Sobre muçulmanos e bombas

Você certamente se recorda daquele caso emblemático do garoto muçulmano que havia fabricado um simples relógio em casa e ao levar seu invento para a escola, acabou sendo conduzido a uma delegacia para prestar esclarecimentos. Muita gente deve ter visto neste caso um claro exemplo do que se convencionou chamar de islamfobia.
Creio que não seja necessário lembrar que a islamfobia é mesmo um fato, sobretudo em países como os Estados Unidos. E também é dispensável lembrar que ser um muçulmano, ou mesmo um imigrante de países árabes não torna ninguém culpado de qualquer merda que seja, a priori.

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Assim, todos nós (pelo menos os que leem jornais) testemunhamos um “escurraçamento público” da atitude da escola de acionar a polícia para remover o pobre nerd, coitadinho. Mas essa é uma história de final feliz. Considerado um pequeno “gênio”, ele ganhou apoio publico do Mark Zuckeberg, proposta de emprego no Twitter, meio que numa resposta corporativa das grandes “descoladas”, ou talvez, diria melhor, pretensas descoladas, na tentativa de esfregar na cara dos ignorantes brancos que sim, árabes muçulmanos podem ser legais, podem estar apenas interessados na própria vida. Não é todo muçulmano e muito menos todo árabe, que está numa jihad permanente contra a grande prostituta de mármore do inferno, personificada no ocidente branco capitalista.

Mas ocorre que a coisa não é bem assim. Eu tinha um professor de História chamado Roque que no primeiro dia de aula escrevia uma frase no quadro:

A VERDADE NÃO EXISTE

E dessa forma ele passava um bom tempo desconstruindo tudo que sabíamos, e que havia sido ensinado completamente errado, porque como mais tarde todos descobrimos com certo desgosto, na vida, são os vencedores que escrevem a história do jeito que mais lhes convém.

A história do pobre nerd sendo levado pela truculência da polícia parece um exemplo claro de como estamos nos tornando intolerantes diante da ameaça árabe, personificada nas jihads e nas utopias de domínio europeu por grupos como o Estado Islâmico, ISIS, Al-Qaeda, Boko Haram, Hamas, Talibã e outras menores e nem por isso menos preocupantes, como células de terroristas menores e os “lobos solitários”, com um manancial diverso de motivações.

Neste mundo cheio de terroristas, bombas, ataques, assassinatos e chacinas em  escolas, os jornalistas tem farto material para alimentar a paranoia permanente do povo e sua demanda por más notícias. Mesmo assim, episódios como um inocente reloginho na escola confundido com bomba, ganha muita audiência, porque é uma crítica da mídia ao próprio estado de medo e paranóia que ela alimenta permanentemente.

Não sei você mais eu acho isso no mínimo irônico. Até porque, ao olhar om mais cuidado, as coisas não são como parecem.  Ao analisar o caso, você perceberá que  Ahmed Mohamed, o tal garoto nerd de 14 aninhos, e “gênio” segundo a mídia norte americana, é filho de sudaneses e morador da cidade de Irving, no Texas. Ele apareceu na escola, sem avisar ninguém, com uma mala preta. Dentro da mala, uma placa-mãe, fios e outras peças eletrônicas que, para um não-especialista, poderiam perfeitamente ser confundidos com uma bomba.

Não pode confundir um relógio com uma bomba? Não. Mas eu penso que ninguém daria a mínima para a maleta do nerd se isso acontecesse num país tipo o Brasil, onde não é comum que nego exploda coisas como aquela panela que matou uma pá de gente na Maratona de Boston em 2013, nem é comum que adolescentes sequelados resolvam botar pra foder vivendo na pele um GTA-MATRIX-CLUBE DA LUTA na escola, como acontece nos Estados Unidos.

Lá essas merdas acontecem mais do que seria normal. Assim, um equipamento que parece uma bomba, pode SER MESMO uma bomba. Mas vamos seguindo o caso:

O adolescente levou a mala preta misteriosa e mostrou seu conteúdo para o professor de eletrônica. O professor pediu ao carinha, textualmente para “não desfilar com aquela merda pela escola”. Claro, o professor, mais experiente, percebeu a chance de aquilo dar merda. Em que momento o sujeito de 14 anos pensou que aquilo que o professor alertou poderia ser uma “onda” eu não sei. O que eu sei é que com 14 anos o nosso miolo não é dos melhores.

Assim, Ahmed Mohamed decidiu desobedecer seu professor foi dar um rolê com sua mala misteriosa. Ele a levou para a aula de inglês. Chegou na sala com uma mala estranha, num trabalho que não foi solicitado por ninguém naquela matéria. Ele não pediu permissão ao professor nem deu qualquer explicação. Na verdade ele fez um certo mistério sobre seu conteúdo.  Era uma aula normal, não era feira de ciências, nada.

Então, apesar da estranha maleta incomum, nunca trazida para sala de aula pelo sujeito antes, e seu comportamento estranho, a mala começa a emitir uns sons estranhos. Aí a professora do país onde rolou “o massacre do instituto Columbine” ficou MEGA CABREIRA com aquela porra na mala misteriosa do aluno de nome árabe.  Assustada, a professora quer entender o que está acontecendo mas o rapaz não esclarece. Ele se nega a explicar que bosta é aquela. A professora então chama a segurança da escola, que por sua vez, temendo um novo massacre, aciona a polícia. Chega a polícia. Risco de bomba é sempre uma prioridade séria para qualquer polícia do mundo. Ainda mais em escola.

A polícia chega voada na escola, o moleque continua irredutível sobre se separar de sua mala misteriosa. Ao interrogar o estudante, a polícia relata que ele estava agressivo e não esclareceu de imediato que a mala era um relógio, nem disse o motivo de ter levado a mala para a escola. Ele também deliberadamente omite que já havia mostrado aquilo ao seu professor de eletrônica. Os policiais disseram que conversaram com Ahmed e que ele se recusou a dar qualquer explicação sobre o que seriam os dispositivos dentro da mala. Ahmed por algum motivo que inicialmente poderíamos presumir que é o efeito miolo mole dos 14 anos, não quis dar explicações para a polícia. – Bancou o fodão.

O rapaz acabou sendo levado para a delegacia, no país que dá direito de força letal à polícia em caso de terrorismo.

Seja como for, os EUA tem leis bem estranhas de estado para estado, como a que impede um cara de Denver a emprestar o aspirador de pó ao vizinho. Mas uma delas faz um belo sentido. É a lei do Texas que diz:  “fingir que está carregando uma bomba é crime”.

Qualquer cidadão que por diversão ou “zueira” causar medo, constrangimento ou pânico ao portar uma bomba falsa, está cometendo um crime e pode se ferrar.

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Assim, por mais que o bacaninha se chamasse Ahmed Mohamed, a única desconfiança dos policiais, o tempo todo, era que o rapaz estivesse querendo fazer uma pegadinha ou causar pânico com uma bomba falsa. Até porque raramente quem tem bomba de verdade em escola banca o fodão. Na delegacia, após mostrar seu reloginho, eles simplesmente liberaram o rapaz, que acabou não sendo acusado de nada.

O caso acabaria aí, mas foi usado como um belo exemplo da histeria de medo que cavalga na cabeça do americano comum.  Barack Obama adorou a história e publicamente convidou o jovem muçulmano para fazer uma visita à Casa Branca, a título de “um pedido de desculpas”. Mark Zuckerberg, como eu ja disse antes, escreveu dando apoio ao rapaz, assim como a NASA e Hillary Clinton (de olho na eleição). O Twitter ofereceu um estágio para ele.

Ahmed disse que ficou surpreso, por não acreditar que as pessoas se importassem com um jovem muçulmano. A imprensa e a esquerda começaram a fazer seu carnaval de sempre levando o caso a um status de “islamofobia”. A história é de fato boa e com ótimos ingredientes: o menino nerd, seu nome claramente muçulmano, texanos brancos, pessoas racistas, cristãos e inimigos da ciência e do conhecimento, e uma polícia truculenta e preconceituosa.

A primeira coisa que mal foi noticiada é o “relógio” do “gênio”. Eu fiquei curioso para saber o que deve ser um relógio para ser confundido com uma bomba.

Pensei em algo assim:

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Acho que todo mundo pensou que seria uma “bomba” relógio desse tipo,mas era um negócio menos convencional. E portanto, mais parecido com uma bomba de verdade. (Vamos lembrar que bombas relógio raramente são assim. A dos malucos da corrida de Boston estava dentro duma panela de pressão). Claro que na internet, do jeito que ela é, alguns fanáticos por eletrônica foram atrás para ver como era o “reloginho” do gênio Ahmed.

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Agora, há uma desconfiança que nem seja um relógio feito por ele. Tudo indica que é um kit pré-fabricado, dos anos 70, que se compra com facilidade pelo eBay. Nada de genial ou revolucionário. Veja mais detalhes aqui. 

As coisas ficam mais interessantes

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As coisas definitivamente ficam mais interessantes neste caso, quando entra na roda o pai de Ahmed. Esse cara é um tal de Mohamed Elhassan Mohamed, um imigrante sudanês que fez o sonho americano. Chegou na América sem nada e hoje é um próspero empresário, dono de vários negócios, inclusive uma assistência técnica de computadores. Curiosamente, a imprensa não falou praticamente nada dele, mas segundo os mais atentos às “teorias da conspiração”, ele tem potencial de ser um elemento-chave na compreensão de toda essa história. Isso porque Mohamed Elhassan Mohamed é um ativista muçulmano que ao longo de décadas, tenta chamar a atenção da imprensa sobre supostos casos de islamofobia, já tendo até participado inclusive de debates públicos sobre o assunto. Além disso, o pai do moleque se candidatou duas vezes à presidência no Sudão, e se auto-intitula um “sheik”. Segundo ele, tem milhares de seguidores no seu país de origem, o que fontes locais aparentemente negam. O pai do garoto também se diz um líder espiritual da sua região no Texas, o que as próprias autoridades muçulmanas dos EUA não reconhecem como tal. Até aí foda-se. O cara precisa escolher se ele quer ser presidente, sheik, aiatolá ou empresário americano, porque ser tudo isso junto é meio complicado de equacionar. Mas o que importa agora não é o que o pai do moleque quer ser, mas sim o que ele é e o que ele é : ATIVISTA ANTI-ISLAMOFOBIA.

O pai de Ahmed está ligado à CAIR (Council on American–Islamic Relations), principal grupo de lobby muçulmano nos EUA, cuja função é exatamente influenciar a opinião pública sobre temas relativos à comunidade islâmica. O CAIR tem ligações com a Irmandade Muçulmana e com o Hamas. Seus críticos dizem que a especialidade do CAIR é “vitimologia”, fabricar casos de “islamofobia” para sensibilizar a imprensa e os formadores de opinião.

Não há duvidas, que esses elementos dão um tempero extra nessa história, onde até o momento, as coisas ainda estão bastante confusas e mal explicadas, mas há quem veja aí um  migué.

Claro que temos que levar em conta como deve ser a cabeça dum moleque de 14 anos que tem este pai aí. Ele deve escutar em casa o pai o tempo todo dizendo e reclamando que eles são perseguidos por serem imigrantes, ou muçulmanos, ou ambos. Não é impossível pensar que Ahmed deve ter tentado dar sua contribuição para causa do pai ao se colocar na situação que levou a toda essa presepada e busca de culpados para expiar toda a sanha por culpar imigrantes árabes e muçulmanos pelos problemas dos EUA. Eu me recuso a imaginar que um pai, mesmo um ativista fanático tenha coragem de criar uma situação com o próprio filho onde o moleque pode morrer bestamente com um buraco na testa.

Eu fiquei intrigado como os detalhes dos elementos do caso, como o pai dele e sua relação com a CAIR não são tão abordados nesse caso pela grande midia. Se não fosse ler uma matéria do caso no Facebook eu nem imaginaria como um simples relógio numa maleta pode expor as questões de lobby, culpa, medo e imprensa interesseira num único molho de diversos sabores.

 

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.
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Comentários

  1. Apesar de não ter todas essa informações, desde a primeira vez que li a notícia não teve como não ver o tremendo vacilo do guri. O guri tem um estereótipo dos brabos e ainda me aparece com essa maleta apitando. Não sei se eu como policial faria diferente. Vlw por desenvolver melhor o tema. ABS

  2. Excelente post. É sempre bom olhar esse tipo de noticia com um certo “olhar crítico” no sentido de que a verdade nem sempre é a que a mídia expõe.
    Quando ouvi falar pela primeira vez que nos EUA, um aluno do origem árabe foi preso no colégio por portar uma suposta bomba, lembrei imediatamente de que nesse mesmo país existe um histórico de pessoas que piraram e decidiram promover massacres estilo GTA em escolas, cinemas, etc.
    Pensando friamente, faz sentido que a escola tenha acionado a policia e tudo mais. Ainda mais se o xarope pagou de fodão e não esclareceu imediatamente nem a direção da escola nem as autoridades policiais do que se tratava a aparelhagem toda.
    Acho que ele teve sorte de não terminar com um balaço na cara e não me surpreenderia se toda essa história fosse uma armação do tal pai metido a aiatolá militante com envolvimento com organizações islâmicas.
    Como diria Nelson Rodrigues: “Toda unanimidade é burra”. Então acredito que existam árabes islâmicos sensatos que só querem viver suas vidas, o problema é que dentro desse grupo de pessoas existe esse histórico escroto de jihad, ataques terroristas, suicidas e ódio pelo ocidente. Recentemente li, não lembro onde (não foi no Facebook) que em alguns países árabes, as pessoas de origem palestina são segregadas e vivem em guetos, sem direitos civis e acesso formal a saúde e educação. Essa seria uma estratégia de incentivar a ida desse grupo de pessoas para os territórios dominados por Israel com o fim de colocar mais lenha na fogueira, naquela região que já é tão problemática.
    É tenso, pensar que os caras praticam a mesma religião, são o mesmo povo mas tratam uns aos outros dessa forma por causa de interesses políticos.
    Eu sempre fico com o pé atrás em relação a tomar partido nessas situações mas já tive a oportunidade de conversar com pessoas que vivem em Israel e numa das conversas, tive a curiosidade de perguntar como é a vida por lá e qual é o tratamento dado aos árabes e foram enfáticos ao dizer que o estado de Israel tem a mesma diretriz de tratamento com todos os seus cidadãos, judeus ou árabes. Possuem os mesmos direitos e deveres. Há inclusive árabes que ocupam cargos públicos.
    Desse ponto de vista, Israel me parece no mínimo, um país sério e civilizado, principalmente se comparado a muitos países árabes por aí.
    Infelizmente, não acredito que na maioria dos países árabes, judeus, cristãos ou quaisquer pessoas diferentes por questões de etnia ou religião seriam tratadas com dignidade e respeito.

  3. Philipe, me desculpe, mas vindo de vc uma afirmação que esse moleque é gênio me soou um tanto estranho.
    Em 1991 eu ingressei em uma ETESP no curso de edificações, na mesma escola haviam 10 turmas de 1º ano de eletrônica, a maioria com idade entre 14 e 15 anos e todos, tinham uma disciplina chamada técnica digital, todos montavam relógios melhores que o mostrado e, alguns, usavam os relógios para detonarem bombas no banheiro. Eram babacas, bem longe de serem gênios.
    Agora um moleque nos EUA com nome árabe, compra um kit pelo ebay e quer pagar de fodão é um trouxa!! Poderia ter levado uns tecos na cabeça e por isso ficaria. Ninguém ia nem mesmo sentir pena, pois ele se tornava uma ameaça em potencial.
    Se fosse eu, no mínimo uma surra tinha dado nesse moleque.
    O Obama quer parecer “cult” com o caso. O Zuckenberg é um oportunista de merda. No fim, esse coitado vai ser esquecido em pouquíssimo tempo e as propostas de emprego dele não serão efetivadas, afinal, nem inteligente essa criatura conseguiu ser.
    Na verdade a geração internet está fodida. Até a nossa geração que viu a internet nascer, tivemos que, antes da 1998, pesquisar, aprendemos a absorver o conteúdo que víamos e etc. As gerações que nasceram com a internet e as facilidades criadas, não conseguem aprender e fixar nada. Tenho pena e tento mudar isso nos meus filhos, mas é irritantemente difícil.

    Abraços.

    • Leia de novo a matéria, acredito que você não tenha entendido. Olhe também o trecho abaixo retirado do texto:
      “Agora, há uma desconfiança que nem seja um relógio feito por ele. Tudo indica que é um kit pré-fabricado, dos anos 70, que se compra com facilidade pelo eBay. Nada de genial ou revolucionário.”

  4. E convenhamos. Mesmo que o garoto não fosse islâmico, seria muito estranho aparecer com uma maleta cheia de eletrônica dentro e se recusar a explicar o que é aquilo. Aconteceria talvez não igual, mas muito parecido com um garoto de qualquer outra nacionalidade lá. Inclusive americano nativo…

    Muito bom o post, Philipe! Eu já tinha comprado a história de islamfobia mesmo. Porém estes fatos dão um tom totalmente diferente pro caso.

  5. E agora? Eu não sei se realmente tudo isso foi ideia do menino.

    Não poderia o pai, querendo “comprovar” suas teses de “islamofobia” fazer com que o seu filho fizesse isso? (sem ter medido corretamente as consequências do que poderia ter acontecido ao seu filho).

    Ainda mais com o que está escrito ali no texto: “Seus críticos dizem que a especialidade do CAIR é “vitimologia”, fabricar casos de “islamofobia” para sensibilizar a imprensa e os formadores de opinião.”

    Bem, muito complicado tudo isso, minha mãe já diria sabiamente: “Cuidado! Que essa brincadeira vai acabar em caganeira!”

    • Eu penso que foi uma serie infeliz de acontecimentos, porque o pai bolar essa porra com o filho como o epicentro da merda, das duas uma: Ele é burro mesmo ou ele é um puta dum psicopata tentando gerar um martir para tentar se catapultar a presidente dos EUA.

      • vou te falar amigo, é claro que não podemos generalizar, mas vendo a insanidade que tem imperado e sido divulgada pelos radicais islâmicos e com isso conquistado e ganhando a “simpatia” de outros fanáticos, o que parece improvável torna-se uma alternativa a julgar o “currículo” do pai do garoto.

  6. Pra variar, um excelente post. Sobre a frase “A verdade não existe” e sua consideração a respeito, teria milhares de coisas a falar para corroborar a verdade pertinente nisso, mas vou deixar só uma história que deixa claro como somos influenciados todo dia: Neste fim de semana, foi veiculado uma notícia sobre um homem, que morreu em minha cidade vítima de cirrose, e que ficou todo o tempo no chão, sem atendimento, sem médico nem nada (fonte: http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2015/09/paciente-flagrado-em-atendimento-no-chao-de-uai-vai-obito-em-uberlandia.html).

    Só que, uma amiga minha, que trabalha comigo, e atua neste hospital como voluntária (aquelas coisas tipo Patch Adams), falou que na verdade, ele que ficou no chão, e deitou porque teve um ataque cardíaco, o que foi de uma vez, e ‘convenientemente’ tiraram uma foto dele no chão e alardaram como se ele tivese ficado lá, o tempo todo, desde quando chegou até o óbito.

    O interessante aqui é perceber como as notícias chegam e como elas são, visto que aqui a mídia da Gl*bo tenta a todo custo mostrar uma política ineficiente da prefeitura (sendo que sem mídia a gestão atual já consegue ser excessivamente ineficiente), mas fica um retrato de como a mídia trabalha para passar as notícias de forma conivente aos interesses dela.

    • De fato, mas há uma terceira perspectiva nisso tudo, que eu penso que muitas vezes é responsável por muita merda que vai pra midia: Jornalismo irresponsável.
      Ocorre que a vida dos jornalistas não anda nada fácil. A pressão por novas e impactantes histórias é permanente. Mostrar um cara que teve um ataque cardíaco caído num hospital é quase a mesma pertinência daquelas materias do Yahoo: “após malhar Grazi Massafera fala no celular”.
      Dessa forma, na disputa por conseguir emplacar a matéria, deve ter muita gente tentando dourar a pílula. Afinal, para o jornalista, foda-se se a materia produz revolta, ele quer é isso mesmo, que a matéria gere um rebu, que crie uma situação, e isso alavanque outra materia. Dá meio que para ver isso naquele (ótimo) filme “O abutre”. EU não conheço NENHUM caso de pessoa que deu a entrevista e ela saiu perfeita. E eu mesmo já dei entrevista pra caralho. Uma coisa muito comum, você dá a entrevista num tom, quando vai ao ar, está em outro tom, com piadinhas, musiquinhas, gracinhas, tudo fora da ordem, muitas vezes comprometendo o teor do que foi dito.

  7. Não sei se concordo com você ou com o cara que disse que esse piá é um babaca. Na minha opinão, ambos tem uma ponta de razão. mas que foi muito vacilo, isso foi!
    À propósito, fale alguma coisa sobre essa putaria de refugiados e de construção de cerca monitorada pela polìcia !

  8. Philipe de qual fonte vc usou para escrever sobre anoticia? nas fontes americanas que eu li ele tinha explicado pra professora que era um relogio e mesmo assim ela chamou a policia (até porque ninguém que tem intenção de terrorismo com uma bomba diria que tem uma bomba)

    • Veja, existe uma coisa chamada NEXO DE CAUSALIDADE. As seguradoras usam isso para saber se uma pessoa merece o premio de algum sinistro. Basicamente, nexo de causalidade pode ser resumido em: “A história faz sentido?”
      Pense no que estão dizendo. Um moleque leva o “relogio” na mala para uma aula onde não devia, desobedecendo o professor. As pessoas ficam tensas, a professora pergunta o que é aquilo e ele diz que é um relógio. Ela manda mostrar, ele mostra.

      Não há NENHUM sentido de chamar a polícia se a história fosse essa. Sabemos se foi? Não. O que sabemos? A polícia foi chamada. Logo, pelo nexo de causalidade, é mais provável que o moleque realmente tenha se recusado a revelar seu precioso segredo na aula de inglês, o que desencadeou a merda toda.

      • na verdade, há sim, pelo fato de que lá é proibido andar por ai com coisas que imitem, ou pareçam bombas, por isso a policia foi chamada, isso aliada ao fato de que eles tem essa neura com bomba (não se pode nem falar a palavra bomba nos aviões).

        Agora, pensa assim, se ele tivesse se recusado a falar o que era, e achassem que fosse uma bomba, qual o procedimento em todo o mundo, não só nos EUA, a lidar com uma ameaça de bomba? isolar o perimetro, e chamar o esquadrão anti bomba, foi isso que aconteceu? não. Não houve evacuação da escola, a suposta bomba não foi isolada nem nada, ou seja, ninguém tratou aquilo como se fosse realmente uma bomba, ou porque ele explicou, ou porque a policia ao chegar no local constatou que aquilo não era uma bomba, alais, mas ele foi preso mesmo assim. Como eu disse, deve ter sido porque o dispositivo parecia uma bomba, o que tambem é ilegal, e passivel de prisão

      • olha só

        “We have no information that he claimed it was a bomb,” McLellan said. “He kept maintaining it was a clock, but there was no broader explanation.”

        Asked what broader explanation the boy could have given, the spokesman explained:

        “It could reasonably be mistaken as a device if left in a bathroom or under a car. The concern was, what was this thing built for? Do we take him into custody?”

        http://www.dallasnews.com/news/community-news/northwest-dallas-county/headlines/20150915-live-video-irving-police-school-officials-discuss-ahmed-mohamed-s-arrest.ece
        isso foi a propria policia que disse. Ele foi levado em custodia não porque se recusou a dizer o que era aquilo, ele explicou, levaram ele porque queriam saber o que ele queria fazer com algo que se parece com uma bomba, o que é compreensivel dada a situação do país em relação ao terrorismo.

  9. Gênio? Esse moleque só desmontou um relógio e enfiou numa maleta pra trollar o pessoal no colégio. Queria o quê? Tinha que levar uma prensa mesmo. Agora vem toda essa babação de ovo com esse pseudo-gênio (pseudo é até um elogio).

  10. Basta olhar nosso pais, em questões politicas, PP dominando na Lavajato, mas só vejo falar mal de PT e culpa da Dilma.

    Os leitores desinformados, atribuem a causa sempre na qual a mídia quer.

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