O Show da Japinha robô

Eu já tinha falado da “japinha robô” (que tem o nome retardado de HRP-4C) antes aqui no blog, mas esbarrei com este vídeo dela fazendo um show musica.
Ok. Esta ideia de tentar fazer um robô com pele de silicone e feições humanas gera um robô freak pra caramba, mas vamos parar um minuto para refletir no que significa um robô no palco, dançando e interagindo com humanos… Gente, se quando eu era guri me falassem que depois do ano 2000 eu veria isso, eu – com minha mente infantil – certamente acreditaria. Já na fase adolescente, acho que eu duvidaria e riria na cara do meu interlocutor. E então aqui estamos nós… E eu me espantando por ver que o futuro com robôs que parecem gente está chegando cada vez mais perto.

O que me incomoda neste robô é que as mãos são grandes demais. Isso provavelmente se dá pela questão da miniaturização dos servomotores que controlam as articulações da mão. São muitos pontos articulares, o que torna difícil a miniaturização necessária para que pareça estar na escala. Porém, isso será uma questão de tempo. Mas quebra o encanto. Dá a sensação que tem alguma coisa errada. Deviam ter colocado luvas de esqui no robô para disfarçar a escala.

Eu não consigo compreender esta necessidade do robô parecer de carne. Sinceramente? Sou muito mais um robô tipo o do filme “Eu robô”, ou o C3PO, ou ainda a Bjork no clipe “All is Full of Love”.


Ah, vamos assumir a verdade, vamos colocar o robô de plástico mesmo. É muito mais legal. No máximo vamos mexer no design dele. Veja, se um robô humanoide é um substituto de um ser humano, então na mesma logica, eu diria que um carro é o substituto de uma carroça puxada a tração animal. Certo?
Então, se o carro não precisa parecer uma carroça com cavalos empalhados na frente, por que diabos esses caras do Japão encasquetaram que o robô tem que que parecer uma pessoa morta reanimada por vodu?

Apesar disso, o vídeo se salva. É importante notar que o vídeo não se refere a um robô fazendo mimica de musica. Ele está cantando MESMO. A Yamaha usava até o ano passado um software de síntese de voz chamado Vocaloid nesta máquina. Hoje eles aperfeiçoaram o robô e ele usa um sistema chamado Vocal Listener.
Aqui entra um componente meio bizarro no negocio. O robô “aprendeu” a musica quando “viu” alguém cantando. Então, usando o sistema, ele reajustou a musica, e gerou uma nova versão dela.
A musica está pré programada, obviamente, mas está saindo da boca do robô.
Além disso, o programa usa um processamento de análise comportamental para determinar movimentos sutis faciais, buscando gerar uma identidade própria emocional ao robô:

O sistema de aprendizado faz com que o robô consiga entender em que ponto ele tem que “respirar” na musica.

O interessante é que as bailarinas conseguem encontrar o tempo preciso da interação com o robô. Isso é muito legal. Sem falar que elas são plasticamente muito bem escolhidas, hehe.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

    • Deve ser só uma demonstração do que o robô faz. Não creio que alguém pagaria um centavo pra ir ver o show de um robô.
      Mas hoje mesmo eu li uma notícia de um japonês que fez um robô pra uma coisa muito útil: Tirar ninho de vespa.

  1. Veja, se um robô humanoide é um substituto de um ser humano, então na mesma logica, eu diria que um carro é o substituto de uma carroça puxada a tração animal. Certo?
    Então, se o carro não precisa parecer uma carroça com cavalos empalhados na frente, por que diabos esses caras do Japão encasquetaram que o robô tem que que parecer uma pessoa morta reanimada por vodu?

    Porque para o caso específico de robôs que têm uma função relacionada à interação humana, a semelhança com humanos, incluindo um rosto que expresse emoções, não só facilitam mas habilitam esta função. Humanos têm natural resistência a comunicar-se e interagir com “coisas”.

    Robôs que fazem tarefas que não precisam de interação, como as sondas submarinas e até robôs domésticos como o Roomba não são semelhantes a humanos.

    • “Porque para o caso específico de robôs que têm uma função relacionada à interação humana, a semelhança com humanos, incluindo um rosto que expresse emoções, não só facilitam mas habilitam esta função. Humanos têm natural resistência a comunicar-se e interagir com “coisas”.”

      Pois é. Concordo e discordo dessa linha de argumentação, cara. Você acha que um robô com pele de silicone em algum momento irá confundir um ser humano a pensar que está interagindo com outro humano? Eu penso que isso está no campo da ficção científica que só acontece em Aliens ou Blade Runner. As pessoas terão é a sensação de estar interagindo com uma coisa que não é gente, mas parece gente. Isso vai gerar mais desconforto que o contrario.
      Vamos pegar o caso do “pensamento mágico”, muito mais comum na infância humana, quando uma pessoa segurando um fantoche na mão NA FRENTE DA CRIANÇA e fazendo a voz estranha do bichinho com a boca NA FRENTE DELA provoca na criança a clara percepção de que o fantoche está vivo.
      Como pode? A criança interage com o fantoche, acreditando piamente que ele é real. Ela apaga a percepção de que o fantoche é o apêndice de uma outra pessoa. Esta característica humana (também presente em macacos) me faz pensar que o ser humano está programado para a interação, e essa interação independe da questão morfológica. Eu creio que se o foco do investimento tecnológico ampliar o grau de interação, será mais fácil obter a interação de robôs com o ser humano no campo da afetividade.
      Talvez um bom exemplo disso seja Star Wars. Nos resultados práticos de observação da platéia, podemos notar que o robô que não é antropomórfico, o R2D2 obtém uma empatia muito maior do público que o C3PO que é antropomórfico. E olhe que o R2D2 nem sequer fala, só apita.
      Eu não sei se podemos levar ao pé da letra este meu último argumento, já que no roteiro ele é escrito para que o personagem gere empatia, funcionando como uma antítese do seu companheiro antropomórfico, que quase sempre é o “escada”. Mas se perguntarmos às pessoas qual robô elas gostariam de ter, imagino que o R2D2 ganharia de lavada.
      Fora dessa questão, a minha colocação é justamente que não seria necessário fazer uma réplica humana para conseguir expressar emoções. Tanto o robô do filme “Eu robô” quanto o robô do lipe da Bjork parecem robôs e mantém a habilidade de exteriorizar emoções.
      POr mais avançada que seja a capacidade de fazer um autômato com uma cabeça que parece de gente, isso sempre será freak. Eles deviam assumir que robô é robô. O robô precisa sair do armário, hahaha.

  2.  O videos demonstra que o Japão está muita mais avançado que o Brasil,tecnologicamente falando,mas tambem tem muita gente aqui no Brasil com ideias legais,mas tem muita gene em vez de fazer aconeçer,fica diminuido o trabalho dos japoneses.
     
      já a parte de robôs ter feições humanas,seria legal eles serem colocados em lugares,em que as pessoas interagam com eles,como por exemplo uma recepcionista.por que for pra ter um robô ajundante dava pra ser um parecidos com os bonecos de testes.
     
     e pra termina, “Gente, se quando eu era guri me falassem que depois do ano 2000 eu veria isso, eu – com minha mente infantil – certamente acreditaria. Já na fase adolescente, acho que eu duvidaria e riria na cara do meu interlocutor.”porque?porque?e porque?duvidaria de uma coisa obvia,e com dizer que daqui  a alguns anos as naves espaciais será vendida, como os carros hoje.e outra “mente infatil” não tem nava a ver se me disserem que no ano de 2025,todos esses aparelhos de comunicações sera como relogios de pulso que projetem  holografia,eu acreditaria e diria mais,que nem sera relogio mas sim lentes de contatos com realidade aumentada.
     

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