A planta que dá tomate e batata

O meu amigo Lucas Gimenes deu a dica deste post sobre uma estranha planta que DÁ TOMATE E BATATA AO MESMO TEMPO.
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Sério.
Ela foi apelidada de TomTato, e é a coisa mais bizarra em termos de enxertos alimentícios. Praticamente uma maquina de fazer salada!

Curiosamente, esta planta não é geneticamente modificada. É somente um enxerto, mas com grande potencial.
Enxerto refere-se ao processo de tomada de tecido a partir de uma planta e, inserção em outra. Há muitos enxertos por aí. Lembro de na minha infância ter visto uma goiabeira que dava amoras. (ou alguma outra fruta que não me lembro com certeza)
Isso pode ser bem simples com algumas espécies, mas com outras simplesmente não rola. A TomTato era um caso desses. Ela levou os especialistas britânicos em horticultura da empresa Thompson & Morgan a dedicar nada menos que dez anos de trabalho para conseguir.

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Aparentemente, o negócio da criação de plantas de tomate + batata, tem sido repleta de controvérsias. Ao que parece, alegações dessa temtato já ocorreram no passado, mas se revelaram apenas duas plantas diferentes coladas. Não é este o caso aqui. Segundo Paul Hansord:

“Tem sido muito difícil de conseguir porque a haste de tomate e a haste da batata têm que ser da mesma espessura do enxerto para trabalhar … É uma operação muito trabalhosa. Vimos produtos semelhantes. No entanto, numa análise mais aprofundada, a batata estava plantado em um vaso com um tomate plantado junto. Nossa planta é uma planta só e não produz folhas de batata “.

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Segundo vídeo da companhia publicado na internet, o vegetal é capaz de produzir até 500 tomates-cereja “mais doces do que qualquer um que possa ser comprado no supermercado”, além das batatas, nas raízes.
O produto, que custa 14,99 libras (cerca de R$ 55) e é mandado pelo correio. Segundo especialistas em botânica, isso é possível porque ambas as plantas são da família das solanáceas.

fonte

 

Agora, analisando cuidadosamente esta inovação… Você acha que isso tem uma grande aplicabilidade pratica? Eu penso que não. Primeiro porque para extrair batatas, você deve arrancar a planta e suas raízes do solo. O que simplesmente foderia a existência do pobre tomateiro. Outro problema é que o tomate gerado é o tomate cereja. O tomate cereja por natureza (sei porque já plantei desses quando eu tinha uma casa) é quase um mato. Ele dá em qualquer lugar e numa profusão monumental. Mas por ser pequena, a fruta não acrescentaria muito à demanda de alimentação humana. Isso está mais pra uma curiosidade botânica do que efetivamente uma planta que visa melhorar a alimentação das pessoas.

Muito mais eficiente foi a ideia do enxerto nas vinhas.

Enxertos nas vinhas

Hoje, uma parte substancial do vinho de procedência europeia provém de vinhas enxertadas. O problema do vinho, é que com o tempo, surgiu um afídeo (um bichinho parecido com um pulgão)  chamado filoxera.

Esse bichinho ridículo quase acabou com o vinho europeu.

Em meados do século XIX ocorreu uma grande praga da filoxera na Europa. Isso resultou na destruição de muitas das vinhas, principalmente em França, que levou à ruína a indústria vinícola francesa. Ao que parece, a filoxera teve origem na América do Norte e foi levada, através do Atlântico, para a Europa no final da década de 1850.  A praga chegou na Europa e atacou vinhas da França, Portugal e até Espanha.

Filoxera, o bichinho que quase devastou as vinhas da Europa
Filoxera, o bichinho que quase devastou as vinhas da Europa

Curiosamente, especialistas acreditam que a filoxera foi parar na Europa graças aos enxertos.  Isso porque videiras provenientes da América foram levadas para a Europa de navio,  por várias vezes, com o intuito de fazer enxertos de vinhas.  Claro, ninguém imaginava que no meio das plantas, iria a espécie invasora. Foi uma senhora cagada!

A praga crescia lentamente, mas com o advento dos barcos a vapor, que permitiam uma viagem mais rápida através do oceano a coisa saiu do controle.

E sabe como que eles resolveram? Com enxertos! Foi o enxerto que causou o problema e foi ele que resolveu.

Ocorre que as videiras americanas, através de milhares de anos convivendo com a praga, já eram resistente ao animal.

Leo Laliman e Gaston Bazille, dois viticultores franceses, propuseram que as vinhas europeias fossem então enxertadas com as cepas americanas, resistentes aos danos da filoxera. Ainda que muitos dos viticultores franceses desaprovassem a ideia, aquele era o jeito. O método mostrou-se eficaz.  Hoje, a grande maioria das vinhas é de uma espécie até a base do tronco e dali para baixo,  de outra.  Mas foi um trabalho monumental a tarefa de “reconstituição” da maioria das vinhas francesas.

 

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. philipe desculpa mas o meu comentário não tem relação com o post, mas eu não estou achando a barra para pesquisar os conteudos antigos do site =/ se puder me ajudar é q eu queria achar o post que fala sobre uma bactéria que degrada o plástico mais rapidamente e ela é bem antiga.

  2. já que dá pra pedir ao invez de só comentar eu quero pedir uma coisa também: notei que não está mais disponível a opçao de receber notificações pelo email sobre os cometários inclusive, respostas direcionadas. Eu gostava quando podia, gosto de saber como está evoluindo o assunto sem ser que abrir diretamente o site.
    Agora sobre o post: já viu falar da videira mais velha que existe? mil e “bolinhas”, não sei ao certto de anos de idade. Poderia ser uma sugestão para um post.

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