Depois do meu post de ontem, sobre o telefone esquecido no meio do deserto, um amigo me perguntou se eu já havia postado sobre o festival Burning Man que eu cito no post do telefone. De fato, eu acho que não havia ainda postado sobre este evento inacreditável e caótico com sabor de Mad Max.
É difícil falar do Burning Man sem mencionar a estética maluca pós apocalíptica da franquia Mad Max. Mas o Burning Man vai além. Como dizem que “imagens valem mais que 1000 palavras”, dá uma olhada nas fotos que depois eu volto com mais palavras:
Todos os anos, milhares de pessoas eclodem ao deserto. São os participantes no Burning Man Festival que acampam no deserto de Black Rock de Nevada e ali eles formam uma comunidade, uma cidade auto-suficiente temporária povoado por artistas, malucos, espíritos livres, performers, e muito mais. Você não faz ideia do tanto de dorgas que deve rolar nesse lugar em pleno deserto, e muito menos da putaria desenfreada que deve rolar. è um mundo à parte, e um paraíso para fotógrafos que gostam de imagens estranhas. A sensação é que estamos numa Zion misturada com viagens do Moebius, batida com Mad Max e gelo com limão e cachaça.
Estima-se que 70.000 pessoas estiveram no Burning Man 2015, “Carnaval de espelhos,”. O core do festival é formado por gente que vem de todo o mundo para dançar, expressar-se, e apreciar o espetáculo. Reunidos abaixo são algumas das atrações do festival, fotografado pelo fotógrafo da Reuters Jim Urquhart.
Uma vista aérea do Burning Man 2015 no deserto de Black Rock of Nevada em 2 de Setembro de 2015. No meio da semana a cidade tomou forma temporária e está sendo preenchido à medida que mais participantes continuam a chegar.
Nem tudo é putaria no Burning Man. Rola até casamento. (se liga nas roupas dos convidados)
As bicicletas são um efetivo meio de transporte entre as diversas atrações que rolam no evento. Eventualmente ocorrem também tempestade de areia que podem durar de minutos a horas. É o que explica as máscaras e o visual sujo-Mad-Max do evento.
E são muitos eventos. Alguns com nomes estranhos. Na foto abaixo, os participantes se reúnem no evento chamado “loucura da Medusa”, em 6 de setembro de 2015.
Más há um numero enorme de “sub eventos” como um que a galera jogou água no chão e fez um lamaçal responsa e todo mundo ficou pelado lambuzado de lama.
Aliás, sempre vai ter gente pelada nesses lugares.
E também de máscaras. E também “famílias” alternativas, mutcho locas:
E muita musica eletrônica, fogo, fogos de artifício, e instalações gigantescas que te faz pensar que não está no planeta Terra mas sim num universo paralelo onde tudo é possível.
Claro que também não faltam gatas alternativas/steapunks/hippies e toda sorte de variações envolvendo mulher bonita e roupas extravagantes que couber entre esses estereótipos. Algumas andam peladonas mesmo e não posso botar aqui as fotos porque senão o Google me castra.
Você pode imaginar, pelas fotos que o deserto está repleto de LSD para todo lado, mas não necessariamente. Claro que todo lugar que tiver muita gente reunida e musica, pode rolar drogas, mas o evento é muito mais que um agrupamento de malucos.
Você não precisa ser doidão para ir num evento dessa magnitude. Há coisas espetaculares, tão incríveis que se você estiver sob efeito de drogas pode nem curtir legal. Um desses é o desfile de carros customizados com toda sorte de efeitos de luz, fogo, neon e etc.
Falando em veículos, rola uns ônibus com subfestas ali no Burning Man. É festa o tempo todo. De todo tipo!
Nessas festas a gente vê gente de todo tipo:
E entre uma festa e outra é comum ver gente chapada, capotada ou simplesmente dormindo.
O evento parece muito, muito maneiro mesmo. Aqui está um video em que podemos ver alguns dos momentos legais do Burning Man do ano passado:
Apesar da aparência de “pode tudo”, realmente existem regras: Uma das únicas que tem diz que não se pode levar nenhum animal. E muitas vezes existem policiais disfarçados de traficantes para prender doidões otários. Assim, no lugar droga tem o apelido de “candy” (doce) e por isso é comum ouvir o provérbio para “nunca aceitar doces de estranhos”. Pode ser polícia. Mesmo assim, está bem óbvio que esta coibição não parece ser 100% efetiva. Em resumo, o Burning Man é um festival bastante anárquico. Nesse evento, não se aceita dinheiro, não existe eletricidade, não existe autoridade formal e no final um boneco de palha gigantesco acaba incendiado. (uma referência ao filme? Acho que sim)
Apesar de soar como um ímã de pirados, o Burning Man é bem cheio de geeks do Vale do Silício. Entre outros ilustres habitués do Burning Man está boa parte da nata do Vale do Silício, incluindo aí Sergei e Larry Brin, criadores do Google, que costumam ir todos os anos. O evento é descrito como um experimento social e de arte, influenciado por 10 princípios principais: inclusão radical, cooperação comunitária, autoexpressão radical, autossuficiência radical, gifting e de mercantilização, e não deixar nenhum vestígio.
O Burning Man foi realizado pela primeira vez em 1986 na praia do padeiro em San Francisco. Era só um pequeno evento organizado por Larry Harvey e um grupo de amigos, que desde então acabou virando um puta eventão mundial e tem sido realizado anualmente. Ele costuma durar do último domingo de agosto até a primeira segunda-feira de setembro (Dia do Trabalho).
No Burning Man a comunidade explora várias formas de auto-expressão artística, criado em comemoração para o prazer de todos os participantes. A participação é um preceito fundamental para a comunidade – doação altruísta de talentos únicos um para o gozo de todos é incentivado e reforçado.
Como o nome sugere, o evento leva o nome de seu ponto culminante, a queima simbólica e ritualística de um grande efígie de madeira (“O Homem”), que ocorre tradicionalmente no sábado à noite do evento.
Eu suspeito que a queima do boneco seja uma referência direta a um filme de 1973, chamado The Wicker Man. Mas o criador do evento nega isso. (não sei como já que é praticamente a mesma merda. Talvez pra evitar processos)
Hoje, o Burning Man é organizada pela Burning Man Project, uma organização sem fins lucrativos que, em 2014, conseguiu virar uma empresa (Black Rock City, LLC), que foi formada em 1997 para representar a organização do evento, e agora é considerado uma filial da organização sem fins lucrativos original. O evento cresceu tanto que gerou eventos filhotes, inspirados nos conceitos básicos do Burning Man.
mad max
Rave Maquiavélica + os 09 Circulos de Dante…..
Capiroto Fest!
Eu conheci isso em um ep. dos Simpsons.
Massa… Nunca tinha olhado para o festival desta forma, sempre achei que era somente uma festa de pirados! Vou colocar na minha lista de festivais a ir uma vez na vida pelo menos!! Valeu pelo post!!!
É tão diferente assim do nosso carnaval? Galera se diverte, toma umas e outras, um baseado aqui e acolá… Danças, músicas e afins… Eu só não curtiria pelo excesso de sujeira e pó, rs
Se baseia em um ritual celta descrito por Júlio César em De Bello Gallico.
CARA, fico imaginando a “queima de fosfato” desses malucos tentamdo bolar a melhor fantazia, alegoria e perfórmance, para se exibir no dia(s). Fico imaginando também a ocorrência de casos de atendimento de emergência que deve rolar por lá. Se tiver algum serviço de socorro de prontidão os camaradas devem ficar louco com essa galera pirada. Deve ser mesmo a tal da anarquia…. e o fedorzão, heim? Tô fora!
Os atendentes médicos são voluntários que também participam da festa.
Oi Philipe! Adoro o site, e amo o Burning Man – a melhor experiência que já tive na minha vida – então quando um amigo comentou que viu uma matéria sobre o BM “naquele site que vc adora”, vim correndo ver. Vc consegue imaginar minha decepção com vc ter conseguido transformar um dos eventos em que as mulheres se sentem mais livres no mundo em um post totalmente machista, raso, preconceituoso e focado em um público, digamos, bem fechado. Pra resmumir, não é basicamente nada disso que tá aí em cima. Em BRC a gente costuma dizer que alguém não está pronto pra ir ao evento dependendo de como age no dia a dia, porque tem coisas lá que simplesmente não funcionam, não cabem, não tem espaço – o machismo é uma delas, e você, com certeza, faria um favor a todos nós não indo ~ nunquinha ~ no evento. Obrigada! Beijocas
Acho que vc ta certa. Ficou bem machista mesmo, principalmente esse lance de mostrar as garotas bonitas do evento e tal. Mas se bem que “tudo que é bonito é pra se apreciar”. Acho que eu poderia ter falado mais sobre os conceitos que levaram a criação e fundamentam a existência do festival.
“um dos eventos em que as mulheres se sentem mais livres no mundo”
Comportando-se exatamente como os homens querem! rs