O relojoeiro da Bielorússia

Fazer um relógio é uma coisa complicada. É difícil encontrar alguém que discorde disso, e mesmo que eu encontre, duvidarei seriamente de sua sanidade mental.

Imagina agora fazer um relógio construindo você mesmo, todas as peças dele? Impossível? Agora imagine isso, sendo que todas as peças são de MADEIRA e entalhadas à mão!

Loucura? Impossível? Viagem? Gumpisse? Sim! Gumpisse total. E isso vem acontecendo lá na Bielorússia.

 




O nome do artista (sim, porque isso é arte, com certeza absoluta) é Andrey Martyniuk, um entalhador nascido e criado na Bielorrússia.

Quando criança, Andrey Matyniuk gostava de desenhar. Ele teve uma educação formal como um engenheiro, e mais tarde na vida, desenvolveu uma paixão pela escultura em madeira. Após descobrir com um velho mestre carpinteiro que os relógios de madeira são o auge da perfeição, ele decidiu combinar todas as suas habilidades para criar mecanismo que conjugassem a estética, a arte, o desafio e a funcionalidade.

Não foi mole! O entalhador ambicioso passou três anos trabalhando duro para fazer seu primeiro relógio de madeira. Inicialmente, ele tentou copiar o mecanismo de um relógio de metal, mas, embora o princípio seja exatamente o mesmo, há duas coisas importantes a tomar em consideração para assegurar que o relógio possa medir o tempo com precisão: A suavidade do material e sua reação com a umidade do ambiente. Após vários anos de experiências, Andrey percebeu que precisaria aumentar o tamanho dos dentes das engrenagens e tratar a madeira com um composto especial para torná-la mais resistente à umidade. Foi trabalhando nos relógios que Andrey descobriu que a madeira tinha uma grande vantagem sobre metal – seu coeficiente mais baixo de expansão térmica. Por esta razão a madeira é muito menos afetada pelas mudanças de temperatura do que o metal.

 

 
Ao longo dos últimos 16 anos em que o artista bielorrusso faz seus relógios exclusivamente de madeira, ele só concluiu 20 deles. Com a experiência, o tempo que ele leva para concluir uma de suas obras-primas diminuiu consideravelmente, mas ainda é uma enormidade. Hoje ele ainda precisa de até seis meses para fazer um único relógio, já que tudo é feito à mão, artesanalmente.

Agora vem a parte em que você vai se indignar: Andrey não pode chamar sua atividade de um emprego, já que considerando que ele vende suas obras por cerca de MIL REAIS, isso quase não permite que ele possa sustentar uma família. Apesar de não ter noção do real valor de seu trabalho, ele se mostra muito feliz quando alguém está interessado em comprar seus relógios, porque considera isso um reconhecimento de suas habilidades.

Andrey diz que o preço que ele define por suas obras primas de engenharia e madeira são simbólicos em relação ao tempo e esforço necessários para fazê-los, mas não é o ganho financeiro que o motiva, mas seu fascínio com o desafio de trabalhar a madeira. O entalhador bielorrusso tem grande orgulho em saber que algo feito por suas mãos será capaz de dar alegria a alguém.

Fazer relógios bonitos e curiosos já seria bastante impressionante, mas o que é ainda mais especial sobre Andrey Matyniuk é que suas obras são tão precisas quanto qualquer relógio suíço. Isso requer muita paciência e perseverança, bem como um domínio da arte que começa na escolha da madeira certa para cada peça – ele usa até 15 tipos de madeira para um só relógio… Mesmo que desconheça o real valor de seu esforço.

 Fontes: News21, Soviet Belarus OddittyCentral

Enquanto isso:

[box type=”shadow”]Beatriz Milhazes volta a bater recorde em leilão (Fonte: Folha de S Paulo, 16/11/2012)

Beatriz Milhazes bateu um novo recorde em um leilão de artes plásticas. A tela “Meu Limão” (2000), da artista brasileira, foi arrematada por US$ 2,098 milhões (R$ 4,338 milhões) durante um leilão promovido pela Sotheby’s, em Nova York, na última quarta-feira (14).
De acordo com o site da casa, a expectativa era a de que o quadro fosse leiloado por um valor entre US$ 700 mil e US$ 900 mil.

A obra milionaria
A obra milionaria

Com isso, Milhazes volta a assumir o primeiro lugar no ranking de artistas brasileiros vivos com obra mais cara vendida em leilão. Ela havia conquistado essa posição em 2008, após sua obra “O Mágico” ser vendida a US$ 1,049 milhão (R$ 2,17 milhões).
A artista plástica Adriana Varejão havia superado o recorde em 2011, com “Parede com Incisões à la Fontana 2”, vendida a US$ 1,7 milhão (R$ 3,5 milhões).

Parede com incisões
Parede com incisões

Na atual temporada de leilões em Nova York, com vendas abaixo do esperado na cidade abalada pelos estragos do furacão Sandy, o valor da tela de Milhazes supera alguns nomes centrais da arte contemporânea. Uma escultura sem título de Alexander Calder, um dos maiores artistas do século 20, foi arrematada por pouco menos que a obra da artista brasileira, US$ 2,04 (R$ 4,21 milhões).
Em comparação com obras do artista pop Andy Warhol, a tela de Milhazes superou o valor de “Ladies and Gentlemen”, arremata por US$ 1,65 milhão (R$ 3,4 milhões), mas perdeu para “Birth of Venus (After Botticelli)”, vendida por US$ 5,48 milhões (R$ 11,29 milhões).

Birth of Venus – After Botticelli

Embora Milhazes esteja entre os artistas brasileiros mais valorizados no circuito global, valores como o atingido no leilão da última quarta (14) em Nova York não são comuns. Artistas considerados os nomes no topo do mercado mundial, como Damien Hirst e Jeff Koons, tem obras arrematadas por dezenas de milhões de dólares. “[/box]

 

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

    • e sabe o que pode acontecer ainda? esse cara vai morrer e levar sua tecnica junto, ai é que esses relogios vão ter o valor que merecem…

  1. Andrey Martyniuk é um espírito elevado sem dúvida; de simplicidade comovente e com ideal artístico e de vida extremamente raro nos dias de hoje. Acredito que ainda poderá ter ser trabalho devidamente reconhecido e ser remunerado de acordo com seu incrível (e põe incrível nisso)talento.

  2. Andrey Martyniuk é um espírito elevado sem dúvida; de simplicidade comovente e com ideal artístico e de vida extremamente raro nos dias de hoje. Acredito que ainda poderá ter seu trabalho devidamente reconhecido e ser remunerado de acordo com seu incrível (e põe incrível nisso)talento.

  3. Concordo com o Wesley. Esse cara é mesmo um otário como comerciante.
    Imagina vender uma obra desse porte por essa quantia insignificante, considerando o lado artistico e a utilidade da obra.
    Enquanto a “pintora fatura milhões com aquela “PORCARIA”, que só serve para “enfeiar” a parede.
    È que pinturas sempre foram mais vizadas pelos negociante de obras-de-arte e colecionadores.Mas que é uma discrepancia, isso é!

    Um amigo meu tinha um relógio feito de madeira (destes que tem um cordão pendurado para dar corda) só que bem pequeno, Menor que uma caixa de sapatos, e segundo ele, foi um empregado lá do sítio dele que tinha feito.
    Sempre tive vontade de fazer um igual para mim, mas nunca tive tempo, aja visto que como v. falou, entalhar as engrenagens é muito trabalhoso!
    Já desisti dessa idéia, melhor comprar um já pronto rsrsrsrsrs!

  4. Pois é, o mercado da arte atual é sintomático para percebermos a degeneração da civilização ocidental. Há pouco vi uma exposição com as réplicas feitas a partir dos desenhos do Da Vinci dedicados a engenharia, algo fabuloso, que exigia tempo e estudo por parte do artista. Imagina se alguém na época do Da Vinci pagaria fortunas pelos rabiscos que os artistas atuais fazem? De jeito nenhum. Esse relojoeiro sim é um mestre artista, anos de dedicação e pesquisa para produzir relógios lindos e precisos e vendidos com preços tão baixos… enquanto aquelas monstruosidades do Damien Hirst que levam poucas horas para ficarem prontas são vendidas por milhões de dólares.

  5. Sempre que vejo posts sobre esses artistas muito fodásticos e vc diz o preço de venda das obras deles, lembro da maldita tela com 3 linhas coloridas que foi vendido por zilhões de dólares (pq dizer que vale isso tudo é outra questão).
    Achei bonito o quadro da Beatriz Milhazes, mas ser vendido por 4 milhões de dilmas, enquanto esse GÊNIO da arte do entalhamento consegue só milzinho pelas obras dele, é de uma sacanagem inominável!!

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