Na noite que antecedeu o voo, Nicholas Alkemade estava tenso, pensativo. Seria aquela sua décima terceira missão de bombardeio sobre a Alemanha. Nicholas nunca fora supersticioso com relação ao número 13, o famoso “número do azar”.
Tinha então vinte e um anos e ocupava uma das posições mais perigosas a bordo do bombardeiro Lancaster: a de artilheiro de cauda. Essa função, além de extremamente arriscada, era desconfortável.
A torre de artilharia localizava-se numa pequena bolha de fibra de vidro acoplada à cauda do avião, um espaço minúsculo que ele dividia com um canhão, toda a munição da missão e quatro metralhadoras médias. Devido à falta de espaço, o paraquedas do artilheiro era mantido fora da torre.
O Lancaster voava a 6.000 metros de altitude — altura onde o frio é intenso —, e naquela noite de primavera, fazia ainda mais frio do que o habitual.
O esquadrão 115, ao qual pertencia, tinha sido relativamente sortudo na guerra, saindo ileso de inúmeros combates.
Naquela missão, o voo transcorreu sem maiores incidentes até a chegada a Frankfurt, onde houve alguma artilharia antiaérea. O piloto subiu a aeronave para escapar da zona de maior risco. Ao sobrevoarem Berlim, Nicholas, de sua cabine apertada, viu os fachos de luz dos esquadrões alemães vasculhando o céu em busca dos cerca de 300 aviões aliados que bombardeavam a capital inimiga.
Logo ouviu pelo rádio, em meio ao zumbido dos motores, a ordem: liberar as bombas. O Lancaster abriu sua comporta e despejou sua carga sobre a cidade escura, criando uma fileira de clarões amarelos no solo. O piloto, Jack Newman, virou a aeronave em direção à base. Nicholas respirou aliviado.
Foi quando ocorreu a explosão.
Rajadas de metralhadora rasgaram a fuselagem do Lancaster. Os projéteis passaram perigosamente perto da torre de artilharia. Atônito, Nicholas tentava se proteger.
Ao recuperar-se, viu, à sua frente, um buraco na fuselagem, por onde avistou o inimigo: um Junkers 88 solitário, enviado para interceptar o esquadrão. Nicholas, utilizando o grande canhão giratório, mirou no motor do caça alemão e disparou. O Junkers explodiu a apenas 45 metros do Lancaster.
Apesar do sucesso, o alívio foi breve. O fogo começou a consumir a aeronave, alimentado pelo vento que invadia a cabine avariada.
No meio da confusão, ouviu o grito de Jack Newman, abafado pela estática:
— Você vai ter que pular!
Nicholas sentiu o gelo na espinha. Olhou para o compartimento do paraquedas: havia apenas chamas.
Sua única chance desaparecera. Decidiu então não morrer queimado. Preferia uma morte rápida. Respirou fundo com uma máscara de oxigênio parcialmente derretida, abriu caminho pelo buraco causado pelos tiros e, com o fogo se aproximando dos tanques de combustível, lançou-se ao vazio.
O que se seguiu foi surpreendente: após o pavor inicial, uma estranha paz tomou conta de seu corpo. Sentiu-se leve, quase flutuando, como se deitado em uma nuvem. Pensou em Pérola, sua namorada, nas guerras da humanidade — tudo parecia sem sentido. Então, perdeu a consciência.
Despertou no chão gelado, acreditando estar morto. Abriu um olho e viu uma estrela. Levou a mão ao bolso: encontrou seu maço de cigarros. Vontade de fumar. Olhou o relógio: 3h10 da madrugada — haviam se passado três horas.
— Meu Deus! — exclamou. — Estou vivo!
De alguma forma, as árvores amorteceram sua queda e a camada de 45 cm de neve fofa serviu de colchão. Sofreu apenas arranhões, queimaduras nas mãos e uma torção no joelho. Tentou levantar-se, mas não conseguia andar. O frio ameaçava agora ser seu algoz.
Apitou com o assobio de emergência. Um grupo da Volkssturm nazista o encontrou: um homem sorridente, sem paraquedas, fumando um cigarro no meio da neve. No hospital, tentava explicar:
— Pára-quedas, non! — disse, apontando para si.
Os soldados riram. Parecia louco. No campo de prisioneiros de Dalag Luft, foi interrogado três vezes e colocado em isolamento por se recusar a “confessar”.
Alkemade, no entanto, conseguiu convencer o tenente Hans Feidal a verificar os destroços do avião. Lá estava o paraquedas queimado. A algema de abertura carbonizada, os ganchos automáticos intactos. A história era real. Um milagre.
Nicholas sobreviveu à sua 13ª missão. O caso foi registrado oficialmente e confirmado por dois sargentos e um tenente. Aconteceu na noite de 25 de abril de 1944.
Depois da guerra, Alkemade continuou desafiando a morte: uma viga de 100 kg caiu sobre ele — saiu com uma pancada. Encharcado por ácido sulfúrico, salvou-se tirando as roupas a tempo. Sobreviveu à inalação de gás de cloro e a uma descarga elétrica.
Sem dúvida, alguém lá em cima se importa com esse cara.
Gostou da história? Pois é verídica. Está no livro O impossível acontece, de Peter Brookesmith, que vi num sebo por R$ 25. Sensacional. Talvez eu compre.
Vc escreve bem pacas, por que não entrou na lista da Frontbraza? Teus textos ficariam fantásticos lá. O próximo tema é Ódio! O atual: invisibilidade, mas já estamos fechando a edição…
Como é que é? Fontbraza? Que isso?
Vou mandar um email pra vc pra falarmos sobre isso.
esse cara deve ser o HELL BOY! :cool:
Interessante essa matéria.
Quantas vidas esse homem teve?
Existem extraordinariamente sortudas!!!!!!!!
Interessante essa matéria.
Quantas vidas esse homem teve?
Existem pessoas extraordinariamente sortudas!!!!!!!!
eu ja vi issu ele dezou as cobra morde nele ate que o corpo dele acustumou com o veneno mais ele n podia morrer de picada de cobra seus burros
Talvez este caso tenha inspirado o filme “Corpo Fechado”
nossa imagina se o cara assim naum morre imagina ele com a armadura do homen de ferro, o cara destruiria o planeta terra,sobreviveria e ainda iria morar no sol
que puta pé frio hein?
‘non’ eh ‘naum’ em frances.
‘naum’ em alemao eh ‘nein’
Chuck Norris existe!
Afinal, o cara ainda tá vivo ou já morreu?
O cara deve ser Highlander.
O nome todo do cara é Nicholas Stephen Alkemade, nasceu em 1923 e consta que morreu em 1987, finalmente.
:gasp: nuss Esse cara é uma pessao extremmente sortuda, se eu caisse dessa altura eu ia vira uma torta mew!
PS: Bob gosta de torta
o livro já foi vendidooo!!
O livro é sensacional mesmo. Não sei se alguém gostava muito dele ou queria fazer ele sentir muito medo kkkkkkkkkkkk Mas ele tinha mais vidas que um gato :P
meeeeeooooo deos ?, digno de um filme heim…isso se já não fizeram,…CARAMBA! Bem, so faltava morrer de frio na neve apos cair..hahaha, istoria incrivel…esse cara viveu. O lance de convencer a buscarem oq sobrou do paraquedas queimado que foi a cartada final dele, sorte conseguiu convencer.