Certas coisas são extremamente irritantes. Trabalhar no centro do Rio em meio ao caos do trânsito com um calor de maçarico na cabeça, têm o poder mágico de afetar o humor de qualquer cidadão. Até mesmo numa sexta-feira, o dia oficial da cerveja.
Veja, eu gostaria de saber qual a explicação científica para justificar que uma senhora ande protendindo seus braços em um movimento cíclico em discrepância geral com sua estrutura corporal quando em marcha.
Não entendeu? Vou ser mais claro:
Por que raios essas porras dessas suburbanas andam balançando os braços feito loucas pela rua?
Não é a primeira vez que levo um soco nos genitais em plena Av. Rio Branco de mulheres que não conseguem controlar o vai-vem de seus braços.
Legal foi o dia em que eu estava falando isso para a “Madame”, a minha amiga de trabalho e almoço Denise, quando fui – didáticamente – imitar a cena, e acabei acertando uma senhora quase no meio dos peitos. Coitada, quase morreu.
Outra coisa que é extremamente irritante, são aqueles malditos vendendores do Taí.
O Taí é um serviço de uma financeira do banco Itaú focada no público de baixa renda. É o tipo de empréstimo-pega-trouxa do banco Itaú.
O banco numa atitude – que pessoalmente eu considero das mais idiotamente burras na história dos bancos privados no país, – instruiu seus chatos vendedores a interpelar as pessoas que passam pela rua, munidos de uma pranchetinha escrota e vestindo uma roupa pior. Naturalmente são jovens com o primeiro emprego, mães de primeira viagem e pessoas com poucas chances de ascenção social que tem uam cota a cumprir. A semana vem acabando, a cota não é batida. Cabeças vão rolar. O cara pensa em seus 5 filhos que vão passar fome. Bate o desespero.
Se fossem só se jogar na minha frente eu até aceitaria. O problema é quando eles agarram pelo braço a pessoa.
Ora… Quem será o consultor que deu esta ideia genial ao Itaú? Seria o mesmo cara que instruiu o Sílvio Santos a chamar para vendedores do Carnê do Baú os sujeitos mais chatos e cafonas do planeta? Deve ser.
Eu sei é que este tal de Taí está manchando de modo grave a imagem do banco Itaú, que diga-se de passagem, já não era das melhores.
Outra coisa que é bem chata no Rio são os entregadores de papelzinho.
Pode me chamar de chato, alienado, utopista e até de ranheta. Mas eu não gosto de sujeira. Eu me incomodo vendo pessoas de São Gonçalo, um município vizinho ao meu onde 100% das ruas são imundas, jogando papel no chão de Niterói. Não estou dizendo que quem mora em São Gonçalo é porco. Mas estou dizendo que muitos porcos moram mesmo em São Gonçalo. Mas não só lá. Moram em Niterói, no Rio e demais cidades.
Porquice não é privilégio de pobre. Ontem eu fui na Barra dar aula e num puta carrão bem na minha frente, um importado que nem vi a marca, havia um sujeito. Quando paramos no sinal, eu emparelhado com ele, vi estupefato que o cara simplesmente abriu o vidro com insulfilme do carrão e começou a LIMPAR O CARRO jogando milhares de panfletos de imóveis, papéis de todos os tamanhos, bolinhas de pedágio e outros no meio da RUA!
Nessas horas eu me lamento por não ser um policial civil de truculência a la Sled Hammer – ou igual ao Careca ( em breve histórias do Careca bigodudo aqui no Mundo Gump) para descer do carro com o trabuco na mão e mandar o bacana pegar papelzinho por papelzinho e COMER.
A merda do brasileiro é que nós achamos que o que é público não tem dono.
E tem. EU SOU O DONO, PORRA! Bem como você que está lendo, sua mãe, sua avó, seu pai e seus amigos. Todos nós pagamos uma maldita taxa tributária incomparável para algum bacana se achando o rei do pedaço jogar lixo no chão.
Então eu fico extremamente puto ao ver que SUJAR O CHÃO é uma profissão e ninguém faz nada.
Verdade, sujar o chão aqui no Rio é uma profissão mesmo. Acredite se quiser, meus queridos leitores de Curitiba e os estrangeiros. Basta sairmos para andar em uma rua qualquer. Por exemplo, na Nossa Senhora de Copacabana. Num percurso de dois km eu recebo numa média de dez panfletinhos mel impressos num papel de péssima qualidade. 1/3 deles é sobre um puteiro com garotas “apertadinhas” – Acredite, está escrito isso no panfleto rosa!
1/3 deles é de “compro ouro” .
E o terço restante é de uma mãe de santo que “traz o amado em dez dias”.
Como você pode imaginar, estes papéis não interessam a nem 0,00023% da população. Mas ao contrário do que seria o certo, eles imprimem uma quantidade gigantesca desses panfletinhos e colocam pessoas que provavelmente estão desempregadas para distribuí-los como se fossem máquinas pelas ruas.
São dois erros. Os que distribuem e os que pegam. Por que pegar o maldito papelzinho? O Brasileiro em sua infinita bondade se sente consternado de passar reto sem nem ao menos dar bom dia e deixar aquele pobre neguinho ou baranga favelada no vácuo. Assim ele pega o papel só pra agradar o sujeito e em seguida joga o papel no chão, porque não vê a lixeira, ou em alguns casos, ela está lotada até a boca com bilhões de folhetinhas daquela.
É aí que acontece. Os caras vendo que 100% das pessoas que pegam aquela merda jogam na primeira lixeira que vêem, resolvem ficar entregando os folhetos no lugar mais distante das lixeiras possível. Na cabeça deles isso fará com que as pessoas andem com o papel por mais tempo, maximizando uma espécie de “page view” literal.
Resultado, chão abarrotado de papéis. Bueiros entupidos, esgoto transbordando em dias de chuva.
O mais intrigante em tudo isso, é que os caras entregam papéis com telefones de contato e endereço de empresas! Bastava a prefeitura ter mais vergonha na cara. Não precisa enfiar a porrada nas crianças panfleteiras não. É só autuar o cara que manda imprimir, afinal, o telefone e endereço dele estão ali, no papel. Este é o problema urbano de mais fácil resolução que tem no Rio. Os caras sujam a cidade porque o resultado econômico compensa. Se não compensasse, eles não faziam isso. Acerte eles no bolso que a farra acaba em dois tempos.
Agora chega. Vou tomar uma cerveja e ficar relax.