O misterioso homem enciclopédico surge na Gávea

Quem me mandou esta história bizarra foi a Denise. A Iara, amiga da Deni mandou pra ela o relato bem curioso sobre um homem estranho e seu feito extraordinário. Vamos ver:

Cara, eu tô pra mandar esse email há o maior tempão. eu tirei umas fotos com celulares das pessoas aqui do trabalho e só consegui essas ruins por enquanto. mas servem pra ilustrar a história (não utilizo estória com “e”, pra mim já pode ser abolida ¬¬)

Mas enfim. tem uma obra mega aqui na Gávea, onde era aquela padaria xexelenta da marquês de são vicente. aí colocaram um tapume, daqueles toscos de madeira. há umas duas semanas, voltando do almoço com umas meninas daqui, umas 2 da tarde, a gente passou por um cara mais senhor, meio maltrapilho, de chinelo de dedo, com um saquinho de plástico embaixo do braço. mas não era mendigo, estava mais “limpo” pra tal e não era da Gávea, porque já conheço todos os mendigos/as daqui ¬¬
bom, esse cara estava escrevendo nesse tapume da obra. Quando passamos, ele tinha escrito mais ou menos a metade de um painel apenas. ok…achei estranho, mas pensei que devia ser um evangélico, escrevendo a palavra do senhor (zzzzzzzzzz)
até aí, esquecemos do cara e seguimos com o dia. Mas lá para umas 8 da noite, eu estava no supermercado, a Bruna (uma das meninas que estavam comigo) me manda uma mensagem no celular, falando que tinha acabado de passar pelo tapume e o cara AINDA estava escrevendo!!!
ok. fiquei bolada. no dia seguinte, eu passei pela Marquês de novo e o tapume estava TODO escrito! e tipo, eram uns sei lá, 8m de tapume. Fui parar pra ler, claro. E não era a palavra de deus, ou era, porque tinha de tudo ali escrito. várias capitais do mundo e do brasil, números, muitos números em tudo q é contexto, número da população de vários países, pessoas que foram a copas mundiais. fatos históricos, com seus respectivos anos. Enfim, tudo do mais aleatório e variado. tipo, genial. o cara era o Dustin Hoffman – Rain Man personificado na Gávea.
os dias foram passando, e colaram uns cartazes de shows por cima e tal (foi quando consegui tirar foto). E depois de uma semana tiraram o tapume xexelento e colocaram um fechamento todo schening com marca da construtora e tal. sem graça. mas consegui registrar uma parte da bela (?) obra dessa pessoa inexplicável.

As fotos:

Pois é. Tá aí uma das coisas bem estranhas que acontecem no universo urbano.

Olhando bem para as escrituras do homem enciclopédico existem alguns elementos que sugerem que ele não estava copiando deliberadamente um livro. Por exemplo, na última foto ele escrevia “Amilcar Cabral foi o lider um lider africano”

Note que ele tachou o termo “o lider” e substituiu por “um lider”. Este erro dificilmente ocorreria se ele estivesse apenas copiando alguma enciclopédia. Substituir “O lider” por “um lider” pressupõe algum tipo de reflexão sobre a natureza da política de liderança aplicado na África. Outro fato intrigante é que livros, enciclopédias e almanaques históricos em geral tabulam os conteúdos agrupando-os por períodos históricos que correm em ordem definida. Mas nas escrituras do misterioso homem enciclopédico, ele coloca aleatóriamente datas, eventos e locais. Na última foto, vemos que em 1890 foi fundado um estado, em 1885 foi fundado outro estado cujo nome sai da foto, em 1848 foi fundado outro estado sem nome, e em 1799 (o numero não aparece na foto mas isso eu sei pelas aulas de história) tem relação com a revolução francesa. 1799 é a data do golpe do 18 de brumário. vide Nesta fase há uma ordem cronológica de fatos históricos invertida, mas a data que segue escrita no tapume quebra isso, indo parar em 1973.

Nas fotos numero 4 e 5 podemos ver que ele escreve com uma letrinha minúscula. Mas é um fato inegável que dificilmente alguém saberia dados de cabeça como por exemplo, as dimensões de Brasília: 8511499km2. Então, ele estava copiando isso de algum lugar, mas de onde? E por que escrever em tapumes?

Existem mendigos e moradores de rua (que são coisas bem diferentes) geniais. Vamos lembrar por exemplo do Gentileza…

José Datrino, como era o nome dele é conhecido apenas como Profeta Gentileza. Ele que viveu no campo amançando burros na juventude, tornou-se um andarilho urbano, com uma túnica impecavelmente branca e barba comprida. Parecia uma figura bíblica. Andou por todo o Rio de Janeiro e se dizia “amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento”.

Desde sua infância José Datrino era possuidor de um comportamento atípico. Por volta dos doze anos de idade, passou a ter premonições sobre sua missão na terra, na qual acreditava que um dia, depois de constituir família, filhos e bens, deixaria tudo em prol de sua missão. Este comportamento causou preocupação em seus pais, que chegaram a suspeitar que o filho sofria de algum tipo de loucura, chegando a buscar ajuda em curandeiros espirituais.
No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, houve um grande incêndio no circo “Gran Circus Norte-Americano”, o que foi considerado uma das maiores tragédias circenses do mundo. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. Na antevéspera do Natal, seis dias após o acontecimento, José acordou alegando ter ouvido “vozes astrais”, segundo suas próprias palavras, que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O Profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói, local que um dia foi palco de tantas alegrias, mas também de muita tristeza. Aquela foi sua morada por quatro anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras Agradecido e Gentileza. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar “Profeta Gentileza”.

Após deixar o local que foi denominado “Paraíso Gentileza”, o profeta Gentileza começou a sua jornada como personagem andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho.

“Ele era tido como louco. Mesmo sofrendo dificuldades, ele persistiu muito em afirmar o que pensava. As pessoas com mais idade o tem como uma referência muito forte e ao longo dos anos ele foi se tornando um verdadeiro patrimônio afetivo da cidade”, conta Leonardo Guelman, que escreveu uma tese e dois livros sobre o profeta.

Aos que o chamavam de louco, ele respondia: – “Sou maluco para te amar e louco para te salvar”.
A partir de 1980, escolheu 56 pilastras do Viaduto do Caju, que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio, numa extensão de aproximadamente 1,5km. Ele encheu as pilastras do viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização.

Durante a Eco-92, o Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os representantes dos povos e incitava-os a viverem a gentileza e a aplicarem gentileza em toda a Terra.
Eu conheci o Gentileza pessoalmente, num dia em que estava matando aula e resolvi passear de barca. Encontrei a figura segurando uma rosa na praça XV e trocamos algumas palavras. Infelizmente, não lembro o que ele falou comigo, porque ele falava difícil de compreender. Meio em parábolas. Todos os dias, eu vejo os escritos dele e tento ler quando vou para o trabalho.

Em 29 de maio de 1996, aos 89 anos, faleceu na cidade de seus familiares, onde se encontra enterrado, no “Cemitério Saudades”.

Mas não é só no Rio que existem figuras tão peculiares nas ruas.

Por exemplo, você sabia que em São Paulo, um morador de rua chamado Raimundo Arruda Sobrinho, conhece a obra de grandes escritores como Machado de Assis, Camões e Paulo Prado, escreve pequenos livretos sobre psiquiatria, política, tecnologia; e exibe uma lúcida consciência sobre sua condição de marginalizado?

Acredite se quiser, este cara aqui:

Em plena avenida Pedroso de Moraes. No meio do canteiro central. È onde ele “reside”.  Não tem como não reconhecê-lo. Trata-se de um homem vestido com roupas encardidas, calças rasgadas, uma espécie de coroa de plástico na cabeça, sentado num latão de óleo no meio do canteiro central. Raimundo, o gênio, está ali há 5 anos, no mesmíssimo lugar, como se já pertencesse à paisagem. Visto da janela dos carros que cortam o elegante bairro de Alto de Pinheiros, não passa de mais um dos quase 5.000 moradores de rua de São Paulo, sem carteira de identidade, conta bancária, cartão de crédito, sem sequer um barraco de madeira e telhado de zinco para se abrigar. O que intriga, porém, é que ele cultiva um hábito nada comum aos que estão nas suas condições:ao invés de pedir trocados no semáforo mais próximo, Raimundo, o gênio, passa o dia todo escrevendo.

 

Embora afirme que seus escritos são anotações pessoais, diários, coisas que não interessam a ninguém, Raimundo escreve pequenos livretos, confecciona as próprias capas, os encaderna com linha e agulha e distribui cópias feitas a mão. As tiragens geralmente são de 45 exemplares. Logo na primeira página, uma advertência: “o autor só distribui o que produz em páginas autografadas. Este, se não for original manuscrito, hipnotizaram o autor, roubaram-lhe o original e fizeram reprodução”. No pé da página, salienta: “distribuição gratuita e perpétua do exemplar pelo autor”. Todos são assinados com um pseudônimo: O Condicionado.

Apesar da antiga paixão pela leitura, há mais de duas décadas não lê absolutamente nada, desde que se “desligou do mundo”, em 1976. Para ele, não existiram o videogame bélico da Guerra do Golfo, o desmantelamento do império soviético, o impecheament de Fernando Collor de Mello, a evolução tecnológica da informática e os 500 anos de Brasil. “Não sei quem é o prefeito, quem é o governador ou o presidente da República; não leio jornais nem vejo televisão. As notícias do mundo simplesmente não me interessam”, observa, taxativo.

Mesmo isolado, sem amigos, família ou parentes, não demonstra nenhuma inclinação para abanar o rabo aos que o procuram para uma conversa. Aqueles que o tratam como um desprotegido ou doente mental, invariavelmente recebem palavras duras em troco.

“A minha selvageria é equivalente a falta de cultura das pessoas. Só porque estou na rua, exposto a tudo, se acham no direito de me aborrecem com conversas vazias. Será que não percebem que estou trabalhando e cuidando da minha vida?”

Apesar da agressividade, revela-se um homem educado, interlocutor atento e dono de uma fantástica memória. Um dos poucos assuntos capazes de o animar para uma conversa mais duradoura é literatura. Quando envereda pela arte poética, uma de suas grandes paixões, pelo menos no tempo em que ainda estava “ligado” no mundo, os comentários são desconcertantes. “Depois dos Campos, aqueles dois irmãos que criaram a poesia concreta, não aconteceu nada de extraordinário na poesia brasileira”.

Ele é conhecido como “o filósofo da Pedroso”. Raimundo leva uma vida duríssima, mas mantém uma incrível dignidade, temperada com boa dose de orgulho. Não pede nem aceita nada que oferecem. Nem mesmo papel para escrever. Apenas dinheiro, quando está necessitando muito. Faz questão de comprar tudo o que precisa: da comida ao material para seus livros. As refeições, ele mesmo prepara, em uma lata de óleo velha, aquecida com galhos secos que laça das árvores com uma corda. Antes de preparar o arroz com feijão, lava as mãos com sabonete. Quando precisa ir ao banheiro, cobre-se com um plástico preto, estende um jornal no chão, faz suas necessidades e depois joga o embrulho em uma boca de lobo (esgoto). Debaixo de chuva, cobre-se com um outro plástico, transparente, velho, encardido, e continua escrevendo.

Arruda escreve enquanto há luz natural, com o auxílio de uma régua de 30 cm para manter as linhas retas no papel não pautado. Monta os livros, os quais distribui para as pessoas que o ajudam, com recortes de folhas de papel sulfite. Usa uma moldura de madeira de 11 cm por 16 cm para manter o espaço das margens.

Desiludido com o sistema político e as desigualdades sociais no Brasil, afirma que gostaria de deixar o país. Se pudesse, cruzaria o Atlântico e tentaria a sorte na França. Conta que já tentou procurar o consulado francês para pedir “asilo político”, mas nenhuma autoridade se interessou pelo seu caso. Na verdade, não o deixaram sequer cruzar a porta de entrada.

“Muitos fingem desconhecer a realidade em que vivemos e me perguntam por que estou morando aqui. Não tenho mais paciência para explicar o que elas se recusam a ver”

“Eu não sou morador de rua, sou vítima de um crime contra os direitos humanos!”

O filosofo da Pedroso dispara frases de alto teor reflexivo com sua lucidez cortante. Aos que insistem, Raimundo responde categórico:

“Há uma famosa lei da física que diz que um corpo tem que ocupar um lugar no espaço”.

Como um enigma, uma acusação explícita às injustiças sociais, ele simplesmente permanece ali, no meio do canteiro central de um bairro rico de uma metrópole que gaba-se de ser internacional, escrevendo seus tratados contra a corrupção humana cotidiana.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Me arrepiei ao ler sobre o Gentileza. Sério, cara. Tô arrepiado até agora. :s

    E esse Raimundo… O cara é simplesmente genial!
    Sem palavras pra descrever ele.
    Infelizmente, aqui em PoA não conheci ninguém desse tipo…
    Só o Nº 8, parece que o mesmo tinha ganho na loteria e largou tudo. Não me lembro direito.
    Não por causa da grana, mas ele era (realmente) meio pirado das idéias.

    Adorei esse post.
    Se cuida. ^_^

  2. WOW , sera esse o resplandecimento da inteligencia humana , sera esse a nova evolução , de onde eles tiram isso , de onde vem , para onde vao , oque fazem e quem lhes contou aquilo??

    sera tudo um misterio ,,,

  3. cara … eu tenho mt vontade de fazer o mesmo que esse cara
    o Raimundo … porra se desligar de tudo e fazer so oq te interessa .

    xD~
    bastante anti social ele

    Profeta Gentileza e icone

  4. 1789 é a revolta do 3 estado e a tomada da Bastilha. Mas a tomada da Bastilha é só um dos muitos movimentos que compõe a revolução francesa.
    Veja a cronologia:
    1789: Revolta do Terceiro Estado; 14 de julho: Tomada da Bastilha; 26 de agosto: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
    1790: Confisco dos bens do Clero.
    1791: Constituição que estabeleceu a Monarquia Constitucional.
    1791: Tentativa de fuga e prisão do rei Luís XVI.
    1793: Oficialização da República e morte do Rei Luís XVI; 2ª Constituição.
    1793: Terror contra os inimigos da revolução.
    1794: Deposição de Robespierre.
    1795: Regime do Diretório — 3ª Constituição.

    Em 1799 ocorreu o golpe 18 de brumário, a ditadura napoleônica. Como este golpe costuma figurar nos livros de história fechando o capitulo da revolução francesa, é provável que o homem enciclopédico tenha optado por anotar a data do fim da revolução e não do início.

  5. Muito interessante mesmo! Talvez o homem enciclopédia seja um dos “savants” que nascem mundo afora. Anti-sociais mas com uma memória incrível.

    Já o Filósofo da Rua ae, este me impressionou muito. Fico pensando aqui… às vezes deve ser interessante se desligar do mundo assim… mas não gostaria de trocar os confortos que só o dinheiro compra pra viver na rua, cagar no jornal, etc. Há maneiras mais cômodas de se desligar do mundo. De qualquer forma, me admira a coragem do rapaz, ao mesmo tempo que me soa alguém fracassado na vida….

  6. Interessante como a noção de fracasso e sucesso tem laços muito justos com a quantidade de dinheiro que a pessoa tem ou bens que ostenta.

    Ney.

  7. Um livro que trata disso é “O futuro da humanidade – Augusto Cury” é fascinante! Fala de um estudante de medicina que no seu primeiro dia de aula, briga com o professor, por causa dos corpos que estavam na sala de anatomia, pois ele havia falado que não faria diferença quem fossem as pessoas. E assim botou um desafio ao aluno, descobrir a identidade de pelo menos um (que eram todos mendigos). Aí ele encontra um amigo de um que estava exposto na sala de anatomia. E esse mendigo era… humm, melhor ler o livro hein! aii já é contar demais! :P
    Mas o livro é muito bom e que quebra as pernas com algumas frases curtas mas geniais! :cool:

  8. [quote comment=”26602″]Um livro que trata disso é “O futuro da humanidade – Augusto Cury” é fascinante! Fala de um estudante de medicina que no seu primeiro dia de aula, briga com o professor, por causa dos corpos que estavam na sala de anatomia, pois ele havia falado que não faria diferença quem fossem as pessoas. E assim botou um desafio ao aluno, descobrir a identidade de pelo menos um (que eram todos mendigos). Aí ele encontra um amigo de um que estava exposto na sala de anatomia. E esse mendigo era… humm, melhor ler o livro hein! aii já é contar demais! :P
    Mas o livro é muito bom e que quebra as pernas com algumas frases curtas mas geniais! :cool:[/quote]

    òtima dica. Valeu mesmo. Fiquei curioso e vou ler.

  9. Com certeza algo para se pensar. Mostra que o importante mesmo é o nível de interesse da pessoa independente da situação que se encontra.

  10. Conheço um caso parecido pessoalmente. Perto do meu trabalho tem um mendigo compositor. Ele já compôs mais de 50 músicas, mas guarda todas de cabeça.Me disse que sabe tocar violão, mas não tem dinheiro para ter um, porque mesmo que conseguisse, seria facilmente roubado. E não sabe escrever. Mas quando você observa as letras, percebe as frases corretamente formadas, um bom vocabulário, letras realmente bonitas. Tem todas as melodias de memória. E continua compondo.

    Agora, achei formidável a frase do Raimundo Arruda:

    ” se acham no direito de virem me aborrecer com suas conversas vazias”.
    Um golpe no senso comum.

  11. Aqui perto de onde trabalho, na Rua do Resende, no Centro do Rio, tem um mendigo que andou escrevendo umas paradas “sem sentido” com giz nas calçadas…
    Algo como “Sou o Homem Tempestade”… entre outras coisas. Já está meio apagado, mas acho que ele andou escrevendo em uma rua transversal aqui perto. Assim que eu achar novamente tiro umas fotos.

  12. Sou garçon numa cafeteria e cada dia vem um mendigo tomar cafe ali. Só vem se a “mesa dele” está vazia, que é uma que fica pelo passeio, a mais isolada. Eu tinha raiva dele, queria que ele parasse de vir porque me dava nojo (principalmente a barba), Um dia minha chefe falou que esse mendigo é um ex-político daqui da cidade (La Coruña) e que era companheiro de seu falecido pai, e que era um homem muito rico, inclusive usava óculos com armação de ouro. Fiquei curioso em conhecer a história dele, pensei em um dia puxar papo, mas não consigo, a barba dele dá muito nojo (eu tenho muita mania com barbas).

    O estranho é que eu nunca o vi pedir dinheiro na rua, ele já cansou de pagar a conta com notas de 50 euros novinhas, lisinhas, recém saídas do caixa-eletrônico . E uma vez eu o vi abrir a carteira e notei que ele guardava todos seus documentos. Gaurda algo de lucidez, mas tem seus momentos freak. Fica às vezes falando sozinho na mesa, como se estivesse explicando algo a alguém.

    Se ele fizer a barba eu o entrevisto e coloco o youtube.

  13. Cara! Ótimo post! O Rio é cheio de moradores de rua com histórias bem interessantes para contar.
    Eu e meu irmão temos o “estranho” hábito de conversar com mendigos, pedintes, etc. Pois bem, durante o último carnaval enquanto subiamos a ladeira de Santa Teresa pra chegar num bloco, conhecemos um mendigo que estava subindo com um pedaço de cano PVC fino e cheio de furos, como uma flauta transversa de plástico. Após pedirmos, ele tocou três ou quatro músicas de composição própria. Um som realmente bonito.
    É isso, abraço a todos

  14. A você que postou e se intrigou com o que viu na Gávea,aconselho a leitura de um livro chamado O Futuro da Humanidade (Augusto Cury)…vc vai se impressionar com o que pode estar por tras dessas pessoas que vivem nas ruas e que por muitas vezes as tornamos invisíveis por conta da correria do dia dia e outros motivos…as vezes medo,as vezes indiferença,etc…

    O livro é muito bom mesmo e vale a pena pra vc que se interessou pelo que viu….

    Um abraço

    Eduardo

  15. Só que ele comete um erro ao afirmar que Brasilia tem 8.511.492 Km2.
    Essas dimensões são do Brasil inteiro.
    Mas, mesmo assim, o cara é bom mesmo!!!!

  16. Nossa, estas escritas do Profeta Gentileza eu vejo até hoje quando passo por ali. São as originais ainda? Que foda, sempre me perguntei quando passava por ali quem as tinham feito. Adorei saber disso e só aqui mesmo para poder ver esse tipo de matéria.

  17. Muito interessante todos os três ”Loucos”.
    O homem da Gávea é fantástico Parece que o cérebro dele ta cheio e ele esta colocando tudo pra fora fazer um back up.
    O Gentileza é um clássico da ruas do rio. Com suas palavras de amor e gentileza virou um marco no centro do rio.
    Já o “Escritor de rua” de São Paulo Também é brilhante . Ele falou uma verdade as pessoas julgam ele por morar na rua ,diferente da grande maioria, mas ele só esta tomando conta da vida dele!
    O fato dele morar na rua não o faz melhor ou pior que ninguém.
    Muito bom o Post. que eu achei na internet por acaso.

  18. Imagine um cara conhecido como gentileza,soube dele atraves da musica da Marisa Monte.Seria bom se tivesse uma droga chamada¨ gentilezil¨e fizesse efeito imediato e o mundo todo pudesse ficar mais humano,com mais amor ao proximo…

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