ Tales .

Novo material foi misturado com reimpressões de histórias em quadrinhos de terror pré- Comics Code dos anos 1950. Os créditos de escritor e artista raramente apareciam na época.

Todas essas revistas apresentavam capas coloridas sensacionalistas e sem anúncios, tendo a página final de uma história na contracapa.

A primeira capa da Eerie

Embora sua primeira capa possa ser considerada bem medíocre, com o tempo artes melhores apareceram nas capas, tornando a revista altamente colecionável, com nomes famosos vendendo suas artes, como o Frazetta e o Richard Corben.

Aqui neste post veremos uma pequena seleção das capas mais legais da Eerie Comics:

 

Gripado

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Peguei uma gripe brabíssima do meu sogro. Rapaz, pensa num camarada que está moído. Eu tô há mais de cinco dias em um estado deplorável de gripe. Doentão mesmo! E olha que tomei a vacina dessa merda. Todo ano eu tomo.
Anteontem tossi até vomitar.
Chego a me questionar se não é o covid voltando com força total por aí.  Não lembro de ter ficado gripado nesse grau faz tempo.
Pior que isso periga atrasar minha próxima cirurgia pra explodir duas pedras no rim.
Se cuidem. Essa gripe ta braba mesmo rodando por ai.
Lave as mãos.

Estou aproveitando esse tempo de molho para ver a serie “The office”. Estou gostando bastante. O estilo dela com uma câmera só no estilo de reality shows é estranho mas logo a gente se acostuma e fica legal.

Eu passei uma raiva (uma raiva do caralho, pra falar a verdade) com a Amazon Prime, onde eu estava vendo a série, porque os palhaços resolveram bloquear episódios, condicionando-os a assinar o canal universal. É cretino, é absurdo é aviltante que você assine um streaming e ele deliberadamente bloqueie episódios de uma serie que estava lá como aberta, para ganhar um por fora, te vendendo coisa dentro do bagulho que você já paga. Tenho ânsia de socar o executivo de merda que teve essa ideia linda. Até posso imaginar ele na reunião:


“Depois que o usuário começou a maratonar a série, estará preso nela, vamos botar lá na temporada três varios episódios travados, e eles terão que pagar um extra para poder continuar a ver a série que começaram!”
E todos aplaudem: “gênio” Gênio!”

O que eu fiz? Fui reclamar deles no facebook, desejando que todos que enfrentem esse tipo de picaretagem resolvam dar o fora de lá pra doer bem no bolso deles.  Depois, graças a um amigo, descobri que no Netflix tem a mesma serie, mudei de streaming. Parabéns Amazon e seu Capetalismo.

Nesse meio tempo, muita coisa acontecendo, tentativa de matar o Trump, teorias da conspiração a 200km/h.

E eu só quero conseguir parar de tossir.

O dia da minha quase-morte

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Eu não queria acordar. A verdade é essa.

Mas Murilo estava – como sempre – muito animado e ansioso.

Ele ficava andando pelo quarto repetindo: “É hoje, é hoje…” e esfregando as mãos de um jeito patético.
Era o dia do tão aguardado piquenique dos amigos.
Tivemos um longo processo de definição do melhor dia. Ficou combinado que seria no feriado de São Sebastião, que era dia do padroeiro da cidade e ninguém teria aula.
Desci pra tomar café e vi Murilo se empanturrando de dois pães com queijo. Nossa mãe, satisfeita, socava manteiga no segundo pão, enquanto ele já terminava de fagocitar o primeiro.
Poucas coisas deixavam nossa mãe tão feliz que ver a gente comer.

— Tu ainda tá de pijama? — Ele perguntou de boca cheia.
Me arrastei quase que literalmente até a mesa. Na noite anterior eu tinha ficado até tarde lendo o livro que a professora de literatura mandou. No início eu estava achando um saco, mas depois a leitura engrenou, e eu não podia mais parar.

Só parei de ler quando vencido pelo cansaço, me dei conta de que meus olhos só pulavam de palavra em palavra e os nomes dos personagens mais nada significavam pra mim. Cenas e ambientes do livro já se misturavam com meus sonhos estranhos.

Em silêncio, coloquei café com leite na xícar . A voz da mamãe era estridente de manhã e isso me incomodava terrivelmente, mas não tanto quanto a rádio da cidade, que ela ouvia em alto volume, sempre pelas seis da manhã, e era o nosso despertador.

Ela praguejava sobre os feriados e sobre ela mesma não ter direito a folga. Mamãe costurava pra fora numa pequena oficina no andar de baixo da nossa casa. Ela  sustentava a casa com as costuras. Mamãe era muito boa e muito requisitada pelas madames da cidade, principalmente pela mãe do Elvis, que todo mês deixava uma bela grana lá em casa com os ajustes dos vestidos e encomendas de mais e mais vestidos de festas.

“Rico vive de festa em festa”, era o que mamãe sempre dizia. Foi meio que aí que eu achei que seria uma boa ser um rico também.

Mamãe estava agora me estendendo um pão e falando um monte de coisas sobre cuidados, comportamentos e recomendações diversas. Até pra prestar atenção em galho de planta por conter taturana.
Ela já havia feito um interrogatório completo, e para falar a verdade, ela era tão boa de arrancar confissões indesejáveis que se não fosse grande costureira, daria uma ótima policial.

Naquela altura do café da manhã, mamãe já sabia que íamos na Ilha do Pelado, sabia quem ia, quem eram os pais mães e avós de cada um que ia, o que iam comer, que horas íamos voltar…

Dadas todas as milhares de recomendações e alertas, prometemos nos comportar. Murilo foi até a cozinha fazer uma revisão da nossa sacola. Ali estavam frutas uns sanduíches que a mãe deixou pra gente, garrafinhas com suco, copinhos de plástico e tido mais.
Eu fui lá em cima vestir meu calção de nadar, colocar por cima a bermuda e uma camiseta.  A mãe ainda insistiu para que pegássemos um casaco cada um para caso o tempo mudasse. Olhei lá fora: Estava um sol de rachar o coco às oito da manhã.

— Imagina como vai estar ao meio dia! — Exclamou Murilo pegando a bolsa.

Fomos para o portão com nossa mãe. Minutos depois, passou o carro do pai do Elvis com o motorista. O motorista encostou o carro, desceu, abriu o porta-malas e colocamos nossas bolsas. Da porta, vi lá dentro um monte de gente.  Já estava a maior cantoria, o maior fuzuê. Tocava a fita do Leandro e Leonardo.
Alguém tinha uma bola amarela enorme dentro do carro.  Beijamos a mãe e entramos na bagunça.
Fomos nos apertando lá atrás do Del Rey Guia branco.
O motorista acenou pra mamãe e seguimos na direção do rio.

A Ilha do Pelado era uma ilha que ficava bem no meio do rio que cortava a cidade. E já chegando na margem, vimos o “filhadaputa-móvel” como passamos a chamar o carro do Guico. Tinha mais alguns outros carros perto, num estacionamento improvisado num terreno ali do lado do rio que era usado de pasto pra cavalo e campo de futebol.
Assim que saí do carro, vi algumas das meninas atravessando o caminho das pedras, que levava até a ilha. Por sorte o rio estava baixo, já fazia semanas que não chovia, e as pedras estavam bem à mostra, tornando o acesso à ilha mais fácil.

Descemos pelas pedras na mesma ordem que saímos do carro. Eu, Murilo, Orelha, Ailton e o Elvis que estava sentado na frente com o seu Tião, o motorista. O Tião era um senhor idoso muito simpático, com um bigodão branco que cobria completamente sua boca e contrastava com sua careca. Apesar dele ser simpático com a gente, rolavam boatos que ele era um matador que o pai do Elvis tinha contratado, mas essas coisas eram essas fofocas de colégio, provavelmente mentiras.

Ele veio atrás, levando as duas bolsas de comida do Elvis.

Quando chegamos na ilha em meio a enormes e frondosas arvores que nos provinham boa sobra, vimos as toalhas espalhadas. O Marcelo Gordo já estava lá, puxando o saco do Guico e colocando fitas cassete de rock num enorme rádio 3 em 1 que era um sucesso, cheio de reloginhos, e equipado com equalizadores analógicos e duplo tape decks!

Havia perto de uma das árvores uma toalha rosa, com um verdadeiro banquete, com tudo que você puder imaginar de comer: Bolos, salgadinhos pasteis… Em volta, umas sete meninas, todas lindas.
Olhei ao redor e vi os outros caras, Girlênio estava brincando de fazer embaixadinhas com uma bola e ainda estava chegando gente. Percebi que nosso piquenique que sempre fora um evento do nosso grupo estava gradualmente se tornando um evento social da cidade, porque cada ano alguém que ia chamava mais dois amigos, e então começou que o negócio parecia que ia sair do controle. Mas o melhor de tudo é que não tinha nenhum adulto! Era só a gente mesmo. Os mais velhos ali deviam ser o Guico e o Girlênio. Seu Tião sumiu rápido. Ele voltou no carro pegou uma caixa de pesca e adentrou a mata, procurando lá pra cima na ilha, um lugar longe e silencioso para tentar pescar um piau.

Entre as pessoas que estavam chegando, lá estava ela A Suzana. Ela veio com as sobrinhas do Eustáquio Schneider, o contador. Ela apenas me olhou de longe e eu não consegui manter meu olhar na direção dela. Baixei a cabeça. Ela foi até o Guico e abraçou meus amigos.  Foi bem ridículo, porque o Marcelo Gordo ficou olhando pra mim com os olhos arregalados tipo: –“Olha aí a tua mina, mané”!

Logo me distraí dos meus problemas afetivos quando o Juninho começou a distribuir salgadinhos e nos jogamos ao redor da toalha muito bonita da mãe do Elvis. Contávamos piadas, rimos, e fomos jogar bola. As meninas estavam ensaiando um jogo de vôlei, e logo, Juninho adentrou o grupo delas, criando um “meninos versus meninas”.

Eles me chamaram para jogar. Durei duas partidas e saí, cansado. Estava um calor que parecia até as fornalhas do inferno na ilha. Deve ser por isso que ela chamava ilha do Pelado. A vontade era de ficar peladão mesmo.

Confesso que a ideia do nosso tradicional piquenique, outrora intimista, ter caído na boca do povo era legal. Tinham várias garotas novas por ali que eu estava olhando. Tocava música e também pintou muito mais comida do que em todas as vezes passadas somadas.

Notei Guico, Elvis, Juninho e Marcelo Gordo cochichando lá perto do radio. Eu não ia com a cara daquele arrombado do Guico, mas meus amigos, meu povo, estava quase todo lá e então achei que era tranquilo eu me aproximar…
Quando cheguei perto, eles pararam de falar e ficou claro pra mim que estavam falando de mim.

Aquilo me deixou bem puto.  Sentei perto de um saco de batatas fritas e fiquei ali comendo, na minha.

Girlênio apareceu com uma bola de futebol e chamou a galera para uma brincadeira. Eu não quis, estava puto. Devia estar com uma tromba horrorosa na cara, porque quase ninguém mais falava comigo.

De um jeito estranho, toda aquela felicidade generalizada do pessoal estava me incomodando. Fiquei pensando no Miro. Ele ia gostar de estar com a gente. Fiquei imaginando ele, jogando altinho com o Juninho, com o Murilo e Girlênio.

Senti algo na minha mão e puxei assustado, temendo ser uma aranha que saiu do mato, e vi que era Suzana. Ela tinha sentado do meu lado, um pouco atrás de mim, e tentara pegar na minha mão.

— Oi.  — Ela disse, meio sem graça. Minha vontade era de nem responder aquela traíra maldita, ou não, falar umas poucas e boas, mas também baixei os olhos e respondi pra dentro.

–Tubo bom?

–…

Ela nada disse e ficou ali, perto de mim, vendo os meninos. Acendeu um cigarro e ficou fumando.
Notei as outras garotas, todas olhavam pra eles também, e o altinho dos garotos havia virado subitamente uma atração do piquenique. Juninho estava se destacando com grandes movimentos acrobáticos, arrancando suspiros das meninas.  Guico havia se unido ao grupo, agora de bermuda e sem camisa, mostrando os músculos. Entendi naquela hora o grande interesse. O bonitão estava em jogo, elas desfrutavam da cena.

Comecei a me sentir envergonhado, de ficar ali, como uma menina também, olhando como elas os garotos se exibindo.

Estavam formados times, e depois que Girlênio riscou uma linha na areia, ficou como um tipo de futevôlei sem rede. Eles estavam jogando na batida da musica o que era muito legal. Até o Marcelo Gordo estava lá jogando.
Deitei na toalha e fiquei olhando a luz que filtrava por entre os pequenos espaços entre das folhas das árvores na ilha. A luz descia em pequenas linhas, que eram mais visíveis no “canto da fumaça”, uma das toalhas cheias de comida onde umas quatro meninas lá estavam fumando como chaminés.
Quase todo mundo fumava. A maioria sem os pais saberem, é claro. Eu e Murilo já tinhamos tentado fumar numa festa, mais para pagarmos de adultos, mas realmente, aquilo é tão ruim que não rolou pra nós.

O orelha chegou trazendo um garrafão gigante de vinho barato que todo mundo estava tomando.

— Servido?

Agradeci e enchi um caneco. Tomei de um gole só. Estava calor, eu estava com sede, e o vinho era ruim, então tomei logo tudo pra acabar.

— Ahhhhh… Soltei ao engolir.

— Quer um cigarro bicho? — Suzana ofereceu.

Recusei o cigarro dizendo que me dava bronquite. Era mentira, mas sempre colava.
Pensei em dizer a ela tudo que estava entalado na garganta. Que eu sabia que ela tinha me traído com o Guico. Eu sabia, todo mundo sabia. Mas eu não tive coragem. Eu fiquei fingindo que não me importava. Assim eu sairia “por cima”.

O jogo da galera tinha acabado e todos correram para a toalha e se sentaram ao redor das comidas. Agora a turma estava unida num enorme falatório, com gente pegando sanduíches, biscoitos, fatias de bolo, pipoca e tudo que é coisa que você puder imaginar. As meninas falavam alto e riam, o radio do Marcelo tocava um Stay do Oingo Boingo em alto volume.

Os meninos estavam suados, e brilhavam na luz do sol. As garotas estavam entregues aos salgadinhos, se empanturrando e conversando em varios grupinhos de três ou quatro, rindo e fofocando, e eventualmente lançando olhares para os garotos. A maioria deles, alheios completamente aos olhares, discutiam futebol e métricas olímpicas em esportes  diversos.

Subitamente, um grito atraiu minha atenção. Alguém achou uma preguiça numa árvore.
Todo mundo se levantou e logo a árvore estava cercada por uma turma de quase trinta pessoas, a maioria gritando “que fofinha!” e apontando para o animal, que calmamente, esticava sua garra para puxar umas folhas, sem dar a  menor pelota para nós.

Voltei para meu lugar na toalha e comecei a comer um sanduichinho feito pela mãe do Elvis – mais provavelmente por uma das empregadas.

Juninho estava dançando agarradinho com uma das meninas um forró. Moleque esperto pra caramba.

Girlênio encostou do meu lado. Cigarro na boca, jeito malandro.

— E aí? Falou com a Su?
— Falar o que? Deixa quieto. Estou na minha.
— Sei  lá, pô. Falar do vacilo dela, ué. Ela te chifrou com o Guico.
— Não sou marido nem dono dela, meu. Quer o que? Ela é livre, porra.
— Tá, mas foi vacilo. Tu sabe.
— Tô nem aí, Girlênio.
— Mas tu tá todo macambúzio aí por que então?
— Tava aqui… Pensando no Miro.

Girlênio emudeceu. Baforou o cigarro em silêncio. Eu tinha rompido nosso trato de não falar nele de novo. Mas eu não conseguia. Eu não conseguia parar de pensar no Miro no latão de óleo. E a mensagem, e a pegada no meu quarto…

— Ele tá melhor que nós, véio.

Girlênio às vezes parecia tão maduro, tão acima de todos nós… Ele tinha dezessete anos mas parecia ter trinta ali. Ele serviu o vinho do Orelha em dois copos e me estendeu um, dizendo:

— Vamos brindar o Miro, onde quer que ele esteja.
Concordei. Brindamos com copinhos de plástico e eu disse:

— Até hoje não entendi aquela carta.
— Meu, esquece isso. Não pensa nisso. Ó, deixa eu te falar uma parada…

Ali perto, os meninos estavam arrumando uma nova brincadeira, com uma corda, estavam fazendo cabo de guerra. Começaram a gritar chamando a gente.
Girlênio gritou que já íamos e que ia só fumar aquele cigarro.
Ele pegou mais um copo de vinho e disse:

— Naquela hora que você chegou perto do Marcelo, a gente parou de falar, tu viu?

— Claro. Estavam falando de mim!

— Baixa tua bola, mané. Nem tudo é sobre você!

— Então qual era o papo?

— Ailton vai fazer 17. Tá armando um lance aí. Estamos vendo quem vai.

— Hã?

— Nas primas. — Ele disse com um sorriso sacana.

— Nas primas? Na Parada Alegria?

— Isso, lá perto da rodoviária.

Eu era virgem, e aquilo me deu medo. Mas eu não tinha como evitar sem dar a chance de ser ridicularizado para sempre.

— Não tenho dinheiro.

— Calma, o pai do Ailton vai fechar a casa. É tudo por conta do Zenildo. Mas ele falou que só libera pra quem for maior de 15. Tu pode, mas Murilo não vai.

— Porra, a minha mãe marca em cima. Tu sabe. Sair sem ele vai ser impossível.

— Bom, a gente inventa um esquema. Pensa aí. A casa vai estar fechada pra nós. Zenildo falou que vai tratar tudo com a Dona Esmeralda. Vai ser na sexta-feira. Mas tem que ser boca de siri, pra não dar merda. Ailton falou que as prima vão estar a noite toda só de calcinha e sutiã. Só escolher uma e subir pro quarto.

— Mas tem que… Você sabe? — Eu perguntei batendo as costas de uma mão na outra.

— Só trepa quem quiser. Mas difícil é não querer. Já foi lá?

— Só ouvi falar.

— Cada gostosa que nossa senhora! O Guico já foi. Tava justamente contando como é quando você chegou.
— Hum… Vocês só babam o ovo desse pau no cu, hein?
— Olha, vai pensando. Não fala com o Murilinho.  Juninho vai, Orelha, eu Guico e Elvis.
— E o gordo?
— Gordo tá enchendo o saco querendo ir, mas ele ta abaixo de 15.
— Mas nós vamos barrar ele?
— Tu sabe, ele vai acabar indo. Talvez seja melhor levar o Marcelo, pra ele não espalhar essa porra e queimar a gente.  Marcelo é um saco quando resolve encher…

Nisso umas meninas vieram e nos puxaram para o cabo de guerra. Como o advento de uma mulher me puxar é um evento canônico irrecusável na vida, eu parei de falar sobre a excursão no puteiro e fui fazer força com ela.  No fim, nosso time ganhou.

Após o cabo de guerra, Juninho e orelha ficaram só de calção e pularam no rio. Havia um grande remanso, que com o rio vazio, havia formado um piscinão na lateral da ilha. O povo chamava de “poção”.
O pessoal estava mergulhando naquele fosso, que era bem profundo. Desde sempre a galera pulava ali, e nadava de uma ponta a outra.  As meninas entraram no cantinho e ficaram sobre as pedras. Umas pegando um bronze.

Agora sim  aquele piquenique estava se mostrando um grande evento! Fiquei admirando as garotas ao sol sobre as pedras, esticadas como lagartixas.  Já os meninos faziam algazarras e brincadeiras. Algumas poucas meninas, como a Suzana, se arriscavam numas braçadas e mergulhos.
Fiquei ali pegando um sol na carcaça. Estava gostoso.

Marcelo Gordo me deu um cutucão e balançou a cabeça apontando alguma coisa sem falar.

Era o Juninho – pra variar.  Ele já tinha se dado bem com uma garota com o qual eu vi ele dançar forró minutos antes. Estava aos beijos dentro d´água, com ela sentada numa das pedras.
Uma rodinha de garotas ria e conversava com Guico ali perto.

— Juninho é foda, véio.  — Disse Marcelo Gordo, sem tirar os olhos do casal. –Ele não perdoa. O que tem de baixinho…
— Ou, vê se disfarça, meu! Olha pro outro lado.

Não sei bem se foi por causa do Juninho pé-de-valsa que começou uma parada de a galera começar a formar casais no piquenique. Desde cedo já havia uma certa tensão sexual no ar, mas agora, tinha virado quase que um “liberou geral”.  Os meninos começaram a chegar nas meninas e alguns casais começaram a se formar.

A tarde já ia longe, estimei pelo sol que eram umas três e meia da tarde. Lá pelas cinco, estaríamos sendo expulsos pelos mosquitos, então, era meio que o fim de festa mesmo. Ficava umas duas horas para beijar na boca.

— Eita porra! Alá! — Disse o Marcelo gordo, virando o rosto.

Quando olhei, vi Suzana abraçada com o Guico. E estava às vistas de todos. Eu tinha rodado na minha namorada pra aquele carinha. Eles estavam se beijando também.

Para tentar disfarçar o gosto amargo na boca, tomei um pouco mais do vinho e mergulhei no poção.  Marcelo Gordo mergulhou também.
Eu, Orelha, Ailton, Murilo e o Marcelo Gordo estávamos avulsos. Nenhuma menina se interessou pela gente, e ficamos ali brincando no poço.
Nessa hora, acabou que fizemos uma brincadeira de atravessar o poço nadando e eu não sei bem como foi, talvez porque eu estava cheio de vinho na cabeça, talvez porque estava com o corpo quente pelo sol, começou a me dar uma câimbra brutal nas pernas bem no meio do poço e eu afundei feito uma pedra.

Eu afundei, não conseguia nem mexer as pernas, era como se algo me puxasse para o fundo escuro. E pior, ninguém nem notou.

Gradualmente fui perdendo as forças. Eu me debati debaixo d´água e em certo momento acho que não sabia mais onde era o lado para cima.
Estranhamente, eu não senti medo. Eu meio que me conformei. Era assim que eu ia morrer: no piquenique do aniversario da cidade.

Eu ia morrer afogado. Logo, nada mais faria sentido, e eu estaria entregue a uma leveza como nunca havia sentido antes. A escuridão fria engolfaria meu corpo e uma sensação de estar numa amplidão infinita me dominaria os sentidos.
Foi nessa hora que ouvi uma voz, dentro da minha cabeça, que falou o meu nome e depois me disse algo assim: “Não é a sua hora ainda”. E essa voz era do Miro.
Senti então uma mão puxando a minha perna. Era o Miro. O Miro estava lá no fundo escuro comigo. Era ele que estava me puxando para a escuridão.

Mas então, eu senti uma pancada forte, e lá longe comecei a ouvir uma confusão, uma gritaria que foi lentamente ficando mais e mais alta, e mais clara. Eram umas meninas gritando e senti uma pedra me cortar as costas com um arranhão forte. Eu não entendi nada, mas o arranhão estava ardendo pra cacete, e elas não paravam de gritar e alguém estava me sacudindo.
Abri os olhos e vi o tal do Guico empurrando meu peito. Eu estava em cima de umas pedras já na beira do Rio, e todo mundo em volta falando super alto. Umas meninas se abraçando outras chorando e eu mandei um:

— Mas que porra é essa, malandro? — E todo mundo caiu na gargalhada.

Elvis me contou que eu morri! Eu estava morto, mortinho da Silva. Murilo estava desesperado, e me abraçava forte. Pelo pânico do meu irmão foi que eu vi que tinha dado uma merda sinistra comigo.

— Eu o quê?  — Eu não lembrava direito o que tinha acontecido.

Girlênio disse que eu estive “do outro lado” por mais de três minutos.

— Tu tava mortão mesmo, cara! Pra valer!

Concluímos depois que eu estava bêbado e tive aquela cãibra. Se não fosse o Guico perceber e pular na água e nadar como um herói ate o fundo e me puxar de lá, eu estaria com certeza, morto. Agora eu devia minha vida pra aquele vagabundo.

Todos estavam o cumprimentando pelo heroísmo e coragem, de não apenas me tirar, mas me ressuscitar, com massagem cardíaca.
Eu olhei para o Murilo e somente pelos olhares sabíamos que a merda ainda estava pra acontecer. Logo aquilo ia se espalhar e ia chegar no ouvido da mamãe e aí, fudeu.

Minha quase morte decretou o fim precoce do grande piquenique dos amigos de 1989, e o pessoal começou a recolher a comidaria, as toalhas, o som, e tudo mais.
Eu ainda tossia e meu pulmão doía. Um puta arranhão nas minhas costas de ser puxado pelas pedras queimava como brasa.

— Você tá bem?  — Suzanna Perguntou, ainda abraçada com o Guico.

— Tô bem, valeu. Valeu. — Eu dizia, fazendo joinhas com os polegares erguidos para os dois. Mal queria olhar nos olhos deles. Eu sentia uma vergonha absurda.
Murilo me trouxe uma toalha e minhas roupas. Me ajudou a vestir, junto com o Elvis.

— Porra, tu e foda mermo… Só faz merda. — Eles diziam enquanto me ajudavam.

Eu obviamente, mandava eles se foderem. Estava só pensando em qual história eu ia inventar para nossa mãe. Assim que ela ficasse sabendo da cagada, ia proibir todo e qualquer evento desse tipo pra sempre.

Voltamos aos carros. Estava começando a escurecer. Os mosquitos estavam mesmo inclementes, como eu previra.
Nos despedimos correndo e entramos.

Enquanto o carro do pai do Elvis ia percorrendo as ruas, tocando uma fita do Leandro e Leonardo, o Murilo me olhou de um jeito serio.

— Você tá bem mesmo?

Então eu sussurrei pra ele que enquanto estive do outro lado, eu vi o Miro.

Murilo se arrepiou e limpou apressado com as costas da mão uma lágrima, e depois olhou fixamente pela janela.

 

 

Palavras têm poder?

2

Hoje pela manhã, como sempre faço, fiquei pensando na morte da bezerra. Normalmente o banho é onde largo meus neurônios soltos para fazer a merda que eles quiserem, é como um recreio.

Então fiquei lembrando de uma parada que eu li e acabei pensando se de fato palavras têm poder.

Palavras têm poder? 

A ideia de que palavras possam influir de alguma maneira ainda não compreendida no tecido do real é algo que você vai encontrar nos mais diversos lugares, e talvez seja uma das ideias mais disseminadas entre grupos humanos na Terra. Hoje basta um clique para encontrar cem mil coachees quânticos te dizendo para “vibrar na abundância” (algo que ativa minha quinta série) e toda sorte de que seu pensamento forma a realidade e suas palavras a edificam. Desde aquele negócio de “O segredo” que foi uma grande febre, até sermãos de padres católicos na missa, citando como verbalizar certas coisas as atraem. Você acha material falando disso em praticamente tudo que é escola iniciática.

Seja como for, a ideia de que palavras carregam algum tipo de poder de moldar a realidade talvez remontem a própria cosmogonia cristã. Lá na Bíblia é dito que Deus criou o mundo com a palavra (Hebreus 11:3).

Considerando que os que professam da religião acreditam que os seres humanos são feitos à imagem e semelhança de Deus, portanto seria de se imaginar que nossas palavras também têm poder.

Note que estou falando poder literal de mudar o real, no melhor estilo Matrix mesmo!
Não me refiro no poder da palavra influenciar pessoas e provocar o mal (ou o bem). É um fato incontestável que nossas palavras fazem mais do que transmitir informações; elas têm impacto direto nas pessoas.

Palavras podem influenciar pessoas a fazer o mal.

A minha dúvida reside justamente na capacidade da palavra falada, que é acima de tudo um construto mental complexo, convertida em fonemas e que viaja pelo ar em ondas sonoras influir no que chamamos de realidade.

Pra mim já está claro que o que consideramos realidade é mais complexo do que parece ser. Era previsível que assim fosse, porque se formos olhar bem de perto, essa é a regra nesse universo.

Tudo que olhamos mais de perto, se revela complexo, em ondas de complexidades que vão se sofisticando. Por isso que pessoas estúpidas, afeitas ao fenômeno Dunning Krueger tendem a pensar que “tudo é simples”.

Nada é simples nesse universo, e nossa luta para entendê-lo e assim, dominá-lo é inglória e eterna, edificando novas ideias sobre os escombros dos erros do passado. Assim caminha a humanidade.

Um milagre, no meu ponto de vista é algo que simplesmente seria impossível. Para muitas pessoas, pode ser difícil separar um milagre de uma ultra-gump-coincidência. Por exemplo, um cara sonha os números da loteria. Ele joga. As chances são de 1:50.000.000 Mas ele sonha, ele joga e ele ganha.  Ou um casal que joga em loterias diferentes no mesmo dia e os dois ganham em jogos diferentes no mesmo dia. Existem coincidências que parecem incríveis demais para ser o acaso. 

Mas isso pode ser considerado uma super coincidência, de fato. Mas uma pessoa sair voando por aí, ou estar em dois lugares ao mesmo tempo na frente de testemunhas, atravessar paredes, ou ainda o intestino de um cara acidentado literalmente crescer bem diante da comunidade cientifica atordoada (um caso realmente impressionante. Não lembro se já contei esse milagre aqui antes) aí estamos falando de um milagre, porque intestinos não crescem espontaneamente, e nem pessoas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo em condições comuns.

Mas ao longo de anos chafurdando as coisas mais estranhas e malucas do mundo para este blog, e após testemunhar o insólito diretamente, eu tenho certeza que milagres existem, e se milagres existem (não vou entrar na origem divina de milagre, não é essa a discussão) é porque o real pode efetivamente e concretamente sofrer perturbações que contrariem a lógica básica de construção dessa realidade.

Se nossa realidade for, como supõe muitos pensadores, um tipo extremamente avançado de simulação, seria perfeitamente possível que em certas situações esse código do real pudesse ser alterado através de algum mecanismos poderoso e desconhecido. Chamem de vontade, chamam de segredo, lei da atração, Deus, Alá ou qualquer divindade à sua escolha entre as dezenas de milhares que os humanos já cultuaram desde sempre.

A morte do Cazuza

Mas eu vou voltar ao meu banho e contar porque eu fiquei pensando isso com o sabonete na mão e a água pelando caindo na minha cabeça.
Eu estava lendo a biografia do Ney Matogrosso, e na pagina 320 Julio Maria, o autor, conta uma passagem muito peculiar ocorrida com o Cazuza.
Era o início dos anos 80 e havia começado a pipocar os primeiros casos de Aids por aí. Ainda chamavam ignorantemente de “câncer gay ou peste gay” na época. Em um certo dia, a mãe do Cazuza, que já estava desconfiada que ele estava namorando o Ney Matogrosso, o abordou diretamente, dizendo para que ele tomasse cuidado com o tal do câncer gay.  Cazuza, fez pouco caso do medo de Lucinha Araújo, alegando que não era promíscuo e saiu. Mas ele sabia que sim, ele era e participava de todas as irresponsabilidades autodestrutivas que conhecemos bem no meio do Rock.  Horas depois ele passou diante de um espelho. Ele foi até o espelho, olhou bem no fundo dos próprios olhos e disse as seguintes palavras:

Você vai morrer dessa maldita!

Quando Cazuza contou ao Ney que tinha feito isso diante do espelho levou um sermão do amigo. “Você não devia ter feito isso”. Ney acreditava piamente que as palavras e obviamente, o nosso pensamento têm poder.
Mas estava feito. Como sabemos, direta ou indiretamente causada pela sua própria irresponsabilidade, cazuza morreu de Aids, e como disse a Veja “agonizou em praça pública”.

O próprio Ney não sabe explicar porque motivos ele também não pegou aids e em diversas entrevistas já considerou que isso é um milagre.
Mas será que esse episódio do Cazuza revela o poder da palavra?

Outro caso intrigante que me lembro sobre o poder da palavra, é este video, onde o John Lennon diz com todas as letras que ele mesmo ia ser assassinado por um fã. Segundo o autor disse, esse destino foi dito a ele por um espírito. O fato é que Lennon também não levou a sério e leu a carta num documentário que faziam sobre ele.
Tempos depois foi assassinado por um fã, após dar um autografo ao mesmo.

Outro caso macabro que me lembro é do tecladista dos Mamonas que antes de embarcar no avião disse que sonhou que o avião ia cair. Caiu.

No dia 5 de setembro de 2001, o médium irlandês Zak Martin descreveu uma visão assustadora:

“NA ÚLTIMA SEMANA, TIVE UMA PREMONIÇÃO MUITO NÍTIDA DE UM AVIÃO – PARECIDO COM UMA AERONAVE COMERCIAL DE PASSAGEIROS – COLIDINDO NUM ARRANHA-CÉU E EXPLODINDO EM CHAMAS. ACHO QUE É NOS ESTADOS UNIDOS – POSSIVELMENTE CHICAGO”.

O relato de Martin foi enviado para o Registro de Premonições Psíquicas, uma entidade de parapsicologia do Reino Unido. Seis dias depois, não apenas um, mas dois aviões comerciais foram jogados contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. Como se sabe, ambos explodiram e cobriram de fogo e fumaça os prédios mais altos daquele país, que acabaram ruindo e virando uma pilha de vidro, concreto e aço.

Outro caso estranho envolvendo palavras de poder ocorreu na Inglaterra.

Neil Trotter, de 41 anos, de Coulsdon, disse ao pai: “Amanhã, a esta hora, serei um milionário!”
O pai dele riu e disse que ele era um idiota e devia parar de beber.
Porém, 24 horas depois, Neil ganhou mais de 107 milhões de euros na loteria EuroMillions.
Palavras podem ter poder ou tudo isso não passa do eterno fenômeno do viés de confirmação?
Eu não sei, mas é um bom tema para a mesa de bar. Eu tive que parar de pensar nisso, porque a conta de água ia vir muito cara e portanto, o post acaba aqui.
Mas e Você?  Acredita que palavras têm poder?

Um clipe musical 100% AI

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As coisas estão acelerando rápido como sempre foi no ramo da Ai. Hoje me deparei com este clipe musical 100% feito com Ai pelo Arata Fukoe.

Logo após publicar, já apareceu um retardado para dizer que não gostou pq tem “estética de Ai”.
Ora, ora, parece que temos um “xeroque romes” aqui, hein?
Parece IA, tem cara de IA e é IA.
Estamos na lua de mel tecnológica, isso ainda está como o 3d estava no tempo da abertura de O Rei do Gado. Ainda vai ser assim por um tempo. Depois virá a fase onde descobrirão que dá pra fazer o bolo com ingredientes normais e com a cobertura.
Mas por agora, estamos descobrindo a cobertura do bolo, e vai vir muito bolo que é glacê puro, porque é assim que o mundo funciona.
Eu não divido que as pessoas vão encher o saco disso rápido pelo excesso de uso. É parte do fluxo da novidade.
Há ainda os que criticam porque acham (redondamente errados) que fazer isso aqui é fácil. Reflexos do forte interesse da indústria de IA vender a ideia de que é muito fácil e qualquer um faz.
TB é parte do jogo. Fizeram isso com a impressão 3d anos atrás.
Fique com o clipe, que eu achei muito legal. (eu só tiraria aquela cena da cabeçona gigante que aquilo ficou escroto)

Lyric : ChatGPT
Music : sunoai
Video : Luma AI DreamMachine , Runway Gen3 , kling
Image : Midjourney , Stablediffusion
Edit : Photoshop, After Effects

Linha 3 do Metrô Rio

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Meu pai, como alguns leitores desse site sabem, é um engenheiro civil que passou a carreira toda trabalhando com engenharia ferroviária. Ele é também Ph.D. em transportes com ênfase em trens de levitação magnética, tendo feito seu pós doutorado na Alemanha. Ele também é o autor da patente do Maglev Cobra, aquele trenzinho que “voa” lá na UFRJ usando supercondutores para demonstrar a tecnologia de levitação para circuitos urbanos, de baixa velocidade, que nós construímos numa parceria com a UFRJ e o Instituto Nacional de Tecnologia, entre outros parceiros.

Recentemente, o meu pai me mandou sua ideia de projeto para a linha 3 do Metrô.

Sim, é aquele assunto que é parte da série de coisas que o carioca já não aguenta mais ver político falando e que eles desenterram (convenientemente), sempre perto das eleições, coincidência, né?

Eu não sei se você também curte o assunto do transporte urbano que ao meu ver é uma das grandes mazelas sociais dos centros urbanos hoje, e um problema nevrálgico com reflexos em violência – questões fundiárias – questões ambientais, problemas de natureza social como redução na qualidade de vida, produtividade geral, comprometimento do tempo das pessoas e etc.
Caso você tenha interesse nesse tipo de assunto, vou colar aqui esse estudo do meu pai.

A LINHA 3 do METRÔ RIO

Uma promessa de 150 anos, mas factível até 2026

 

 

 

  1. Introdução

 

Em 1875 o Imperador brasileiro D. Pedro II (1825-1891) tentou criar uma ferrovia tubular entre a Corte, na cidade do Rio de Janeiro e cidade de Niterói, então a capital da província do Rio de Janeiro.

O Imperador D. Pedro e sua ferrovia tubular de 1875

 

Em 1975, cem anos depois, o Metrô Rio, ainda com as suas duas linhas Linha #1 e Linha #2 em construção, projetou a Linha #3, para realizar o sonho do Imperador, aproveitando as linhas e a faixa de domínio da antiga Estrada de Ferro Leopoldina (Leopoldina Railway).

Em 30 de abril de 2016 o Metrô Rio inaugurou a Linha #4, de Copacabana até a Barra da Tijuca, enquanto a Linha #3, capaz de beneficiar cerca de 650 mil pessoas diariamente, continuava sendo um sonho irrealizável, por razões políticas, mas sobretudo tecnológicas.

 

Fig. 2 – Proposta da Linha #3 Norte (São Gonçalo) e Sul (Niterói)

 

            Não faz mais sentido repetir a proposta de 1975, de levar a LInha #3 até São Gonçalo, desconsiderando a concentração populacional na Região Oceânica de Niterói e Maricá, bem como manter a Ilha do Governador padecendo de uma ligação metroviária moderna.

Portanto, dois túneis submersos de 11 e 6 km são propostos, complementado por dois outros de 7 km cada.

 

Ao invés dos pesados carros de passageiro do metrô, com 3m de largura, propõe-se VLT (Veículo Leve sobre Trilho), de 2,5m de largura, porém Híbrido (ferroviário e maglev), capazes de circular em linha dupla em um túnel de 6,7m de diâmetro, com a mesma capacidade de passageiros/hora/sentido, em um trem com lotação confortável de 6 passageiros/m² mas de comprimento 20% superior.

 

O objetivo deste texto é propor um programa de trabalho, para elaborar um Estudo de Viabilidade e Projeto Básico de Engenharia, para ser apresentado ao Governo Federal do Brasil, de forma a incluir a implantação da Linha #3 proposta, no PAC 3 (Programa de Aceleração do Crescimento 3), até o final de 2025. Ao incorporar privilégios da patente BR 10 2022 005799-0 no artigo 74 da Lei nº 14.133/2021, será possível iniciar as obras pelo Metrô Rio no primeiro semestre de 2026.

 

  1. Atividades da Proposta de Trabalho

Fig. 3 – Programa de Trabalho dividido em duas partes: Viabilidade e Projeto Básico

 

2.1 Atividades da Análise de Viabilidade

 

2.1.1 –  Passengers Marketing Study Line #3

Fig. 4  – Leste Metropolitano tem população equivalente a 15,7% do Grande Rio

A Região Metropolitana do Rio de Janeiro, conhecida como Grande Rio, abriga na capital carioca 6,2 milhões de habitantes, equivalente a 53,4%. A segunda cidade mais populosa do Estado, São Gonçalo, encontra-se na Região Leste Brasileiro, que totaliza 1,8 milhões de habitantes, equivalente a 15,7% nos seus cinco municípios (Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá). A Baixada Fluminense, com 13 municípios e 3,6 milhões de habitantes, representa 31% da Região Metropolitana.

Fig. 5 – Matriz de Origem/Destino na Região Leste Metropolitano e o Rio de Janeiro [Fonte: PDTU/RJ, 2019]

Os estudos realizados pelo PDTU – Plano Diretor de Transporte Urbano, um programa da Secretaria Estadual de Transportes, demonstram que a cidade de São Gonçalo envia diariamente 197 mil pessoas para Niterói e 134 mil para o Rio. Niterói envia para o Rio de Janeiro diariamente 117 mil pessoas e recebe do Rio 18,6 mil. A movimentação diária entre os municípios é de 645 mil passageiros.

Estes números iniciais, sem considerar a movimentação no próprio município, que deve pelo menos igualar à movimentação de passageiros para os vizinhos, indica a seguinte movimentação nas linhas subterrâneas revistas:

  • Túnel Rio-NIterói L#3: 325 mil
  • Túnel Barcas-Pendotiba L#3 Sul: 235 mil
  • Túnel Barcas-Neves L#3 Norte: 467 mil

 

O MetrôRio transporta atualmente cerca de 700 mil passageiros diários, nas Linhas #1, #2 e #4, todos no próprio município do Rio de Janeiro. Incluindo a movimentação interna  nos municípios formadores da Região Leste Metropolitano, é possível que a quantidade supere a movimentação do Metrô Rio.

Atualizar os números e aprofundar nas pesquisas de Origem e Destino, bem como no perfil socioeconômico dos passageiros será objeto desta primeira atividade. Os benefícios sociais serão imediatos, pois os moradores de Niterói e São Gonçalo perdem em torno de três horas diárias no trânsito, em dias normais. Este tempo poderá ser reduzido a 30 minutos diários, ida e volta.

Gerar impacto positivo social e econômico em comunidades onde operam é um dos objetivos da Mubadala Investments Company, o Fundo Mubadala, que controla o MetrôRio.

2.1.2 – Tariff Study L#3

O valor da tarifa do Metrô Rio é regulamentada pela AGETRANSP. Trata-se de uma Agência criada para regulamentar os serviços públicos de transportes aquaviário, ferroviário, metroviário e rodoviário do Estado do Rio de Janeiro.

Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos, ANTPTrilhos, se comparado com as outras cidades com malha metroviária, o estado do Rio é o que tem o menor apoio financeiro do governo na tarifa, com percentual de apenas 12%, em 2023. Em São Paulo, por exemplo, que têm duas linhas privatizadas, a gestão paulista concedeu 44% de aporte no preço da passagem.

No Rio, esses 12% se referem ainda apenas à tarifa social, não incide sobre os custos da operação. Tarifa social de R$ 5,00, o Decreto 49.039, de 11/04/2024, instituiu o valor da Tarifa Social e Temporária do Serviço Público de Transporte Metroviário, a vigorar de 12/04/2024 a 11/04/2025, publicada no DOERJ em 11/04/2024.

A Tarifa atual de R$ 7,50 aprovada na Deliberação/AGETRANSP Nº 1375 de 27/02/2024, publicada no DOERJ em 11/04/2024, é a mais cara do Brasil, refletindo a falta de uma política nacional de subsídios ao transporte público.

A NTU, Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbanos, propõe a criação de uma “Bolsa de Transporte” para disciplinar os subsídios públicos para operação e investimentos. No Programa de Aceleração do Crescimento PAC 3, estão previstos R$48,8 bilhões, equivalentes a US$ 9 bilhões, ao dólar americano a R$5,40,  para projetos de mobilidade urbana. Há muitas oportunidades no horizonte.

Portanto, esta atividade é importante para vislumbrar a política tarifária para a concessionária ter segurança quanto ao retorno dos investimentos.

 

2.1.3 – Operational Revenue L#3

 

Nos sistema metroviário coovencionais, a receita operacional decorre da tarifa aplicada à uma demanda atraída pela qualidade do serviço. Na L#3 a qualidade do serviço a ser prestado será muito superior ao serviço de ônibus e barcas concorrentes, portanto pode-se imaginar uma receita anual no mínimo de (650.000*7,5*300 =) R$1,46 bilhões, equivalentes a US$271 milhões por ano.

Porém, este número pode sofrer alterações, de acordo com a efetiva demanda a ser atendida e às políticas tarifárias do governo. Nesta atividade a formação da Receita Operacional será detalhada e as oportunidades e os riscos devidamente avaliados.

2.1.4 – Operational  Expenses L#3

 

No Metrô Rio inexiste operação “driver less”, como em São Paulo, na Linha 4 Amarela, concedida à CCR, a mais lucrativa do Metrô SP. Nas operações em túneis e em linha elevada, o VLTHM pode operar sem maquinista, com toda segurança. Entretanto, em vias de superfície, operando como um LRV tradicional, sujeito às interferências do tráfego e a movimentação de pedestres, a presença de um operador experiente é fundamental. Recursos Humanos é o maior item de despesas e vários cenários de incorporação de tecnologia devem ser considerados.

Gasto com energia elétrica é o segundo item de despesas, como o VLTHM opera em via elevada sob uma cobertura de painel solar de 600 Wp dupla face, composta de 7 módulos de 5,38m² a cada 2,4m, resultando em 15.688 m²/km, em uma região onde a irradiação solar média anual é de 1.822 kWh/m².

Manutenção da via permanente e do material rodante é o terceiro item de custo. Entretanto, em um trem de levitação magnética, não há fricção entre roda e trilho, pois o trem levita em um campo magnético em torno de 10mm de gap. O motor linear não tem peças móveis, resultando em menor manutenção. Admite-se uma redução de 50% nos custos de manutenção devido à tecnologia.

Neste atividade, com apoio do Metrô Rio no fornecimento de informações relevantes, a formação das despesas operacionais da futura L#3 será detalhadamente calculada, dando confiabilidade às projeções.

 

2.1.5 – No-tariff Revenue L#3

O conceito “Infra Upcycling”, onde a reciclagem inteligente do Upcycling é aplicada à uma infraestrutura, foi apresentado no 25º Congresso de Levitação Magnética e Motores Lineares, realizado na China em outubro de 2022, pelo autor em parceria com o prof. Emmanuel Matsika, da Universidade de Newcastle (UK). Como na África existem nove bitolas diferentes, o VLTHM é uma maneira econômica de padronizar as bitolas. Com o bogie híbrido é possível o trem sair como equipamento ferroviário em uma bitola, levitar na bitola padrão de 1.435mm e finalizar como equipamento ferroviário em outra bitola diferente das anteriores, unifica-se as bitolas através do equipamento e não da via permanente e ainda gera energia fotovoltaica ao longo do percurso. Portanto, a receita extra tarifária viria da produção e comercialização da energia fotovoltaica excedente à operação.

Fig. 6 – Via elevada do VLTHM sobre um BRT em uma rodovia movimentada (Exemplo: Avenida Brasil e BRT Transbrasil) com cobertura de painéis solares

 

Outra fonte de geração de receita extra tarifária, em operação há muitos anos inclusive no Brasil (Shopping Vilarinho em Belo Horizonte, MG), é a utilização do espaço aéreo sobre a ferrovia ou mesmo de rodovias, para implantação de Estação Shopping, áreas de atendimento sociais e até mesmo grupos residenciais.

Fig. 7 – Exemplo de Estação Shopping proposta sobre um estacionamento de caminhões em Santos (SP), Brasil.

 

Neste item será analisado o potencial de geração de receita extra tarifária na L#3, ficando logo evidente a alocação da energia fotovoltaica excedente à operação do Metrô no Porto São Gonçalo Baía da Guanabara (SGBG), que será especializado em gerar Hidrogênio Verde (H2V) para exportação. Com o baixo valor da energia no mercado livre, exportar H2V tem demonstrado uma rentabilidade maior no investimento fotovoltaico.

2.1.6 – Cash Flow L#3

 

Com a conclusão das atividades anteriores, será possível montar o fluxo de caixa descontado, para a modelagem de cenários econômicos.

 

2.1.7 – Economic Indicators L#3

 

            Da mesma forma, aplicando técnicas de matemática financeira extraem-se os indicadores econômicos necessários para a tomada de decisão com segurança.

 

2.2 – Atividades do Projeto Básico de Engenharia

 

            As atividades previstas nos itens seguintes estão amparadas em dois dispositivos legais:

  • Carta-Patente do Truque Híbrido Ferroviário e de Levitação Magnética
Fig. 8 – Carta-Patente do Truque Híbrido Ferroviário e Maglev que protege a tecnologia no mercado brasileiro até 28/03/2043

 

  • Inexigibilidade de Licitação por sua aplicação (Art. 74 Lei nº 14.133/2021)

    Fig. 9 – Inexigibilidade de Licitação para L#3 baseada no VLTHM

 

 

2.2.1 – Supplier Registration

 

Esta atividade deve ter início no primeiro momento da aceitação da proposta, visando estabelecer parcerias estratégicas com empresas do mundo inteiro, que passam a ser representantes exclusivos para determinados mercados e fornecedoras exclusivas de equipamentos e serviços.

 

Visando estabelecer no longo prazo o prosseguimento das pesquisas sobre levitação eletromagnética aplicada no conceito “Infra Upcycling”, que reduz custos, acelera os prazos de implantação e traz evidentes benefícios sociais e ambientais, é interessante o quanto antes estabelecer parcerias com Universidades e Centros de Pesquisas Científica e Tecnológicas em todos os países interessados.

 

No caso da L#3, considerando que o controle do Metrô Rio é da Mubadala Investment Co., sediada em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos  (EAU),  empresas dos países de cultura islâmica com que mantêm boas relações comerciais e diplomáticas, despontam como alvo prioritários.

 

2.2.2 – Railway Line Study L#3

 

2.2.2.1 – Linha #3 Norte

Fig. 10 – Estações previstas na antiga linha da EFL (Estrada de Ferro Leopoldina)

 

A ferrovia de bitola métrica foi desativada nas cidades de Niterói e São Gonçalo há mais de 20 anos, sendo virtualmente inviável em Niterói. Por esta razão preconiza-se 11 km de Neves, na saída do túnel que tem origem em Niterói até ao Jardim Catarina.

Fig. 11 – Leito da ferrovia abandonado usado como estacionamento próximo da estação de Antonina em São Gonçalo

 

Esta atividade compreende uma análise detalhada da situação atual do antigo leito ferroviário, tendo em vistas as seguintes opções:

 

  • Implantação de grandes estações subterrâneas, principalmente em Niterói
  • Implantação de estações simples (pontos de paradas de VLT) em 11 km.
  • Implantação de corredor de BRS (Bus Rapid System) em São Gonçalo com via elevada para o VLTHM, com cobertura de painéis solares em 11 km.
  • Implantação de ciclovia ao longo do antigo leito ferroviário, com VLTHM em via elevada, com cobertura de painéis solares ao longo de 11 km.

 

Como um dos objetivos da Linha 3 é propiciar melhor acessibilidade ao COMPERJ – Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro, atualmente GASLUB Itaboraí, destinado a processar o gás natural oriundo das reservas do Pré-Sal no litoral fluminense. À primeira vista, a melhor opção é uma via elevada no espaço aéreo das rodovias RJ-104 (10 km), BR 493 (8,2 km) e pela estrada de acesso ao GASLUB por mais 8,3 km, totalizando 26,5 km, capaz de gerar a seguinte produção de energia:

 

Fig. 12 – Produção anual de energia fotovoltaica no Infra Upcycling

 

 

Fig. 13 – Extensão de 26,5 m de cobertura solar sobre rodovias

 

2.2.2.2 – Linha #3 Sul

 

Como na Linha 3 Norte, a partir da saída de um túnel em Pendotiba, cerca de 100m acima do nível do mar, a linha desenvolve-se ao longo da Estrada Caetano Monteiro, como primeira sugestão.

Fig. 14 – Extensão de 4,6 km ao longo da Estrada Caetano Monteiro

 

Para o correto desenvolvimento desta atividade, dado a inexistência de linhas ferroviárias anteriores, como no caso de São Gonçalo, é fundamental a participação da área de planejamento de infraestrutura do município de Niterói e com a contratação de consultores locais com experiência e bom contatos políticos.

 

2.2.3 – Environment Study L#3

As leis ambientais no Brasil são muito rígidas, apesar de nem sempre aplicadas. Muitos projetos fracassam por não lhes ser dada a devida atenção. Todos os grandes municípios têm uma Secretaria de Meio Ambiente que necessita participar, desde o início, de qualquer discussão envolvendo a implantação de infraestrutura de transporte. Vencida as objeções municipais, é necessário a aprovação dos órgãos estaduais e finalmente dos órgãos federais. Devido às várias hierarquias, não é uma atividade simples, mesmo com as vantagens da tecnologia.

2.2.4 – Geologic Study L#3

 

Geologicamente a área urbana na Região Metropolitana do Rio de Janeiro é muito antiga, daí a predominância de formações rochosas arredondadas pela erosão. É frequente a existência de rochas fraturadas, o que dificulta a escavação de túneis. Por outro lado, trata-se de uma região bem estudada, sendo relativamente fácil contar com bons profissionais e consultores na UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro e a UFF – Universidade Federal Fluminense, além do Centro de Hidrografia da Marinha. Pelo fato do autor ter tido relações profissionais com todos estes órgãos, é uma tarefa que pode ser realizada a contento.

Fig. 15 – Batimetria da Baía da Guanabara

 

2.2.5 – Tunnel Boring Machine (TBM) Application L#3

 

A primeira aplicação bem sucedida foi desenvolvida pelo Sir Marc Isambard Brunel durante as escavações do Thames Tunnel em 1825. Ao longo desses quase dois séculos a tecnologia teve grande evolução, com muita experiência disponível no Brasil. O Estado do Rio de Janeiro é proprietário de uma TBM de 11,5m de diâmetro usada na abertura dos túneis da Linha 4 do Metrô Rio.

Fig. 16 – TBM do Estado, da Herrenknecht AG de 2012 com 11,5 m de diâmetro usada na Linha 4 e inoperante desde 2016
Fig. 17 – Tuneladora do Estado de São Paulo de 6,70m de diâmetro de 2013 da Herrenknecht AG apelidadas de “Tatuzetes” Tarsila e Lina, usadas na Linha 7 e inoperantes desde 2015

O custo de perfuração de um túnel é diretamente proporcional ao volume de solo ou rocha escavado. Este volume é dado pela área da seção transversal, multiplicada pelo comprimento do túnel. Para saber a relação das áreas entre duas seções circulares basta a relação dos seus respectivos quadrados, portanto um túnel escavado com a tuneladora usada na Linha 4 do Metrô Rio e as tuneladoras usadas na Linha 7 do Metrô de São Paulo tem um custo unitário por metro no mínimo (11,5²/6,7²=)  2,94 vezes maior, para um tipo mesmo solo e rocha. Em outras palavras, com o custo de escavação de 10 km com a tuneladora carioca daria para escavar 29,4 km com as tuneladoras de São Paulo.

 

Com a largura de 3m dos carros de metrô não é possível dois trens em um túnel de 6,70m de diâmetro, razão pela qual, na Linha 7 do Metrô de SP cada túnel é para uma linha singela. Entretanto, com a largura do VLT de 2,54m, como o equipamento do VLT Carioca, é possível instalar uma linha dupla com passarela de segurança entre elas de 95 cm. Diante desta grande vantagem, nesta atividade uma análise técnica mais profunda junto ao fabricante alemão será realizada, pois a levitação eletromagnética trabalha com precisões milimétricas.

 

Uma diferença fundamental em comparação com os túneis convencionais com revestimento por peças de concreto protendido formando o círculo, será a adoção de platinado ou aço corten (resistente à corrosão), possivelmente na espessura de 50,4 mm (2”) a um custo maior. Portanto cabe uma análise detalhada.

Fig. 18 – VLTHM operando em dupla no interior de um túnel de 6,70m de diâmetro

 

2.2.6 – Capex Subway Tunnel L#3

 

O custo efetivo de escavação de túneis utilizando TBM depende de uma profunda análise das condições geológicas a serem enfrentadas pelo equipamento, atividade prevista no item 2.2.4.

 

Contando com o apoio de empresas experientes nas escavações do Metrô Rio não é tarefa das mais complexas obter o custo previsto com a implantação de túneis mais estreitos e mais fáceis de serem construídos. O mercado para este tipo de serviço será muito maior, atingindo mesmo cidades de porte médio interessadas em implantar sistemas de VLT no transporte público, com mínima intervenção urbana, pois o trem VLTHM levita com precisão no interior do túnel e circula de maneira ferroviária nas ruas e avenidas.

 

2.2.7 – Capex Underwater Tunnel L#3

 

O Eurotúnel de 50 km entre a Inglaterra e a França foi inaugurado há 30 anos, em 6 de maio de 1994. O Brasil não possui experiência em túneis submersos, mas não haverá dificuldade em contar com técnicos experientes na Europa. A distância submersa do primeiro túnel é relativamente curta, como demonstram as figuras:

Fig. 19 – Profundidade máxima do canal 36m

 

Fig. 20 – Rotas alternativas a serem avaliadas geologicamente

 

À primeira vista a melhor opção parece ser escavar 694m em terra firme na Praça Mário Lago (“Buraco do Lume”) até a direção da cabeceira Norte da pista do Aeroporto Santo Dumont, prosseguir por mais 776m com profundidade máxima de 12m, atravessar a baía com a profundidade máxima de 33m em 2.834m, alcançar novamente profundidade máxima de 12 m e seguir em direção ao estacionamento de ônibus em frente ao Terminal Rodoviário Presidente João Goulart em Niterói, com cerca de 300m em terra firme, totalizando 5,7 km.

Fig 21 – Estação Inicial: Praça Mário Lago, Avª Rio Branco, Rio de Janeiro

A estação inicial da L#3 encontra-se a 250m da Estação Carioca, a mais movimentada do Metrô Rio. Para evitar que o passageiro da L#3 sofra o efeito de intempéries, futuramente pode haver um túnel para pedestres interligando as estações. Se a L#3 for de implantada por uma outra empresa que não seja o Metrô Rio, pode-se utilizar o sistema adotado na Linha 4 Amarela do Metrô de São Paulo onde uma catraca na ligação computa a movimentação para fins de rateio tarifário.

Fig. 22 – Futuro acesso subterrâneo da L#3 com L#1 do Metrô Rio
Fig. 23 – Área disponível de 3,3 mil m² para a futura estação da L#3 no Rio

Após o túnel de 5,7 km, sendo 1,0 km em terra firme, o primeiro túnel chega em Niterói. Uma localização possível é o atual estacionamento para ônibus que atendem ao Terminal Rodoviário Presidente João Goulart. Entretanto, outras áreas potenciais já foram mapeadas na área, com canteiros abandonados e espaços hoje ocupados por estacionamentos. Nessa área é onde a L#3 divide-se em dois túneis de 7,5 km cada, nas direções Norte e Sul.

Fig. 24 – Sugestão de local para a futura estação da L#3 em Niterói

2.2.8 – Capex Railway L#3

Existe um ótimo acervo de experiência prática de engenharia civil na instalação de vias de superfície na região, por conta da implantação do VLT Carioca. A contratação de técnicos que trabalharam nesta obra, realizada para o evento XXXI Olimpíadas, Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016.

 

2.2.9 – Capex Elevated Guideway L#3

A via elevada para o VLTHM constitui a maior extensão e o maior custo de engenharia civil, sendo uma estrutura mais econômica se realizada com peças de concreto protendido pré-fabricada. Na região metropolitana do Rio de Janeiro existem várias empresas capazes de fornecer e montar tais componentes, muito utilizadas em passarelas de pedestres sobre rodovias. A UFRJ dispõe de professores especializados no tema e no mercado do Rio de Janeiro, calculistas experientes, sendo as normas técnicas brasileiras rigorosamente cumpridas pelos fabricantes.

 

2.2.10 – Capex Stations and Facilities L#3

A localização das estações e das edificações auxiliares, como Centro de Manutenção e Centro de Controle deverão ter a localização bem estudadas e de acordo com as cidades servidas, considerando o custo das obras, desapropriações possivelmente necessárias e o fato de se constituírem Pólos Geradores de Viagens.

2.2.11 – Capex Systems Engineering L#3

Engenharia de Sistemas, será o maior custo após a engenharia civil, envolve a alimentação elétrica dos veículos, sinalização, comunicação, instalação dos painéis solares, coleta e eventual armazenamento da energia, sistemas de segurança, cobrança tarifária, além de iluminação e refrigeração de edifícios. Além de atividades regulares, envolve também algum tipo de pesquisa e inovação, como a possível utilização de hidrogênio verde produzido. Portanto, vários avanços tecnológicos podem ser conseguidos nesta atividade de vital importância.

 

2.2.12 – Capex Light Rail Vehicle Hybrid Maglev L#3

Para a Copa do Mundo 2014 realizada no Brasil, foram adquiridos para a cidade de Cuiabá, capital do estado do Mato Grosso, onde ocorreram jogos, 40 VOLTs de sete carros, portanto 280 veículos, fabricados pela CAF da Espanha, que venceu a licitação internacional. Os trens chegaram a tempo, mas a linha nunca ficou pronta. Dez anos depois, os equipamentos nunca utilizados foram vendidos pelo estado do Mato Grosso ao estado da Bahia por R$793,7 milhões (equivalente a US$146,98 milhões), em cinco pagamentos anuais, corrigidos pela inflação. Os equipamentos serão revisados pelo fabricante antes de entrarem em operação. Acompanhar a evolução deste negócio será importante para esta atividade.

Fig. 25 – Frota de VLT de 10 anos sem utilização vendido pelo MT à BA

 

2.2.13 – Capex Others L#3

Trata-se de uma reserva técnica para reforçar alguma atividade subavaliada ou que deixou de ser considerada.

 

2.3 – Cronograma Financeiro da Proposta

Fig. 26 – Cronograma Financeiro da Viabilidade Econômica e Projeto Básico da L#3

 

3 – Conclusões

O calendário político é imutável. Para que seja incluído no orçamento do PAC 3 (Programa de Aceleração do Crescimento 3) para 2026, a viabilidade econômica deverá estar demonstrada, os acordos de PPP encaminhados e o cronograma de desembolso do governo federal devidamente estabelecido, antes da aprovação pelo Congresso Nacional brasileiro do Orçamento da União, nos prazos a serem estabelecidos pela Lei das Diretrizes Orçamentárias de 2025..

Eduardo David[1]

eduardogdavid@gmail.com

Salamanca, 28/06/2024

[1] Eduardo Gonçalves David, brasileiro-espanhol, Prof. Dr Engenharia de Transportes, engenheiro civil com especialização ferroviária, com 50 anos de experiência profissional, CEO da Kling David Consultores SLU, na Espanha. Nos últimos 17 anos dedicados à pesquisa e inovação em trens de levitação magnética e detentor da patente do Truque Híbrido Ferroviário e de Levitação Magnética (maglev), da via permanente híbrida e outras no setor. Autor de 16 livros publicados, inclusive em Mandarim. Proponente do conceito “Infra Upcycling”, apresentado no 25º Congresso Maglev 2022.

 

O cara que é tão forte que faz o fisiculturista parecer uma criancinha

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Quando você pensa em força, gigantes atléticos poderosos geralmente vêm à mente.

Mas ficar cara a cara com Brian Shaw faz até os maiores fisiculturistas parecerem praticamente uns oompa loompas, olha só.

Lembra até o Arnold com André “o gigante”

Com 6’8” de altura (2.032 metros) e pesando 425 libras (192,7 kg), o homem mais forte do mundo tem uma estatura imponente e musculosa que vai te surpreender.

No entanto, seu tamanho enorme não é a única coisa que chama a atenção. Sua extraordinária demonstração de força reforçou seu legado. Ao longo de sua carreira de duas décadas, Brian ultrapassou os limites do potencial humano. De puxar caminhões semirreboques a levantar o dobro do peso do seu corpo sem suar a camisa, ele tornou o visual extraordinário fácil. Vamos dar uma olhada em sua incrível jornada.


Brian Shaw vem de Fort Lupton, uma pequena cidade no Condado de Weld, Colorado. Ele nasceu em 26 de fevereiro de 1982, filho de Jay e Bonnie Shaw, que eram pessoas maiores do que a média. Então, a genética deles foi passada para Brian.

No entanto, em seus dias mais jovens na Fort Lupton High School, ele também era renomado como jogador de basquete. Brian se destacou no basquete e demonstrou sua competência a tal ponto que recebeu uma bolsa para jogar no Otero Junior College e na Black Hills State University.


Curiosamente, sua paixão mudou durante a faculdade quando ele descobriu o amor pelo levantamento de peso enquanto treinava para melhorar suas habilidades no basquete. Em seus anos júnior e sênior, o treinamento com pesos se tornou o foco principal de Brian, levando-o a decidir por uma carreira em força e condicionamento, priorizando-a em vez do basquete.

 

O treinador de basquete do ensino médio de Shaw observou que, mesmo durante seu tempo jogando basquete, Shaw era atraído pelo treinamento com pesos e por passar tempo na sala de musculação. Esse interesse precoce em levantamento de peso e treinamento de força se tornou uma parte consistente da jornada de Shaw nos anos seguintes. Por meio de seu comprometimento com o levantamento de peso e construção de poder físico, Shaw abriu o caminho para o sucesso duradouro em competições de levantamento de peso.

A falta de treinamento especializado de Brian não o impediu de ser o homem mais forte de Denver em 2005
Shaw tem 2,03 m de altura e pesa mais de 180 kg

“Brian Shaw puxando um caminhão enorme durante o campeonato do Homem Mais Forte do Mundo. Crédito da Imagem: Shawstrength/Instagram.com

A carreira de Shaw como strongman decolou em 2005, quando ele venceu a competição Denver Strongest Man em outubro daquele ano sem nenhum treinamento especializado! Apenas sete meses depois, em junho de 2006, ele competiu e ganhou seu cartão profissional ao vencer o Utah’s Strongest Man. Isso marcou sua transição para as fileiras de strongmen profissionais.

Ele subiu de forma constante na competição do Homem Mais Forte do Mundo, ficando em terceiro lugar em 2009. Shaw continuou subindo, conquistando o segundo lugar em 2010. Sua dedicação valeu a pena em 2011, quando ele conquistou o título definitivo, derrotando o renomado levantador de peso ŽydrÅ«nas Savickas para ganhar o título do Homem Mais Forte do Mundo.

A supremacia de Shaw se tornou ainda mais aparente em 2015, quando ele derrotou Savickas novamente e ganhou o título de Homem Mais Forte do Mundo mais uma vez. Ele provou que isso não foi um acaso ao defender seu título novamente no ano seguinte, em 2016. Durante o período de 2009 a 2021, Shaw chegou às finais do Homem Mais Forte do Mundo surpreendentes 13 vezes, caindo fora do pódio em apenas três ocasiões.

Além disso, ele conquistou três vitórias no lendário Arnold Strongman Classic e ganhou duas vezes o título de America’s Strongest Man. Shaw também repetidamente ultrapassou os limites da força humana, estabelecendo vários recordes mundiais em testes icônicos de força, como levantamento terra, Atlas stones e lançamento de barril.

Após vencer a competição Strongman em 2023, o homem mais forte da Terra se aposentou
O homem mais forte da Terra

Após garantir um título de campeonato final, o lendário homem forte Brian Shaw se afastou do atletismo competitivo de força em agosto de 2023. No Shaw Classic em Loveland, Colorado, a competição que ele mesmo fundou, Brian conquistou a honra de “Homem Mais Forte da Terra” como um final adequado para uma corrida incrível.

Brian havia anunciado anteriormente que 2023 seria sua final. Ele ficou em sétimo lugar na competição World’s Strongest Man em abril de 2023. Brian solidificou sua posição entre os maiores de todos os tempos com um currículo notável apresentando múltiplas vitórias no World’s Strongest Man e outras prestigiosas competições de strongman.