Semana passada eu consegui finalmente subir o disco do The Funkastic Six, com as musicas que eu fiz no ano passado (é absurdo como o tempo passa rápido, né gente?) para essa banda. Então me dei conta que só falei dela muito superficialmente em outros posts sobre minhas composições musicais, e não tinha ainda colocado a história dessa banda ficcional aqui. Como eu fico horas e horas esculpindo e modelando eu fico pensando nas histórias do grupo, que já está começando a virar um livro na minha cabeça.
Então, para fazer justiça a essa criação que muito me ensinou e me divertiu no processo, e que ficou meio abandonada desde então, (e antes que eu invente mais um livro) aqui está a história do Funkastic Six:
The Funkastic Six – Formação original
Formado no coração vibrante do Brooklyn, Nova York, em 1972, o The Funkastic Six surgiu como uma força dinâmica na cena disco e funk, impulsionado pela química eletrizante de dois irmãos e mais quatro amigos de infância, unidos pelo sonho de dominar as pistas de dança dos icônicos clubes de discoteca da cidade.
O grupo — composto pela vocalista principal Roxanne “Roxy” Carter, e os irmãos Leroy “Lightning” Jackson e Marvin “Groove” Jackson, a cantora Tina Delgado, e o primo de Roxy, Clarence “Keys” Washington além de Sammy “Samba” Morales, trouxe uma mistura contagiante de soul, funk e disco que cativou o público e deixou uma marca indelével na cena musical dos anos 1970.
Origens
A história do The Funkastic Six começou no bairro de Brownsville, no Brooklyn, onde os seis membros cresceram na mesma quadra, unidos pelo amor à música e pela energia pulsante da cidade. Roxy, com sua voz poderosa e presença de palco magnética, foi um ponto focal no grupo. Leroy, um guitarrista autodidata, fazia suas cordas cantarem com um estilo que lhe rendeu o apelido de “Lightning” (Relâmpago). Marvin criava linhas de baixo tão suaves que se tornavam o coração de cada música. Tina chegou mais tarde, e trazia uma energia incansável nos vocais, ampliando e aprofundando as qualidades de Roxy, enquanto os riffs inovadores de teclado de Clarence adicionavam um toque futurista.
Sammy Morales era um dos principais compositores. Sammy ou “Samba” como ficou conhecido, era filho de um funcionário da Embaixada e viveu por décadas no Rio de Janeiro. Depois, se mudou do Brasil para os Estados Unidos, onde incorporou ritmos latinos que deram ao grupo seu groove característico, misturando letras em português com inglês como o hit “me ama” e “de mal contigo”, ambas criticadas como “língua alien” pelas revistas especializadas.
No verão de 1972, o grupo começou a tocar no porão de Leroy e Marvin, transformando sua amizade de infância em uma potência musical. Inspirados por nomes como James Brown, Earth Wind and Fire e os sons emergentes de disco de Donna Summer, eles criaram um som que era ao mesmo tempo cru e polido, mesclando linhas de baixo funkeadas, riffs de guitarra brilhantes e percussão contagiante com a voz soulful de Roxy.
Ascensão à Fama
O The Funkastic Six teve sua grande chance em 1973, quando se apresentou no The Groove Haven, um lendário clube de discoteca do Brooklyn. Sua performance eletrizante da música original “Upside Down” chamou a atenção de PKD, um produtor local, que os contratou para uma pequena gravadora independente, a Gump Records. Seu single de estreia, “Shake the Night Away” (1974), tornou-se um sucesso underground, garantindo apresentações regulares em locais icônicos como Studio 54 e The Loft. Em 1975, seu primeiro álbum, Funkastic Fever, foi lançado, com sucessos como “Echoes of us” e “Year 2000”, que subiram nas paradas de dança da Billboard e solidificaram sua reputação como pioneiros do disco.
Suas apresentações ao vivo eram lendárias. Ficaram conhecidos por seus figurinos extravagantes: Macacões de lantejoulas, botas de plataforma e cabelos black power que desafiavam a gravidade, o The Funkastic Six trazia uma energia teatral ao palco. A presença dominante de Roxy, combinada com coreografias sincronizadas e os solos de teclado deslumbrantes de Clarence, tornava seus shows um evento imperdível. A química do grupo era palpável, com a personalidade de cada membro brilhando, desde o sorriso contagiante de Sammy até os vocais cheios de energia de Tina.
A grande crise de 1977
Não se sabe muito sobre a grande crise que afetou a banda em 1977. As revistas de fofoca da época citam um desentendimento entre os dois irmãos, apaixonados por Roxy. Numa apresentação no Dragon´s Cave em Nova Jersey, os dois irmãos Jackson saíram no soco no palco, interrompendo o show e marcando uma profunda crise no grupo.
O Funkastic Six interrompeu os shows e boatos de que tudo havia acabado se espalharam rapidamente na costa leste. Posteriormente, problemas de saúde de Sammy Samba decorrentes de seu vício em cocaína levaram o grupo a um hiato de seis meses para que ele se recuperasse numa clínica. Quando Sammy fugiu da clínica, recaiu nas drogas e morreu de overdose, a banda se viu sem um dos principais e mais queridos membros, precipitando um risco de fim, que poderia ter durado para sempre, mas felizmente, isso não ocorreu. A cantora Lenna Davids entrou no lugar do falecido Sammy Samba, e o The Funkastic Six ressurgiu das cinzas, como uma Fênix, reorganizado e equilibrado. Agora com três mulheres e três homens no cast.
De volta aos trilhos
Apesar do sucesso, o grupo enfrentou desafios com o declínio da era disco no final dos anos 1970. A reação contra o disco, aliada a mágoas internas, levou seu segundo álbum, Rhythm Revolution (1978), a receber criticas não muito favoráveis. Sem se abater, eles experimentaram com influências de funk-rock e os primeiros sons do hip-hop, lançando o single “Brooklyn Beat” em 1980, que mais tarde se tornou um clássico cult, sampleado por artistas de hip-hop nos anos 1990.
O The Funkastic Six se separou em 1982. Os membros seguiram projetos solo e empreendimentos pessoais.
Roxy posou nua para a revista Playboy, casou-se com o produtor milionário John Vallen Murdock e fez pontas em dois Seriados da NBC, The Facts of Life (1979 -1988) e Punky Brewster (1985-1986), levando uma vida dupla de atriz e cantora na Califórnia. Posteriormente, tornou-se uma vocalista de estúdio muito procurada.
Leroy abriu uma escola de música no Brooklyn, e Marvin produziu para bandas de funk emergentes.
Tina excursionou com outros artistas, e fez parte da equipe musical de Al Jarreau, enquanto Clarence se aventurou na produção de música eletrônica. Embora seu tempo no centro das atenções tenha sido breve, sua influência perdurou, com sua música aparecendo em filmes, comerciais e coletâneas de dança retrô.
Lenna Davids se tornou uma escritora de grande sucesso, publicando “memories of the road” e “The last tears of Mrs. Lasay” que estiveram na lista dos mais vendidos do The New York Times.
Em 2020, os membros originais do The Funkastic Six se reuniram para uma performance em Las Vegas para celebrar o relançamento de uma versão de natal remasterizada do álbum The Funkastic Six – Greatest Hits, reacendendo o interesse por seu trabalho. Hoje, eles são lembrados como pioneiros que misturaram funk, disco, língua portuguesa e soul com um toque do Brooklyn, provando que apesar das diferenças, paixões e egos, a amizade e o groove ainda podem iluminar o mundo.
Aqui está o disco, caso você queira me dar uma moral: