Top 5 Fungos bizarros e seus efeitos inacreditáveis

Fungos são coisas bem estranhas. Sempre tive um interesse particular pelos fungos, porque acho este tipo de vida com jeitão de “coisa de outro planeta”. Recentemente (hoje) ganhei de dia dos pais (de mim mesmo, afinal não tenho filhos) um livro interessante que trata deste assunto.  Baseado nisso resolvi compilar rapidamente aqui uma listinha dos 5 fungos mais escalafobéticos (na minha opinião) e seus efeitos inacreditáveis.

1- Fogo de Santo Antônio (Claviceps purpurea)

Esta coisa de massa negro-púrpura é chamado de “Esporão do centeio”. Trata-se de um fungo formidável e também assustador, porque ele atormenta a humanidade desde a idade média. Além disso, este treco vem sendo usado na medicina como base para medicamentos, com empregos médicos bastante valiosos. Este fungo é um poderosíssimo restringente muscular e pode conter sangramentos. Ele ainda pode acelerar partos e até mesmo induzir abortos. O fungo também é fonte do alunicógeno LSD -25. Em doses maiores que microscópicas, o fungo conhecido popularmente como “ergot” produz envenenamento por ergotamina, uma doença horrenda que na idade média era chamada de Fogo de Santo Antônio. Não existe um nome para esta doença bizarríssima, quase sempre fatal, onde as pessoas aparentemente viram um tipo de “zumbis” ficando num estado de transe seguido de fortíssimas convulsões e -olha que doideira – começam a fazer uma estranha dança frenética. Esta dança é acompanhada de uma forte sensação de ardência nos membros, que -olha que nojento – gangrenam enegrecem e caem! Muitas vítimas de ergotismo da idade média enlouqueciam. Tanto é que em no ano 994 da era cristã mais de 40.000 pessoas em duas províncias francesas morreram desse treco.  Em 1722 o fungo microscópico forçou o imperador Russo Pedro, o grande a abandonar seus planos de conquista da da Turquia quando às vésperas da batalha nada menos que TODA A SUA CAVALARIA  e mais de 20.000 soldados foram acometidos pela dança maníaca zumbiesca, gerando uma das mais grotescas e assustadoras cenas jamais testemunhadas num campo de batalha. O último surto registrado de ergotismo aconteceu na vila francesa de Point-Saint-Espirit no ano de 1951.

2- O funguinho da fome (Phytophthona infestans)
Este é um funguinho maldito que ajudou a mudar a história política do mundo. Isso aconteceu como resultado da insalubridade desgraçada causada pelo P. Infestans, um microscópico fungo que fez toda a Irlanda passar fome em 1845. O clima quente e chuvoso de julho promoveu a condição ambiental perfeita para o P.Infestans disparar. Ele floresceu com vontade nas plantações de batata, que era o alimento mais plantado na Irlanda. Assim, numa questão de poucos dias, o maldito fungo havia transformado PRATICAMENTE TODAS as plantações em uma massa marrom , podre e fedorenta. A colheita toda foi perdida, e como resultado do fungo, mais de 500.000 pessoas morreram fome enquanto quase dois milhões de Irlandeses se viram obrigados a emigrar, em sua maioria para os EUA. O funguinho do capeta ainda infestou a irlanda por 6 anos consecutivos. Uma única batata contaminada dava fim a toda uma plantação.  O primeiro ministro Riobert Peel tentou fazer o parlamento revogar os impostos sobre sementes importadas e enquanto os políticos (incompetentes) debatiam e o povo passava fome e morria. A resposta demorou tanto que quando finalmente saiu, Peel foi derrubado do governo.

3- Mercador da Morte (Saccharomyces cervisiae)
Ele era apenas um fermento comum usado por cervejeiros. O S.cervisiae, que até hoje é usado para levedar o pão e fazer cerveja, foi um agente da morte durante a Primeira Guerra Mundial. Naquele tempo, os alemães ficaram sem nitroglicerina e sem a gordura necessária para sua fabricação. Então eles descobriram que o fungo, até então totalmente inofensivo poderia ser usado para fabricar a nitroglicerina um ingrdiente fundamental nos explosivos de guerra. Fermentando o fungo com sacarose, nitratos, fosfatos e sulfito de sódio, os alemães obtiveram por um preço ridículo nada menos que 1000 toneladas de glicerina por mês. Segundo estudiosos militares, o fungo permitiu que os alemães mantivessem seus estoques de bombas e explosivos, continuando seu esforço de guerra  por mais de um ano.

4-O Assassino da tuberculose (Streptomyces griseus)

Embora seja nada menos que um modesto bolor desses mais vagabundos, que surge em terrahúmida e pilhas de esterco, o S.Griseus foi lançado aos píncaros da glória entre os fungos, quando o Dr. Selman Waksman descobriu que ele tinha potencial para curar a tuberculose.

Em 1910 Waksman emigrou como refugiado para os EUA onde deu continuidade à sua pesquisa com o fungo, que produzia uma substância chamada streptomicina que combatia a tuberculose. Foi aí que o médico cunhou a palavra “antibiotico”, usada até hoje. Em 1945 ela foi usada pela primeira vez em humanos e e, 1952 o Dr. Waksman recebeu o Prêmio Nobel em Fisiologia/Medicina por sua descoberta e uso do poder do fungo.

5- Outro Nobel (Neurospora crassa)
Este era um humilde bolor de pão, mas sua simplicidade foi justamente o que permitiu que os cientistas explorassem suas características genéticas, o que conduziu a descoberta mais empolgante da ciência do século vinte: O DNA!
Vendo a facilidade com que este fungo do pão se espalhava, bem como suas características de crescimento simples e ciclo de vida curto, George Beadle e Edward Tatum abocanharam o prêmio Nobel de Medicina em 1958. Os dois descobriram o papel dos genes do fungo na transmissão hereditária entre as gerações.

BÔNUS

A praga amarela dos infernos (Aspergillus Flavus)

Pense numa coisa absurdamente horrenda. Pensou? POis é. Isso existe e é um fungo. Este aqui. O A. Flavus, é um bolor amarelado de aparência inocente porém altamente letal. Ele é também chamado de aflatoxina. Este fungo é sem dpuvida um dos maiores causadores de mortes da história da humanidade. Não é posível estabelecer o numero preciso de mortes que o fungo em questão causou, tamanho seu espectro. O problema é que só descobriram que este fungo é um veneno maldito em 1960. Daí pra trpás, ele matou com vontade. Em em silêncio.

Em 1960 o fungo A Flavus matou mais de 100 mil perus jovens na Inglaterra. Os pesquisadores médicos atribuiram a  “doença X do peru”  ao A. Flavus, que crescia na ração à base de amendoim dos animais. Resistente, de rápida propagação e altamente letal, a aflotoxina é um poderoso agente de câncer no fígado. Mesmo sabendo disso, este fungo dos infernos é cultivado pelo homem e usado em pequenas quantidades como parte do processo de manufatura do molho de soja e saque de soja. Mas o A. Flavus pode facilmente escapar do controle. Ele prospera em condições de calor e humidade. À medida em que se reproduz, chega a proporções letais ao ser humano em 24 horas,  o bolor gera seu próprio calor, o que aumenta sua capacidade de reprodução.  Os alimentos favoritos deste fungo são amendoins armazenados, batatas, ervilhas, cacaus, presunto defumado e salsichas.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. (…)que surge em terrahúmida e (…)
    (…)Ele prospera em condições de calor e humidade.(…)

    Só um adendo, úmido e assemelhados (umidade, umidoso, etc…) se escreve sem H.

  2. [quote comment=”28615″](…)que surge em terrahúmida e (…)
    (…)Ele prospera em condições de calor e humidade.(…)

    Só um adendo, úmido e assemelhados (umidade, umidoso, etc…) se escreve sem H.[/quote]

    Pode ser escrito com H e sem H. As duas formas são certas.

    HUMIDADE ou UMIDADE?

    Em Portugal, a grafia desta palavra apresenta-se com “h”, sendo assim correto escrever “humidade”, como também “húmido”, “humedecer”, “humedecimento”, “humedecido”, “humidificar”, etc. No Brasil, a grafia adotada é sem “h”: “úmido”, “umidade”, “umedecer”, “umedecimento”, “umedecido”, “umidificar”, etc.

    Até 1943, também grafávamos essa família com “h”. Na reforma ortográfica (ocorrida justamente em 1943), abolimos o “h” desse grupo de palavras. Esse caso não é o único em que se registra diferença gráfica entre a forma portuguesa e a brasileira. Além das inúmeras palavras que em Portugal se escrevem com “c” ou “p” (como “adoptar” e “direcção”), pode-se citar como exemplo dessa divergência a palavra “berinjela”, que entre nós se grafa com “j”, mas em Portugal se escreve com “g” (”beringela”). :D

  3. Só faltou fazer uma propagandazinha do livro..
    Diz aí qual é! Também me interesso por fungos e seus derivados. B)

    valeu

  4. [quote comment=”28628″]
    Diz aí qual é! Também me interesso por fungos e seus derivados. B)
    [/quote]
    Adoro coisas desse tipo. :B
    Cara, coisinhas tão pequenas e aparência inofensiva são altamente letais, tipo… DEMAIS! uhahuahu x)

  5. Caara! é por causa do ultimo fungo, o aspergillius Flavus que existem tantas ocorrências de cancer gastro-intestinal no Japão, onde o shoyu é consumido diariamente??

    vou ter pesadelos com sashimi hoje…

    ps. O aspergillius apareceu em algum capítulo do House…

  6. [quote comment=”29243″]Caara! é por causa do ultimo fungo, o aspergillius Flavus que existem tantas ocorrências de cancer gastro-intestinal no Japão, onde o shoyu é consumido diariamente??

    vou ter pesadelos com sashimi hoje…

    ps. O aspergillius apareceu em algum capítulo do House…[/quote]

    Eu fiquei com esta sensação tb. Acho que pode ter a ver sim. Mas é o tipo de coisa, se descobrissem que um produto dos mais exportados pelo tal país é potencialmente letal em grandes quantidades você acha que eles arriscariam perder essa grana ou ficariam na moita fingindo que nada acontece?
    Acho que é por aí…

  7. Um estudo divulgado hoje pela revista “Nature” afirma que a aids começou, 1 a se propagar por volta do ano 1900, décadas antes do estimado, e coincidiu com o desenvolvimento dos centros urbanos na África.

    Os resultados da pesquisa, dirigida por Michael Worobey, da Universidade do Arizona (Estados Unidos), o HIV começou a se propagar nos seres humanos entre 1884 e 1924, momento em que a África iniciava sua urbanização.

    Estimativas anteriores situavam a origem da epidemia na década de 1930. No entanto, a equipe de Worobey chegou à nova data após comparar as seqüências genéticas de duas amostras do vírus, de 1959 e 1960, as mais antigas encontradas.

    As amostras são de duas pessoas infectadas em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo (RDC).

    “A partir deste ponto em diante, as seqüências mais antigas são dos fins das décadas de 70 e 80, do tempo em que soubemos da aids”, diz Worobey, que há anos acompanha vestígios do HIV e, para isso, desenvolveu novas técnicas para recuperar o material genético do vírus.

    Está comprovado que o vírus da aids passou do chimpanzé para o homem no sudeste de Camarões. Entretanto, não estavam claros os fatores que lhe permitiram se espalhar no novo hospedeiro com tanta facilidade.

    A nova data coincide com uma época de mudanças na história da região onde o HIV se originou. No início do século XX, as colônias européias começavam a se instalar nos territórios que hoje são ocupados pela RDC e países limítrofes.

    Segundo os pesquisadores, o crescimento dos novos centros urbanos e as condutas de alto risco associadas a eles talvez tenham sido a causa da rápida expansão do vírus.

    Décadas mais tarde, a partir 1960, o número de infectados com o HIV na região havia disparado.

    Quanto ao futuro do surto da doença, Worobey é otimista. Para ele, assim como as mudanças experimentadas pelo ser humano possivelmente permitiram ao vírus se propagar, está nas mãos do homem reverter a atual situação.

    “Se o HIV tem um ponto fraco, é que se transmite relativamente mal. Existem várias maneiras de reduzir a transmissão e forçar o vírus à extinção, que vão desde melhorar a detecção e a prevenção até usar de um modo mais amplo dos tratamentos com anti-retrovirais”.

  8. para: oooSNJHGDYSF ,    

    fungo e cogumelo não são a mesma coisa, todos os cogumelos sao fungos, mas nem todos os fungos são cogumelos.

    na verdade, os cogumelos são estruturas reprodutivas dos fungos pertencentes ao filo Basidiomycota.

  9. Aspergillus flavus e aflatoxina não são a mesma coisa. As aflatoxinas são metabólitos tóxicos, denominados micotoxinas, produzidos por A. flavus e diversas outras espécies de fungos. Podem causar intoxicações agudas se ingeridas em alta quantidade em uma única vez, danos hepáticos e câncer, se ingeridas em baixas concentrações por um longo período de tempo.
    Muito interessante, mas é importante cuidar com a qualidade das informações que passamos adiante na internet. 
    Att.   

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