O remédio que vai acabar com a Cárie

Eu sempre tive um insight que isso fosse possível. Bem, na verdade mesmo, meu insight era de que alguém ja tinha inventado isso e estava mantendo a ideia guardada para que o mercado GIGANTE que vive da existência da cárie pudesse prosperar.

Veja, se você acaba com a cárie, com que argumento as empresas como a Unilever Palmolive que é dona da Colgate vão ganhar dindim?

 

Essa ideia de que já existia uma solução magica que acabaria com a cárie sempre me perseguiu desde o dia em que, na sexta série, numa aula de ciências do Pitombeira, eu entendi como era formada a cárie. Porra, a cárie é formada por ácido gerado pela proliferação de uma bactéria. Logo, parecia lógico que: Mate a bactéria e adeus cárie. Ou ainda, invente algo que não seja suscetível a derreter com ácido lático e recubra o esmalte com isso.

Eu ficava intrigado como que podia uma civilização capaz de fazer um foguete e ir lá na Lua não conseguir acabar com o cocô de uma bactéria. A única explicação que me parecia razoável pra isso é que financeiramente, este tipo de solução “não interessava”. Veja a indústria gigantesca que vem a reboque do problema…

Certa vez comentei sobre isso com o meu dentista e ele disse que não, que é impossível terem inventado um remédio que acabasse com a cárie e coisa e tal. Não tinha a menor chance e tudo mais.

Beleza, entendi aquilo como a opinião de alguém que vê cárie todo dia, e que, bem ou mal, fatura com elas. Além do mais nem todo mundo é viajandão como eu (já fui mais, confesso) em teorias da conspiração como a que as empresas de petróleo mundiais mataram o cara que inventou o carro movido a água.

Voltei para casa pensando que talvez eu estivesse mesmo errado e a cárie fosse de fato um inimigo impossível de conter. Talvez fosse apenas mais um daqueles pensamentos ligados as teorias da conspiração, onde abundam suspeitas mundiais sobre a Aids já ter cura, o câncer e muitas outras doenças, mas uma vez que os grandes laboratórios ficam cada vez mais ricos “vendendo a saúde” com coquetéis, formulações e drogas que resolvem localmente, mas não erradicam de fato com o problema. Claro, eles não desejam ver suas galinhas dos ovos de ouro sumindo de uma hora para a outra.

Mas então, hoje me deparei com esta notícia aqui, onde dois pesquisadores conseguiram descobrir uma molécula que acaba com a cárie.

 Jose Cordova, cientista da Universidade de Yale e Erich Astudillo da Universidade de Santiago,  decidiram em 2005 encontrar algo que pudesse reduzir drasticamente o número de pessoas com o problema das cáries. Sabe-se que 73% da população mundial padece com a cárie.

Após muita pesquisa, a dupla descobriu que a molécula Keep 32 consegue matar as bactérias Streptococcus mutans, principal responsável pelo desenvolvimento da cárie, em ridículos 60 segundos.

O que fazer quando você descobre algo revolucionário que pode mudar a saúde mundial? Divide a solução com o mundo, como fez Santos Dumont!

… Not! Isso não é pra qualquer um.

A molécula foi patenteada nos EUA e agora os dois pesquisadores estão buscando financiamento para concluírem os ensaios humanos e esperam colocar o produto nas prateleiras de supermercados e drogarias em um período máximo de 18 meses.
“A molécula não só pode ser incorporada em chicletes, mas produtos dentários como pastas de dente, enxaguantes, além dos doces e muitos outros”, disse Erich Astudillo que é chefe do Top Innovations Tech, empresa que está desenvolvendo a pesquisa. “No Chile buscamos financiamento por mais de 2 anos e ninguém se interessou em pagar pela pesquisa e desenvolvimento”. Então, o pesquisador procurou o Instituto Fundador, uma das maiores incubadoras e aceleradoras de negócios do mundo, para melhorar o plano de pesquisa, buscando capital em redes internacionais.
“Estamos atualmente em negociação com 5 interessados em investir em nosso projeto ou comprar as patentes”, relatou Astudillo. Os cientistas estimam que será possível faturar mais de R$ 600 milhões de reais nos cinco primeiros anos após o lançamento da sensacional molécula anticárie em diversos produtos.
 E agora? Eu estava certo?  Ou só estava prevendo o futuro?
Seja como for, se a molécula acaba com a bactéria que produz a cárie, e uma única empresa a adota, ela vai ESMAGAR a concorrência. Não demora para que a concorrência invista também em pesquisas e surjam outras moléculas desinfetantes.
Aí sim,  vai acontecer uma luta feroz pelo fim da cárie, nos moldes da que ocorreu pelo fim da broxada com o Viagra, Levitra, Cialis e tantos outros disputando o bolso do tiozinho assanhado nas últimas décadas. Se isso estiver correto, a solução para o povo virá à reboque da teoria dos jogos, onde todos querem levar vantagem. Quando todos os players precisam levar vantagem, essa disputa pode beneficiar o consumidor. A menos que alguém pague altas somas para sentar sobre a pesquisa dos cientistas e provar que eu estava certo e meu dentista vai ter que me pagar um chopp!
Fora este caso, há ainda uma vacina sendo desenvolvida que ja foi testada em ratos com sucesso. Imagina só! Uma injeção na infância e cárie nunca mais?
Parece ficção científica, (e talvez seja) mas a julgar pela publicação no “The Journal of Infectious Diseases”, a coisa tem chance de acontecer.

A próxima fase, para a qual até já existe uma candidatura à Fundação para a Ciência e Tecnologia, visa aprofundar os estudos imunológicos, concluir os testes farmacodinâmicos que poderão ajudar a captar o interesse de empresas farmacêuticas e confirmar a hipótese de um efeito benéfico da transferência de imunidade de mães vacinadas contra a cárie dentária para os filhos. “O ensaio preliminar foi muito promissor”, adiantou Paula Ferreira.

Os investigadores do Laboratório de Imunologia do ICBAS isolaram uma proteína produzida por um dos agentes etiológicos da cárie dentária, o Streptococcus sobrinus, que facilita o crescimento da bactéria no hospedeiro. fonte

 De uma forma geral, pensar que qualquer vacina ou molécula que seja vai desempregar dentistas é um pensamento meio burro. Dentistas não lidam só com cárie e a cárie é só um dos diversos problemas com os quais os dentistas tem que lidar todos os dias, e a maioria ampla deles não tem solução nem com vacina e nem com molécula. Então eu acho uma boa que esse tipo de invento se popularize logo.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Muito interessante mesmo.
    Isso me lembrou de outra coisa. Uns tempos atrás um amigo me falou que na faculdade eles desenvolveram um repelente pra mosquitos inofensivo para o ser humano (ou pelo menos, supostamente inofensivo) baseado em ultrassom ou algo do gênero. Bastava ligar na tomada e adeus insetos, sem a necessidade de veneno. Enquanto o aparelho funcionasse, nada de insetos. E pelo que ele falou esse projeto nem foi inédito, já tendo sido desenvolvido em várias universidades pelo mundo, mas nenhuma empresa até hoje chegou a comercializar esse negócio.

    • Enviei antes de terminar o que queria dizer…
      Eu estava falando que nenhuma empresa chegou a comercializar, já que um aparelho desses acabaria com um negócio muito grande que existe em torno dos repelentes.
      Mas é isso ae. Valeu Philipe pelos textos sempre muito interessantes no seu blog. Abraço

      • Isso tem pra vender sim…
        Pelo menos aqui no Japão eu vejo bastante nas lojas…
        E no Brasil eu acho que já cheguei a ver pra vender…

      • Cara, vai lá no Deal Extreme e encomenda um, 7 dólares e frete grátis. Eu tenho dois aqui em casa e depois de uns 3 meses ligado direto os mosquitos sumiram. O consumo é quase zero e pra funcionar legal tem que ficar ligado permanentemente. Nota 10.

      • Erick, Mario e Philipe, valeu pela informação. Eu realmente não sabia que vendiam esse negócio, já que sempre compro o repelente de insetos “tradicional” no mercado, onde não vendem nada parecido com esse aparelho. Legal saber que vendem isso em algum lugar.

    • ultrason? é um aparelho? se for acho que o motivo de não ter sido comercializado não é o de acabar com a industria de repelentes, mas porque não é pratico e consequentemente não é rentavel. Acho que ninguém vai querer andar por ai com um aparelho que produz ultrason, imagina por exemplo o efeito que isso tem sobre os cachorros que tem a capacidade de ouvir ultrason? e microfones, e celulares?

      • Então Wesley, eu fiz essa pergunta ao meu amigo na época e a resposta foi que eles testaram diversas freqüências e cada inseto era afetado por uma determinada freqüência, que era diferente das freqüências que afetavam os animais. Ele até falou que dava pra fazer o aparelho que afastava apenas um tipo de inseto ou para vários tipos.
        Mas você tem razão. Para comercializar um negócio desses deve ser complicado pra caramba, com autorizações necessárias de tudo quanto é órgão por conta do possível impacto nos celulares, ondas de rádio, televisão, etc. Em todo caso, como falaram acima, esse negócio é vendido em alguns lugares.
        Acho que eu estava errado em pensar que a indústria de inseticidas tinha boicotado de alguma forma esse negócio.

    • O repelente para mosquitos eu não sei se funciona. Mas o repelente eletrônico para morcegos funciona sem problemas. É um aparelinho com a caixinha azul.

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  2. Olha pode até funcionar, mas por pouco tempo. as bacterias tem uma incrivel capacidade de “evoluir” por assim dizer, e ganhar resistencia a substancias. É só ver o exemplo dos antibioticos, antigamente matavam tudo quanto era bacteria, mas como eles começaram a ser tomados como agua as bacterias acabaram ganhando resistencia a maioria deles com o passar do tempo. E tbm tem o problema da substancia poder matar bacterias beneficas do sitema digestivo, que poderia causar problemas posteriores.

    Acho que criar uma defesa do proprio sistema imunologico é mais eficiente porque ele é mais eficaz do que substancias bactericidas.

  3. Philipe, só uma correção…a Unilever não é proprietária da Colgate, mas sim concorrente. De resto, além da excelente matéria, creio que muito mais gente já pensava algum tempo como você. Eu pelo menos sempre achei que algum dia alguém iria desenvolver uma solução nesse sentido, mas pra mim seria algum produto da nanotecnologia que tornaria o dente tão “liso” que não teria como a cárie se fixar no dente. Abs!

  4. cara, ja existe o papacarie, eh um gel brasileiro, vem do mamão. ja vi isso a muitos anos e nao eh divulgado, mas se eu soubesse disso antes tinha evitado o tanto de carie que eu tenho

  5. Esse texto tem meu apoio completo e total. Pessoas que atualmente trabalham em escala atomica dos nanometros não são capazes de eliminar uma droga de bacteria ?

  6. Cara, gosto do seu estilo de escrita e mais ainda de conspirações >.<
    espero mesmo que isso já tenha sido lançado cárie é o que mais odeio

  7. Muito legal. Me lembrou um colega de república lá nos anos 80, o Odilon Serrão. Ele disse que quando era menino reparou que seu pai fazia a barba duas vezes, isto é, passava a gilete a primeira vez, e depois de um enxague, passava de novo para deixar a pele bem lisa. Então ele teria dito para o pai: “por que não inventam um aparelho que vem com duas giletes?” Depois do pai olhar para ele com aquela cara de “onde foi que eu errei”, o pobre do Odilon nunca mais tocou no assunto. E eis que depois de algum tempo surge no mercado Prestobarba com duas láminas paralelas. Será que o pai dele era um espião industrial?

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