A criança ficando sem calcinha e os dois padres se deliciando

Talvez você até já tenha visto esses dois frades bonachões se deliciando com uma panela de chocolate. Quando eu fiz aquele primeiro post sobre o mistério do nome do sabão em pó OMO, descobri que com um pouco de trabalho investigativo era possível descobrir as verdades por trás de pessoas, marcas e embalagens de produtos do nosso dia-a-dia. Para a grande maioria das pessoas, aquelas figuras sempre estiveram ali e são poucos os que vão atrás para saber coisas como por que raios tem dois padres na embalagem de uma cobertura de chocolate.
Pensa bem, poderiam ser dois bombeiros, poderiam ser personagens, bichinhos, animais da floresta. Por que diabos (ops, heresia! Foi mal.) a Nestlé foi escolher logo dois padrecos? E outra, quem são esses padres?

Os padres se deliciando

Depois de alguma investigação, eu finalmente descobri a resposta. E ela está bem longe de chocolates e sim próxima das Belas Artes.

Tudo começa quando em Florença, na segunda metade do século 19 um pintor chamado Alessandro Sani termina uma obra em óleo sobre tela ao qual batiza de “O prato Preferido”. fonte

Nesta obra (acima) vemos dois frades se deliciando com um prato de macarrão enquanto na lateral temos um cavaleiro (sugerido pelas roupas e a capa e espada à frente do mesmo, do outro lado da mesa) cortejando uma espécie de “gostosa da taverna”, um arquétipo feminino até bem manjado de quem curte RPG. O quadro é uma clara provocação à questão religiosa, que mostra os padres direcionando seu impulso sexual para a comida (como ocorre com animais castrados) enquanto um homem comum direciona suas atenções para a mulher peituda, que é uma clara referência à figura de submissão feminina, talvez até uma referência clara ao conceito da mulher ser “comida”.

Posteriormente Alessandro Sani voltou a recorrer ao mesmo tema, desvinculando-o do jogo de interpretações de duplo sentido, produzindo a obra “The tasting”, algo como “a prova” onde os padres aparecem experimentando uma comida -Novamente o macarrão. Nesta Sani brinca com o conceito de figuras religiosas extasiados pela comida. Uma referência à gula, o único pecado socialmente aceitável ao clero e infinitamente explorado em diversas mídias. O quadro foi levado a leilão pela Christie´s de Nova York recentemente e adquirido por um colecionador privado pelo preço (bem barato) de U$ 6.000.

Não podemos negar que a obra original de Sani, “o prato preferido”  é uma obra bem interessante de fato. Tão interessante que tornou-se o quadro predileto de um homem que na companhia de seus dois irmãos inaugurou em 1921 uma fábrica de doces em São Paulo chamada Dulcora. Eu me lembro bem desses doces da Dulcora. Eram tubos com pastilhas circulares. Na verdade eram os famosos drops. Tinha de anis, caramelo, hortelã, e o fabuloso misto. Os irmãos abriram também uma empresa de chocolates chamada Chocolates Gardano e era deles a marca Mentex, sucesso até hoje.  Como o dono da Gardano era fã da pintura de Alessadro Sani, decidiu usar a idéa dos dois padres em sua linha de chocolates. Os chocolates da Gardano passaram a ser reconhecidos como “chocolates dos padres”.  A marca era boa de vendas e em 1957 a Nestlé comprou a Gardano, alterando o nome da empresa para Chocobrás – Companhia Brasileira de Chocolates. Mas ainda assim manteve o nome Gardano no mercado até 1959. No processo, a Nestlé optou estratégicamente por manter os padres para não perder os clientes já cativos.  Quando o chocolate gardano deixou o nome Gardano para trás e adotou o nome da marca Suíça Nestlé, os padres precisavam ficar porque eram a única ligação do consumidor com a marca Gardano.

Em 1991, a Nestlé registrou oficialmente a marca “chocolate dos padres”. Ao longo do tempo os padres ganharam roupagens, mas a marca tenta manter os padrecos pecando pela gula o mais que podem

A menina e a calcinha

Outra figura emblemática de produtos é a famosa garotinha do Coppertone. Sua primeira imagem é esta:

O slogan era: Não seja um cara-pálida. Em 1955 o slogan mudou para “Bronzeie-se, não se queime… Use Coppertone”. Ao longo do tempo, a imagem da menina foi sendo redesenhada.

A imagem da menina e o cachorrinho cocker Spaniel preto “tarado” apareceu em 1954. A ela foi dado o nome de Little Miss. Apesar de muitos acreditarem que a pequena menina foi inspirada em uma foto da atriz Jodie Foster quando tinha apenas três anos, a imagem foi criada pela artista Joyce Ballantyne Brand que utilizou sua filha como inspiração para criar a personagem. A relação da marca com a atriz Jodie Foster começaria somente em 1965, quando ela com apenas três anos estrelou um comercial da marca. 
A personagem desembarcou no Brasil em 1960, quando a marca foi lançada no país. A imagem da garotinha com seu cãozinho marcaram uma época e é até hoje a marca registrada de COPPERTONE. fonte
Posteriormente alterações puritanas foram feitas, limando fora da ilustração a bundinha da menina.
 

Do papel de parede de hotel para uma das mais conhecidas marcas de carros do mundo

A origem bizarra da marca de automóveis cujo logograma é uma forma meio sem pé nem cabeça  provém, acredite se quiser, de um papel de parede de hotel francês. A história é basicamente assim:

Em 1909, William Durant, um bem sucedido produtor de peças automotivas da cidade de Flint, pediu a Louis Chevrolet, um piloto famoso no meio automobilístico, para ajudá-lo a produzir um carro que pudesse ser introduzido ao público. A Chevrolet Motor Company of Michigan nasceu em 3 de novembro de 1911 na cidade de Detroit, entrando no turbulento mercado de automóveis. O nome da empresa foi escolhido porque William Durant gostava de como a palavra Chevrolet soava aos ouvidos e também por ser o sobrenome de seu designer, Louis Chevrolet, que era um nome proeminente no mundo automobilístico.
A forma do logo da Chevrolet foi visto por William Durant em 1908 num papel de parede em um hotel de Paris. Durant arrancou uma pequena amostra do papel e o guardou para um dia utilizá-lo. Alguns estudiosos de marcas no entanto, discordam, dizendo que Durant obteve a marca observando uma cruz suíça. Seja como for a origem real desta marca, o fato é que ela deu certo e é uma das marcas mais facilmente lembradas desde 1913, quando foi usada para simbolizar a companhia pela primeira vez.

Fonte Fonte

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Lendo esses posts sobre origem nos nome, símbolos e etc.. das marcas lembrei de uma palestra que assisti no ensino médio. Nela um professor vindo de fora, Pierluigi Piazzi, comentou que o símbolo da motorola (http://lucasgabriel.files.wordpress.com/2007/10/logo_motorola.jpg) foi inspirado no símbolo do seriado star trek (http://l.yimg.com/us.yimg.com/i/mo/startrek_title640.jpg). Na ocasião ele falou que o dono da motorola teve a idéia de criar o celular ao ver os integrantes de star treks utilizando os comunicadores. Não sei se os fatos são verdadeiros, mas que fazem sentido, isso fazem.

    Abraços

  2. Mas outro post sobre as origens curiosas das marcas.

    Então os frades foram a marca que seus personagens não existiram de verdade. (levando em consideração todas as marcas pesquisadas pelo Philipe.)

    Show.

    Parabéns por mais este post.

  3. Pronto! Virou o meu herói!!! XD

    Nunca na minha vida iria imaginar a origem dos dois padres. Foi uma grande surpresa saber que ela é brasileira (jurava que essa embalagem era usada no mundo todo, que havia sido criada pela Nestlé lá na Suiça! X).

    Cara, isso me inspirou a fazer um post. Depois pingbackaco para cá!

    Trabalho de pesquisa maravilhoso, como sempre! X)

    Um grande abraço,

    .faso

  4. Cara, fiquei abismada… E eu que pensei que o logotipo da Chevrolet tinha alguma coisa de especial! Haha!

    MUITO obrigada por ter desvendado o mistério!

  5. Primeira vez comentando!!!

    Cara leio quase todos os dias seu blog,
    muito bom…

    mais que mulequinho safado esse
    pego no bumbum da garotinha da Coppertone!!
    hehehe

    abrass Philipe

  6. Eu morava próximo da fábrica de chocolates Gardano, que chegou a patrocinar campeonato de futebol. Só tomei conhecimento da marca Dulcora depois da entrada da Nestlé, e não antes. O carro chefe dela eram os drops, quadradinhos e embrulhados um a um em papel celofane.

  7. bom eu estava com uma dpuvida tremenda sobre a garota do coppertone..eu estava assistindo zoey 101 e era um epsódio em que a zoey revelou seu segredo ela disse ki ela era a garota do coppertone quando tinha 4 aninhus ..
    aii fuii pesquisar e não foi ela afinal quando foi lançado o coppertone ela neme era nascida ou seja erasó na série!
    adoreii o mundo gump :D

  8. Uma vez , a algum tempo atrás, um programa de televisão (se não me falha a memória, era do “GUGU”), fez uma edição sobre embalagens e seus “enigmasl. Eu então conheci a “GINA”, dos “palitos gina”, era nada mais que a esposa do dono dá marca que sem muita inspiração, colou a foto da mulher dele. Como vê, “nada a ver”!

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