O aristocrata que comprou uma criança para vê-la sendo comida por canibais

Volta e meia, histórias como Round 6 ou Bacurau, acabam recaindo numa certa dimensão grotesca da relação de poder entre uma elite e miseráveis pobres, que em sua condição de menor poder lhes é tirada de maneira perturbadora toda a noção de humanidade.
Mas isso é ficcção, certo?

Infelizmente, este post vai dar mais um pontapé no que restar da sua fé na espécie humana em direção ao abismo – quando contarei a horrível história de J. Jameson, um rico aristocrata irlandês, que decidiu se divertir de um jeito, digamos, “peculiar”.

J. Jameson

 

Em 1880, James Jameson, herdeiro da vasta fortuna do Jameson Whisky, uma famosa marca de Whisky irlandês, estava entediado, e seu passatempo de pintar paisagens pitorescas parecia ter chegado ao limite, quando ele teve a ideia. Em uma viagem de cunho “artístico”, Jameson decidiu comprar uma criança.
Era uma bela menina de 10 anos. Seu plano era apenas para poder desenhá-la, sendo comida por canibais!
James S. Jameson era o tataraneto de John Jameson, o fundador da famosa empresa Irish Whiskey, e como tal era o herdeiro da fortuna da família.
Como muitos herdeiros ricos da época, Jameson se considerava uma espécie de “aventureiro” e para ter o que contar nas rodas de conversa da aristocracia, decidiu que uma boa coisa a fazer seria acompanhar as expedições de exploradores profissionais, desbravando terras exóticas, bem ao estilo dos milionários de “Bacurau”.
Em 1888, ele se juntou à Expedição de Socorro Emin Pasha, liderada pelo renomado explorador Henry Morton Stanley, pela África Central. A viagem visava ostensivamente levar suprimentos para Emin Pasha, líder de uma província otomana no Sudão que havia sido envolvida em complicações decorrentes de uma revolta política.

 

Obviamente que a história parecia muito boa para ser verdade, e na realidade, a expedição tinha um segundo propósito: anexar mais terras para a colônia do Estado Livre Belga no Congo.

Canibais e diversão

Existem vários relatos sobre o incidente, desde o diário de Jameson, sua esposa e um tradutor  sudanês chamado Assad Farran que participava da viagem. Em junho de 1888, Jameson estava no comando da coluna traseira da expedição em Ribakiba, um posto comercial nas profundezas do Congo, que era conhecido por sua população canibal.
Embora em alguns detalhes se diferenciem nos relatos das 3 fontes citadas acima, é aceito que nesse período Jameson estava lidando diretamente com “Tippu Tip”, um comerciante de escravos e “resolvedor” de problemas do local.
Tippu
De acordo com Assad Farran,  Jameson expressou interesse em ver o canibalismo em primeira mão.
Farran contaria mais tarde a Stanley, líder da expedição, quando este voltou para verificar na última coluna, os eventos que aconteceram envolvendo Jameson. Mais tarde esses relatos foram publicados  pelo New York Times.
Ele disse que Tippu então conversou com os chefes da aldeia e apresentou uma escrava de 10 anos, pela qual Jameson pagou a estonteante quantia de… seis lenços.
Sim, seis lenços. Pedacinhos de tecido. Pela vida de uma criança. Para sua diversão.
De acordo com um tradutor, os chefes então disseram aos seus aldeões:
“Este é um presente de um homem branco que deseja vê-la comida”.
“A menina foi amarrada a uma árvore”, disse Farran, “enquanto os nativos afiavam suas facas. Um deles então a esfaqueou duas vezes na barriga. “
No próprio diário de James Jameson, ele escreveu: “Três homens então correram e começaram a cortar o corpo da menina; e finalmente sua cabeça foi cortada e nenhuma partícula permaneceu, cada homem levando seu pedaço rio abaixo para lavá-lo.”
Tanto Farran como Jameson, em seus relatos, concordam que a garota nunca gritou durante toda a provação. Sendo praticamente imolada como um cordeiro para a diversão do aristocrata.
“O mais extraordinário foi que a garota nunca emitiu um som, nem lutou, até cair”, escreveu Jameson.
“Jameson, nesse ínterim, fez esboços das cenas horríveis”, contou Farrad em seu depoimento posterior. “Jameson depois foi para sua tenda, onde terminou seus esboços em aquarela.”
Em seu próprio diário, Jameson menciona os desenhos, escrevendo:
“Quando fui para casa, tentei fazer alguns pequenos esboços da cena enquanto ainda estava fresco na minha memória”.
Em seu diário e no relato posterior de sua esposa sobre o incidente, os dois tentam interpretar como se Jameson concordasse com o processo porque acreditava que era uma piada e não conseguia imaginar que os aldeões iriam realmente matar e comer uma criança. (ou seja, passaram pano)
No entanto, nem Jameson, nem sua esposa, explicam por que Jameson pagaria exatamente seis lenços, o que no local remoto em que se encontravam, teria um valor considerável, por algo que ele não acreditava que aconteceria.
Também não explica por que ele tentou ilustrar o acontecimento horrível após o assassinato.

Ele nunca foi acusado de nada

A era dos aristocratas aventureiros

 

Embora existam registros do envolvimento do aventureiro com o crime, James Jameson nunca enfrentou a justiça. Ele morreu, vítima de uma febre, logo após as acusações de sua má conduta chegarem a Stanley em 1888. Tippu e os assassinos da criança provavelmente também nunca responderam pelo crime.
A família de Jameson, com a ajuda do governo belga, por trás da expedição, conseguiram abafar muitas das atrocidades e esta missão se tornou a última de seu tipo.
As expedições civis não científicas à África foram suspensas depois dessa época, embora os militares e governamentais continuassem a “desbravar” o continente.
Fonte: Ati

 

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. em 1887 No rio Amazonas, já ler um relatos de um cara endemoniado, matado índios e garimpeiros, Nessa época do rio negro, jogado os corpo pra piranha, jacarés, onças e sucuris até 1910 ele foi morto por caçador e explorador

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