De volta ao trabalho

Faz cerca de duas semanas que voltei do SP Fantastika. Adorei o evento. Foi um grande sucesso. Nossos produtos fizeram um grande destaque no show e muitas pessoas chegaram a fazer fila para fotografar algumas das nossas peças. Foi muito legal também conhecer gente que eu só conhecia virtualmente, e encontrar alguns leitores do blog. Na real, encontrar leitores aqui do blog ao vivo é a coisa que eu mais gosto de fazer. Uma pena que meu trabalho me obrigue a passar muito tempo away no mato esculpindo, pintando e modelando monstros. Se eu pudesse estaria em tudo que é evento que pintasse por aí.
Participar da mesa redonda sobre ufologia também foi bem legal. Pena que é um assunto deveras complexo para falar rapidamente.
Os itens ufológicos sempre fazem um grande sucesso. O pessoal curtiu a nossa luminária do feto alien com luz, que lançamos lá.

Um dos itens que me pediram la no SP Fantastika é que eu voltasse com a Caixa do Dr. Van Helsing:

Até então, a caixa do Dr. Van Helsing era um item só de encomenda, porque eu usava caixas antigas reais na confecção. Mas como o próximo evento será de terror, eu e o Frellton resolvemos colocar essa peça “em linha”, isso é, fazer diversas replicas desse kit de matar vampiro vitoriano. Minha expectativa é ter alguns deles na Horror Expo, espero conseguir. Mas certamente terei que adaptar uma outra caixa, porque essas que eu vinha usando eram compradas em antiquários/leilão e daí não rola para fazer em linha.

Mudando de assunto

Hoje tive um sonho bem legal. Quer dizer, mais ou menos.

O sonho do livro do Ganzu

Eu estava lançando um livro novo e era o dia do lançamento. Tinha um monte de gente que eu conheço lá e um monte muito maior de gente desconhecida. A parada é que eu estava lançando o livro do GANZU. Era um box com quatro livros do meu monstro, e daí na fila de gente para autografar tinha um senhor careca com cerca de 70 anos. O velho traja um terno branco com camisa vermelha florida por baixo do paletó, no melhor estilo “Malandro aposentado na Flórida”.

Ele se aproxima e sorrindo seus dentes amarelos comenta: “Rapaz, você sabia que esse seu livro é baseado em fatos reais?”

E eu penso comigo mesmo: “Tadinho, o véio, ficou biruta.” Agradeço meio sem graça tentando dizer que eu inventei o Ganzu, mas o velho parece irredutível. Diz que quer me mostrar uma coisa. Eu tento argumentar que a fila está grande, que seria melhor falarmos depois e tal, mas o velho está perturbado. Fala alto, balbucia algo incompreensível. Do paletó saca um revólver enferrujado e aponta pra mim. Eu me espanto. Todo mundo se assusta. Alguns correm. Eu apenas dou dois passos apara trás com os meus olhos esbugalhados de cagaço.  Agora o véio doido bota a maleta em cima da mesa da livraria e clica no fecho. A maleta faz click e eu espero a bomba explodir. Não é bomba. Nada acontece.
Lá fora, ( parece ser um shopping) um alarme soa. Ouço sirenes ao longe.

O velho me olha nos olhos. Sua expressão é de confusão e desespero. Ele é pálido. Quase uma vela. E é bem alto, quase 1,90. Um velho esquisito. Me passa pela cabeça que talvez esse puto nem seja da Terra.

O velho diz coisas incompreensíveis. A unica parte que entendo é que ele diz que eu sou responsável pelo que eu criei.
O velho bota o cano na boca e explode os próprios miolos na minha frente. Cai com os braços abertos. Um cristo-redentor vermelho manchando o tapete da livraria. Gritaria. Pânico.

Eu ainda estático. Sangue respingou em mim. Me sinto nojento. Quero tomar banho, sair dali.

Mas algo “soca” a mala sobre a mesa. Tem algo dentro. Está socando. A mala subitamente se abre. Ali, diante de mim, o que está? A porra da lacraia do inferno, maluco.  O GANZU!

Eu já pressinto o que vai acontecer. Tudo se desenrola em câmera lenta. O bicho mede quarenta centímetros. Salta da mala, certamente em frenesi pelo cheiro do sangue. Eu temo que aquela merda pule em mim, mas ele pula no corpo ensanguentado do velho doido.

A polícia chega. Chega com o aparato todo. Nego de escudo, escopeta e balaclava. Eu ali, do lado da mesa, colado na parede, os olhos congelados naquela merda cheia de perninhas comendo o velho. A polícia atira. Eu tento gritar, mas é em vão.  Tudo acontece em câmera lenta.
A expressão do policial é de perplexidade e horror. Lembra quando Ray viu o Geléia pela primeira vez? É aquela cara.

O bicho é acertado de raspão, e e agora ele entra em modo capiroto. Avança sobre os que correm. A polícia abre fogo naquela porra que estava comendo o defunto do velho.  O troço é rápido. Eu tento me esconder dos tiros sob a mesa. A luz apaga. Alguém ruim de mira acertou os sprinklers. Está chovendo pra todo lado ali na livraria. As pessoas que conseguiram correra, para longe. Eu estou ali, me cagando de medo, encolhido sob a mesa. O bicho pula num dos policiais. Ele cai com o monstro em cima dele. Não consigo ver a cena direito, porque eu estou olhando por uma greta sob a mesa. Não dá pra ver. Os amigos em vez de ajudar, metralham o cara e o Ganzu.

Não há mais barulho. Nem gritos. Agora é só o som da água caindo em profusão. Penso em sair do meu esconderijo. É quando sinto perninhas andando nas minhas costas. É ele. É o bicho. Ele está aqui. Está perto de mim. Está andando em mim!

Aí eu acordo.

Esses meus sonhos estão cada vez piores. Deve ser um sinal? Eu devia relançar o “Ganzu” igual eu fiz com “A caixa”?  Ou devo comer menos no jantar apenas?

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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