Otimizações, sonhos e novidades no Mundo Gump

Jogar no hard é foda.

Muitas vezes não nos damos conta de quão trabalhosa é uma atividade até que nos encontremos quase submersos na areia movediça das subtarefas. Tenho jogado com a vida no hard há alguns anos, e por isso, acho que posso compartilhar com você algumas percepções.
Não é ação das mais fáceis empreender no Brasil. Basta ver que a maioria dos empreendedores são verdadeiros chorões sobre como impostos são ruins, o frete uma maldição, e tudo parece estar contra você – inclusive pessoas – que acreditam que empresários são uma mazela do país. Eu não vou ficar chorando as pitangas aqui pra ser só mais um que diz o óbvio. Tenho ralado pra cacete, e mês após mês, fecho as contas no vermelho. Obviamente que se estou nessa mês após mês, eu o faço porque tenho a convicção (pode chamar de utopia se quiser) de que tudo vai melhorar. Mas também há uma hipótese provável, de que eu faço isso porque sou burro.

A despeito do caos político que se instalou nos últimos anos no Brasil, e das sucessivas crises das mais variadas ordens, que tornaram nosso dia-a-dia uma espécie de pesadelo em loop, eu tenho me concentrado em tentar focar nos meus próprios problemas antes de olhar lá pra fora. De fato, tenho uma série de coisas com o qual me preocupar, e obviamente, isso se reflete no Mundo Gump.

O Mundo Gump surgiu em 2006, quando eu tinha bastante tempo livre em minhas mãos. Com o tempo, a minha vida foi ficando mais e mais complexa. Isso começou a comer tempo do blog. Assim, quem conhece este site sabe que ele alterna momentos com muito conteúdo e períodos em que ele passa sem nada, porque são os momentos em que eu estou atolado tentando botar comida no prato.

Não, não tem uma equipe. Não, eu não contrato redatores para copiar meu jeito de escrever. Não, eu não pago publicidade para divulgar posts e inflar números, nem faço gambiarras de autoreload para subir artificialmente o índice de pageview e ganhar no CPM. Não critico quem faz (os grandes portais). Como já dizia o roteiro de Tropa de Elite, “cada cachorro que lamba sua própria caceta“.

Mas usar gambiarras de blackhat não acho ético e por isso, não faço. Talvez eu seja burro por agir assim no Brasil, terra da Lei de Gerson.

De fato, se for elencar o numero de burrices, eu deveria ganhar um prêmio aí qualquer, na medida em que eu coleciono grandes burrices épicas no currículo de blogueiro. Vejamos:

1- Eu escrevo em português – Jumentice. As pessoas do mundo falam inglês e espanhol. Português?  Rá!

2- Eu escrevo muito – Jumentice master:  Tem gente que comemora quando vêem la no post: “Tempo de leitura, 45 minutos”. Esses caras são “uma meia duzia de três”. Ninguém tem tempo, ninguém tem saco, cada vez menos as pessoas entendem o que estão lendo e o numero de analfabetos digitais está subindo – sei que isso contraria diametralmente as estatísticas – mas o fato é que brasileiro não lê. “Ah, mas eu leio”. Parabéns, você está – junto comigo – na ponta da antena do topo da pirâmide. Logo, você – e eu – não representamos MERDA NENHUMA. As pessoas querem vídeo, porque ler, elas não conseguem. Não sabem compreender o que está escrito. E agora elas querem videos curtos e com pouca fala. A sociedade está se tornando autista em velocidade brutal.

3- Este blog não é de nicho – Jumentice épica: Quando você escreve sobre qualquer merda que vem à sua cabeça é bom… Pra você. Na realidade, isso é uma cagada estratégica da melhor qualidade. A internet esta lotada de conteúdo. O sistema, o modus operandi do uso da internet se modificou com o passar dos anos. Hoje, usuários entram na internet com uma questão na cabeça e querem ler sobre o que eles pautaram. Assim, quando você faz um site focado num certo conteúdo, é muito mais fácil conseguir leitores que estão procurando somente por aquilo. Todas as palavras-chave do seu site reforçarão àquele tema e seu site aparece nos mecanismos de busca. A disputa pelos primeiros lugares nos mecanismos é ferrenha, porque as pessoas estão se analfabetizando e isso significa que ficam cada vez mais letárgicas e preguiçosas. Elas querem que tudo venha fácil na mão, e ninguém passa da terceira pagina procurando qualquer coisa que seja. Quer ver isso na pratica? entre em, qualquer grupo, de qualquer bosta que seja. Olhe lá. Pessoas estarão fazendo perguntas que em menos de doze segundos poderiam descobrir pesquisando na internet. Mas elas querem que alguém responda a elas de modo que tenham o menor gasto energético possível. Cansaço, preguiça, tendência à entropia? Dimensões paralelas? Ações dos illuminati? Eu não sei. Me intriga porque o mundo está nessa merda, mas o fato é que o grosso mesmo da galera quer “que o mundo se acabe em barranco para terem onde se encostar”.

4-Criei um canal no youtube – Essa eu não sei ainda se foi muita burrice ou só um pouco. A verdade é que um canal parecia ser uma ideia boa como um complemento ao blog para atingir também o publico que não lê. Meu plano se estruturava assim: Tem os que sabem ler, os que querem ver e os que querem ouvir. Assim, para os primeiros tinha esse blog, para os segundos o canal no youtube e para os terceiros o gumpcast ( e de brinde, dois programas de rádio)

O lance do canal era para em paralelo ao blog, obter uma fatia maior de publicidade, money, plata, dindim, cash, tutu, grana. Assim, criei o Universo Gump e comecei a fazer videos. Meus videos falharam miseravelmente por razões de: Sou prolixo pra caralho. Eu falo muito, meus videos eram enormes. Eu tenho pouco tempo para editar, pesquisar, gravar, corrigir, ajeitar o som, fazer inserts, publicar, gerenciar o canal. As regras de uso do Youtube são sufocantes pra caralho quando se trata de criar. Você não pode usar nenhum trechinho de filme, nem mesmo trailer (o que me parece bem bizarro) ou usar musica relacionada, tudo gera demandas de violação de copyright que implicam em você não poder ganhar dinheiro. O sistema como ele é hoje, é engessadíssimo. O algoritmo não consegue diferenciar você usar um pedaço de filme antigo para ilustrar uma fala e botar o filme full pra nego assistir online sem pagar. Pra eles é a mesma coisa. No fim das contas, o rendimento é sofrível. Videos com mais de 80.000 visualizações renderam meros cinco reais.

Algo está errado? Sem dúvidas. A começar pela ideia. Fazer videos com a pegada desse blog é peremptória burrice. Eu devia ter feito videos de Minecraft, pintado meu cabelo de azul e criado uma voz que ficasse entre o patético, o engraçado e o retardado. A garana ia jorrar e de quebra, meu filho ia me amar mais.

Além dessas 4 existem algumas outras que vou deixar para outro post de lamentações, afinal, a essa altura você já deve estar suficientemente compadecido dessa existência lúgubre. Caso não esteja, ou se sua personalidade envolve prazeres sádicos, você pode se deliciar com meu miserável elenco de desfortúnios*:

*Não incluí o gatinho que morreu, nem perder o estúdio no início do ano. O lance da macumba é brincadeira, não tenho inimigos com capacidade intelectual de engendrar tamanha malignidade.

Calma que o muro das lamentações acabou

Sendo assim, vamos às novidades:

Eu dei uma atualizada no blog. Ache que o site estava muito cheio, com a sidebar com muita coisa, muitos links, propaganda pra todo lado. Dei uma despoluída geral no layout. Tava virando o Acidez Mental.  Reduzir a poluição fez com que o site carregasse mais rápido, além de facilitar a leitura, direcionando o foco para o conteúdo. Um recurso legal do Mundo Gump é o botão “on” que tem no canto superior esquerdo direito do post, que permite redesenhar a pagina para uma “leitura focada”, com menos distrações. Vira uma parada tipo o Medium, que virou modinha. Era um recurso que havia dado defeito, mas agora está de volta.

O recurso de modo noturno também voltou, pra quem gosta de ler no escuro.

Outra coisa em que mexi foi nas cores do site, para deixar mais legível. O sistema de comentários também voltou a ser o nativo, e mantive o plugin de comentários via facebook.

O menu principal mudou e simplifiquei ele, tirando alguns links que ninguém usava. No blog foram essas as novidades por enquanto.

UM MONTE DE LIVROS!

Em paralelo, comecei um trabalho (um trabalho la-za-ren-to) de entrar em cada fucking post dos meus contos e ir recortando e montando os livros, depois revisar, reescrever o que estava ruim, e fazer capa… Escolhi fazer isso na Amazon, de modo que agora, eu tenho uma boa parte do conteúdo em capítulos para uma leitura mais fácil, em formato ebook e até em livros físicos pela Amazon.

Você vai achar a lista dos meus livros neste link aqui:  

https://amzn.to/2MDboTS

Antes que alguém surja questionando o fato ilógico de botar à venda coisas que estão disponíveis gratuitamente no site, preciso explicar a razão disso. Um dia eu vou morrer. Pode ser amanhã. Pode ser hoje. Pode ser daqui a vinte anos, ou quarenta, mas o fato é que eu vou ver o “game over” rolar. No dia que isso acontecer, eu não vou mais pagar esse site, e ele será deletado. Tudo que eu criei, irá inevitavelmente para “o saco”. Obviamente que nenhum criador gosta de ver que desperdiçou seus parcos neurônios criando alguma merda complexa e tudo isso ir por água abaixo como aconteceu com meu computador. Dessa forma, estou tirando o conteúdo daqui e colocando-o em uma plataforma de leitura mais profissional, para quem quiser. Os posts continuam aqui, liberados para leitura, normalmente (cheio de erros, disgrubi).
Por enquanto, a Amazon só faz os livros físicos no exterior. Eu vou dar uma solução em breve para esta questão, talvez imprimindo em gráficas aqui mesmo, mas terei que gerar tiragens pequenas, e isso preciso estudar bem, pra não perder dinheiro nisso.  Eu poderia fazer essa parada com o Patreon, mas que coisa, confirmando minhas expectativas de que o brasileiro não financia nem mesmo o que ele gosta, o Patreon hoje não dá nem cinco dólares por mês. :(

[box type=”warning”] Eu estou procurando uma ajuda para poder converter esses livros em inglês, espanhol e japonês, e talvez assim atingir mais leitores. Pensei em abrir alguma especie de vaquinha pra pagar essas traduções. Caso alguém aí seja um tradutor profissional e queira conversar comigo sobre isso seria uma boa. [/box]

 

Assim, por incrível que pareça, eu não fiz isso para virar um escritor milionário de best sellers, sentado na minha poltrona Eames, ao lado de minha caneca de café quentinho, em minha casa com vista para o lago no Canadá, enquanto reviso os contratos de direitos dos meus livros para virarem filmes em Hollywood.  Mas pelo menos, todo esse material está um pouco mais “a salvo” e com um ISBN, de maneira que isso vai me ajudar na parte dois do plano, que você saberá qual é agora:

Mundo Gump no cinema

Sim, acredite se quiser, eu vou me tornar um roteirista. Serei um roteirista de sucesso ou um roteirista fracassado? Eu não sei. Não faço a mínima ideia. Trabalhar com cinema estava nos meus planos desde a adolescência, inclusive eu resolvi aprender computação gráfica porque eu queria fazer filmes. Depois tentei vestibular para cinema na UFF, e em algumas vezes, tentei fazer curtas e filmes sem sucesso, numa delas eu quase consegui.  Eis que aos quarenta anos a gente se dá conta que chegou na metade da caminhada pela face da Terra e se essa bosta não acontecer na segunda metade da minha aventura, vai ser trágico.

De modo que com o advento do livro do meu pai se tornando um filme de verdade, uma coprodução Brasil-China, eu achei que seria uma boa ideia começar um curso de roteiro para mais tarde, eventualmente, com uma certa dose de ousadia e sorte, colocar meus contos e histórias numa tela. Eu poderia dizer que já estou em contato com duas produtoras e falando sobre “Ganzu”, “O relato de um MIB” e ” A caixa”, mas antes de as coisas se acertarem, não vou dar spoilers.

Naturalmente, virar um roteirista se trata de uma skill difícil e complexa a mais, que envolverá estudo e dedicação. Um roteiro é um misto de arte com técnica, uma ciência complexa. Meu amigo Leo Luz que já é um roteirista de sucesso, vai me ajudar nessa jornada, eu espero.

Meu plano inicial é levar esse trabalho em paralelo com o gerenciamento do meu estúdio que montei com meu sócio Frellton desde janeiro e o Mundo Gump, que claro, sempre leva ferro quando eu fico atolado. Mas se eu ficar esperando que tudo rode às mil maravilhas para só então lançar mão dos meus sonhos, periga me dar conta que já não poderei mais por estar velho demais, cansado demais, com problemas demais, com dinheiro de menos.

Então, com licença que eu vou atrás dos sonhos.

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Cara, eu curto demais teu blog, leio desde que ainda era no blogspot, não vou melar demais mas a parte mais feliz pra mim nesse texto foi descobrir que A Caixa existe em livro físico, vou presentear a mim mesmo no fim do ano, agora não dá pq a planilha tá meio apertada.

  2. Olha, eu leio bastante, poucos blogs, mas o seu está entre os que acesso com frequência há tempos – e achei ele por acaso, como quase tudo que costumo ler.
    Fico feliz que você vá correr atrás dos seus sonhos, acredito que os filmes darão certo, pois gosto demais dos contos e sempre imaginei como ficariam animados.
    Agora quem vai chorar sou eu: não abandone o site, por favor! Acho que o diferencial dele é exatamente o fato de você escrever o que dá na telha, é divertido, não fica chato.
    No mais, boa sorte!

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