PHONEBLOCKS: O futuro, uma utopia ou apenas uma ideia sensacional?

Você já ouviu falar em Phoneblocks? Descubra:

Basicamente a ideia por trás do Phoneblocks é que as coisas hoje em dia são desenvolvidas com uma certa miopia. O fabricante cerra os olhos para partes do conceito de obsolência programada (tudo, tudo mesmo, inclusive seu super fodão iphone não sei das quantas) tem dia planejado para pifar, que começa contando da hora que você sai da loja. O problema é que um celular é um conjunto de peças, e não são todas que pifam de uma só vez. Mas o fabricante te faz pensar que sim, porque ele quer vender mais um, e mais um, e mais um…

A ideia é que o mercado precisa produzir mais e mais para crescer e ampliar seu horizonte de retorno (e lucro) e isso obriga ao mercado um permanente estado de repetição. Se um aparelho dura para sempre, o que acontece? Você fica com ele e não compra outro. E aí imagina isso em escala mundial, Sony, Nokia, Samsung… Tudo que é fabricante de celular, “vão beiçar”. Então, a obsolência programada é em parte um conceito perverso, mas em contrapartida, ele é o que permite que produtos tenham preço acessível, alimentem uma corrida tecnológica que é fundamental para a evolução da humanidade e claro, por tabela prejudicam a natureza, já que mais componentes = mais matéria prima extraída da natureza, mais lixo e mais emissões decorrentes da cadeia de beneficiamento que envolve a elaboração, desenvolvimento, fabricação, logística, venda e etc desse produto.

Porém, se pararmos para imaginar, um celular hoje em dia, quando ele pifa, geralmente ele não pifa tudo. Ele pode pifar uma duas, três coisas, mas sempre vai ter uma que ainda está boa, e essa coisa, boazinha, vai parar aonde? No lixo, porque os demais componentes estão quebrados e isso nivela todo um conjunto de  elementos como sendo uma coisa só!  È assim porque equipamentos eletrônicos são vistos como uma cadeia de circuitos e elementos integrados.

Pense que merda seria ter que comprar um carro novo toda vez que uma peça pifasse!
Pense que merda seria ter que comprar um carro novo toda vez que uma peça pifasse!

Mas já pensou se com carro fosse assim? O ar condicionado quebra e você joga seu carro no ferro velho e vai pra concessionária comprar outro? Claro que não. A peça pifa, você vai no mecânico, compra outra, instala e sai andando…

O conceito do Phoneblocks joga luz justamente nesse aspecto. Se você pudesse comprar um telefone que ao invés de ser um conjunto integrado de peças e circuitos fosse uma espécie de LEGO, onde cada bloco tem sua função, você não pagaria exatamente por um “celular”, mas por uma câmera X, uma tela Y, um corpo D, uma bateria N, e por aí vai.

Se um dia esse alto falante pifa… Você não compra outro celular. Você compra outro bloquinho. E esse bloquinho, por ser fabricado aos milhões, por não ser um monte de outras coisas que você já tem, vai chegar com uma embalagem muito mais barata e menor, o que significa menos impacto de lixo, vai chegar com um preço substancialmente menor que comprar um celular novo…

Hoje, ao comprar um celular estamos limitados a um conjunto de fetaures que o fabricante define com seu departamento de marketing que tenta pegar “todo mundo” ou a maior fatia possível de um mercado. Mas pense num celular criado com blocos. Isso permite ao fabricante oferecer mais de vinte linhas diferentes só de uma câmera de celular, por exemplo. Imagina que foda, você poder ter uma câmera Canon, ou Nikon ou mesmo Leika no seu celular? Agora, você é do tipo que CAGA para fotografia, gosta mesmo é de musica, game, e tal. Você troca o “cérebro do celular para um mais potente e fica sem a câmera.

Teoricamente, o Phoneblock permite que você monte o celular que se adapta a você, e não o contrário, como é hoje. Porque francamente, há muita coisa desnecessária que empurram pra nós, enquanto muitas vezes tudo que gostaríamos é que uma parte de um aparelho fosse de um outro jeito.

Veja o video:

O sistema Phoneblocks, pelo que eu entendi, seria como pegar todos os fabricantes e oferecer a eles um tipo de “padrão USB” para os componentes. Dessa forma, seja Sony, seja nokia, Apple, seja qualquer bosta Xingling que for, as peças fabricadas iriam encaixar e se conectar umas às outras de forma inteligente.

Talvez, a disputa pelo mercado, ao invés de esfriar, iria turbinar de vez, com todos os fabricantes disputando seu rico dindim em todos os componentes. Já imagino pessoas com celulares multimarcas e outros fiéis a uma marca só.

Todos os investimentos monumentais necessários para trazer um novo modelo de aparelho celular ao mundo seriam revertidos para o desenvolvimento e a ampliação da qualidade dos componentes. Isso porque é bem mais simples uma fabrica se super-especializar num certo componente, e fazê-lo ultra-foda.

Você pode ajudar a tornar a ideia do Phoneblocks uma realidade. os criadores da ideia estão tentando levantar fundos para sua fabricação. Veja mais aqui:

https://www.thunderclap.it/projects/2931-phonebloks

Eles esperam conseguir 400.000 dólares para levar o projeto adiante, e já obtiveram 353 mil enquanto faço este post.

Mas será que uma ideia assim emplaca? Será que isso não encontraria pela frente uma resistência monumental das grandes corporações, obcecadas, cada uma delas em estabelecer o seu padrão de mercado, com suas próprias patentes, cobrando royalties dos concorrentes?

A ideia de todas as empresas aceitando abrir mão de seus incontáveis padrões próprios de praticamente tudo para aderir a um padrão único do phoneblocks, me parece um pouco utópica. Então eu acho que ele é tudo isso, um misto de ideia boa, utopia e talvez a tendência de um futuro que por enquanto, ainda me parece meio distante.

Um dos maiores entraves para que isso venha a se tornar realidade é que isso simplesmente FODE coma  existência das empresas “globais” de tecnologia. Hoje, elas são muito mais desenvolvedoras de design e megainvestidores de marketing, que contratam a câmera do fabricante Ling na China, a tela do fabricante Zhou na Coréia e monta na bateria do fabricande Ziang na China, usando os robôs da firma de Joãozinho Feliz, da Malásia. Por uma questão de redução de custos, a grande maiora dos fabricantes não faz tudo, e sim montam aparelhos com peças compradas de fabricantes diferentes. Se o sistema Phoneblocks emplaca, quem se dá bem mesmo não é a Sony, não é a Samsung… Nem a Apple. Quem se dá bem é o Zhou, o Ziang, o Ling e claro, o Joãozinho feliz lá da Malásia…

Mas mesmo meio descrente, eu quero muito estar errado com relação a isso e ver logo esse bagulho dando certo.

fonte 

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. A ideia sem duvida é otima já que pode maximizar os gastos em componentes que realmente interessam e minimizar o oposto, gerando um produto que atenda melhor ao uso (ou ate mesmo bolso) especifico do consumidor em questão, porem o problema disso é que entra no conceito de “PC montado”, fabricante do touch X, não homologa a camera do fabricante Y, que em teoria ambos são “universais”, porem juntos por alguma razao fazem o telefone travar, componente Z faz o telefone esquentar demais e consecutivamente consome muita bateria, e por ai vai.

  2. Tava lendo sobre ele neste exato instante e tu postou sobre isso :P
    Só uma correção, eles não estão juntando dinheiro, eles querem apenas pessoas apoiando o projeto, pra tentar convencer as grandes empresas a seguir este padrão.
    São 400 mil apoiadores no Thunderclap, que eu acho que eles estão aumentando, conforme vai alcançando a meta.

    Achei a ideia fantástica também, mas eu duvido muito que as empresas vão apoiá-la. Já vi algo assim relacionado a computadores anos atrás, onde onde componentes iriam se comunicar sem fio, e seriam apenas colocados em uma base.
    Mas o projeto morreu também.

    Empresas simplesmente querem que seus produtos não durem muito, para as pessoas terem que substituí-los e aumentando os lucros da empresa.

    • A possibilidade que eu vejo disso se realizar é mais numa de surgir um cara pooodre de rico, daquele tipo do cara da Virgin, ou aquele milionario Mexicano, que ja tem um império e caga para o que as companhias de celulares pensam. Ele vai la monta a fabrica, faz e se todo mundo adere, ele cobrará das empresas hoje estabelecidas para usar o sistema dele… Como foi com o VHS. Não era o melhor, mas era o que emplacou. Todo mundo baixou a crista e aderiu simplesmente pq havia massa crítica.

  3. Pessoas normais não querem perder tempo montando um telefone assim como elas não montam seus próprios computadores pessoas.
    A maioria das pessoas são normais.
    Essa ideia não vai dar muito lucro.

    • cara eu acho que as pessoas poderão continuar comprando seus celulares montados. è tipo quem compra computador dell. Ele é montado todo com peças que a Dell compra, tem garantia, suporte, o caralho. Mas se der na veneta do maluco ele abre e troca a fonte ele mesmo. Acho que é mais ou menos nessa linha.

  4. Eu achei essa ideia genial… cada celular seria único… Vamos acompanhar essa novela e ver se os gigantes que dominam esse segmento não vão tentar barrar essa maravilhosa ideia. :)

  5. Se isso ocorrer, basta comprar só de uma marca… o grande beneficio dessa ideia na minha opinião, é se o aparelho estragar, ou certas peças evoluírem… por exemplo, pra que vou comprar uma entrada para fones de ouvidos novos ou uma entrada para carregar o celular? Os reparos vão ficar mais baratos, imagina que você esta de boa com seu celular só que os processadores avançaram tecnologicamente, pronto basta comprar um novo e continuar com o restante gastando um valor bem menor e diminuindo o lixo eletrônico :) … Além de popularizar novamente o escambo, logico isso é só minha opinião hahahaha

  6. Cara, eu realmente levo fé. Como meu pai sempre disse: “É melhor acreditar que uma coisa está certa e ela estiver errada do que acreditar que uma coisa está errada e ela estiver certa, se for para seu benefício”. Não necessariamente desse jeito :P.
    Mas eu realmente acho que seria uma puta falta de sacanagem essas empresas segurarem o phoneblock, elas estão realmente precisando ouvir o povo! Foi que nem a Microsoft, com o Xbox One e a restrição de jogos…¬¬

  7. Algo semelhante creio, acontece com os softwares e sistemas operacionais livres, como o Linux. Continuam disputando mercada, a passos curtos, a luta contra o gigante Microsoft não é fácil. Logo que o Linux começou a se popularizar, todos diziam que o caminho era esse, que o monopólio dos sistemas operacionais seria enfraquecido, mas o que se vê hoje é um avanço muito lento do Linux.

    Pelo lado do usuário, é quase um paradigma a ser quebrado, sem contar o poder econômico envolvido, não somente das grandes corporações, mas também de muitas nações. Torço para que isso aconteça muito em breve.

    Philipe mais uma vez se superando com uma matéria muito interessante, parabéns.

  8. talvez, só talvez, dê pra fazer isso que ta sendo proposto já nesse dispositivo, eu acho o seguinte
    essa idéia do sistema (ou no caso aparelho) se adaptar ao usuário já é perpetuada desde sempre. Adivinha por quem? Qualquer desenvolvedora de código aberto, então eu acho que isso emplaca sim, mas nunca que vai ser aplicado nas grandes empresas porque você não vai mais poder falar que “tem um smartphone da samsung”. Mas sem dúvida alguma galera vai fazer isso aí. E o usuário final, aquele cara que só usa o Windows por comodismo e medo de testar outras coisas, vai continuar sem usar isso. E vai continuar pegando os prontos.

  9. O mundo está cheio de ideias boas, mas o coração daqueles que tem o poder está cheio de ganância, o carro elétrico já era pra estar disponível para as pessoas, mas e as petrolíferas? A cura do Câncer? Essa aí já foi engavetada quantas vezes? O mundo é isso…

  10. Eu tenho fé que saia alguma coisa daí, é incrível a idéia!
    Sobre as pessoas que não vão querer montar os celulares. Nada impede de existir “receitas” para celulares prontos, a idéia não é somente montar o celular de forma que agrade o usuário, mas também criar um celular que seja possível ser atualizado e que não precise ser trocado por inteiro quando algo der defeito ou estiver “ultrapassado”, mas não deixa de ser apenas minha opnião.
    Eu gosto de imaginar uma lojinha de “blocks” e você escolhendo um bloco de câmera novo, “Ah esse daqui filma em HD!” hahaha!
    Enfim, tudo é muito bonito na teoria e não sei se pode ou se vai dar certo, mas ainda assim tem todo meu apoio!
    Belo post!

  11. eletronicamente falando nao daria certo contrario do que se imagina o aparelho seria mais problematico ainda sem contar que metade dos defeitos em celulares são provocados pelo propio usuario além de que aki no brasil o povo tá acostumado q querer bbb bom bonito e barato conpra um android de 300 conto e quer que ele funcione como um de 1000

  12. Eu já tinha ouvido falar mas não tinha prestado bem atenção, realmente é uma ideia que vem pra revolucionar, espero que a ideia seja levada adiante, com certeza eu teria um desses!

  13. Não acho muito fora de cogitação não!! Só pensar que hoje em dia montamos nosso PC na configuração que queremos, desde gabinete, fonte até processador, HD… Se vingar, serei um dos adeptos !!

  14. Vc poderia fazer uma matéria sobre os Cubelets também, interdisciplinando as possibilidades que a tecnologia e esse sistema de phoneblocks oferecem. Acredito que a humanidade vai rumo a esse caminho, com pensamentos mais “ecológicos” e fazendo um uso mais inteligente de tudo que nós usamos no nosso dia-a-dia.

  15. Já é um pouco complicado desenvolver sistemas e aplicativos que funcionem para todas as plataformas, imagina então com essa modularidade! Um processador mais lento não rodaria um jogo por exemplo, apesar de ser baseado na mesma plataforma. É o software que importa! É o que a Apple fez com o Iphone, poucas mudanças no tamanho da tela para não atrapalhar. Já para Android você tem que ficar customizando para funcionar na versão que você quer. Isso daí é uma utopia! Nunca dará certo. O hardware tá barateando cada vez mais. O que temos que fazer é reciclar os componentes. Criar uma cultura de reciclagem de componentes eletrônicos.

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