sexta-feira, agosto 22, 2025
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Formulário para sair com a filha

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Hoje em dia está complicado. A juventude está cada vez pior. Pensando nisso, um pai zeloso preocuupado com o futuro de sua filha resolveu criar um formulário padrão para os candidatos ao namoro. Eu resolvi divulgá-lo aqui, caso algum pai tenha a mesma preocupação. É um serviço de utilidade pública.

 

Autorização de Namoro – Formulário.

FORMULÁRIO PARA AUTORIZAÇÃO DE NAMORO COM MINHA FILHA
Nota Importante: Este formulário deverá vir devidamente acompanhado de:

* Declaração completa de bens
* Histórico Escolar
* Histórico Profissional
* Árvore Genealógica completa
* Ficha Criminal
* Exame de Saúde completo e atualizado.
Dados Pessoais

Nome__________________________________
Data de Nascimento __/__/____
Altura_____
Peso_____
Q.I.____
Média Escolar____
Prontuário:
RG____________________
CPF____________________
Escoteiro? Medalhas? Atividades Esportivas? ( ) Sim ( )Não
Quais___________________________________

__________
Endereço Residencial (Completo)
__________________________________________________
Você tem 1 (UM) Pai e 1 (UMA) Mãe?___________________
Se Não, Explique:_______________________________
Há quantos anos seus pais são casados?________________
Se menos que sua idade, Explique:_______________________

Acessórios esquisitos

Usa piercings na orelha, nariz ou boca?..( )sim ( )não
No umbigo e outras partes do corpo?…( )sim ( )não
Tem tatuagem?………………………….………( )sim ( )não
Onde?___________________
(SE VOCÊ RESPONDEU POSITIVAMENTE A QUALQUER ITEM ACIMA, PODE PARAR DE
PREENCHER ESTE FORMULÁRIO)
Interpretação de texto
Usando 50 palavras ou menos, descreva o que significa chegar TARDE para
você:
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________

Usando 50 palavras ou menos, descreva o que significa NÃO BULINAR MINHA
FILHA
:
__________________________________________________

__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________

Usando 50 palavras ou menos, descreva o que significa ABSTINÊNCIA, na sua
opinião:
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________

Outros
Igreja que você freqüenta:__________________________
Com que freqüência?_____________________________
Preencha os espaços abaixo. Todas as respostas serão confidenciais:
Se eu for atingido por uma bala, eu detestaria ser atingido no:
_____________________________
Se eu levar uma surra, não quero que me quebrem o seguinte osso:
____________________________
Lugar de mulher é:______________________________
Escreva algo que você não espera ter que responder neste formulário:
___________________________________________________
Qual a primeira coisa que você nota em uma mulher?
_________________________________________
(Nota: Se a resposta começar pelas letras P, B ou C, favor
abandonar imediatamente este formulário e sair correndo, de cabeça baixa )
O que você quer ser ‘SE’ crescer?
_____________________________ EU, ABAIXO ASSINADO,
Assinatura______________________________

______________ (o estúpido)
As letras pequenas abaixo são mera formalidade, nem precisa ler!!!


A) Eu, o namorado, doravante denominado ‘estúpido ‘
B) Declaro ainda que este documento tem poder de ‘procuração’ seja para que
assunto for.
C) Desisto de qualquer direito, mesmo sobre minha integridade física,
ossos, órgãos, dentes, durante todo o tempo de vigência do namoro ‘mais
nove meses’ pertencendo ao Pai da Namorada os poderes de decisão, inclusive
de vida ou de morte.
D) Ao pai da namorada não questionarei a autoridade ou ordens, deverei agir
com obediência cega a toda e qualquer ordem ou vontade que me for imposta,
a mínima que seja.
E) Admito toda e qualquer culpa que me for imputada sem questionar. Sem
direito a teste de DNA.
F) Reconheço a legitimidade de ‘Pagamento de pensão’ durante o período que
a ‘namorada’ se mantiver solteira a titulo de indenização moral caso este
não resulte em um honroso matrimônio

Obrigado pelo seu interesse. Favor aguardar de 2 a 3 meses para seleção.
Se aprovado, você receberá uma notificação por escrito. Não chame, ligue ou
escreva. Aguarde minha chamada.
Se você não for aprovado e dependendo das circunstâncias, você será
notificado, pessoalmente, pela Polícia Militar!!!!!!!

Atenciosamente,

Antonio Ferreira

2 vezes campeão carioca de tiro – modalidade saque-rápido
Campeão brasileiro de tiro ao alvo – modalidade Moore System
3 vezes campeão brasileiro de judô
Campeão carioca de vale-tudo 2002
Campeão brasileiro de vale-tudo 2003
Combate com facas.
Adestrador de Cães de ataque.
Livros Publicados: ‘Táticas de Combate – Silenciamento de Sentinelas’ e
‘Matando com as mãos’

 

Fonte: Orkut

I am the legend

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i am legend will smith 1 | Arte | cinema, Textos

Acabo de voltar do cinema onde fui assistir o filme “Eu sou a lenda” com o Will Smith.

O filme é legal. Achei que valeu minhas 16 pratas. Nossa, como o cinema tá caro, né?

Eu estava querendo ver este filme, porque alguma coisa me dizia que eu ia acabar dando de cara com uma obra muito parecida com um roteiro de curta metragem que eu escrevi chamado “O sobrevivente” e que com sorte, pretendo fazer ainda nessa encarnação, no estilo “Captain Sky e o reino de amanhã”.

Até que fiquei mais tranqüilo depois de ver o filme, já que o do cinema e meu curta são bem diferentes, com a única similaridade de tratarem do mesmo assunto: O último ser humano da Terra.

Eu não costumo ver trailers (não vi desse) nem leio sinopses antes de ir ver o filme. Geralmente isso evita que eu acabe me contaminando e vendo o filme sabendo o que esperar, coisa que muita gente ama, mas eu detesto. NA verdade, não consigo entender como tem gente que lê a sinopse e vê a novela todo dia. Ver novela já é uma desgraça, imagina Sabendo o que vai acontecer? PQP!

Uma coisa que me deixou puto com este filme é a porra do cartaz. Eu não entendo esse lance de cartaz de cinema. Precisa ter uma merda qualquer escrita além do título? Precisa daquele típico “resumo” do filme todo?  Pra mim isso é algo do tipo “quem matou foi o marido” direto ali no cartaz.

Não vou contar o filme, mas posso dizer que:

1- É bem melhor que a maioria dos filmes de zumbis que tem por aí.

2- Will Smith dá show. (quem caga tudo mesmo é o roteirista)

3- Os efeitos especiais são bons. Muito bons mesmo. Ver como ficaria uma grande metrópole sem a raça humana é muito legal. E muito difícil de fazer também.

4- A cultura do exagero mostra seu DNA no filme. Não precisava começar o filme com um cara dirigindo um muscle car como um pirado. Ninguém faria aquilo. E exagerado, é sem noção, é inútil na estrutura narrativa, é um puta desperdício de grana.

5- Cinematograficamente é foda. Os planos são geniais. Você não vai sentir o tempo passar. Não sinto agonia assim desde que vi Alien o 8. passageiro.

6- Faça xixi antes de ver o filme. Os sustos podem causar acidentes. Serio. Quase me mijei.

Em resumo, é o melhor filme do Will Smith que eu já vi. A história é bem amarrada, a ideia é boa. Tem uns exageros inúteis que podiam ser limados do filme. Deviam usar mais atores, mais maquiagem, e menos computação gráfica em algumas partes.

Deve ter continuação. Pelo menos a WB comprou os direitos de fazer uma.

O poema do mosquitão amarelo

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f ist23456921m bb7a62f | Arte | humor, poesia

Quando eu ligo a tevê, me surpreendo

Todo programa que acabo vendo

Fala da mesma abominação

Febre amarela, o terror da população

Sem solução imediata

Para a falta de notícias decentes

A mídia só relata

“as mortes crescentes!”

A febre amarela já foi um mal devastador

um problema constrangedor

Já infestou o Rio de Janeiro

Que Oswaldo Cruz de um jeito pioneiro

no passado erradicou

Mas que agora, pelo visto, voltou

A fila pra vacinar é grande

Antes que essa merda desande

O povo dorme nela pra guardar lugar

Cada um pensando em se safar

Mas a galera só quer se vacinar

e o governo não para de negar:

“Não há problema, tem pra todo mundo tomar”

Mas a verdade é que os estoques, estão pra acabar

Os jornais só querem vender

Ver a merda acaontecer

Pra um dindim faturar

Num mês que é de amargar

Se faltam dados, falta ação

Criar notícia é a solução.

Mas a febre vai passar

Tão logo o carnaval chegar

A mulata desfilará toda bela

E o povo esquecerá a febre amarela

E com big brother oito na parada

ninguém mais lembrará dessa palhaçada

Todo mundo só pensando no paredão

E a febre amarela continuará sem solução

Mas é fato que se eu pudesse, me vacinaria

Já que de bobo eu não tenho nada

A duração da vacina me protegeria

Caso eu tomasse uma ferroada

Eu poderia até ficar

Aqui rimando esse versinho rude

Mas não posso continuar

Pois na fila do posto de saúde

Deixei um moleque guardando meu lugar

Fenômeno Chupa-Chupa

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Fenômeno chupa-chupa para um ufólogo é o nome dado pelos reibeirinhos do norte do Brasil para ufos que emitiam flashes de luz e retiravam sangue das pessoas. O povo tinha tanto medo dos chupa-chupa que nos anos 70- a cidade de Colares teve toque de recolher. A Força Aérea Brasileira se intrigou e enviou uma equipe para saber o que estava havendo. A equipe foi lá pra descobrir que não era nada, que era tudo produto de alguns “delírios” dos capiaus, mas o fato é que eles retornaram com uma boa quantidade de dados e informações inacreditáveis, com fotos, gravações, entrevistas, registros, filmes de discos voadores. O resultado deste trabalho de acompanhamento que se chamou Operação Prato acabou vazando para os civis quando o principal ator neste processo todo, o coronel Uyrangê Hollanda resolveu entregar a ufologos uma cópia que ele fez do relatório da operação prato – que era desmentida sistemática e deslavadamente pelo comando da Aeronáutica. Pouco tempo depois, Uyrangê Hollanda apareceu morto (suicidado) em casa, enforcado com o roupão.

Isso não tem porra nenhuma a ver com este post. Este post sobre chupa-chupa é um post de design. Eu sempre vejo muita gente comentando sobre como é foda o design da Apple, e tal. Realmente, foda é. Isso é inegável. Mas o que você diria se eu te dissesse que isso não é algo tão autoral quanto Steve Jobs gostaria que fosse?

cadeaimagem | Arte | apple, curioso, design, plagio

Veja este site e tire suas próprias conclusões. Mas a minha opnião é que trata-se do melhor exemplo do fenômeno Chupa-Chupa do design alheio. Coisa feia… Tsc, tsc. A Apple devia tomar vergonha na cara e dar uma bela aposentadoria para o velhinho que “inspira” Jobs e Jonathan Ive. O nome do cara é Dieter Rams, um designer alemão que fez peças fenomenais para a Braun nos anos 50 e 60.

Dica do Rafael.

O maior queijo do mundo

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mozzarella2 | Arte | curioso, gigante, queijo, recordesf mozzarella2m 9b64356 | Arte | curioso, gigante, queijo, recordes

Uma mussarela de 783,6 metros de comprimento é considerada a dententora do recorde de maior queijo do mundo. Ela é uma mussarela trançada criada pelos moradores e produtores de laticínios do vilarejo de Frosolone no sul da Itália. A mussarela dos caras desbancou o queijo anterior, que também era uma mussarela e tinha 680m. (se este é o tamanho da mussarela, imagina o tamanho da pizza!)

Agora isso fica bom com um azeite de qualidade e uma cervejinha. Hummm.

fonte 

A lasanha da madrugada

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Sozinho em casa, esperando uma lasanha Sadia sair do forno eu não tenho porra nenhuma pra fazer. Penso em escrever no blog. Abro a janela mas a tela em branco me oprime. Eu não tenho nenhuma ideia. Penso no meu dia. No que aconteceu.

Penso no meu trabalho, na ralação, nos amigos. Penso na minha mulher. Penso em levantar da cadeira e ir ver Tv. Mas nada de bom passa na tevê e eu sou obrigado a voltar para o escritório onde me espera a maldita tela branca opressora.

O que colocar ali? Uma aventura? Um conto? Uma outra poesia? Ou comentar alguma notícia? Na verdade não estou com vontade de escrever é merda nenhuma. Eu queria jogar.

Tanto jogo maneiro… Esse da Criterion novo… Meter uns tiros. Deve ser legal.

Mas ele é caro e eu não tenho. Além do mais, jogar me vicia. Eu tenho que segurar a vontade de jogar porque se começo, viro a madruga e amanhã é dia de trabalhar.

Madrugada. Apenas o silêncio. Meus pensamentos me dão a sensação clara de ouví-los.

Eu volto-me para a janela. Olho lá para a rua. Passa um fusca e fura o sinal vermelho.

Ele colide violentamente com uma Brasília ou variante. Não dá pra ver direito, porque o poste está com a luz queimada.

O que eu vejo é o fusca acertar a frente da Brasília, que pode ser uma variant,  e rodar, indo parar de encontro ao muro. A buzina dispara. É um ruído irritantemente alto da buzina “bi-bi” típica do fusca. Com a batida, o muro desabou, abrindo um buraco enorme por onde saem dois cães pretos correndo. Podem ser rottweilers. Os cães correm e atacam os caras do posto de gasolina do outro lado da rua que estavam vindo olhar o acidente. O primeiro cão pula sobre o pobre frentista agarrando-lhe o braço e derrubando-o no chão. O homem se debate gritando. O outro cão ia atacar o segundo frentista mas dá meia volta e corre para cima do colega, que se debate desesperado, com um cão mordendo-lhe o pescoço e o outro puxando pelo braço. È uma carnificina. O frentista atônito tá parado, gritando. Gritando acenando. Em desespero. O colega se debate com os cães no chão.

Nisso, eu vejo que o cara da Brasília, que agora tenho certeza que na verdade é uma Variant, desceu do carro. Ele tem algo na mão.

Só depois dos tiros que eu notei que aquilo era um 38. O primeiro cão caiu no chão e o outro ainda morde o pobre negro desfigurado.

O segundo frentista vem correndo com uma vassoura. Acerta vassouradas no cão, erra duas e acerta no colega, que está caído ao chão, aparentemente desmaiado, ou pior. Temo pelo pior, dada a vassourada no quengo.  O cão está em frenesi. O maluco da Variant mete mais dois balaços e o cão corre mancando e ganindo. Não estou certo se todas as balas acertaram o cão. Acho que o frentista estava num dia de azar.

O sujeito do fusca está lá dentro ainda, imóvel. Pode estar machucado. Será?

Eu me preocupo que ele tenha morrido na batida com o muro. A buzina disparada ainda. Uma zona. Nos prédios ao redor todo mundo correu para ver. Mas nas janelas, já que ninguém é louco de descer para a rua a essa hora. Vejo que uma mulher grita. Ela grita desesperada. Deve estar dentro do fusca, a julgar pelo barulho abafado. A buzina parou, graças a Deus!
No fusca tem um sujeito tentando tirar o cara do carro. Acho que é porteiro do prédio ali da esquina.

Alguém grita lá do prédio para não mexer no cara. Mas já é tarde. E nem deu pra ouvir bem dada a gritaria.  O sujeito tira o corpo ensanguentado e coloca no asfalto.

Outros dois que não vi de onde saíram estão tentando ver se o frentista morreu destroçado pelo cachorro lá em baixo. O frentista sobrevivente corre para telefonar no orelhão.

Penso como a vida é uma merda. Ninguém tem celular quando precisa, mas basta você entrar numa porra dum cinema ou teatro para: “…blim, blim, blim-blim-blim.. alô”?

Ao longe, bem longe, há um barulho de sirene. Não sei se é para este acidente. Está bem longe ainda, ao ponto de que nem tenho certeza se não estou alucinando ela. Agora que a buzina do fusca parou, eu posso perceber melhor a cena. Muito do que penso ver, acho que estou ouvindo, já que a falta da luz do poste atrapalha muito acompanhar o desenrolar dos fatos, e a miopia dá sua contribuição.

Mas mesmo assim, o desenrolar dos fatos é bem interessante agora, já que a mulher em crise desceu do fusca e está estapeando o infeliz ensanguentado estirado no asfalto. O porteiro do prédio tenta segurá-la. O povo da janela está.. Estão rindo!

Meu Deus, como é que pode isso? O cara deve estar morto lá e neguinho tá rindo…

Ela grita algo como “filho da puta! Não morre. Volta! Sua mulher vai me matar!”

Entendi o motivo do riso. O porteiro tenta conter a mulher. Ela se debate sobre o corpo do cara, parece estar tentando uma ressuscitação, mas não sei. Pode ser ódio também.

O maluco da variante voltou pro carro. Está sentado no capô olhando aquela merda. O carro parado no meio do cruzamento. São agora vários motoqueiros que se aglomeram no posto para ver a cena. Gente correndo de camisola começa a aparecer. São as velhas da casa 12 que sempre estão lá na igreja e vivem para fofocar. Uma tem até bobs na cabeça. A outra enrolada num penhoar florido de gosto absolutamente duvidoso, parece ter sido roubado da Dona Nenê da Grande família ou da Bruxa do 71.

Está a maior falação na rua. Os donos da casa que o muro caiu surgem desesperados. Os dois vem correndo. O marido vira-se e grita para as crianças voltarem pra dentro. Três bacuris de uns quatro a sete anos correm de volta para o buraco do muro. A mulher vê o cão caído morto e começa a gritar. Ela tá tendo um chilique. ih, vai desmaiar, vai desmaiar a coroa! O marido tenta segurar, mas agora são duas mulheres tendo chiliques. O povo ainda grita das janelas. Não dá pra entender o quê.

O pobre negão está esfacelado ali numa poça sanguinolenta e ela está ajoelhada alisando o cachorro assassino. Não faz sentido, mas é trágico.
As velhas se aproximam da mulher que vela o cão morto. Elas apontam para o sujeito da variante. Ele está sozinho sentado no capô. Cabeça baixa. Acho que tá chorando, não sei.

A mulher corre pra lá. A dona do cão está puta. As velhas da rádio-fofoca falaram naturalmente quem foi que matou o… Não ouvi o nome. Parece Ringo, ou Bingo, ou Pingo…. Uma merda assim, que não combina com um cachorrão daquele tamanho nem ferocidade.

Ela foi lá tirar satisfação com o cara. Empurrou ele. O marido dela vem correndo tentar acalmá-la. Ih, carai! Fudeu. O cara da Variant empurrou a mulher e ela caiu estatelada no chão. Quase mete a cabeça no meio-fio. Os motoboys gritam algo como “ÔôôôÔ…”
O marido dela chega e se mete entre ela e o cara da Variant que estava quieto na dele.

Recomeçou a discussão. O marido empurra o cara da Variant. Ameaça meter a mão na cara. O homem da Variant meteu… Ai meu Deus! …a mão no casaco e sacou o trabucão novamente.

O marido da mulher dá um passo pra trás. O cara da variant avança e mete dois enormes tapões na cara do sujeito, que quase tropeçou na mulher. Eu só escuto a parte do “Quer morrer? Quer morrer? Reage, filho da puta! Reage!”… Ah, só pode ser polícia esse puto.

As crianças choram olhando pelo buraco o papai que vai morrer. As velhas correm para o hortifruti desesperadas. A gritaria recomeçou forte com gente berrando dos prédios.

O dono da casa levantou e agora corre com a mulher. A galera das janelas em coro “Amarelou, amareloooou”.

A maior vaia.

O maluco da Variant aponta a arma aleatoriamente na direção das janelas. Dá um tiro. Fez-se o mais completo silêncio que eu já testemunhei na vida. Agora deu certeza que é polícia.

O cara da Variant senta novamente sobre o capô e fica isolado. Agora a rua é apenas silêncio. Todos apenas se olhando desconfiados. A coisa ficou tensa.
O barulho da sirene não está mais no ar. Aquilo não era o socorro mesmo. E pelo que parece, o socorro vai demorar.

Os porteiros e os vigias do estacionamento junto com os vigias do hortifruti estão colocando uma lona em cima do negão e uns jornais no corpo do cara do fusca. A mulher do cara lá do fusca chora desconsolada. A amante. Dizem que a mulher mesmo só chora assim no enterro, e quando tem televisão. Ou então, quando o cara é rico.

Um estalo seco ecoou na noite e as velhas gritam. Todo mundo grita, Muita correria. Eu olho pro canto e vejo que o meganha lá da Variant está caído sobre o capô. Surge atrás do poste o marido da dona dos cachorros. Ele tá com uma 12 na mão. Parece ser cano serrado ou algo assim.
Caralho o maluco virou no Charles Bronson!

Agora me lembro que ele é ex-PM também. Puts. Nunca humilhe um ex-pm!
O maluco tá caidão em cima da variant toda fodida. Braços abertos igual o Cristo Redentor. O revolver caiu. A mulher do ex-pm vem gritando em desespero, com as mãos na cabeça. Ouço um ruído de batuque eletrônico.

No fim da rua, lá em baixo perto do açougue eu vejo que vira um carro cantando pneu. É um Vectra tunado. O som toca um funk no último volume. Ele está muito rápido. Rápido demais! Parece que o cara não está vendo o… Ah, não… Puta que pariu!

O carro vem a toda cantando pneu e entra com a variante, o morto e tudo dentro do posto de gasolina. Eles atingem a bomba.

O posto explodiu! Exódiu, caralho! Explodiu! Puta merda, quebrou um monte de janela e eu caí de bunda aqui no chão.
Vejo subir um um clarão que ilumina a rua. É um barulho como uma bomba atômica. Eu sinto o som no meu peito. Caí atrás da janela. Me levanto para ver a merda.
Vejo que pedaços de pessoas voam. O predio sacode. Eu penso que vai acabar o mundo. Tenho medo que desabe tudo.
Sinto o cheiro do óleo e da gasolina. Uma língua de fogo gigante se precipita sobre o que era o posto. Da janela vejo pessoas em chamas correndo. Muitos corpos se espalham pelo chão. Os que sobraram dos motoboys estão queimando aos gritos no chão. Em meio a fumaça, noto que o posto agora é uma cratera com pedaços de telhado e vigas.

Fogo muito fogo.

Eu sinto o calor. Não consigo respirar direito. Meus olhos ardem. Os carros estão de cabeça para baixo no bololô retorcido. Todas as janelas dos prédios em volta explodiram. Tá tudo sem luz. O poste caiu. Eu sinto o cheiro ruim da fumaça. O cheiro ruim e ressecado da fumaça escura…

Caralho. A lasanha tá queimando!

O cão da beira-rio

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brown short coated dog walking on gray sand during daytime

Na beira rio tem um cão

Uma criatura da escuridão

Seu coração palpita

Seu pulmão preto apita

Sua forma é esquisita

Sem raça

Com fome

Sem graça

Sem nome

Com a boca já quase sem dente

Seu latido é um murmurar

com o olho que olha pra gente

mesmo sem conseguir enxergar

Ele é o cão da beira-rio

Aquele que treme sem sentir frio

Ele nunca teve dono

Nem fez alguém feliz

Em estado de abandono

Nunca viveu em canis

Ele come o lixo da casa da moça

E mata a fome bebendo da poça

Na porta do bar petrifica

parado, estático ele fica

espera um pedaço de caridade

e abana o rabo com agonia

morde o pedaço com vontade

tão fiel como uma vadia

foge sem humildade

sua pele rachada é coisa ruim de ver

Fica difícil até descrever

Berne, pulga, carrapato

Bicheira, moscas, podridão

Todo tipo de maltrato

Infesta aquele cão

O cão da beira-rio

está sempre no cio

Nem parece um bicho

revira as latas de lixo

porque é um cachorro

procurando socorro

Corre no mato

Sobe no morro

um triste retrato

sobre o qual eu discorro

quando a noite cai

ele está perdido

se vai

exaurido

E anda pela estrada

Sem partida, nem chegada

um cambaleio no compasso

das quatro patas mancas de cansaço

meio cego ele deita

Na faixa da direita

dorme um sono sem sonhos

sem amigo ou patrão

sem sentimentos tristonhos

porque não conhece emoção

Sem enxergar

Uma luz a iluminar

do farol do caminhão

na estrada da desolação

Quando vem a colisão

As rodas passam sobre o cão

sem piedade nem sobressalto

pedaços explodem no asfalto

Quando se vai o caminhão

sem perceber o que largou

a escuridão abraça o cão

ou o rocambole que restou

Espalhados na estrada

sangue, tripas, pele e miolo

sem choro, nem gargalhada

nem raiva ou desconsolo

Quem passa na beira da via

o olhar desvia

daquilo no meio da estrada
que assusta qualquer camarada

Com a morte na madrugada

ele encontrou sua função

morrendo sozinho na estrada

debaixo das rodas do caminhão

O cão da beira-rio

na beira do meio-fio

com a carcaça a apodrecer

finalmente vai poder

longe dos lugares hostis

fazer alguém feliz

quando o sol irromper

e a noite enfim ceder

cortando o céu com luz

em meio a claridade

ele finalmente vai fazer

a felicidade

dos urubús.

Fim

50 anos dos Smurfs – As Alucinações de Gargamel

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gargamel | Arte | curioso, Textos

Segunda-feira foi comemorado o aniversário de 50 anos dos smurfs, aqueles bichinhos engraçados azuis com um chapeuzinho branco. Os smurfs foram criados na Bélgica por Peyo Culliford. Virou desenho animado e veio desembarcar no Show da Xuxa em plenos anos 80, marcando a memória de gerações de crianças.

Inicialmente só haviam smurfs masculinos, mas Gargamel, um humano que sempre desejou comer os smurfs (sentido literal!) inventou uma smurf fêmea, chamada smurfete. Ela tinha o cabelo preto e channel, mas depois de ser convertida para o lado do bem ela ficou loura com um penteado parecido com o da Farah Fawcett em “As panteras”. Nada anormal. Até minha mãe tinha “cabelão pantera” naquele tempo.

Posteriormente, com o sucesso do desenho, novos smurfs femininos foram adicionados, contando três no total. O resto dos 104 smurfs eram machos, sendo que um era boiola.

Em homenagem aos smurfs vou tirar da sepultura um texto bem antigo do Mundo Gump. Eu estava na aula de Psicopatologia quando tive este insight. Estudando sobre alucinações bizarras, eu percebi que na verdade os smurfs não existem.

Eu sei que você deve estar balançando a cabeça e pensando: “Ora bolas, grande conclusão.”

Mas eu me refiro a não existência dos smurfs no próprio desenho! Na verdade, eles são uma manifestação de problemas psíquicos do Gargamel. Veja se não parece:

ALUCINAÇÕES LILIPUTIANAS

De todas as alterações da mente, as alucinações são um prato cheio.
As alucinações liliputianas então, são sensacionais. Elas tem este nome, porque como você entenderá mais tarde, se baseiam na história de Gulliver, escrita por Swift. ( Vai, puxa pela memória aí. Gulliver era aquele garoto que sobreviveu a um naufrágio e foi parar numa ilha. Ao acordar, viu-se cercado de milhares de homenzinhos minúsculos que o amarraram, mas depois ele ficou amigo dos homenzinhos e foi tratado como um gigante…)
Uma alucinação liliputiana é basicamente assim:
O paciente acordou e ao olhar no canto da parede, viu estupefato, que ali estavam dois pequeninos homenzinhos a olhar para ele e acenar. O paciente acenou de volta pra eles, embora não entendesse como dois homens poderiam ser tão minúsculos, com dois centímetros de altura apenas. No decorrer dos dias, o paciente começa a desenvolver uma relação com os homenzinhos, que agora começam a trazer mais e mais pequenos seres para vê-lo. Em alguns casos, o paciente se alegra ao ver os homenzinhos fazerem acrobacias e palhaçadas. Com o tempo, o paceiente descobre que os homenzinhos saem de uma pequena fresta na parde, por onde uma tomada em curto havia sido arrancada. (os homenzinhos geralmente são descritos saindo de buracos, fendas, rachaduras ou portinholas minúsculas que simplesmente surgem do nada.)
As alterações liliputianas são dotadas de uma coloração intensa, como se a redução do tamanho dos seres implicasse em uma maior saturação dos tons, mas isso não impede a sensação de realismo, que é altíssima, com os homenzinhos obedecendo princípios de perspectiva, relevo, iluminação… O comportamento dos homenzinhos em geral é afetado, teatral. Com um certo ar cerimonial e circense.
Na grande maioria das vezes, a alucinação liliputiana não inclui um grau de interação alto entre o paciente e os homenzinhos da visão, sendo apenas limitado a observação e contemplação. Eventualmente um diálogo. Na maioria das vezes, não se entende o que os homenzinhos dizem por ser baixo demais ou em uma língua desconhecida. No geral, relacionam-se por sinais.
Se eu tivesse que sofrer uma alucinação sem dúvida eu gostaria que fosse esta.
Bom, você deve estar se perguntando que diabo de maluquice é essa que me deu de escrever sobre uma alteração mental. Explico: Eu estive pensando nos Smurfs.
E aí caiu a ficha! Gargamel é um portador de uma psicopatologia! Ele sofre das alucinações liliputianas e vê os Smurfs. Acredita tanto nas visões, que acha que pode comê-los. A obsessão de Gargamel – um velho idoso da idade média, que vive numa ruína decadente em meio a uma floresta, algo que já sugere algum tipo de demência ou patologia anti-social – pelas criaturas, pode se dever em parte pela característica de sobrecarregar cromaticamente a aparência dos seres, dando-lhes cores azuladas que pareceriam apetitosas como frutas a alguém que nunca comeu nada muito colorido.

Você poderia se perguntar como poderia o Cruel – o gato do gargamel – ver os smurfs. A explicação para isso é óbvia. O próprio gato é uma alucinação também. Gargamel praticamente não come e não tem amigos. Cruel surge como uma companhia para Gargamel. Como é um produto da mente dele, o gato consegue “ver” os smurfs. Gargamel deve ser um velho demente esquizofrênico. É por isso que ele vive afastado da sociedade. A razão por trás dos Smurfs e do Cruel é que são produtos fantásticos da mente doentia de um velho eremita.

Não deixe de ler este artigo bem legal sobre os smurfs , uma excelente dica do Gustavo.