Niterói, o retrato do Brasil

Eu moro em Niterói, como alguns de vocês sabem, e minha casa nem fica muito longe daquele lugar chamado Viçoso Jardim (que de viçoso e de jardim não tem nada). O lugar é um morro enorme, cheio de barracos e casas pobres, onde inclusive morava minha empregada (cuja casa foi uma das que desabou).
Eu tenho acompanhado nos noticiários a “Crise de Niterói”, o “Caos de Niterói” e “O desabamento e as mortes em Niterói”.

Gente, eu sei que é óbvio falar isso, mas não custa repetir. O problema não é e nem nunca foi de Niterói. O problema é do Brasil. A minha cidade, que (por interesses obviamente políticos, movidos a maquiagem de dados e índices fajutados) ostenta a honra de ser a única cidade brasileira fundada por índios e de possuir o terceiro melhor índice de desenvolvimento humano (IDH) do país. Mas o IDH não adiantou nada para o pobre. A cidade sucumbiu às chuvas. O problema das encostas, e da ocupação irregular tem sua maior parcela na culpa pelo desastre que culminou na morte de mais de cem pessoas (os mortos ainda estão sendo contados).

Eu estou vendo a mídia cair de pau sobre os políticos. Era o esperado. É da natureza humana buscar alguém para ser o bucha, o cara que vai ser culpado. Fala-se em responsabilizar criminalmente os políticos, cujas gestões permitiram – e até incentivaram- a construção irregular em áreas impróprias. Concordo em parte.

Até acho que o certo é meter o malho no político, mas ficar só nisso e esquecer esta merda toda tão logo o primeiro sol surja no céu, e a praia convide a todos para um banho, é a tendência natural do brasileiro. E é o que lamentavelmente vai acontecer.

Pode me chamar de pessimista, mas não vejo como isso vai mudar. O governo só quer saber de arrecadar. O Estado vai usar a tragédia ao seus interesses, como evitar que os outros estados tasquem-lhes os royalties do petróleo.
Nesse ponto de vista, as pessoas do desastre terão sido mártires, que pagaram com suas vidas pelo espúrio interesse do Estado Brasileiro. Mas não só isso.
Se paramos para pensar, não é difícil imaginar porque algumas pessoas resolvem morar na favela, construindo perigosamente sobre abismos. Não, não é porque a vista lá em cima é mais bonita.

É porque as pessoas não tem mais onde morar. O morro é o lugar que resta. E como na maior parte das “propriedades da União”, não tem ninguém para impedir. Lógico que há áreas públicas que poderiam ser desapropriadas no centro, por exemplo, mas pelo fato de um dia poderem ter grande valor imobiliário, ninguém move uma palha. Na pratica,  sempre vai ter um para ver nesses pobres desesperados uma chance para obter votos e conseguir sua boquinha na câmara dos vereadores.
Em pouco tempo o conglomerado de pessoas vivendo mal e porcamente se torna uma “comunidade” e vem a companhia elétrica, instala luz para evitar os gatos, vem a Cedae e coloca água. Vem a prefeitura e bota um asfaltinho de 2cm de quinta categoria (pagando o preço de camadas grossas 12cm de asfalto aos amigos do rei).

No fim de alguns meses, a favela está estabelecida, começam as ligações clandestinas de água, e luz. Os caras começam a ter filhos como coelhos, pois não há educação nem planejamento familiar. As famílias aumentam, aumentam os puxadinhos. O povo vai buscando mais e mais lugar pra morar e a favela vai subindo indefinidamente o morro.

Este é o resultado dramático do imenso déficit habitacional (que é de mais de 6 milhões de casas) e a falta crônica de um sistema eficiente de transporte público.

O pobre mora em favela porque é a forma de conseguir trabalhar. Ocorre que em certos municípios praticamente não há mais lugar para construção regular. A solução seria expandir a cidade de dentro para fora, como é nos Estados Unidos. Mas o Brasil, por suas características histórias e geográficas, funciona ao inverso. Aqui a lógica é outra. “Quanto mais perto do centro, melhor”.
Dá pra entender a situação quando olhamos para o transporte público brasileiro. Ineficiente, caro, anacrônico. Concentrado na mão de velhos portugueses mafiosos, não raro matadores, que controlam os políticos através das doações em campanha.

Se o cara tivesse que morar numa casa direitinha, ele teria que morar tão longe que para “ganhar pouco, entrar cedo e sair tarde”, como os empresários querem que seus trabalhadores funcionem, ele teria que chegar em casa, só tomar um banho e sair de novo pro trabalho, sem dormir. Só assim conseguiria chegar no trabalho a tempo com o sistema de transporte deficiente que existe aqui.

Mas eu digo que isso aí só seria efetivamente possível se esta “casa direitinha” fosse algo factível. E não é.
O cidadão que possui pouca renda no Brasil não tem o menor acesso aos programas subsidiados do governo para habitação – totalmente centralizados na Caixa Econômica. Não preciso nem dizer que tais programas servem muito mais à classe média.

Embora tenha aumentado nos últimos anos, o crédito imobiliário dos bancos privados ao segmento mais popular é tão rarefeito que praticamente não pode ser considerado. Principalmente porque cada problema do país se amarra a outro. Por exemplo, a insegurança jurídica do Brasil é um dos maiores entraves para a simplificação do crédito habitacional. Sem crédito não há como o pobre morar. E ele arruma solução para isso na maior tragédia do país que é o famoso “jeitinho”.
Até no exterior o brasileiro é famoso pelo seu “jeitinho”. Diz o senso comum que “o brasileiro não se aperta”.
Na verdade, meu amigo, o brasileiro se aperta pra caramba. Muito mais do que qualquer outro povo do mundo, o Brasileiro vive apertado pela segunda maior carga tributária do planeta, talvez até da galáxia!

Embora o pobre não pague o imposto de renda, ele paga caro em tudo que é produto. Da escova de dentes ao papel higiênico. Ele paga o pior dos impostos. O imposto invisível, que tasca-lhe o pouco que ganha, sem dar nada em troca. Ou quando dá, toma no padrão Suécia e devolve no padrão Somália.

O Brasileiro vota obrigado, e não reclama. O Brasileiro é vilipendiado nos seus direitos mais básicos como educação, segurança e saúde e não reclama. O Brasileiro vê a família inteira sumir num desabamento de Ex-lixão e não reclama. Só chora.
Os protestos contra a administração pública do país são pífios, mas em contrapartida basta um trio elétrico passar na rua e milhares de pessoas seguem atrás, sambando. Então, o povo, o pobre e o rico, tem suas respectivas parcelas de culpa pelas desgraças deste país.

A saúde pública não existe, a educação é uma piada, a habitação é um sonho que nunca se realiza e o transporte público um pesadelo que não tem fim.

Niterói, no caso,  é o retrato da nação brasileira, que posa de bonita lá fora, banca de superior oferecendo ajuda humanitária até para quem não precisa, mas estende seu telhado de vidro para as pedradas dos críticos, ao lidar com a mais completa incompetência para com os problemas internos.

Hoje, os jornais se locupletam comas desgraças alheias, pois para o jornal, quanto mais merda, mais notícia. Quanto mais notícia, mais audiência, mais dinheiro. Logo, quanto mais merda, mais dinheiro.
Para o político, quanto mais merda, mais dinheiro também. Ele vai declarar estado de calamidade, vai poder contratar avontê serviço dos seus amigos empreiteiros sem licitação, a ciranda da propina vai rolar solta. Depois, na Tv, com lágrimas nos olhos o político vai alegar que é tudo culpa da gestão anterior, vai prometer mundos e fundos para a próxima eleição, vai culpar Deus e o mundo pelas desgraças e vai mostrar que sempre foi contra, seja a desgraça o que for, ele foi contra e trabalhou para impedir.

Em seguida, os políticos Vão falar em números, vão levantar termos e complicações jurídicas e protocolares, irão prometer, prometer, e apelar por mais e mais dinheiro do governo.

O governo federal, por sua vez, vai fazer o papel cínico que sempre faz. Vai dizer que dá e não vai dar. Se o povo encrespar e ameaçar algum tipo de protesto, com meia duzia de gatos pingados que ainda se iludem de que “o povo unido jamais será vencido”, aí o governo vai se mexer, talvez com intuitos eleitorais.

E quando finalmente der algum tostão, dará tão atrasado que ninguém mais se lembrará e é possível que este dinheiro nunca chegue ao fim ao qual se destinava.
Enquanto estiver pressionado pela mídia, que só quer saber de ter material para arrecadar em anúncios, o político vai querer mostrar serviço.

Vai tirar proveito eleitoreiro da crise, mandando o braço forte do Estado desalojar os pobres das áreas de risco. Eles são então transplantados para outra favela, talvez horizontal. Mas em pouco tempo eles voltarão, e como resultado, haverá duas favelas onde antes só havia uma. Mas ninguém dará a mínima. A classe alta continuará com seus interesses privados. A classe média continuará ambicionando o status e o padrão de vida da classe alta. Quanto aos pobres…

Enquanto isso, as pessoas vão reconstruindo suas vidas com farrapos, com pedaços do que sobrou. Irão varrer o pó e lavar a lama e retomarão às suas vidas de gado, totalmente anestesiadas e afundadas na ignorância. Se agarrarão à religião e darão a elas os seus últimos tostões, na esperança vã de que uma divindade tome partido de sua desgraça na Terra.

Os bolsões de miséria continuarão a se expandir indefinidamente, até se conectarem em imensos mares de  pobreza.
E a conjuntura brasileira continuará assim, até que uma nova tragédia se abata, mais pobres morram e todo o circo diabólico da exploração do sofrimento alheio ressurja na mídia.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Pois é. Realmente, falou tudo!
    O brasileiro sempre foi visto pelo mundo, como o povo mais “sossegado”, “boa praça” que se tem notícia.
    E, por conta desses comentários do resto do mundo, acabamos por adotar realmente esse caráter de “boi manso”.
    Sinto um misto de ódio, nojo, incredulidade e inconformismo com essas coisas.
    Mas, como você mesmo disse, é mais fácil o povo sair pra rua atrás de um trio elétrico do que lutar pelo que é de seu direito.
    Temos que parar com esse pensamento de que “a situação não tem mais solução”, “um dia melhora” e entregar tudo nas mãos de Deus.
    Enquanto entregamos tudo nas mãos de Deus, o diabo (leia-se autoridades)faz a festa.
    Quer que o povo saia às ruas pra protestar? Proíba BBB, Brasileirão, carnaval, novela das oito pra você ver…
    Aí o bicho pega. E só por causa disso…

  2. Pois é, é ano de copa do mundo, logo logo tudo será esquecido como sempre!!!
    E em falar em copa, com a burrice da maioria do povo, eles preferem copas e olimpíadas do que exigir educação, saúde e respeito, mais nada melhor que uma festinha para esquecer os problemas!!

    BRASIL NÃO É UM PAIS POBRE, É UM PAIS BURRO!!!

  3. Philipe,

    Excelentes colocações, Philipe.
    Sempre se superando,você consegue colocar escrito o que nos é difícil explicar. Um sentimento idiossincrático.
    Fiquei estupefato com a “pajelança” da Prefeitura e Governo do Estado do Rio de Janeiro e de São Paulo com a fundação Cacique Cobra Coral. Dá um confere no site do jornal O DIA, no google e depois sugiro fazer um post sobre isso. Vale a pena colocar os leitores a par do “buraco” cada vez mais embaixo.
    Aviltante. Um Estado que se diz Laico, envolvido com “entidades de encruzilhada”. Cara, no Reveillon do Rio, a tal da médium responsável por essa fundação, estava em Buenos Aires “afugentando a chuva”!?!?!?!?!?!
    Foi contratada pela Defesa Civil, pasme. Tem contrato e tudo!
    Surreal.
    Um abraço!

  4. Olá Philipe, como vai? Teu comentário a respeito da setorização da tragédia está correto, Niteroi padece no momento mas o problema, o caos é NACIONAL, é natural que o foco seja o Sudeste agora, mas e quando for, e com certeza será, o Nordeste, ou como foi o Sul ano passado e por ai vai.
    O ser humano só sente a penalidade no bolso, quando ele é privado de seu dinheiro, seja ela através de multas, imposições ou restrições financeiras, e o que mais faz o politico ser feliz?? Ser eleito e ganhar sálario e benefícios que são inaceitaveis para nossa realidade. E quem elege, NÓS, não é possível, diante de tanta sujeira, o cidadão, que tem a arma e munição (maior de idade e titulo de eleitor) não se indignar, em Outubro tem eleição, ao invés de passeatas inuteis , vamos nos conscientizar, politico não PRESTA, nem irá prestar NUNCA, meu pai tem 75 anos e nunca viu um bom, depois de eleito, apodrece, não votem, anulem, não é possivel que se houvesse pelo menos 1 terço de votos nulos/brancos do total apurado alguma reação desses RATOS não viria a tona, em todo lugar que ando, meu bairro, condução, enfim ,no convivio social so escuto reclamação, como pode estes RATOS se elegerem?? Eu tenho a convicção de não votar válido, conheço uma centena de gente que é adepta da mesma ideologia, como conseguem se eleger??
    Vamos entender não existe político bom no Brasil. Votem NULO, talvez eles entendam que não se elegeram por que não teve voto.
    Abraços

    • Cara isso é tiro no pé. Só funcionaria se (se!) todo mundo aderisse, o que não ocorre devido aos currais eleitoras e aos eternos votos de cabresto. A utopia de todo mundo anulando voto ajuda é a conduzir a ESCÓRIA para o centro da política brasileira.

  5. Incrível seu texto!
    Diz exatamente o que acontece no nosso país.
    Visito sempre seu blog, e nunca tinha comentado, mas diante desse texto tão verdadeiro, não resisti.
    Sucesso sempre!
    Abraço.

  6. O problema é que nós, brasileiros, desistimos de lutar.
    Muitos pedem pela luta mas poucos vão ao front de batalha.
    Quantas vezes você viu uma corrupção, ou alguém passando fome bem do seu lado, ou fulano sendo assaltado na rua, e não fez ABSOLUTAMENTE nada?!
    Temos que resolver ,de forma primária,nossos problemas, o que está ao nosso redor, para depois seguirmos em direção à questões mais grandiosas.
    Nenhum governo do mundo é capaz de resolver a questão de Niterói, e por algo simples: as pessoas não se esforçam por isso – esperam dos outros para depois tomarem uma atitude.
    Independente de cair sobre nossas cabeças barracos ou mansões, sempre esperamo a ajuda do governo, ou dos parentes, ou algum “Deus Ex Machina” semelhante.
    Toda e qualquer Revolução começa pequena, um minúsculo núcleo, para depois se tornar algo enorme, de proporções dantescas.
    Essa teoria não é minha, pessoal, nem de Karl Marx ou Che Guevara …a História nos mostra isso, repetidamente.
    E, pelo visto, isso não vai mudar!
    Garanto a vcs que, em breve, a situação do Brasil melhore…a nossa forma atual de política está se desgastando e, logo, virá uma nova…para depois, cair da mesma forma.
    Pra que pessimismo, ou até mesmo otimismo?

    VAMOS AGIR!

    Cada um fazendo sua parte, ajudando seu vizinho, fazendo uma doação de 10 reais para um orfanato – garanto que assim o mundo “evolui” de verdade.

  7. excelente texto… so gostaria de “corrigir” uma incosistencia ali quando vc sugere seguir o modelo norte americano de expansao das cidades. esse é justamente o fator responsavel pela explosao da bolha e crise economica das cidades americanas. deve-se aumentar a densidade populacional dos centros para otimizar a infra estrutura e asustentabilidade das cidades, e nao expandir indefinidamente… (mas eh um tema pra uma discussao maior)

    • A bolha americana não tem nada a ver com a expansão das cidades para os subúrbios, mas sim com a excessiva oferta de crédito sem controle.
      Leia mais sobre isso aqui: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u320606.shtml
      A expansão deve ser sempre do centro para fora. A acumulação da densidade populacional para dentro dos centros urbanos produz os problemas que nós já conhecemos. Na minha opinião, mais de 50% do problema habitacional brasileiro se deve a falta de infraestrutura, principalmente a de transporte.

      • philipe
        claro que nao da pra reduzir a atual crise ao modelo de urbanizacao escolhido ha 60 anos atras, seria muito ingenuo responsabilizar somente isso, mas há sim uma forte relacao entre o modelo de expansao com o “american way of life” e consequentemente diversas “crises” que ocorreram desde entao (como a atual, ou anteriormente, crises de energia e petroleo, “aquecimento global”, etc)… mas como eu disse, é uma conversa bem longa e (acredito) interessante. qualquer coisa, me manda um email!
        em todo caso, parabens pelo post e blog… sempre um excelente trabalho

  8. Aqui estou de novo…
    Ficou muito bom seu post Philipe, li sua réplica ao meu comentário do post de ontem e fiquei impressionada com o trajeto de 4 horas que sua mulher enfrentou para chegar em casa…
    Reclamo às vezes de Curitiba….mas graças a Deus aqui é uma cidade alta que apenas ocorrem alagamentos perto de rios e córregos sem tratamento eficaz.
    O transporte público não é perfeito, mas é muito bom se comparado as outras cidades brasileras, paga-se uma passagem só (R$ 2,20) para atravessar a cidadade inteira. Todos os tubos de ônibus sçao adaptados e a grande parte dos ônibus que não passam nos tubos também são adaptados.
    Como lhe disse, minha família mora em Niterói mas há muitos anos não vou, pois minha mãe tem medo de passar pelo Rio.
    No profissão repórter como lhe falei, o jornalista disse que os haitianos quando dão reportagem cobram dos repórteres uma ajuda…e te digo uma coisa, estão certíssimos, pois essas repostagens darão um lucro enorme…
    Escrevo tudo isso não só como um desabafo, mas também para dizer que concordo com sua posição político-social, de que tudo é um ciclo.
    Depois dessa tragédia ligamos para amigos para sabermos de estava tudo bem….
    Tem uma amiga mamãe, que o marido pesquisa há mais de 20 anos o tratamento do lixo. Apresentou diversas seus projetos e pesquisas para os governantes, mas não teve o resultado que esperava.
    Temos muitos brasileiros capacitados para fazer um país melhor!
    Tem mais uma…Outra amiga nossa disse que esse morro que desabou foi loteado por um vereador, fiquei impressionada!!!

    • O que mais tem aqui no estado do Rio é Político picareta. A verdade é que os governantes governam olhando para os próprios interesses. Governam para o próprio umbigo.
      Niterói contratou o Jaime Lerner (a peso de ouro) para mudar o trânsito da cidade toda. Ele irá implantar o sistema de ônibus e tubos (patenteados por ele) aqui. Eu penso que o transporte público é um ponto crucial para a estruturação das cidades. Sem ele dá um problema sério. Felizmente o transporte publico é algo que se resolve rápido se tiver dinheiro. Mas a educação e miséria cultural não. E disso vai levar décadas, e se bobear, séculos para o Rio se recuperar.

      • Eu não sabia disso…comentei com minha mãe agora e ela ficou se perguntando como é que os tubos de ônibus caberão nessas ruas estreitas…
        Aqui as ruas onde tem os tubos foram ampliadas, pois elas são normalmente compostas por duas vias largas exclusivas para os ônibus e duas para os carros.
        Algumas eram Br’s que foram se integrando com o desenvolvimento da cidade através de parcerias com o Governo Federal (ex:Br 116 agora chama-se linha verde).
        As ruas são compostas por quatro pistas, a central onde passam os ônibus e estão localizados os tubos e as laterais onde passam os carros.
        Provavelmente adaptarão esta realidade a Niterói.
        Mas e o Maglev Philipe, não é viável?

        • Nosso trabalho é no sentido de criar uma opção de transporte urbano versátil, mais barato, não poluente e com rapidez de implantação. Poderia atender demandas em Niterói e em outras cidades, como Belo Horizonte, Petropolis, Fribugo, etc. Mas isso só quando estiver disponível como um produto. Ele atualmente ainda é um prototipo. Mas no projeto do Jaime (eu fui no lançamento a convite da prefeitura) há potencial para integração com outro modal, que incialmente seria um monorail ou similar, mas nada impede que seja um maglev cobra, ate porque como é mais barato, da pra fazer conexões mais longas, atendendo mais publico.
          Até o fim de 2010, espero que tenhamos otimas novidades sobre o maglev cobra.

  9. Caro Philipe:

    Acompanho o Mundo Gump há um bom tempo, como você já deve ter percebido (srsrsrssr). Eu gosto de ler o que você escreve, tanto pela correção do uso da língua portuguesa quanto pela criatividade (e maestria) que você usa para expor seus pontos de vista. E o caso é o seguinte:
    Leciono Geografia para as sétima e oitava séries do ensino fundamental, ciclo médio todo (primeiro, segundo e terceiro, diurno e noturno) e duas disciplinas para faculdade de Agronomia: Expressão Gráfica e Logística/Mecanização Rural. E nas mais recentes aulas, comentamos muito (em todas as turmas) sobre os recentes acontecimentos descritos em seu texto. Peço então, autorização para usá-lo, dando os devidos créditos, para discussão com meus alunos. Creio que acrescentará muito ao que temos discutido.

    Grato desde já pela atenção:

    Wagner Bragante

  10. Não posso deixar de deixar de dizer que o texto acima deveria ser impresso,distribuído nas Universidades,Escolas e Orgãos Públicos e também publicado em todos os jornais do País !
    Parabéns por escrever o que a maioria de nós gostaria de dizer e não conseguiríamos ser ouvidos.
    É o circulo vicioso da (miséria,má educação,falta de controle da natalidade,fanatismo religioso)aliado a perversa,nojenta e corrompida “politicalha” que contaminou tudo ao seu redor,enfim um coquetel mortífero contra qualquer possibilidade de um real progresso para qualquer cidadão e para o País!

  11. Excelente texto.

    E o ciclo-malicioso dos politicos é:

    – Não fazer obras com resultados a longo prazo. Estas obras não dão votos. Logo, não existem obras de prevenção no Brasil.

    – Não fazer obras duradouras, pois custam caro e impedem que uma nova obra seja feita no mesmo local em médio prazo. Ou seja, as poucas obras que fazem é de baixa qualidade, pois aumenta o lucro da propina e ao mesmo tempo dura pouco, gerando assim mais obras, mais lucros.

    É um inferno o qual o Brasil nunca vai se livrar.

    E está aí o Lulla falando em PAC-2 se nem pagou as obras do PAC-1, o governo federal deve BILHOES em contratos do PAC-1.

  12. Alguem ai usa o Mundo Gump como referencia… ouvi as mesmas palavras a pouco no Faustão…

    Quando houve a tragédia em Blumenal-SC, soube de muita coisa quase que em primeira mão… a situação lá foi bem mais feia do que foi divulgado… imagino que ai em Niterói a coisa não vai ser diferente.

    O “jeitinho” brasileiro mata mesmo… as vezes de vergonha e as vezes em formas de grandes tragédias… parece que boa parte da população não tem mais esperança de mudar, então mudar de verdade para nós (que somos relativamente jovens comparado a aqueles que estão no poder) é algo muito difícil, mas não impossível.

    Off ps: engraçado é ver que há msgs e ideais disso até mesmo nas coisas mais “infanto-juvenil” (como no mangá Naruto por ex.), mas é impressionante como sempre conseguimos destruir os sonhos do nosso verdadeiro futuro (nossos descendentes), com esse tipo de exemplo e situação causada por grande parte dos “acostumados” a usar o nosso “jeitinho” para tudo…

  13. Seria interessante fazer uma matéria sobre o sistema habitacional brasileiro. Veja que interessante. O governo destina uma verba, claro que dos impostos, para auxiliar as pessoas a comprarem suas casas. Mas deixam a cargo dos bancos emprestarem este dinheiro,ou seja, o governo federal repassa aos bancos estaduais e a caixa economica. O certo, era os banco emprestar, cobrar um juro baixo, ou de governo, e uma taxa de administração. Mas o que acontece???
    O banco cobra juro sobre este dinheiro, que não é dele.E juros altissimos, e tudo que é taxa que inventa. Então o dinheiro que era para estimular a pessoa a comprar a casa (uma ajuda),vira fonte de renda para o banco, que fica rico. cobrando juro de um dinheiro que era para ajudar a população, aliás, um dinheiro que é da população, pois é dos impostos. E ninguém faz nada, o governo não fiscaliza, o sistema financeiro de habitação não passa de um sistema de exploração da população.

  14. Concordo com quase tudo que escreveu, sinto uma sensação de impotência. Quando iremos conseguir mudar essa quadro no Brasil??
    Estamos tão presos aos interesses pessoais, que atamos nossas próprias mãos!

  15. A Faca.

    Assim como uma faca, muitas vezes são os nossos atos e as nossas idéias em relação ao próximo, e a sociedade .
    Sabemos que a faca e um instrumento útil, pois ela nos proporciona ajuda para podermos cortar os alimentos no qual iremos comer, ajuda a abrir uma caixa , corta fios , ajuda na limpeza de uma caça e ai vai….
    Mais também pode ser usado para ameaçar alguém ,machucarmos alguém, e ate matar´, é conhecida como” Arma Branca “, mais não é por isso que ela é proibida de vender seja em um supermercado, loja de utensílios doméstico e por ai vai …

    Ora, como uma faca, são as declarações de alguns políticos, que diante de tanto sofrimento do povo, se escondem atrás de um gabinete dizendo: -eu não sabia !!

    Ora, quem não sabia era o povo que diante de tanto problemas só querem um lugar para morar ,um trabalho decente e um hospital para tratar as doenças e os infortúnios de uma vida sofrida.
    será que estes mesmos políticos se esquecem quem foi que o elegeram? será que estão fazendo bom uso da faca que esta nas suas mãos? será que estão usando a faca para partir o pão com a sociedade que os elegeu ? ou estão utilizando a faca para oprimir e estorquir e matar a quem já tem tanto sofrimento ? a resposta está dentro de cada escolha que fazemos !!! pense nisto ao lutar pelos seus direitos.

    Gilberto Luiz N. Oliveira

    • Com certeza, Gilberto. Eu vejo muitos políticos batendo no peito e posando de “sérios” alegando que não é milagre, não se resolve da noite para o dia. Que a midia está fazendo carnaval com algo que sempre se soube e que não tem solução de curto prazo. Isso tudo é verdade, mas na boca do político temos que entender o que há por trás do discurso. A verdade é que quem posa de anti-demagógico dizendo que não tem solução à curto prazo está dizendo que não tem solução. E “problema que não tem solução”, você sabe, “solucionado está”.
      Mas isso é uma mentira. Talvez a mentira mais deslavada de todas.
      O Brasil tem ABSOLUTAMENTE TODAS AS CONDIÇÕES PARA ACABAR COM AS FAVELAS. Com todas elas. Só basta haver interesse sério disso acontecer.
      Não estou dizendo que é fácil. Estou dizendo que é possível. E não é fazendo favela-bairro não. Isso é maquiar o cocô. Estou dizendo fazer bairros novos, completos, com toda a infraestrutura necessária e casas de qualidade, não um monte de merda mal enjambradas que vão desabar na primeira chuva de vento.
      Como exemplo cito o caso do México, que se destacou mundialmente com políticas agressivas de redução das favelas, criando bairros completos com toda a infraestrutura necessária.
      Pode faltar muita coisa no Brasil, mas dinheiro não falta, empresas competentes não faltam, matéria prima não falta, urbanistas, arquitetos e engenheiros de primeira não faltam. O que falta aqui é honestidade e vergonha na cara. Isso realmente é mais raro do que diamante.

  16. Esse cálculo do IDH é uma bela enrolação, não?
    Moro em Lorena-SP, e lá a qualidade de vida é baixíssima, faltam médicos nos postos, as ruas são esburacadas e quase intransitáveis, a violência é absurda mas mesmo assim seu IDH é considerado “alto” (maior que 0.8).

  17. Comentário de uma internauta a respeito da tragédia do rio de janeiro!

    Katia Correia Grego:
    9 abril, 2010 as 12:13 pm
    Isso td realmente é mto triste, porém não podemos responsabilizar apenas os Governos Rio/Niterói e sim todo o Nordeste, pois isso td acontece pq o nordestino escolhe o Rio em busca de emprego…toma um onibus no sertão de seu Estado, arruma um biscate (sem carteira assinada) e em seguida manda vir esposa e montão de filhos pequenos. Escolhe um morro qualquer, levanta um barraco, em menos de 2 dias já prepara um puxadinho e manda vir o resto da “parentada”!!..aí entram os Politicos, que fecham os olhos em busca de votos, ao invés de derrubar imediatamente o barraco.E em menos de 01 mes no mesmo morro já se criou a Comunidade!!!!…Na verdade, cada Governante de seus estados são os responsáveis, por não criarem condições de trabalho para seu Povo. O ideal seria enviar cada sobrevivente para sua cidade natal e implodir tudo o que restou..E tomar conta das Rodoviárias, afinal de contas, não temos como manter uma população que não nos pertence.Lá tem gente honesta? Tem…mas tb favorece o tráfico, por conta dos filhos da miséria..

    retirado de: http://colunas.g1.com.br/aovivo/2010/04/09/fui-entregar-pizza-e-quando-voltei-nao-tinha-mais-nada-diz-jovem-que-perdeu-a-familia/comment-page-3/#comment-89310

    Isso é simplesmente absurdo e xenófobo. Sou baiano, vim para o Ceará, e digo que culpa cabem a todos, desde o presidente até o último brasileiro nascido e capaz de pensar. Os problemas são resolvidos com soluções, não com idéias néscias, como esta, dizendo que alimentamos (nós, os nordestinos) o tráfico, e que a população nordestina é a responsável pela miséria reinante no Rio. Acorda, galera! Desculpa, Philipe, pelo uso de seu espaço, mas isto é intragável.

    Herlon Mendonça e quem quiser me contatar, fique à vontade.

    Philippe, um grande abraço. Vc tem a mente aberta.

    • Cara este tipo de imbecilidade nem compensa comentar. O Brasil é uma república única, formada por diversos estados, logo qualquer um pode morar onde bem entender. Esses foruns estão repletos de burrices deste tipo. Se alguém aqui tem culpa de alguma coisa é o governo, que cobra imposto igual primeiro mundo mas presta serviços de oitavo mundo.

  18. O povo não luta por seus direitos, como deveria fazer, apenas por um único motivo: ficaria falando sozinho. A máquina do governo já está programada e azeitada para ignorar o povo, relegá-lo a simples condição de pagador de impostos e número de um cadastro, e apenas expoliá-lo da melhor maneira possível. Quanto a sérias obrigações, agir honestamente, dignamente e com substância em relação ao povo (nós), nem pensar. Para isso, a história desse país teria que ser reescrita.

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