Mon amour, meu bem, ma femme

A primeira vez que nossos olhares se cruzaram foi numa porta de padaria.
Foi ali, encostada displicentemente num freezer da Kibon, que eu vi pela primeira vez Anna Belle.
Eu ainda não sabia, mas Anna Belle era filha de um figurão que havia aberto uma fábrica de panelas em Recife. Vinda de uma cidade ao qual me esqueci o nome, lá dos cafundós do sul da França, ela falava com aquele sotaque engraçado. Eu tinha apenas dezesseis anos, era virgem e inocente demais para resistir ao poder de atração daquela menina-mulher.
Os cabelos brilhavam como gotas flamejantes de lava quente, descendo, em cachos vermelhos até o colo, onde através da blusa transparente da escola, eu podia vislumbrar um par de seios tão perfeitos que eu mal podia olhar para ela sem conter uma ereção inesperada.
Eu era um bosta, um merda, um fodido ou qualquer outro adjetivo desqualificante que você queira imaginar, mas eu era um homem apaixonado. E um homem apaixonado é capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer.
E naquele dia, eu passava com a bicicleta emprestada do meu primo, uma monark vermelha, quando a vi ali, encostada no freezer de picolé. Seu olhar triste, apontado para o céu. Chupando eroticamente um picolé de uva que ejaculava aquelas gotas vermelhas pelas mãos, braços e na camiseta dela.
Nessa hora eu ainda não sabia o nome dela, mas não quis nem saber. Eu apeei da bicicleta, encostando a magrela num poste e atravessei a rua poeirenta até o bar.
Foi uma atitude impensada, uma coisa louca que me deu e eu não sabia direito o que estava fazendo. Mas fiz.
Eu atravessei a rua e só me dei conta de que não fazia a menor ideia dos meus atos quando já estava frente a frente com a mulher mais perfeita que meus olhos haviam visto até então.
Ela olhou com aquele jeito profundo, que me conquistou. Eu senti que havia alguma coisa ali que ela queria me dizer. Não sei explicar. É algo assim… Sei lá. É pele, meu. Pele. Se você não amou, não vai entender, então foda-se.
Foi aí que eu pensei em alguma coisa rápido. Eu abaixei e comecei a procurar.
Ela ficou ali, me olhando. E eu de quatro, na frente dela, procurando, procurando…
Não, meu amigo. Não era um estratagema para olhar para as pernas finamente torneadas daquela mulher. Nem seus pés, perfeitos, pornograficamente enfiados em sandálias de dedo feitas em couro. A coisa mais banal de se ver aqui no nordeste, mas que nos pés dela, brilhavam como os sapatos da branca de neve… Que? Isso! Cinderela. É tudo fada, porra.

Eu tava ali abaixado, procurando, procurando.
Ela me olhou de cima, com aquele olhar triste, mas cheio de força. Um olhar que me queimava por dentro, um olhar da medusa, que me transformava em pedra. Bom, pelo menos uma parte de mim…
-Perdeu alguma coisa? O que você tá procurando? -Ela perguntou entre uma chupada e outra no picolé, agora pela metade, que inclinava-se precariamente no palito, gotejando terrivelmente no chão, ali perto da minha mão.
-Eu perdi… Um sorriso. – Eu disse, olhando para aquele corpo pequeno, de menina. Aqueles olhos penetrantes.

Lentamente vi aqueles lábios tingidos de púrpura e carmim se entreabrirem de forma espetacular e um sorriso maravilhoso se formou, produzindo duas covinhas naquele rosto perfeito.
-Acabei de achar o sorriso. – Eu disse, meio afoito, meio nervoso, caindo na real que eu havia dado a primeira cantada da minha vida numa mulher.
-Qual o seu nome? – Ela perguntou.
-Reginaldo. E o seu?
-Anna Belle. – Ela disse.
Levantei-me. Limpei a sujeira dos joelhos e estendi a mão para cumprimentá-la.
Mas não nos tocamos. O picolé de uva despencou do palito e se espatifou no chão, bem no meu pé.

– Ah… Ela se lamentou.
-Tudo bem, eu disse, saltando para dentro da padaria. Peguei um guardanapo ou dois, e me limpei bem ali.
– Moço, me vê mais um? – Eu gritei pro Joel da padaria.
-Não, não precisa. – Ela disse.
-Mas eu faço questão. – Banquei de macho. Mas tava sem um puto.
-Não, não precisa… – Ela disse, querendo lembrar meu nome.
-Reginaldo. – Eu voltei a dizer.
-Isso! Reginaldo. Olha, prazer em te conhecer. – Ela falou, ali da porta da padaria.
Ficamos nos olhando em silêncio. Eu não conseguia imaginar nada para dizer. Então eu não disse nada. Apenas olhei pra ela com tamanha intensidade que ela percebeu e virou o rosto para a rua.
Mas eu percebi, pelo sutil movimento do pescoço, que ela sorria, envergonhada.
Ela disse um qualquer coisa em francês, que eu não sei o que era, porque eu não sou bacana e nunca tive estudo pra saber. Mas é bonito demais esse tal de francês, porque falado por ela, até receita de macumba ficava sensual.
Ela tornou a olhar pra mim e eu estava lá. Petrificado, com aqueles olhares fixos nela. Eu parecia um robô, uma estátua. Estava claro para todos naquela padaria: Anna Belle e o seu Joel, que ali estava um farrapo humano. Eu acabava de morrer bem ali, na frente dela. Só o que restou era um oco, um vazio completo que só poderia ser preenchido pelo amor incondicional que eu passei a sentir, de uma hora para outra por aquela menina ruiva francesa.

Ela era pequena de estatura, corpo perfeito, seios empinados, algumas sardas no rosto e um shortinho pequeno. Qualquer um que olhasse veria uma menina, mas eu via uma mulher. Uma mulher completa. Uma mulher perfeita. O melhor que a França teria a oferecer a um jovem pobre, feio e nordestino como eu.

Eu saí do transe e fui embora, passando direto por ela.
-Tchau. – Eu disse meio sussurrado. Sei lá. Eu tava em crise.
-Tcahu. -Ela respondeu, acenando com a mão enquanto jogava o palito lambido na cesta de lixo.

Voltei até a bicicleta e pedalei para casa.
Cheguei em casa, Tunim tava puto querendo a bicicleta.
-Porra viado. A gente combinou uma volta no quarteirão cada um. Cê foi aonde?
Eu contei detalhadamente minha aventura com aquela mulher na porta da padaria, mas ele nem acreditou.
-Ah, vai se fudê, Reginaldo.
-É sério. Eu cantei ela.
-Tu é maluco. Ela namora o Cajuão da rua quinze, porra! – Tunim falou aquilo e meu mundo caiu. Eu senti um choque bem no meu coração. Juro que ele deu uma parada e depois voltou a bater. Mas num compasso triste e cadenciado. Eu tentei disfarçar minha decepção.

-Ah, foda-se, Tunim. Eu nem sabia o que eu tava fazendo cara.
-Ela é bonita demais, né? Veio da França. – Ele contou. Ele sabia porque a irmã do Tunim, minha prima de segundo grau, a Gleids, estudava na sala dela, era amiga da Anna Belle e sabia tudo.
Imediatamente coloquei o Tunim no confessionário para saber tudo sobre ela. Ele me contou o que sabia. Filha do dono da fabrica de panelas, rico empresário Francês, radicado no Brasil. Veio da França estudar aqui quando a mãe morreu por lá. Os pais eram desquitados. Desquite era coisa rara no Brasil naquele tempo, mas muito comum na Europa.
O Tunim me disse como que ela começou a namorar o Cajuão, e a cada revelação eu sentia mais e mais pena da minha existência sofrível, meus desejos patéticos, minhas esperanças vãs.
Naquela noite, eu não dormi pensando nela. Naquele corpo meigo, tão pequeno. Tão lindo e perfeito.
Meus olhos vertiam lágrimas imaginando Anna Belle comigo.
Levantei da cama com uma ideia fixa. Saltei pela janela, corri até o quintal e peguei a bicicleta do Tunim. Corri para a padaria do seu Joel. Já estava fechado. Do lado de fora, como eu esperava, estava a lata de lixo.
Eu cavuquei a lata de lixo como um porco faminto, em busca dele, o palito. Achei uns cinco.
Cheirei um a um até descobrir dois que eram de uva. Um deles havia sido lambido por Anna Belle.
Certamente era o que estava úmido. Levei o palito comigo para casa e passei a noite lambendo o mesmo, só pensando nela. Em seus lábios de mel.

No dia seguinte, eu fui para a obra ajudar meu pai. Antes, guardei o palito da Anna Belle sob o colchão.

No caminho, enquanto meu pai parou na loja de material de construção, eu vi passar a picape preta do Cajuão. Aquele babaca metido.
Cajuão era rico, dado a roubar os outros. Metido com bandidos. Era forte e bonito. Só andava na linha, roupa de marca, sonzão, cordão de ouro grosso no pescoço, essas coisas que ilude mulher. O apelido vinha dos tempos da escola, quando o pai dele, o maior fazendeiro da região, comprou uma propriedade para exportar castanha de caju para o exterior.
O cara era um cavalo. Não sei sinceramete o que um brutamontes daquele faz com uma mulher do porte da Anna Belle.
Já eu, era um verme, um inconseqüente apaixonado. Era insanidade cobiçar aquela mulher. Mas é como dizem. O proibido é mais gostoso.

Naquela noite, eu não resisti. Acendi a lamparina, peguei uma folha do caderno e escrevi pra ela tudo que eu sentia.
Subi na bicicleta e pedalei até a casa da Anna Belle. Era um casarão enorme, com muros altos e uma placa avisando sobre o cachorro.
Eu fiquei ali, olhando a casa, até que uma luz acendeu no andar de cima. Sentei no meio fio e fiquei olhando.
Era ela. Abriu a janela porque me viu na calçada.
O olhar penetrante dela tornou a cruzar com o meu.
E ela sorriu novamente.
Eu acenei. E ela também.
Eu peguei o papel, tirei do bolso e mostrei pra ela. Mas de longe ela não entendeu. Eu fiz um aviãozinho, joguei por cima do muro. Ela fez sinal para eu esperar. Fechou a janela e apagou a luz.
Eu fiquei ali, prostrado. Passou um minuto, dois e nada. Pensei que ela tinha ido dormir. Pensei em ir embora, em abandonar as esperanças. Mas ouvi um barulho de tranca, vindo ali de trás do muro. Sem acreditar no que estava acontecendo, continuei fixo ali pra ver.
Minutos depois a luz do quarto dela acendeu. Ela abriu a janela. Estava com o papel na mão. Desdobrou e começou a ler, ante aos meus olhos suplicosos.
Eu senti mal. Senti tudo querendo apagar. Deu um frio nas pleuras, uma vontade de cagar. Eu sentei e fiquei paradinho, como uma pedra. Eu tava tremendo. Mal conseguia ficar em pé. Assim, sentei e esperei ela acabar de ler a minha declaração.
Ela acabou. Baixou o papel. Olhou pra mim. Eu ali, paradinho, acuado, feito um porquinho da índia que sabe que vai virar sopa.
Ela beijou o papel e dobrou com cuidado.
Em seguida apertou contra o peito e mexeu os quadris daqui pra lá, de lá pra cá. Ela ninou a minha carta. Meu coração realmente parou. Era como se um vulcão, uma bomba atômica, tivesse estourado dentro de mim. Levantei-me de pronto. Agora eu sentia mesmo uma forte vontade de cagar.
Eu era correspondido. Eu nem podia acreditar.
Ela piscou pra mim e apontou um pedaço do muro que dava para um terreno baldio. Eu percebi que ali estava um caminho, uma rota de acesso para a casa.
Trepei no muro e escalei sôfregamente aquela difícil via. Finalmente alcancei a varanda. Ela estendeu o braço e me puxou com força. Caí por cima dela, na varanda do quarto, tal qual Romeu e Julieta. Se não fosse verdade, eu ia falar que isso é coisa de nego escritor de merda, que nem sabe inventar uma porra dum encontro clandestino plausível, e na falta de criatividade, chupa do Shakespeare. Mas a verdade é essa mesmo. Tal qual o Romeu, eu subi pela lateral de pedra da casa e entrei no quarto da mulher dos meus sonhos. Ela vestia um penhoar que não sei dizer a cor porque estava meio escuro e eu estava muito nervoso. Nos beijamos longamente. Eu ainda tremia quando senti as mãos ágeis daquela menina moverem-se pelo meu corpo. Eu não imaginava que pudesse haver tanto desejo em uma pessoa, quanto naquela noite. Ela beijou minha boca, meu pescoço, meu peito e desceu, me mordendo e lambendo feito uma tigresa no cio.
Experimentei aquele veneno, explodi de prazer dentro de uma mulher pela primeira vez. Perdi o meu cabaço em grande estilo. Meu pinto queimava como brasa e eu finalmente entendi o sentido da palavra prazer. Deitamos e rolamos durante toda a noite. Anna Belle, Ana Belle… Ah, Anna Belle. Como foi bom. Ela era experiente e me ensinou a arte do amor parisiense.
Quando o dia começava a raiar, eu me despedi com um beijo ardente e triste. Desci pela lateral de pedra para o terreno baldio e acenei pra ela. Ela correspondeu meu aceno e fechou a janela.
Eu fui para casa correndo. NEm me dei conta que haviam roubado a bicicleta do Tunim.
Eu estava feliz. Eu agora era homem. Homem com H.
Nunca trabalhei com tanta energia na vida quanto naquele dia na obra. A mente fixa na minha noite de prazer com Anna Belle. EU me sentia o Burt Lancaster.
E agora vem o pior, o trágico desfecho triste de toda história de amor. Dias depois, eu soube que ela havia terminado com o tal do Cajuão. Eu me iludi, pensei que era por minha causa, mas depois descobri a verdade. Ela tinha caso com outro cara. Também da rua quinze. O Cajuão descobriu e matou Anna Belle com dois tiros. Hoje ele está foragido. Amargurado, o pai dela voltou para a França e só me restou uma sepultura, onde toda noite de lua cheia, eu pulo o muro do cemitério e deito-me sobre. Fico ali, junto dela, observando a lua.
E então, tomado de um amor que não consigo compreender, eu repito sozinho o pouco de francês que aprendi numa foto-novela:
Anna Belle, Mon amour, meu bem, ma Femme…
Mon amour, meu bem, ma Femme…

FIM

Esta foi minha singela homenagem ao mestre Reginaldo Rossi. Clique aqui para ouvir a musica que deu origem ao conto.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Eu geralmente não comento nada em blogs, mas essa história…
    n tem como n falar da forma mais sonora e cadenciada CA-RA-LHO:ohhyeahh:
    mto perfeita. 100% Mundo Gump^^.

  2. Oi Philipe, tudo bem?
    Em quase todo post deixo meu comentário, e hoje vou deixar um mini post rs
    Sou de Recife, mas moro em Curitiba.
    Hoje tenho 24 anos, sou advogada e gosto muito de samba raiz…agora vou lhe contar, eu adimiro muito o Rei do Brega rs.
    Logo no título ví que vc traria algo interessante no seu blog sobre o Reginaldo Rossi.
    Meu pai tocou na banda primeira banda de rock de Recife, com Reginal, os Silver Jets.
    Hoje Recife é referência do Rock no Brasil…
    Meu pai é Administrador de Empresas na UFPE, pós graduado em Marketing no México, mas tem sua histório com o Rei do Brega, engraçado, não é?
    Hoje ele toca sax, piston e flauta como hobbie, mas na adolescência já teve suas fotos autografadas distribuídas nas rádios onde os Silver Jets tocavam.
    Não curto muito as músicas e nem o ritmos que o Reginaldo escreve e interpreta, com exceção de “A Rapoza e as uvas” rs.
    Mas respeito muito!!!!
    Olha que frase genial do Rossi que você já deve ter ouvido:
    É mais ou menos assim: “Não entendo a rapaziada de hoje em dia, não cheiro cocaína, prefiro cheirar a xereca das meninas”.
    Sensato não?
    Um abraço!

  3. Caralho que foda! muito lindo,eu fiquei pensando se sou a Ana Belle de alguém… ela devia ser linda mesmo Fiquei toda arrepiada! Adorei o jeito como vc escreve, tipo deixa claro que é uma pessoa simples, dada a palavrões e palavras chuulas mas com instrução me senti diante do narrador! muito lindo mesmo parabéns!

  4. Que bom que voltou com os contos, Philipe! Adorei! Só acho que você pulou muito rápido do encontro dos dois para a morte de Ana Belle. Deveria ter explorado mais a descoberta do outro cara na história, assim como a reação do Cajuão e a própria morte da menina.
    Essa é só a minha opinião, mas está de parabéns!
    Gostei muito do conto! :lol:

    Bjo!

  5. essa música é uma das mais bonitas do sr. Reginaldo, e é incrível como ela ainda faz sucesso quando tocamos ela em luais aqui em Recife. :]

    • preciso que alguem complete a letra dessa musica linda do Reginaldo.

      -Neste corpo meigo e tão pequeno
      há uma espécie de veneno
      tão gostoso de provar
      como pode haver tanto desejo
      nos teus olhos nos teus beijos
      no teu jeito de abraçar!
      e foi com isso que voce me conquistou
      com esse rosto de menina
      e esse jeito de mulher
      e nada existe em voce que eu não ame
      sou metade sem voce
      mon amour,meu bem,ma femme

      -me digam o que mais falta nessa letra?

      • Que legal,então!
        significa que a minha memória ainda está boa!
        olha Felipe,fiquei pensando no quanto é bom escrever, ultimamente.
        Mas depois de ler os teus escritos,fiquei com muita vontade de rabiscar umas palavras…
        qualquer dia desses eu apareço com algo.
        Mas como alguém já dise:
        voce tem (a fórmula)!
        parabéns!!
        um abraço.

  6. Adoro como você desenvolve uma coisa dessas de duas estrofes…
    =]

    Hey, não lembro em qual post, exatamente, mas me lembro de uma idéia que você disse ter tido nos tempos de escola: Escrever um conto por dia, durante um ano inteiro.
    Isso entrou na minha cabeça e combinei com uma amiga minha de fazermos juntas.
    Mas o negócio é osso, Philipe. Não achava que era assim tão difícil… quer dizer, a minha cabeça (a cabeça de todo mundo, acho) tá o tempo todo fazendo historinhas, mas acontece que sem necessariamente começo meio e fim, são mais como “cenas”, mas quando quero sentar pra escrever, aí é que fica difícil. Acontece que sou perfeccionista e passo facilmente mais de uma semana pensando num ÚNICO conto, consertando suas falhinhas, refazendo tudo, etc. E quando decido escrever, daí sim, são na média 10 horas (sem comer nem beber, e raramente pausa pro banheiro!) no “tec-tec” aqui no Word, apagando, escrevendo, corrigindo. Quando o conto acaba parece que corri uma maratona, e quando releio (ódio!) costumo ainda ficar insatisfeita.
    Puxa vida, queria ser uma máquina de contos.
    E então eu pergunto, Philipe, na maior sinceridade e esperando a resposta mágica mais completa possível:
    Comofas!?

    • Helena esta iniciativa sua é ótima. A culpa do blog existir foi em última instância dessa minha professora que me propôs este desafio, de fazer uma redação por dia. Bom, eu não sei se tem uma receita, o que eu posso dizer é que fazer uma redação por dia é tão difícil que não tem como exigir qualidade. Não se exija. Não busque escrever as melhores histórias do mundo. Apenas pense na meta e trabalhe nisso. A meta é escrever a redação, não escrever o texto perfeito. O texto perfeito vai acontecer no futuro, mas pra isso vc terá que fortalecer uma parte do cérebro que é como um músculo. (estou teorizando)
      Eu tenho um amigo que é um cartunista e certa vez presenciei uma discussão entre ele e um cara que estava começando. O cara não entendia como que el conseguia todo dia fazer varias tirinhas engraçadas. O meu amigo disse que no início era tudo meio sem graça, mas que com o tempo, ele pegou o tempo da piada. Acho que esse lance funciona na escrita também. Você vai forçando, no início é difícil, dói, a gente fica moído. Dá calo na mão (se vc escreve com caneta)… Mas então, quando vc menos espera, começa a ficar mais facil e vai ficando cada vez mais facil. è estranho, mas comigo foi assim. Eu não me preocupava muito com a qualidade e confesso que só comecei a reler o que eu escrevia quando comecei a blogar. Eu fazia errado, eu sei. O certo é escrever e dar uma lida atenta, para ver onde está rui e melhorar. Mas todo dia é foda. Vc quer se livrar, hahaha. Então passei a não ler. Escrevia e pronto. Depois comecei a impor certos desafios, como escrever e terminar a redação na última linha da folha, e depois no fim da ultima linha da folha. Outra coisa que vi ao longo deste tempo é que antes, no início eu separava duas coisas. Pensava e depois escrevia. Aí parava, pensava e escrevia novamente. Eu era como uma pessoa nadando debaixo d´água, que tinha que voltar à superfície o tempo todo. Não sei bem quando foi que comecei escrever pensando simultaneamente, e isso gerou um fluxo contínuo em que eu começo e só paro quando acabo, ou quando o telefone toca. É estranho quando acontece.
      O conselho que eu te dou é: Não exija a qualidade. Foque na meta. A qualidade vem a reboque da meta.

      • Desculpa mas, antes de tudo, tenho que dizer que adoro a atenção com que você me responde. Mesmo. Faço as perguntas mais cabulosas do mundo e voc~e poderia simplesmente responder: Bom, é assim: No começo é difícil, mas depois vai melhorando. Tenta bastante e não seja perfeccionista. É isso aí.
        Mas você pensa antes de responder e realmente tem a intenção de me ajudar. Isso me faz, com o sentimento mais sincero, gostar de você. Não como “figura incorpórea virtual”, mas como pessoa de verdade que suspeito que você seja aí do outro lado da tela. Puxa, Philipe, eu gosto de você.
        Agora vamos à resposta:

        Pois é, na teoria parece assim TÃO mais fácil. O negócio é insistir e insistir até que o negócio venha mais naturalmente, mesmo. Pois eu acho que vou continuar tentando, começando com uma meta menos “hardcore”, como uma redação por semana (o que já é um tremendo desafio pra mim!), sei lá. Acho que vou esperar o ano “começar de verdade”, por que daí vem mais assunto pra inspiração, pq em casa, nas férias, lendo “O Crime do Padre Amaro” (por iniciativa própria, acredite se quiser), sem contato com minha “parceira de redação” (de férias aí no Rio) não vem muito assunto na minha cabecinha não (já escrevi sobre o tédio, a solidão e a “pouca-vergonha na igreja”. Que mais?!).
        Acho que no fim do ano, até, se levar isso adiante, te envio uma “super-seleção-os-melhores-da-Helena-ever”, se meu perfeccionismo (já curado?!) me permitisse. Legal como você é, sei que até leria uns pedacinhos (sei que o seu tempo é curtinho =]), e isso me deixaria extremamente… Honrada (palavras de ninja xD).

  7. Suas historias são show demais cara, bem que podia fazer estilo seriado, que da vontade de ter continuacao com o mesmo personagem, ficaria showwwww.

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