Projeto escolar de aluno de 14 anos economizaria 400 milhões de dólares do Governo dos EUA

Imagina só se você bola um jeito de ajudar seu país a fazer uma economia.
Não, não estamos falando numa economia qualquer, mas uma economia substancial da ordem de U$ 400 milhões de dólares!

Isso aconteceu. Veja como foi:

Suvir Mirchandani é um estudante de 14 anos de idade, que mora em Pittsburg.

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Olhando pra ele, você jamais poderia imaginar que ali está alguém que conseguiu algo realmente notável: gerar uma substancial economia ao seu país. Isso é algo que os especialistas financeiros têm lutado por décadas – reduzir substancialmente os gastos do governo. Não estamos falando de alguns dólares aqui e ali, estamos falando de milhões.

U$ 400 milhões, para ser mais preciso. Para poupar todo esse dinheiro, Suvir sugeriu que o governo dos EUA simplesmente mudasse as fontes (letras) dos seus documentos oficiais.

Parece uma coisa ridícula, mas você não vai acreditar. Só com a mudança nas fontes, de Times New Roman para a Garamond, ele previa que o governo ia usar 25% menos tinta, economizando um monte de dinheiro no processo.

Suvir teve essa brilhante ideia (que é como o “Ovo de Colombo”, parece simples depois que te contam) enquanto trabalhava em um projeto de feira de ciências em sua escola – Dorseyville Middle School. Ele estava procurando uma maneira de usar a informática para promover a sustentabilidade ambiental. Depois de muita pesquisa, o menino decidiu descobrir se havia uma maneira minimizar o uso de papel e tinta.

Uma análise de preços mostrou que a tinta de impressora “é duas vezes mais cara do que perfume francês no grande volume”.

Então, ele coletou amostras aleatórias de apostilas de seus professores. Após uma análise, o rapaz descobriu que as letras mais usadas eram: “E, T, A, O e R”.

O estudo incluiu quatro fontes diferentes: Garamond, Century Gothic, Times New Roman e a famigerada Comic Sans.

Suvir mediu quantas vezes os documentos e cartas usaram cada uma dessas fontes. Então ele usou uma ferramenta comercial chamada APFill, que é um software que analisa a a quantidade de tinta utilizada para cada letra. Ele imprimiu versões alargada das letras, cortou-as em papel cartolina e pesou-as para verificar os dados. Ele realizou três ensaios por carta e montou gráficos do uso de tinta para cada fonte. Os resultados da análise foram surpreendentes – ele descobriu que com os traços mais finos do Garamond, ele poderia ajudar seu distrito escolar a reduzir o consumo de tinta em 24%, economizando cerca de U$ 21.000 por ano, que poderiam ser investido em outras melhorias na escola.

A professora de Suvir ficou impressionada com seu trabalho e incentivou-o a publicar suas descobertas. O Jornal de Investigadores Emergentes (JEI), fundado por estudantes de graduação de Harvard em 2011, aceitou o paper do menino.
“Nós ficamos muito impressionados. Nós realmente podíamos ver uma aplicação no mundo real no projeto de Suvir “, disse Sarah Fankhauser, um dos fundadores da Jei. Ela também disse que a apresentação de Suvir foi um verdadeiro destaque entre os outros 200 que foram aceitos para publicação desde 2011.

Momento de pausa e reflexão: Nos EUA, alunos do ensino médio podem publicar artigos e ensaios que saem publicados em Harvard!

Voltando ao assunto:
Quando revisores da Jei leram o paper, eles perceberam que os resultados foram claros, simples e bem construídos.

Eles começaram a se perguntar o quanto o potencial de poupança realmente haveria lá fora, extrapolando o projeto do menino para uma escala maior – o governo federal.

Tudo começou com as análises de demonstrativos do Government Printing Office (GPO) publicados em seu website.

Analisando os números do governo, Suvir percebeu que as despesas de impressão anual dos EUA (em esferas estaduais e federal) chegam a US$ 1,8 bilhões. Ele estimou que poderia reduzir isso em U$ 400 milhões.

Choque de realidade

Você esperaria que alguém que fizesse algo assim pelo seu país fosse agraciado com uma medalha, um abraço do presidente, uma bolsa de estudos universitários e uma placa na escola, certo?

O que o governo fez? É hora de mudar logo as fontes e economizar dinheiro, certo? Errado.

Gary Somerset, gerente de mídia e relações públicas no GPO disse que o trabalho de Suvir foi notável, mas ele não iria comprometer-se com a introdução de mudanças nas fontes do Governo.

Ele diz que o caminho é concentrar os esforços da GPO para deixar de imprimir e passar a colocar mais conteúdo na web.

“Em 1994, estávamos produzindo 20 mil documentos por dia, tanto do Registro Federal e dados do Congresso”, disse ele. “Vinte anos depois, nós produzimos aproximadamente 2.500 cópias por dia.” Ele também apontou que eles usam papel reciclado para toda a sua impressão.

Pessoalmente, se eu fosse o garoto eu ficaria frustrado. E ainda mais se eu fosse um contribuinte do governo ao ver o pouco caso com o qual sua ideia foi tratada.

Mas mesmo frustrado, o garoto disse entender que coisas como essas não mudam do dia para a noite. “Eu reconheço que é difícil mudar o comportamento de alguém”, disse ele. “Essa é a parte mais difícil. Eu definitivamente gostaria de ver algumas mudanças reais e eu ficaria feliz em ir tão longe quanto possível para fazer a mudança acontecer. Os consumidores que estão imprimindo em casa podem fazer essa alteração também.”

A questão é que mudar de Times para a Garamond não afeta só a tinta – usando Garamond você poderia poupar um monte de papel também, diz o jovem.
“Não faz parte dos cálculos que determinaram a economia, mas isso é definitivamente um subproduto da utilização de uma fonte mais leve”.

fonte

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

    • Existe jato-de-cera, colorida, impressão no nivel de qualidade de laser …

      Massss, ainda não fizeram/adicionaram a burrocracia vigente algo que especifique uso de tinta diferenciada para autenticar documentos nem nada do tipo como desculpa esfarrapada politicamente correta inserida na legislação para tais gastos…
      (e espero que não tenha algum politico lendo isto… XD )

      E outra, eles já colocam aluguel de maquinas e preço de tinta/toner num nível alto o suficiente para lucrar e dividir o lucro … então não iriam gastar com algo caro, melhor continuar com a banana a preço de ouro …

      Sim, banana é um ótimo exemplo, pois nós é que tomamos no c* quando eles enfiam essa banana … XD

    • NA verdade, eu creio que ele desprezou um dado importante que é o volume de material impresso a laser, já que é este tipo de impressora o mais comuns em repartições oficiais, justamente pelo volume de impressões e velocidade que permite. Efetivamente, a impressão a laser também consome tinta na forma de pó de toner, mas não sei se neste caso, a questão do custo seria esse e se realmente este valor se justificaria na questão econômica.

      • Acho que uma invenção realmente foda seria uma que conseguisse remover o toner do papel. Dessa forma se reciclaria a folha impressa. Daria inclusive para fazer uma impressora que já trabalhe com folhas impressas e uma das etapas de apagamento da folha ocorreria antes do inicio da impressão.

        • Dizem que se colocar a folha alguns segundos no microondas dá, pq o pó gruda no papel por calor… mas eu nunca testei e acho que ficaria muuuito mais caro, né? kkkk

  1. Claro que não é a mesma coisa mas qualquer feira de iniciação científica no Brasil permite a inscrição de alunos do Ensino Médio, geralmente sem cobrar nada.

  2. Isso poderia se aplicar no Patropi? Penso que a farra de papel e tinta deve correr solta nas gráficas dos governos municipais, estaduais e federal.

  3. Realmente é óbvio a economia se utilizando fontes diferentes, inclusive teve um designer que criou uma cheia de espaços justamente para tal.

    Chega a parecer besta lendo apenas o título mas o rapaz se empenhou e montou uma pesquisa bem arquitetada para tais resultados, para uma escola, isso é um estudante exemplar.

    Mas não me espanta o governo ignora-lo, realmente há outras formas de economizar, e como foi dito “deixar de imprimir” é realmente a melhor, mas deixar de utilizar outras formas de economia por algumas já em vigor, burocracia/buRRocracia, ou até mesmo teimosia política, é demais… realmente é frustrante.

    Massss, como estamos no BraZil, frustração se tornou parte do cotidiano do contribuinte “atento”. Infelizmente não temos um herói/terrorista ou “serial killer” indo atrás de políticos, se tivéssemos ele teria que ser bem pago, infelizmente.

  4. Pagam por página, não por tinta utilizada na impressão, a Garamond expandida ao tamanho da Times, consome o mesmo em tinta…. valeu pelo link!

  5. E a Spranq Eco Sans? Ela foi criada justamente para economizar tinta. Ela é toda furadinha. Trabalho numa empresa pública e ela já é utilizada em um determinado processo há alguns bons anos.

  6. Bom, pelo sim ou pelo não…o fato é que se o governo (rico e esbanjador) dos EUA, não está muito empenhado em considerar esse tipo de economia, provavelmente outros paises (mais pobres e humildes ) com mais necessidades desse tipo de recursos vão dar pulos de alegria. PARABÉNS ao garoto!

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