A mulher mais assustadora da era vitoriana

O período histórico que convencionou-se se chamar de período Vitoriano (em homenagem a Rainha Vitória da Inglaterra) foi um momento em que era comum algumas coisas que hoje podem até soar tenebrosas para nós.

As pessoas não esquentavam cabeça com partes humanas mumificadas servido de elementos de decoração, muitos acreditavam piamente em fantasmas, e havia até certos cultos misteriosos ganhando força. Nesse ambiente tão Lovecraft, é curioso imaginar como seria a personalidade de uma mulher que era capaz de causar calafrios nas pessoas. Essa mulher parecia muito mais um fantasma, uma vampira, que uma pessoa de verdade e há até hoje, rumores de que ela era MESMO uma vampira. Claro que eu não acredito nisso, mas creio que seja totalmente possível que essa mulher fosse uma deprimida crônica, sofrendo de algum tipo de transtorno mental ligado ao simbolismo da morte. Existem algumas doenças mentais, como o transtorno de convicção de inexistência pessoal, onde o sujeito acha que está morto, e pra piorar, ele consegue se ver e até sente o cheiro de sua carne apodrecendo.

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Múmia Vitoriana – Por incrível que pareça, eles muitas vezes mantinham o corpo de uma criança morta sem enterrar, e uma vez que estava mumificada, eles vestiam o corpo do bebê e mantinham-no como “uma lembrança”. Isso era equivalente ao que fazemos hoje com a taxidermia moderna dos animais de estimação falecidos.[/box]

É como se a pessoa se olhasse no espelho e visse um zumbi. É comum casos dessas alterações de autoconsciência onde as pessoas se sentem ocas, sem a alma a preencher seus corpos. Não por acaso, a mitologia dos vampiros lhes caracteriza como corpos animados e sem alma, que necessitam do fluido vital alheio para não voltar ao estado quase pétreo do morto.

Dá uma olhada no naipe da dona e veja se você não se cagaria nas calças de vê-la andando pelos longos corredores dos castelos, iluminada pela penumbra intermitente da luz de velas.

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Esta é a Madame Violet, rainha da notoriamente escura Edimburgo. Ela foi duas vezes eleita a mulher mais assustadora de todo o Reino Unido – em 1882 e 1884.

Ao que parece, Madame Violet não é real, e sim uma criação ficcional. A fotografia, é um trabalho de Christine Elfman, que criou a foto acima com tecnicas antigas, papel machê e uma escultura de gesso. Para saber mais, dê uma olhada aqui.

É inegável que mesmo não sendo real, Madame Violet tenha uma aparência assustadora, mas se considerarmos o “Currículo”, certamente a dama mais assustadora não foi esta. Foi uma psicopata chamada Delphine LaLaurie.

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Conta a lenda que Delphine LaLaurie foi uma socialite sádica que viveu em Nova Orleans. Sua casa era literalmente uma câmara de horrores. Em 10 de abril de 1834, aconteceu um incêndio na cozinha da mansão que começou a se espalhar rapidamente. Quando os bombeiros chegaram, deram de cara com dois escravos mortos, acorrentados ao fogão. Eles pareciam ter sido o início do incêndio. Os investigadores que examinaram os corpos perceberam que eles tinham colocado fogo no próprio corpo, mas por que? O inspetor dos bombeiros teve um estranho pressentimento, de que os escravos carbonizados tentavam desesperadamente atrair a atenção com aquele ato extremo.
Assim, os bombeiros começaram a vasculhar o casarão, em busca de mais escravos, quando chegaram ao sótão. Foi ali que os bombeiros, já acostumados a ver cenas horríveis em seu dia-a-dia entraram em choque:
Mais de uma dúzia de escravos desfigurados e mutilados estavam algemados às paredes ou pisos. Vários foram alvo de experimentos médicos horríveis.
Um dos escravos, do sexo masculino parecia ter sido cobaia de uma mudança de sexo bizarra, uma mulher estava presa em uma gaiola pequena com seus membros quebrados e sua forma lembrava a de um caranguejo, uma outra mulher estava com braços e pernas removidos. Alguns escravos tiveram suas bocas costuradas, e posteriormente morreram de fome, enquanto outros tiveram suas mãos costuradas a diferentes partes de seus corpos. A maioria já estavam mortos quando foram encontrados, mas alguns estavam vivos e implorando para serem mortos, num apelo desesperado para acabar com a dor.
A Madame LaLaurie fugiu antes que pudesse ser levada à justiça – e ela nunca foi pega.

Infelizmente, LaLaurie foi realmente uma psicopata sem limites, e o marido dela, um médico realmente andou fazendo experimentos em seus escravos. a história real, pelo que pude levantar é até bem parecida com a lenda. A diferença é que um dos escravos que iniciou o incêndio, contou aos bombeiros que teria cometido o crime na tentativa de se matar, pois temia que fosse levada para “o quarto de cima”, um lugar, segundo ela, de onde “ninguém mais volta”.

O tal quarto estava trancado e os Lelaurie se recusaram a abrí-lo, de modo que os bombeiros arrombaram:

Conforme relatado no New Orleans Bee de 11 de Abril de 1834, os investigadores responderam ao fogo tentou entrar senzala para garantir que todos tinham sido evacuados. Após a recusa em fornecer as chaves pelos LaLauries, os circunstantes quebraram as portas para a senzala e encontrou “sete escravos, mais ou menos horrivelmente mutilados … suspensos pelo pescoço, com os seus membros, aparentemente esticadas e rasgadas de uma extremidade à outro “, eles pareciam ter sido preso lá por alguns meses.
Um dos que entraram nas instalações foi juiz Jean-Francois Canonge, que posteriormente depôs de ter encontrado na mansão LaLaurie, entre outros, uma “negra […] usando um colar de ferro” e “uma mulher negra de idade que tinha recebido uma ferida muito profunda na cabeça [e que estava] muito fraca para ser capaz de andar. ”

O Juiz Canonge alegou que quando ele questionou o marido de Madame LaLaurie sobre os escravos, ele foi informado de forma insolente que “algumas pessoas deveriam ficar em casa ao invés de vir a casas dos outros para ditar leis e regras e interferir com os negócios alheios”.
Uma versão dessa história que circulou em 1836, contada por Martineau, acrescentou que os escravos estavam magros, mostravam sinais de terem sido esfolados a chicote, foram presos em posturas restritivas, e usavam colares de ferro cravado que mantinha a cabeça em posições estáticas.

Quando a descoberta dos escravos torturados se tornou amplamente conhecido, uma multidão de cidadãos locais atacaram a residência LaLaurie e “demoliram e destruíram tudo em que eles poderiam colocar suas mãos”. Um xerife e seus oficiais foram chamados para dispersar a multidão, mas pelo tempo que levou, a propriedade na Royal Street tinha sofrido grandes danos.
Os escravos torturados foram levados para uma prisão local, onde eles ficaram em “exposição” para o público. O New Orleans Bee informou que até 12 de abril cerca de 4.000 pessoas tinham ido lá para ver os escravos torturados, afim de convencer-se de seus sofrimentos.

O Pittsfield Sun, citando o New Orleans revelou que dois dos escravos sobreviventes já tinham morrido, e que na escavação o quintal, vários outros corpos foram desenterrados, incluindo corpos de crianças. Essas afirmações foram repetidas por Martineau em seu livro 1838 Retrospect de Viagens Ocidental, onde ela colocou o número de corpos desenterrados em dois, incluindo a criança.

A vida de Madame LaLaurie após o incêndio de 1834 não foi bem documentada. Martineau escreveu em 1838 que LaLaurie fugiu de New Orleans temendo a violência da multidão que se seguiu ao incêndio, indo para uma escuna que partiu de lá para Mobile, Alabama e depois fugiu para Paris.
As circunstâncias da morte de Delphine LaLaurie também não são claras.
George Washington Cable contou em 1888 uma história então popular, mas sem fundamento que LaLaurie morreu na França num acidente durante uma caçada de javali. Seja qual for a verdade, no final de 1930, Eugene Backes, que serviu como sacristão do St. Louis Cemetery até 1924, descobriu um velha placa de cobre rachada no Beco 4 do cemitério. A inscrição na placa dizia: ” . Madame LaLaurie, née Marie Delphine Macarty, décédée à Paris, le 7 Décembre de 1842, à l’âge de 6 – ” De acordo com os arquivos de Paris, ela não morreu em 1842, mas em 7 de dezembro de 1849. Mas efetivamente, tal qual a lenda, LaLaurie nunca pagou por seus crimes. fonte

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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