Viking Warrior – Parte 2

Ok, pessoal, antes de tudo, peço desculpas por não ter atualizado o blog desde a noite de sexta. Eu não fui internado, mas a pedra está aqui no meu rim direito e de vez em quando ela dá sinal de vida e dói pra dedéu.

Mas voltando ao boneco, tudo começa do mesmo jeito de sempre. Até agora nós vimos a criação de figuras. Figuras são bonecos parados em bases. Elas podem até ser decoradas. Mas no geral, uma figura tem a função de mostrar apenas o boneco e não conta uma história. Esta escultura em particular é parte de uma história então ela não é só uma figura. È um diorama. Um diorama é uma espécie de maquete que mostra uma cena. Há um tipo de texto embutido na cena. Um diorama pode ter uma peça só, mas é comum que tenha mais de uma figura em algum tipo de ação. Os dioramas mais comuns são os militares, sobretudo os da II guerra. Mas existem também os dioramas fantásticos, como este que farei aqui.
Eu pego uma base de MDF com tamanho suficiente para a toda a figura. Neste caso, a base escolhida foi uma circular bem grande, de maneira que eu tracei com lápis sobre ela o tamanho exato da base final, que é toda trabalhada. Eu uso duas bases diferentes, porque isso facilita o trabalho. Uma é a que vai ao forno, cai tinta, cai cola, cai gesso, cai massa e o escambau a 4. A outra é a bonita que só entra no final.

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Em geral eu costumo comprar bases para bonecos numa loja do saara aqui no Rio que fica na rua Senhor dos Passos (logo no início da rua, perto da uruguaiana) eu não sei o numero, mas é uma loja conhecida por vender caixinhas de madeira e tudo que você imaginar de madeira. Até garfo e faca. Lá vende umas bases para artesanato que quase sempre são mal acabadas, necessitando de algum trabalho extra de lixar e ajustar. Mas é barato, fica perto e para a maioria das minhas peças não comissionadas como esta aqui, dão pro gasto. O Leo da MSFX lançou na linha de materiais de escultura FX arte uma série de bases de madeira trabalhadas. As bases que o Leo vende são de melhor qualidade das que tem aqui no Saara. Mas eu não sei dizer muito sobre a questão de tamanhos. Neste caso, a peça estava prevista para ser grandinha e nenhuma das bases que o Leo me mandou coube a peça em cima. Aí eu apelei pra base vagaba mesmo.

CIMG6055

Então, depois de traçar a lápis as dimensões da base final sobre a base primária, eu começo a fazer os furos (fig1) nela com minha mini-retífica. Note que eu fiz um monte de furos. Por que? Porque esta peça é complexa, envolve duas figuras em balanço negativo, apoiadas por um ponto mínimo de apoio. Daí a necessidade de estruturar a escultura com um sistema de retenção que divida o peso concentrado do boneco em diferentes pontos da base. O objetivo final é obter uma escultura que pareça desafiar a gravidade. Como a gravidade é uma constante aqui na Terra, não dá pra fazer milagres. Não há efeito especial que resolva, a gente tem que usar gambiarras para disfarçar os problemas e maximizar os efeitos.

Então, para a peça ficar em balanço, a melhor coisa é travá-la em diferentes pontos da base. Com um disco de corte, eu faço cortes na parte debaixo da base, ligando os furos. Estes cortes servem para encaixar o arame dentro. (fig2)

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Isso previne que a base fique em falso com o arame passando em baixo. Em seguida eu enfio o arame pela parte debaixo da base, passando de um furo a outro. E saindo as duas pontas pela aparte de cima da base. Com um martelo eu dou umas sutis porretadas na parte de baixo para o arame entrar na “caminha” dele.CIMG6061

Eu repito isso varias vezes. (fig 5)CIMG6062

Do outro lado, na parte de cima, vemos que há tipo uns cabelos de arame. CIMG6063Esta é a parte chata. Você tem que torcer este arame com alicate (eu uso alicate de bijuteria) pacientemente, deixando o mais tenso possível, já que é esta tensão que suportará o peso de toda a estrutura.

Repita este doloroso processo (eu fiz um buraco na mão com o arame). Tem que tomar MUITO cuidado ao manipular arames, porque eles gostam de acertar o olho. O arame SEMPRE tenta de machucar. Ao longo dos anos mexendo com bonecos e me machucando muito, eu percebi que isso é da natureza dele. Então eu não confio em arame. Esses materiais são malignos. Diabólicos.

CIMG6064

Mas depois de trançar todos os arames, num trabalho que pareceu não ter fim jamais, eu consegui finalizar a parte básica. (fig8)CIMG6065

O passo seguinte foi juntar tudo isso e pentear as tranças de arame para cima e começar a esclpir no arame a estrutura final. (fig 9)

Como o viking vai estar em cima do monstro, eu só preciso blocar com arame o monstro. Então, ele é parte da base. E a base é a montanha. O segredo desta peça em balanço é que ela não pode desequilibrar. Mas se não houvesse a montanha, o efeito do balanço seria fraco e a peça ficaria instável. Colocar a montanha adiciona um bom efeito visual, dando um clima ao combate e me ajuda a esconder um contrapeso na outra extremidade que suportará o peso do monstro mais o viking pendendo do outro lado.

Por enquanto, não dá pra visualizar claramente isso, já é só um amontoado de arame, mas à medida em que a peça for avançando, poderemos ver isso em mais detalhes.

Por enquanto é só. Amanhã tem a continuação: Viking Warrior – Esculpindo o monstro. Fiquem ligados.

CIMG6067

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Fala, Philipe!
    Com certeza vai ficar muito bom!
    Só tenho uma sugestão:
    Coloca as fotos inseridas no texto como nos outros modelos… fica muito melhor ilustrado…
    Outra coisa:
    Que plugin do WP eh esse q vc usa pra abrir as fotos? Tem como divulgar?
    Valeu e Parabéns!!!

  2. [quote post=”1845″]Coloca as fotos inseridas no texto como nos outros modelos… fica muito melhor ilustrado…[/quote]

    Claro cara. Mas é que hoje eu estava com pressa de postar e tinha que sair rapido, então upar uma a uma era inviável. Pra não deixar mais um dia a galera na espera, o jeito foi otimizar e colocar todas as imagens numa só.

    [quote comment=””]Legal…o monstro vai ser o urso do rascunho original ou mudou?
    saúde pra ti cara.[/quote]
    Mudou. Vai ser uma coisa meio urso, meio macaco e meio demônio. Uma coisa bem horrenda e cheia de dentes. EU desisti pq por mais sinistro que seja um urso polar, não faz muito sentido um bicho deste tipo numa montanha. Além disso, ursos polares são muito fofinhos…Não inspiram terror. Eu queria uma coisa mais “pesadelo na montanha”.
    Aí fui pro lado mais fantástico mesmo, com um bicho bem feioso.
    Estou esperando o couro de coelho que eu encomendei chegar. :lol:

  3. Philipe, eu me amarro nos teus trabalhos de escultura, mas na do Locke e também na do Lobisomem eu achei o troco um pouco alongado demais.
    Talvez se vc o fizesse mais curto, com as pernas um pouco mais longas, ficaria uma proporção mais heróica. Eu tenho um livro antigaço aqui em casa que mostra que 7 1/2 cabeças de altura nem sempre funciona para este tipo de personagem. Se não me engano, ele mostra proporções de 8, 8 1/2 e até 9 cabeças de altura e fica beeeem legal. Vale a pena talvez até para estudo. Se quiser, eu escaneio e te mando essa página.
    Um abraço e arrebenta! :D

  4. [quote comment=””]Philipe, eu me amarro nos teus trabalhos de escultura, mas na do Locke e também na do Lobisomem eu achei o troco um pouco alongado demais.
    Talvez se vc o fizesse mais curto, com as pernas um pouco mais longas, ficaria uma proporção mais heróica. Eu tenho um livro antigaço aqui em casa que mostra que 7 1/2 cabeças de altura nem sempre funciona para este tipo de personagem. Se não me engano, ele mostra proporções de 8, 8 1/2 e até 9 cabeças de altura e fica beeeem legal. Vale a pena talvez até para estudo. Se quiser, eu escaneio e te mando essa página.
    Um abraço e arrebenta! :D[/quote]

    Não descordo de tu, Midu… Mas acho nove cabeças acho forçado de mais, afinal esta medida é usada por estilistas para desenharem roupas. Oito cabeças ou oito e meio, acho formidável, ainda mais pelo fato de que hérois nórdicos são homens grande e bem fortes, quase um troll literalmente.

  5. Com certeza, mas neste caso aí, o esqueleto é do monstro. Dentro da perspectiva de criação conceitual, esse monstro tem uma conformação bestial, onde o tronco e os braços são bem maiores que as pernas, como num gorila. Ele tem mãos enormes também, para referenciar o “poder”.
    Já o viking, por ser humano e o contraponto ao ser bestial, tem uma proporção mais próxima à acadêmica de esculturas de 8 cabeças.

    Sobre o Locke e o lobisomem, eu não sei se está tão desproporcional assim. O lobisomem tem as pernas dobradas para trás e o locke eu usei uma folha anatômica com uma foto real como referência de proporção.
    Então pode ser só a foto ou então eu que dei mole mesmo no processo da escultura.
    Vou me ligar nesse detalhe para o viking. (o monstro tem quase o dobro do tamanho do Varmod) haja paciência, hehehe. :B

  6. [quote comment=””]Eu não fui internado, mas a pedra está aqui no meu rim direito e de vez em quando ela dá sinal de vida e dói pra dedéu.
    [/quote]
    Nossa, vc ficou doente? Visito o blog todo dia mas justo esse fds viajei aí tou tirando o atraso dos post, hehe. Se cuide, beba mais água p/ n empedrar td aí. ;]

  7. Valeu. Já tô de volta. Mas de sobreaviso. A pedra pode resolver descer e aí ferrou. É como dar a luz a um ouriço de cristal pelo bingulim. Dói pra dedéu. :shocked:
    E a culpa foi do chocolate…

  8. Ouvi dizer de fonte fidedigna que a folha de PATA DE VACA é boa para pedra no rim.
    A venda nas boas barraquinhas de ervas.
    Embora hoje em dia tambéem existam fármacos excepcionais.
    Passei 8 anos sofrendo com uma rinite infernal – depois que passei a usar Plurair ( um medicamento nvo ) uma vez por dia ( antes de dormir ou de manhã cedo, tanto faz ) – minha qualidade de vida melhorou 999%.
    Ou vários meses com uma dor na coluna que não podia nem me mecher, não podia erguer o braço nem amarrar o sapato – as vezes nem levantar da cama.
    Minha mãe apareceu cm um unguento a base canfora e outras coisas malucas e agora eu corro, faço 30 flexões de manhã, bicicleta, ando por aí tudo e o scambau, não sinto mais nada.
    Posso garantir que há remédio para tudo – só não existe remédio para a feiúra do Ro… deixa prá lá…

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