Lembranças de outras vidas – Parte 2

Dando continuidade ao post anterior que tratava de crianças que lembravam de outras vidas, vamos nos debruçar mais um pouco sobre este tema tão intrigante e polêmico, que faz fronteira com diversas religiões e filosofias e é ao mesmo tempo, um desafio para a ciência estabelecida, que tem a obrigação de desmascarar fraudes e trazer à luz da verdade o que de fato está acontecendo.

A Reencarnação é uma ideia central de diversos sistemas filosóficos e religiosos, segundo a qual uma porção do Ser é capaz de subsistir à morte do corpo. Chamada consciência, espírito ou alma, essa porção seria capaz de ligar-se sucessivamente a diversos corpos para a consecução de um fim específico, como o auto-aperfeiçoamento ou a anulação do carma.

Será mesmo que a encarnação existe? A alma seria capaz de atravessar o tempo, voltando ao universo material de tempos em tempos? Se sim, qual a razão disso? Se não, como podem pessoas, muitas vezes ignorantes, produzir sofisticadas fraudes ao ponto de convencer especialistas de áreas diversas como História e Psicologia?

A verdade é que este é um assunto incômodo para muitas pessoas. Apesar de seu atrativo para multidões que esperam avançar em seus passos no desconhecido, há um numero crescente de pessoas cujas religiões abominam o conceito de reencarnação, pois isso não é o que está escrito em seus livros sagrados. Por outro lado, cientistas que poderiam se dedicar a estas pesquisas, muitas vezes se vêem impotentes diante de apenas evidências anedóticas.
No outro extremo, defensores da ideia de reencarnação encontram nos que investigam o mistério com ceticismo necessário a uma abordagem científica, ameaças ao seu sistema de crenças.

Ocorre que para o método científico certificar algo como verdade, é necessário muito mais que apenas relatos. Os relatos, são uma parte importante de muitas investigações, mas não se faz ciência somente com relatos, e é preciso fundamentar qualquer alegação, caso contrário ela será tida como uma falácia. A Ciência não se dá ao luxo de “acreditar” em nada. (pelo menos não deveria)
Isso é assim porque não se avança apenas acreditando. Se avança duvidando e desconfiando e buscando as respostas para um numero incontável de perguntas. Nem sempre a resposta que parece mais lógica é a correta, e um investigador não pode se contentar com uma única explicação.
Em todo caso, é muito difícil ir além dos relatos. A nossa sorte é que isso aqui é um blog e não um periódico científico, hehehe.

Mas contrariando os casos estranhos em que crianças surgem com alegações assustadoras como “Mãe, eu morri”, será possível encontrar casos de pessoas adultas que do nada parecem “ligar uma chave” na cabeça e lembrar de suas existências anteriores? A resposta é sim.

Segundo Diodoro Sículo, o próprio Pitágoras se lembrava de ter sido Euforbo, filho de Panto, que foi morto por Menelau na famosa Guerra de Troia.
Estranhamente, essa chave que ativa memórias antes inacessíveis acontece de forma espontânea ou forçada. Há casos em que pessoas retornam, de EQM (experiências de quase-morte) com tais lembranças. Isso nos deixa inquietos pensando: “como é possível?”
Embora na ampla maioria dos casos de crianças que se lembram de suas supostas vidas passadas as memórias surgem tão logo as crianças tem capacidade de se comunicar e desaparecem por volta dos seis anos de idade, há casos que mostram que existem variações. Um caso emblemático de lembranças de supostas vidas passadas pós-EQM pode ser encontrado na vida de Doroty Eady.

A SACERDOTISA DO NILO

Ela nunca mais saiu dali
Ela nunca mais saiu dali

Essa senhora aí em cima é Dorothy Eady. Ela viveu por anos às margens do Nilo, perto de um antigo templo, construído em honra do deus Osíris pelo faraó Seti I. Dorothy nasceu em 1903, no seio de uma família abastada de Londres, e sua história é algo que podemos chamar de Gump.
A própria Dorothy descreveu sua história em 1973, quando contou que ainda criança, quando brincava na mansão da família, tropeçou e caiu da escada, capotando pelos degraus violentamente até cair estatelada e “sem vida” lá em baixo.
Os empregados tentaram reanimá-la e rapidamente o médico da família chegou em seu socorro. Naquele tempo os meios de transportes eram precários, de modo que levou um grande tempo até o doutor ser avisado e chegar onde a menina estava.
Tão logo ele chegou, deu más notícias aos pais da garotinha:
-Ela está morta. Não há nada que se possa fazer.
Todos se desesperaram. O medico se encarregou de buscar a enfermeira, afim de preparar e amortalhar o corpo da criança para o velório. Momentos após ele sair, a menina de súbito voltou a vida.
O próprio médico quase caiu para trás quando ao chegar com a enfermeira na mansão, deu de cara com Dorothy brincando alegremente, como se nada tivesse acontecido. Exames mostraram que ela parecia absolutamente normal e bem disposta.

Um tempo depois, Dorothy começou a manifestar um comportamento incomum. Ela era encontrada escondida sob móveis e mesas. Seu comportamento havia mudado e ela confundia seus pais com um estranho pedido: -“Me levem pra minha casa!”.
Não adiantava explicar a ela que aquela era sua casa. Dorothy sabia que não era. Ela sentia que não pertencia à aquele lugar.
Um grande impacto sobre o comportamento da menina ocorreu tempos depois, quando visitava com seus pais o museu britânico. Naquele dia, ao adentrar a seção de egiptologia do museu, a menina “surtou”. Seu comportamento foi inicialmente interpretado como uma crise de loucura. Sem razão aparente, ela começou a beijar os pés das estátuas, agarrava-se a sarcófagos, gritando coisas ininteligíveis numa voz que sua própria mãe disse que era “estranha e antiga”. Em pequenos lapsos de lucidez, ela dizia que queria sair dali para ir ficar com “seu povo”.
Ela foi medicada e controlada com sedativos.
Seu pai ficou desconfiado que aquilo poderia ser mais que apenas uma loucura.
Tempos depois, Dorothy viu uma fotografia do templo construído pelo faraó Seti I que seu pai a mostrou. Assim que ela viu aquilo, disse que identificava o lugar. Ela disse ao seu pai que aquela era sua “casa verdadeira”, convicção que nunca mais abandonou.
As memórias iam voltando rapidamente. Ela lembrava do dia em que conhecera o faraó pessoalmente. Ela disse que ele era bondoso e amável.
à medida em que ela imerigia mais e mais nas fotos dos monumentos e ruínas dos egípcios, começou inclusive a identificar hieróglifos. Um professor de egiptologia do Museu Britânico se surpreendeu com sua facilidade para aprender a escrita dos egípcios, ao qual ela respondeu com: -“Não estou aprendendo. Só me lembrando!”
Em 1930 ela casou-se com um Egípcio e se mudou pra lá.
Ela deu o nome de Seti ao seu filho, e mudou seu nome para Um-seti (mãe de Seti). Durante 20 anos seguintes ela trabalhou como assistente em pesquisas arqueológicas, para passar mais tempo perto das ruínas. Só em 1952 ela conseguiu fazer a primeira peregrinação a Abydos, local do templo de Seti e o túmulo do deus Osíris.
Em 1954 ela se estabeleceu definitivamente em Abydos. Ali ela ajudava a cuidar do templo e orava diariamente a Osíris. Assim, Dorothy, agora Um-seti passou a ser a única devota viva da divindade.
Em 1973 sua devoção era tão grande que ela recebeu uma autorização especial para morar nas ruínas e ao morrer, ser enterrada ali.

Seria Dorothy uma verdadeira reencarnação de sacerdotisa egípcia?

Se apenas vendo objetos de cultos ancestrais ela se lembrou, o que poderemos dizer de pessoas que subitamente vivem outras vidas? Até que ponto poderemos diferenciar um episódio de loucura de uma súbita lembrança de outra vida? Se admitirmos a possibilidade de um corpo físico receber um espírito imortal, seria possível que duas almas habitassem um mesmo corpo em momentos diferentes?

O caso Bridey Murphy e as Recordações sob hipnose

Um comerciante do Colorado que estava estudando hipnose resolveu testar seu método de regressão de memória em uma dona de casa da região. Assim, surgiram revelações surpreendentes e inesperadas, que originaram uma busca pela mulher, supostamente morta um século atrás.
A dona de casa recebeu o nome Ruth Simmons (seu nome real foi preservado a pedido dela) era natural de Pueblo, no Colorado. Falando em estado hipnótico como Bridey Murphy, ela contou em detalhes a história de sua infância e seu casamento, sua morte e até mesmo seu funeral, que havia ocorrido no século XIX na Irlanda. Ela contou também sobre seu nascimento, nos Estados Unidos 59 anos antes.
Morey Bernstein, o hipnotizador transcreveu as memórias de Ruth Simmons em um livro chamado “A procura de Bridey Murphy”, publicado em 1956, ano em que virou best seller. A história revivida começa em 1806, quando ela tinha apenas 8 anos e vivia em Cork. Ela dizia ser filha de um advogado, Duncan Murphy e de sua esposa, Kathleen. Aos 17 anos ela se casou com um advogado San Brian McCarthy e muda-se para a cidade de Belfast. (note o volume enorme de dados)
Bridey mencionou que morreu de um tombo. Falou que viu -de um jeito que ela mesma não entendia – o seu funeral, sua lápide, e disse também detalhes sobre sua condição espiritual. Ela se espantou por não haver dor e também não haver bem-estar. Ela dizia que renascera na América, embora não conseguisse se lembrar nem sob hipnose de como o processo se dava.
Ruth Simmons nascera no Middle West Americano, em 1923, nunca estivera na Irlanda e não tinha nenhum vestígio de sotaque irlandês.
Bernstein ao publicar seu livro, não se deu ao trabalho de verificar as informações e dados dadas por Bridey, mas com o êxito comercial do livro, começou uma corrida para achar provas que comprovassem ou refutassem as memórias além túmulo de Ruth.
Diversos repórteres de veículos diferentes foram enviados à Irlanda para “Caçar” a vida de Bridey.
Estranhamente, muitos dos antecedentes relatados acabaram se confirmando.
Mas investigações mais apuradas começaram a colocar dúvidas no fenômeno a suposta reencarnação de Bridey.
Bridey disse que a data do seu nascimento era 20 de dezembro de 1798, em Cork, e sua morte em 1864. Porém, ninguém achou um registro oficial nem do nascimento e nem da morte. Também não se encontrou registros da casa de madeira chamada The meadows (Os Prados) em que ela disse ter vivido. Na realidade, em sua maior parte, as casas da Irlanda são de tijolos ou pedra e não de madeira. Ruth em seu estado hipnotizado dizia que o nome do marido de Bidey era “Si-an”, mas afirmou que poderia ser “Shawn”. Sean é habitualmente pronunciado Shawn na Irlanda. Brian, o nome pelo qual Bridey chamava seu marido, era o nome do marido de Ruth. Seria uma coincidência, ou as memórias de Ruth estariam perturbando e confundindo as lembranças do estado hipnótico?

Embora a falta de confirmação oficial do nascimento e da morte, além da casa ser discrepante com a média das construções locais, outros dados batiam perfeitamente. As descrições do litoral de Antrim eram muito precisas, como também a descrição da viagem entre Belfast e Cork. Ela declarou que visitara uma loja de Santa Teresa: Um local realmente existente, porém só construído em 1911. Ela dizia também que comprava coisas num mercado chamado Farr. Comprovou-se que tal loja existira.
Apesar das lacunas, os relatos de Ruth eram tão precisos que seria muito improvável que ela conseguisse certos conhecimentos.

Sabemos que as memórias desbloqueadas por meio de processo hipnótico de regressão de memória podem ser ao mesmo tempo, precisos e imprecisos. Essa taxa de imprecisão é o que impede que a regressão de memória seja amplamente usada juridicamente como “prova” em processos criminais. A pessoa hipnotizada se torna altamente sugestionável. Se as perguntas do hipnotizador não forem feitas corretamente, elas podem desencadear falsas lembranças. Como o cérebro humano possui uma fantástica capacidade de armazenamento de informações, lembranças falsas podem ser construídas a partir de uma série de fatores extrínsecos à questão encantatória, como filmes vistos, livros lidos na infância, registros construídos com base em sonhos que se confundem com memórias, etc.

Seria idiota acreditar que qualquer memória trazida à tona num processo de transe hipnótico corresponde rigorosamente à realidade. E muitas vezes, este é o problema com as hipnoses de regressão usadas para reavivar lembranças de pessoas que se julgam abduzidas por extraterrestres.
No entanto, a imprecisão que sabemos existir não é suficiente para descartar o método como uma opção real de obtenção de lembranças. Institutos de criminalística usam hipnose de regressão, já que mesmo não criando provas, essas lembranças podem jogar luz a aspectos a ser investigados, com provas físicas e processos tradicionais de investigação.
Geralmente é utilizada quando a vítima ou testemunha de um crime, sofreu traumas decorrentes da violência empregada pelo agressor ou por qualquer outro motivo, que resulte em bloqueio mental e, por isso, não consegue descrever o criminoso e nem fatos que ocorreram. Muito utilizada em casos de assalto, sequestro, estupro e atropelamentos em que a vítima ou testemunha está com amnésia total ou parcial em relação aos detalhes gerais ou fisionômicos que observou e não consegue descrever.
Inúmeros casos no mundo já foram solucionados usando este método, o que confirma que ele é um método válido num processo investigativo.

A hipnose pode se constituir, quando não se tem nenhum detalhe, no início da meada que pode desenvolver o emaranhado que representa, às vezes, a investigação policial, como tem acontecido em inúmeros casos. fonte

Em 1896 o fisiólogo Joseph Babinski relacionou o desaparecimento do reflexo cutâneo plantar normal à disfunção das vias piramidais (o teste de Babinski só é verificável a partir de alguns meses de idade, já que o bebê não apresenta o reflexo plantar). Conforme relatos encontrados na literatura sobre hipnose, numa regressão induzida à tenra idade, o teste de Babinski apresenta-se negativo, demonstrando que o indivíduo regride também fisiologicamente, acessando uma instância arcaica de sua neurologia.

Um individuo regredido hipnoticamente é capaz de acessar os “arquivos” cujos caminhos foram esquecidos no transcurso do tempo. Tal fato pode ser comprovado ao observamos pela primeira vez uma fotografia de nossa infância e, imediatamente, reconstituirmos os fatos associados com certa naturalidade: “puxa, lembro-me agora desta camisa de estampa laranja que ganhei de minha madrinha”; “tirei esta foto no terreno onde é a casa do Seu Juca”; “lembro-me agora que nesta época eu tinha um triciclo vermelho”. O fato é que a fotografia serviu apenas para eliciar o registro a muito esquecido.

Segundo Pincherle, uma hipnose regressiva pode ser usada para regressão de curto prazo, para melhorar a memória de determinados detalhes parcialmente esquecidos ou para regredir a fases traumáticas da infância, do parto, da gravidez e, em certos casos, para voltar a supostas “vidas anteriores”.

No caso, o que nos interessa neste post é justamente o aspecto das “vidas anteriores”.

O conceito de vidas anteriores é e deve ser discutido, já que não vemos isso como dogma religioso. Se isso de fato ocorre é dever da ciência descobrir como e porque. Do mesmo jeito que deve ser dever da ciência nos mostrar por A+B que as alegações desse mistério não tem fundamento, resumindo-se a um misto de misticismo histórico somado a negação da finitude da vida, conjecturas complexas e articulações históricas manipuladas para atender a construção desse mito. Será?

Há inclusive céticos que alegam que a reencarnação jamais deveria ser tema de estudos científicos, por se tratar de pseudociência. Eu discordo disso uma vez que não vejo na pseudociência uma doença da qual devamos fugir. Ao contrário, acho que a pseudociência é reflexo da falta da ciência objetiva se debruçar e explicar coerentemente certas questões. Se entendermos que a ciência joga “luz” sobre o desconhecimento, a pseudociência é um mar cinza de especulações e alegações com bases frágeis, onde ainda não temos certezas. Mas a incerteza não pressupõe o erro. E é por isso que fugir do assunto é uma postura condenável e covarde.

Também é inegável que aos poucos, a ciência se ocupa de estudar o fenômeno para além dos livros best sellers, propagandistas da imortalidade da alma, do espiritismo e assuntos correlatos.

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Há diversos artigos publicados em revistas indexadas que dão base à existência da reencarnação. Estas aqui constam na base CAPES.

  • Case of Reincarnation Type in Ceylon – The case of Disna Samarasinghe (1970) Journal of Asian And African Studies 5 (4): 241-255 1970 Stevenson I, Story F.
  • Characteristics of Cases of the Reincarnation Type in Turkey and their Comparison with Cases in Two Other Cultures. (1970) International Journal of Comparative Sociology (1970), 11, 1-17. Ian Stevenson
  • Reincarnation Cases in Fatehabad: A Systematic Survey in North India (Julho/Outubro de 1979) Journal of Asian and African Studies, 14:3/4 (1979:July/Oct.) p. 231-240 David Read Barker e Satwant Pasricha
  • American Children Who Claim to Remember Previous Lives (1983) Journal of Nervous and Mental Disease. 171:742-748 Ian Stevenson
  • Characteristics of Cases of the Reincarnation Type Among the Igbo of Nigeria (1986) Journal of Asian and African Studies XXI:204-216 Dr. Ian Stevenson
  • Three New Cases of the Reincarnation Type in Sri Lanka with Written Records Made before Verification (1988) Journal of Nervous and Mental Disease 176:741. Ian Stevenson e Godwin Samararatne
  • Past lives of twins.Lancet 1999 Apr 17; 353 (9161):1359-60 Stevenson I.
  • Psychological Characteristics of Children Who Speak of a Previous Life: A Further Field Study in Sri Lanka (Dezembro de 2000) Transcultural Psychiatry 37: 525 – 544. Erlendur Haraldsson, Patrick C. Fowler, e Vimala Periyannanpillai
  • Cases of the Reincarnation Type with Memories from the Intermission Between Lives (2005) Journal of Near-Death Studies 23(2):101-118 Poonam Sharma e Dr. Jim B. Tucker
  • Children’s Reports of Past-Life Memories: A Review Explore: The Journal of Science and Healing July 2008 (Vol. 4, Issue 4, Pages 244-248) Jim B. Tucker

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Outros casos de ataques ao conceito da reencarnação se dão no nível da análise do objeto de estudo. Ocorre que ao pesquisar o assunto, um investigador, coleta casos, e posteriormente os analisa. São essas análises especulativas do que pode causar a lembrança de outras vidas o alvo dos maiores ataques, pois realmente, essas especulações estão sujeitas a uma contaminação de cunho pessoal-religioso, ou estão em um campo inacessível para confirmar ou refutar corretamente.

Uma típica pergunta cética com relação a lembrança de vida passada é:

Como provar que foram vidas passadas MESMO? Tipo: No dia 25 de outubro de 1815, estava eu com Napoleão conversando calmamente. Como é possível comprovar isso historicamente? Digamos, alguma dessas crianças pode me dizer onde estão os livros perdidos de Aristóteles? Poderiam reescrever as peças de Sófocles?

Pesquisadores não ficaram muito felizes com a implicação das pesquisas de Ian Stevenson e criticaram duramente isso, e o Washignton Post publicou matéria a respeito: https://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2007/02/10/AR2007021001393.html?nav=hcmodule

Nele, lemos:

Mas o próprio Dr. Stevenson reconheceu uma falha gritante no seu caso, para a reencarnação: a AUSÊNCIA DE QUALQUER EVIDÊNCIA de um processo físico pelo qual uma personalidade poderia sobreviver à morte e transferência para outro organismo.

Como dizem, “Ausência de evidência não é evidência de ausência”. A “falha” na pesquisa de Ian Stevenson, é com relação ao mecanismo da reencarnação, seu modus operandi, ao qual Stevenson não arrisca um palpite. Ora, falta de explicação não é motivo para negar a observação. Basta lembrarmos o caso de Wegener com sua hipótese da Deriva Continental que foi negada por muitos cientistas da época em parte porque não se conhecia o mecanismo capaz de fazer os continentes se moverem – as placas tectônicas. Mas havia claras evidências de que os continentes se moviam, embora não soubessem COMO se moviam. Talvez este seja o mesmo caso de Stevenson: há claras evidências de que a reencarnação ocorre, embora não haja uma explicação (ainda) de como ocorre.
O Método usado por Ian Stevenson para catalogar e estudar crianças que se lembram de vidas passas foi testado por outros pesquisadores.
Já houve diversas replicações da pesquisa de Stevenson, e em TODAS essas replicações os cientistas chegaram à conclusão que uma explicação minimamente paranormal é necessária. Exemplos:

  1. A Partly Independent Replication of Investigations of Cases Suggestive Of Reincarnation (1979) European Journal of Parapsychology, 3, 51-65 Satwant Pasricha e Ian Stevenson
  2. A Replication Study: Three Cases of Children in Northern India Who Are Said to Remember a Previous Life Journal of Scientific Exploration, Vol. 3, No. 2, pp. 133-184, 1989 Antonia Mills
  3. New Cases in Burma, Thailand, and Turkey: A Limited Field Study Replication of Some Aspects of Ian Stevenson’s Research (1991) Journal of Scientific Exploration, Vol. 5, No. 1, pp. 27-59 H. H. Jurgen Keil
  4. Replication studies of cases suggestive of reincarnation by three independent investigators Journal of American Society for Psychical Research 88, 207-219 (1994) Antonia Mills, Erlendur Haraldsson, e Jurgen Keil
  5. Three Cases of the Reincarnation Type in the Netherlands (2003) Journal of Scientific Exploration, Vol. 17, No. 3, pp. 527-532 Titus Rivas

O Próprio papa do ceticismo, Carl Sagan abordou o tema:

Talvez em 1% das vezes, alguém que aparece com uma ideia que tem o cheiro, a sensação e uma aparência indistinguível da produção habitual da pseudociência provará estar com a razão. Talvez algum réptil desconhecido que restou do período cretáceo seja realmente encontrado no lago Ness ou na República do Congo; ou encontraremos artefatos de uma espécie não humana avançada em outra parte do sistema solar. No momento em que escrevo, acho que três alegações no campo da percepção extra-sensorial (ESP) merecem estudo sério: (1) que os seres humanos conseguem (mal) influir nos geradores de números aleatórios em computadores usando apenas o pensamento; (2) que as pessoas sob privação sensorial branda conseguem receber pensamentos ou imagens que foram nelas “projetados”; e (3) que as crianças pequenas às vezes relatam detalhes de uma vida anterior que se revelam precisos ao serem verificados, e que não poderiam ser conhecidos exceto pela reencarnação. Não apresento essas afirmações por achar provável que sejam válidas (não acho), mas como exemplos de afirmações que poderiam ser verdade. Elas têm, pelo menos, um fundamento experimental, embora ainda dúbio. Claro, eu posso estar errado.

Sagan, embora não acreditasse na reencarnação, reconhecia que se tratava de um mistério que merecia maior investigação.
Eu tenho a sensação que Sagan tinha o pé atrás (com razão) porque esses casos envolvem um fator complicador que é a fé. A fé não deveria existir em um método cientifico, pois poderia afetar os resultados e atrapalhar a busca pela verdade. Por outro lado, se pensarmos que a fé é um elemento intrínseco da personalidade humana, como dissociá-la da Ciência, que é por si só, uma atividade eminentemente humana?

Outro fato que muitos céticos usam como recurso é a alegação de que os aspectos culturais influem diretamente na capacidade de lembrança de vidas passadas. Entendendo:

É muito mais fácil encontrar relatos de lembranças de vidas passadas entre os Hindus (o hinduísmo aceita a reencarnação) do que os muçulmanos (o Islamismo não aceita a reencarnação). De fato, essa é uma ideia inteligente que poderia mostrar que aspectos culturais influem diretamente nessas supostas lembranças, jogando por terra a ideia de que trata-se de um mecanismo natural ainda desconhecido, que por ser natural, deveria desconhecer a religião, produzindo reencarnações de hindus no meio de muçulmanos e vice-versa.
Mas será mesmo que não tem?

Num artigo no Times of India, Sukhwant Singh contestou por que até agora não existem quaisquer casos de crianças lembrando de vidas passadas na comunidade muçulmana.

Graças a Dra. Satwant Pasricha que é chefe do Departamento de Psicologia Clínica do National Institute of Mental Health and Neurosciences em Bangalore (NIMHANS), foram achados alguns casos de reencarnação no meio de muçulmanos sunitas que, guiados por seus ensinos religiosos, não acreditam na reencarnação (algumas comunidades muçulmanas xiitas endossam a ideia da reencarnação).

A Dra. Satwant K. Pasricha investigou mais de 400 casos. A maior parte destes casos aconteceu nas comunidades religiosas de hindus, Siques e Jainistas que acreditam na reencarnação; alguns casos também aconteceram no meio dos muçulmanos sunitas que não acreditam na reencarnação. Mudanças de religião, em graus variados, foram reportadas em alguns destes casos. Foi considerada uma mudança secundária se ela tivesse acontecido em casos no qual uma criança alega lembrar da vida de uma pessoa que pertencia a uma religião ligeiramente diferente (de hindu até Jainista ou Sique e vice-versa). Existem também casos em que as crianças lembram ter pertencido numa vida prévia a uma religião que era fortemente diferente da sua atual. Por exemplo, quando uma criança hindu lembrava de ter sido um muçulmano na vida prévia e vice-versa, isso é considerado como um caso de importante alteração na religião.

Uma análise de 400 casos revelou que 26 sujeitos eram muçulmanos que lembraram terem sido muçulmanos na vida prévia (19 casos) ou hindus que lembraram terem sido muçulmanos (7 casos). Existiram sete casos de muçulmanos nos quais nenhuma mudança de religião foi reportada. Estes relatórios de caso foram publicados no jornal NIMHANS, edição de abril de 1998, pp 93-100 e também submetido ao jornal da American Society for Psychical Research para publicação, segundo a Dra. Pasricha.

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O caso Nagina

Nagina nasceu em outubro de 1990 numa cidade no distrito Farrukhabad, U.P. Seu pai, Amaruddin, era um motorista em Tonga. A família pertencia à seita dos muçulmanos sunistas que não acreditavam na reencarnação. Eles eram membros da classe socioeconômica média para baixa. Quando Nagina estava perto de fazer 1 ano de idade e antes de começar a falar, ela costumava tentar se comunicar por gestos. Ela fazia um gesto de acender um fósforo e apontá-lo para sua cabeça. Este comportamento começou quando uma das tias de Amaruddin, que estava os visitando, pediu algum óleo para massagear sua cabeça. Nagina trouxe uma garrafa com querosene dentro. A tia disse ter se surpreendido, pois ela pediu óleo de mostarda e perguntou o que faria com querosene. Nagina então mostrou, pelo gesto, como ela (na vida prévia) despejou querosene em sua cabeça e se deixou queimar por um fósforo aceso. Com três anos, quando Nagina podia claramente falar, ela deu mais detalhes sobre uma vida prévia. Ela disse que ela era Oma, uma professora, e que ela teve duas filhas e dois filhos. Suas declarações também incluíram os detalhes de como ela teve uma briga com seu marido e se deixou queimar depois de se banhar com querosene.

Uma mulher chamada Oma Devi viveu algumas jardas de distância da casa de Amaruddin. Ela era casada e tinha quatro crianças: duas filhas e dois filhos. Ela era uma professora numa escola no distrito Etah, e seu marido vendia livros e imóveis em Mohammadabad. O casal não se dava bem. Em 19 de maio de 1987 eles tiveram uma briga séria; Oma Devi molhou-se com querosene e se sacrificou. Seu corpo foi completamente carbonizado; ela tinha na época 47 anos. Ao ouvir as reivindicações de Nagina, os filhos de Nagina Oma Devi foram para casa daquela. O filho mais jovem de Oma Devi expressou reservas sobre o caso, mas não o negou completamente. Seu filho mais velho estava seguro que Nagina era sua mãe renascida. Sua convicção derivou do comportamento de Nagina e do conhecimento desta a respeito de certos eventos na vida de Oma Devi que ele acreditava não ser conhecido por estranhos.

Comportamento incomum de Nagina:

Nagina mostrava um comportamento que refletia sua preocupação com a maneira em que morreu em sua alegada vida prévia. Ela também exibia um comportamento ajustado aos filhos de Oma Devi e dava informações que não eram de domínio público. Quando o marido de Oma Devi morreu em abril de 1996, Nagina ficou muito angustiada (ela tinha mais ou menos 5 anos e meio naquela época).

Marcas de nascença em Nagina:

Os pais de Nagina, e também alguns outros informantes, noticiaram marcas sugestivas de queimaduras no corpo dela quando nasceu. Num exame em dezembro de 1995, duas marcas foram claramente observadas em seu corpo. Estas eram áreas hipopigmentadas sob o queixo de Nagina e na parte inferior de seu abdômen.
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A ciência, em geral, não se presta a provar ou não a reencarnação ou a ressurreição. Isto porque o aspecto subjetivo que sustenta as ideias da ressurreição e da reencarnação dificulta eventuais demonstrações científicas, fazendo tais ideias aportarem então no âmbito da fé e da crença, o que não significa necessariamente qualquer falta de mérito de qualquer uma delas, senão que se limitam ao campo da fé e da experiência individual. Por mais evidentes que possam parecer determinados relatos, cientificamente, sob os atuais domínios do conhecimento científico estrito, não estão provados. A falta de provas, no entanto, não significa que estejam errados.

Fraudes?

De fato, a ampla maioria dos céticos que criticam tais estudos de casos, por melhor descritos que sejam, alegam  que são evidências anedóticas coletadas retrospectivamente de modo que não eliminam a possibilidade de fraude. De fato, normalmente não há muito controle contra a fraude, porém, os pesquisadores dos aspectos reencarnacionistas  apontam que existem características típicas de tais casos que seriam difíceis de serem fraudadas, tais como os defeitos e as marcas de nascimento, e as fobias demonstradas pelas crianças.

No entanto, tais casos são descritos retrospectivamente – uma fobia específica, determinada marca de nascença ou preferências pessoais, são explicadas encontrando-se relatos de pessoas que morreram de determinada forma, tiveram algum tipo de lesão ou tinham determinadas preferências. Como qualquer fobia pode ser relacionada a alguma pessoa que já apresentou morte pelo objeto da mesma, não há nenhum local do corpo onde se possa ter uma marca de nascença que alguém não tenha se ferido e preferências pessoais não são exclusivas, para eles, tais relatos não teriam grande valor científico.

Tais céticos são contestados pelos estudiosos da reencarnação sob o argumento de que Relato de Casos Anedóticos não são a mesma coisa que Estudo de Casos. E simples Estudo de Casos não é a mesma coisa que Estudo de Casos com Tentativa de Controle de Variáveis Envolvidas e Tentativa de Avaliação Quantitativa.

Os estudos CORT (Cases of Reincarnation Type – Casos do Tipo Reencarnação) não estariam incluídos na primeira categoria (que é a mais fraca), nem na segunda (de força mediana). Eles fariam parte do terceiro grupo, que possui força bem superior: Estudo de Casos com Tentativa de Controle de Variáveis Envolvidas e Tentativa de Avaliação Quantitativa.

Recentemente, o cético Richard Wiseman tentou reproduzir as demais características dos CORTs por meios normais, sem sucesso.

Nas palavras do pesquisador Jim B. Tucker, o estudo de Wiseman “demonstra que coincidência fracassa em explicar partes importantes dos casos, embora sua intenção tenha sido mostrar o oposto”. Tucker considera também que tal estudo demonstra que a fraude não pode ser aplicada aos casos resolvidos com registros escritos antes das verificações. Além disso, já foi possível fazer testes controlados numa minoria desses casos. Tucker cita dois desses casos no seu livro Life Before Life (2005): o de Gnanatilleka Baddewithana e o de Ma Choe Hnin Htet, e argumenta que tais casos enterrariam de vez as críticas dos céticos de que a fraude ou a coincidência seriam explicações razoáveis para os casos de reencarnação.

Alguns críticos também argumentaram que casos de reencarnação não são particularmente interessantes por causa da possibilidade que eles podem ter sido embelezados quando a família da criança entra em contato com a família da personalidade prévia antes da documentação das memórias de renascimento da criança ter sido feita, aumentando a possibilidade que o câmbio de informação entre as duas famílias possa ser o responsável para as memórias detalhadas da criança, e não reencarnação (por fraude e/ou falsas memórias).

Esta hipótese, embora plausível em alguns casos, foi rejeitada pelo outro avanço principal na pesquisa de reencarnação, o de localizar casos em que documentação é feita antes de tentar achar a família da personalidade prévia, o que não impede necessariamente fraudes ou simples coincidências. Embora seu número seja pequeno (apenas 33 dos 2.500 na coleção da Universidade de Virginia, tais casos parecem fornecer um argumento mais forte a favor da reencarnação. O Dr. Stevenson (1974) foi um dos primeiros a localizar casos como estes, e outros independentemente foram encontrados por Mills, Haraldsson, e Keil (1994), e mais recentemente por Keil e Tucker (2005).

Indícios físicos de vidas passadas?

Um dos aspectos mais estranhos das pesquisas de Ian Stevenson, detalhado em seu livro “Reencarnação e Biologia: Uma Contribuição à Etiologia das Marcas de Nascença e Defeitos de Nascença” aponta que alguns casos de crianças que se lembram de vidas passadas possuíam estranhas marcas de nascimento que pareciam estar ligadas diretamente à forma como teriam morrido em outra vida.

Purina Ekanayake em 23/09/1998 na Cidade de Bakamuna. No quadro ao lado, a menina relata vinte lembranças de sua vida passada, das quais quatorze foram confirmadas como fatos ocorridos com Jinadasa, identidade de Purnima em sua suposta vida anterior
Purina Ekanayake em 23/09/1998 na Cidade de Bakamuna. No quadro abaixo, a menina relata vinte lembranças de sua vida passada, das quais quatorze foram confirmadas como fatos ocorridos com Jinadasa, identidade de Purnima em sua suposta vida anterior

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O caso de Purnima

Conforme seus pais relataram, Purnima falava de uma vida anterior desde os três anos de idade. Ela parecia bem ajustada psicologicamente, feliz em sua família e era uma criança aplicada na escola. Sua comunicação era clara e todos os seus relatos ao longo das várias entrevistas mantiveram coerência e linearidade, sem contradições.

Logo após o seu nascimento, a mãe de Purnima notou marcas de nascença como grandes aglomerados de hipopigmentação (nevos) à esquerda da linha média do peito, e sobre as costelas inferiores.

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Quando Purnima começou a falar dos eventos passados, em 1990, seus pais deram pouca atenção. Foi só no início de 1993, que dedicaram algum interesse a seus persistentes relatos. A primeira afirmação incomum que Purnima repetidamente verbalizava quando criança foi: “As pessoas que dirigem mais pessoas na rua são pessoas ruins”. Purnima também fez declarações sobre um acidente fatal com um veículo de grande porte (Zoku uahana geralmente significa um ônibus ou caminhão). Ela relatou que em seguida à sua morte flutuou no ar na semiescuridão por alguns dias, viu pessoas chorando em luto e também seu corpo no funeral: “Havia muitas pessoas flutuantes ao redor, então eu vi uma luz, fui lá e vim aqui (para Bakamuna)”.

Purnima falava que sua família anterior fazia incenso Ambika e os pais pensavam que ela poderia estar sugestionada pela publicidade de uma empresa de joias que a televisão mostrava com o mesmo nome. Isso foi apurado e verificou-se que eram apenas duas marcas distintas e a de incenso era produzida na região.

Aos 4 anos Purnima viu um programa de televisão sobre o templo Kelaniya (145 milhas de distância de Bakamuna) e afirmou que ela reconhecia o templo, e que tinha vivido do outro lado do rio Kelaniya, próximo à edificação.

Em janeiro de 1993, um graduado da Universidade Kelaniya, W.G. Sumanasiri, foi nomeado professor em Bakamuna, e buscou confrontar os relatos de Purnima, que lhe forneceu outros itens para serem verificados como: ela vivia no outro lado do rio do templo Kelaniya e vendia incenso em uma bicicleta. Estes itens não foram incluídos na tabela por serem mencionados somente depois do encontro dos pesquisadores com Sumanasiri.

Em sua primeira verificação, Sumanasiri foi a Kelaniya acompanhado por seu cunhado Tony Modalige. Eles confirmaram as descrições de Purnima sobre o local próximo ao templo e encontraram três pequenas empresas familiares produtoras de incenso. Uma delas produzia as marcas Ambika e Geta Pichcha. O proprietário era L.A. Wijisiri, associado de Jinadasa Perera, que havia morrido em um acidente com um ônibus quando levava incenso ao mercado numa bicicleta, em setembro de 1985. Duas semanas mais tarde, Sumanasiri, Purnima e seus pais fizeram uma visita surpresa a Wijisiri e sua família em Angoda. Antes de chegar, Purnima sussurrou novamente à sua mãe: “Eu tinha duas esposas e este é um segredo”.

Durante o contato com a menina, Wijisiri ficou confuso e quis mandá-los embora. Então, Purnima começou a perguntar detalhes sobre vários tipos de pacotes de incenso que fabricavam e só então Wijisiri dedicou atenção à sua história.

Purnima percebeu que os pacotes pareciam diferentes e perguntou a Wijisiri “Você mudou a embalagem dos pacotes?”

De fato, Wijisiri havia alterado a cor e o desenho dos pacotes de incenso. Ela perguntou sobre amigos de Jinadasa, como Somasiri e Padmasiri, irmão Wijisiri e também sobre sua mãe, esposa e irmã (de Jinadasa), mencionando os nomes com precisão. Foi apurado depois, pela família de Wijisiri, que Jinadasa de fato, tinha duas esposas.

Anteriormente, os investigadores do caso perguntaram a Purnima se ela sabia como o incenso é feito. Ela respondeu que sim e relatou o processo detalhado com segurança. Os pais de Purnima desconheciam o processo, assim como os investigadores da Universidade e os intérpretes.

Mais tarde Wijisiri mostrou o processo que era exatamente da maneira que Purnima tinha descrito.

Resumindo os pontos fortes deste caso:

As localizações das duas famílias eram muito distantes, e as mesmas não se conheciam

Um terceiro conseguiu encontrar a pessoa que combinava com as declarações de Purnima

Quatorze de dezessete declarações que poderiam ser encontradas foram verificadas corretamente

Jinadasa havia morrido dois anos antes de Purnima nascer

Evidências de conhecimento sobre a fabricação de incenso, incomum para uma criança, o que Purnima explica como decorrentes de sua vida anterior.

As marcas de nascença de Purnima estavam de acordo com a área das lesões fatais de Jinadasa

O relatório descreve: fratura das costelas, 1 e 2, 8, 9 e 10, lateralmente à esquerda; fígado rompido; baço rompido; pulmões foram penetrados por costelas quebradas.       (Relatório post-mortem de G . Jinadasa 10/04/1985
O relatório descreve: fratura das costelas, 1 e 2, 8, 9 e 10, lateralmente à esquerda; fígado rompido; baço rompido; pulmões foram penetrados por costelas quebradas.
(Relatório post-mortem de G . Jinadasa 10/04/1985)

 

Pode-se afirmar que o caso de Purnima Ekanayake é de qualidade incomum, combinando declarações verificadas corretamente, marcas de nascença e conhecimento e habilidades da vida anterior.

A principal fraqueza do caso é o fato de que nenhum registro das declarações de Purnima foi feito quando ela começou a falar sobre a sua vida anterior antes da investigação controlada.

Os relatos de Purnima

  1. Eu morri em um acidente de trânsito e vim parar aqui. (verificada)
  2. Minha família fazia incenso e não tinha outro trabalho. (verificada)
  3. Nós fazíamos incenso Ambika. (verificada)
  4. Nós fazíamos incenso Pichcha Geta. (verificada)
  5. A fábrica de incenso é perto de uma fábrica de tijolos e perto de uma lagoa. (verificada)
  6. Primeiro só a nossa família trabalhava e, em seguida, duas pessoas foram empregadas. (indeterminada)
  7. Tínhamos duas vans. (verificada)
  8. Tínhamos um carro. (verificada)
  9. Eu era o melhor fabricante de incensos. (indeterminada)
  10. Na vida anterior eu era casado com uma cunhada, Kusumi. (verificada)
  11. O proprietário da fábrica de incensos, (Eu) tinha duas esposas. (verificada)
  12. Meu pai anterior era ruim (o pai presente é bom). (indeterminada)
  13. Pai anterior não era um professor como o pai presente. (verificada)
  14. Eu tinha dois irmãos mais jovens (que eram melhores do que os irmãos presentes). (verificada)
  15. O nome da minha mãe era Simona. (verificada)
  16. Simona era muito justa. (incorreta)
  17. Eu estudei na escola Rahula. (verificada)
  18. A escola Rahula tinha um prédio de dois andares (não como em Bakamuna).(incorreta)
  19. Meu pai disse: você não precisa ir à escola, você pode ganhar dinheiro fazendo incenso. (incorreta)
  20. Eu só estudei até a 5ª série (verificada)

Total: Verificadas (14), incorretas (3), indeterminadas (3)

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Os casos envolvendo marcas corporais físicas que se associam a uma suposta vida anterior trazem uma nova dimensão de estranheza à questão reencarnacionista. Isso porque se admitirmos a possibilidade de que o espírito, alma, consciência ou seja lá que nome você queira dar,  exista, ele sempre foi concebido como algo imaterial. Seria a grosso modo, como o líquido numa jarra de suco. Se pensarmos na jarra como o corpo físico, o líquido dentro dela se moldaria à aquela forma. O conceito de uma reencarnação produzindo alterações físicas no corpo subsequente parece estranho, porque seria como ao colocar cerveja (que vem de uma latinha) na jarra de suco vazia, a cerveja produziria uma “mutação” na jarra de suco para parecer ligeiramente com uma latinha, afinal a cerveja veio de uma latinha.

Talvez o que nos causa estranheza nesses casos seja a ideia pré-concebida de que o corpo é apenas um invólucro para transportar nossa consciência, que efetivamente, pode nem estar nele na questão do tempo-espaço, mas sim se manisfestando nele. Pensar sobre isso é mais fácil recorrendo a ideia de um radio. Se eu ligo meu radinho numa FM e toca Madonna, eu posso dizer com toda certeza que a Madonna não está ali dentro. Se eu abrir o radinho, vou chafurdar peça a peça e jamais acharei a Madonna. Mas a Madonna toca no radinho. Talvez a consciência e o fator “alma” que tanto buscamos localizar nas estruturas fisiológicas do cérebro, não seja fácil de achar pelo simples fato de que pode não estar lá. Podemos ser apenas “radinhos” tocando “estações” que são o que chamamos de “eu”.

 

Obviamente que esta ideia também pode estar errada. Em todo caso, se os relatos envolvendo a manifestação de uma consciência entre dois corpos em tempo/espaço distintos que chamamos de reencarnação estiver correta e ela admitir que mortes numa vida passada podem manifestar referências físicas no corpo posterior, isso indica que talvez parte do nosso corpo pode ser afetado diretamente pela alma que se abrigaria nele.

Eu não sei como isso é possível, mas o caso me lembra um relato de um amigo meu dos tempos de faculdade.

Ele era do quinto período e eu do terceiro, mas nós fazíamos algumas disciplinas juntos, porque eu pegava muita matéria de uma só vez para acabar logo a faculdade de Psicologia.

O cara estava na época, fazendo estágio numa clinica de hipnoterapia da Barra da Tijuca, no Rio. Um dia ele – que sabia que eu gostava de coisas estranhas – veio até mim e disse: “Cara, você não sabe o que foi que me aconteceu!”. Eu imaginei de cara que ele tivesse visto um disco voador, já que na época eu andava bem ativo na pesquisa ufológica. Mas não era nada com relação a Ets, embora fosse também algo bem bizarro.

Fomos tomar um refri na pizzaria e ele me contou que numa sessão de hipnoterapia, apareceu um paciente que era um oficial militar da reserva. Este homem tinha procurado a hipnoterapia como último recurso em função de um problema de gastrite-quase-úlcera que não consertava com nada. Ele relatava ter problemas de estômago “desde sempre”, embora o quadro viesse se agravando com o tempo. Nenhum medicamento consertava o problema, apenas atenuando os sintomas.

Como ele tinha um amigo que havia parado de fumar com ajuda de hipnose, resolveu procurar a mesma ajuda,  pois desconfiava que seu problema tinha “fundo nervoso”.

Este meu amigo estava presente como hipnoterapeuta auxiliar justamente na sessão de regressão, quando o militar foi levado a transe profundo e então regressou até a “origem” do problema.

Surpresos eles viram o homem começar a falar enrolado. Foi meu amigo que percebeu que ele estava falando em francês. Aquilo inviabilizava o tratamento, na medida em que ao entrar no “modo francês” ele não conseguia receber comandos do terapeuta, e apesar dos esforços, ele entendia mas não passava para o português de jeito nenhum. A sessão foi interrompida e retomada no mesmo dia, quando uma das sócias que havia feito doutorado na França chegou à clínica.

O paciente foi novamente levado ao estagio de regressão, onde entrou no modo francês. A sessão ia sendo traduzida. O que eles ouviram do homem foi de arrepiar os cabelos. O militar contou que era um sentinela armado com uma lança. Dizia que podia ver claramente o chão de pedra, mas estava escuro. Ele não se recordava exatamente em que lugar estava, mas a memória era vívida de estar na entrada de uma cidade. Durante longos momentos ele falava um francês enrolado, incompreensível.  O que meu amigo contou é que o sujeito estava de guarda quando ouviu o som de um cavalo se aproximando a galope rápido. Havia neblina e um cavaleiro passou por ele em alta velocidade, estocando-lhe uma lança na barriga.

Neste momento, o paciente em transe se contorceu de dor, e num urro dramático, vomitou o chão da clínica. Meu amigo se espantou ao ver a cena, que disse com essas palavras: “se foi falso o cara tinha que ganhar todos os Oscar existentes”.

Assim que ele foi “atravessado” pela lança que o atingiu no estômago (veja a correlação se manifestando) e o matou, ele voltou ao tempo de sua infância, indicando que poderia ser aquela sua última encarnação.

-E você acredita nisso? – Eu perguntei ao meu amigo. O que ele me disse foi algo bem emblemático que nunca mais esqueci:

-“Não importa! Não importa o que eu pense ou deixe de pensar. O cara pode ter fantasiado, pode ter estudado francês na juventude, pode ter lido a cena num livro de Alexandre Dumas,  inclusive ter sintonizado a vida de alguém em outra dimensão… Mas isso não faz a mínima diferença. É irrelevante, seja realidade, seja fantasia. Se o cara melhorou, se a sessão de hipnose fez ele ficar bom do estômago, é isso que importa e apenas isso”.

Talvez a frase emblemática de meu amigo possa se aplicar aqui. Pode ser irrelevante nossa busca a entender como uma criança pode, deliberadamente, lembrar-se de uma vida passada com detalhes que ela não teria nem ao menos condições de pesquisar. Talvez isso simplesmente aconteça como parte dos mistérios que envolvem a vida, a morte, a existência e o divino. Talvez a busca pela verdade seja como um cão correndo atrás do próprio rabo, sem nunca alcançar.

Há referência recentes a conceitos que poderiam lembrar a reencarnação na maior parte das religiões, incluindo religiões do Egito Antigo, religiões indígenas, entre outras. A crença na reencarnação também é parte da cultura popular ocidental, e sua representação é frequente em filmes de Hollywood.

A reencarnação é um dos pontos fundamentais do Hinduísmo (já pregava esse conceito 5 mil anos antes de cristo), do Jainismo, do Taoísmo, do Culto de Tradição aos Orixás (Òrìsà) que já difundia esse conceito 5 mil anos antes de Cristo, do Rosacrucianismo, do Espiritismo, da Teosofia, do Vodu, da filosofia platônica, etc. Existem vertentes místicas do Cristianismo como, por exemplo, o Cristianismo esotérico, que também admitem a reencarnação.

A crença na reencarnação tem suas origens nos primórdios da humanidade, nas culturas primitivas. De acordo com alguns estudiosos, a ideia se desenvolveu de duas crenças comuns que afirmam que:

  • Os seres humanos têm alma, que pode ser separada de seu corpo, temporariamente no sono, e permanentemente na morte;
  • As almas podem ser transferidas de um organismo para outro.

Se um dia descobriremos a verdade que se oculta nas sombras do desconhecido, é um mistério. Mas uma coisa é certa: Nunca saberemos se essas pesquisas não forem levadas à diante.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

    • Cara nem sou fascinado exatamente, acho apenas interessante. É que eu quase sempre faço uns posts bem grandões. Neste caso, eu acho interessante porque eu tenho um primo (eu nem citei isso no texto) que desde pequenininho lembrava ter sido caçador de peles no Alasca.

  1. Me lembrei do relato que Swami Rama faz no livro dele, Vivendo com os Mestres do Himalaia, de um mestre yogue, usando uma técnica já conhecida, move seu fluxo vital para o corpo de um menino que morreu e foi deixado boiando no rio, um tempo depois, desse yogue ter se apossado do corpo, ele vem conversar com swami rama e ele explica com muita naturalidade aquele fato do yogue ter ressuscitado aquele corpo. E também acho até mais fácil essas histórias de reencaranção serem mais comuns na India por exemplo, como já é da cultura deles, um individuo por exemplo não será recriminado e nem sofrerá algum tipo de bloqueio por dizer que tem memórias de uma outra vida, numa outra cultura mais restritiva essas memórias seriam vistas apenas como lapsos de pensamento.
    Tem também umas das 6 yogas de Naropa que é focada em ter dominio sobre o fluxo vital de modo a fazer a conscência a sair do corpo livremente. Philipe, seria interessante você dar uma pesquisada também nos corpo do arco-iris, fenomeno que acontece na morte de alguns yogues relaizados.

  2. a maioria que acredita, queria ser rei, principe, princesa, etc, em suas vidas passadas. acho que eu era uma pessoa comum. talvez até um animal.
    Talvez isso explique alguns Deja-vú que tenho.

  3. Excelente post, novamente!
    Eu, como espírita, fico feliz em ver que alguns cientistas se interessam em estudar esse fenômeno, e estou certo de que quando a Ciência estiver preparada para tal, pela descoberta de novas formas de energia, elementos e processos, poderá ratificar o que, agora – para parte da Ciência relacionada – não chega a ser uma teoria.

    • Saudações, Altyer.
      Confesso que não sou adepto da doutrina espírita, embora reconheça que seja um tema fascinante, que causa acaloradas discussões até hoje.
      Como espírita declarado, gostaria que você explicasse alguns questionamentos que existem sobre a questão, se souber, ou se estiver ao seu alcançe. São vários, mas destaco dez deles:

      1 – se a reencarnação presta-se a melhorar o que se fez em vidas anteriores, a vida seguinte sempre seria um “castigo” por uma má existência anterior?

      2 – ainda assim, porquê o “reencarnado” não trás consigo a recordação dos “erros” cometidos, para que não volte a repetí-los? Ademais, devo pagar neste corpo por algo errado que fiz em outro?

      3 – foi um ser humano quem cometeu o primeiro pecado que motivou a sucessão de reencarnações, ou o primeiro “erro” teria sido cometido por um ser incorpóreo, supostamente mais elevado, motivando-se assim a criação do primeiro “corpo” para o “aprendizado”?

      4 – com o passar do tempo, e das sucessivas reencarnações, espíritos “aperfeiçoados” deixariam de reencarnar, logo, haveria cada vez menos necessidade de corpos, e a humanidade caminharia para a extinção. Não é o que acontece atualmente, pois a humanidade cresce a cada ano.

      5 – se o “espírito” nasce “com defeito” e precisa ser aperfeiçoado, seu “criador” não produz espíritos que não precisem de “escola”?

      6 – se o espírito carrega consigo a capacidade infinita de se aperfeiçoar, em algum momento será capaz de ser perfeito, logo ser Deus?

      7 – porquê os espíritos não se manifestam sozinhos neste plano, sempre dependendo de intermediários (médiuns), já que podem “aparecer” para algumas pessoas?

      8 – pode um “espírito ainda imperfeito” se rebelar e se recusar a reencarnar, sabendo que passará por uma existência de sofrimento? Sofrer por sofrer, deixa tudo como está.

      9 – de que modo uma existência terrena, num “corpo terreno” pode melhorar a situação de algo que, pode definição, ocupa um plano mais elevado de existência?

      10 – reencarnação só acontece no planeta Terra, ou espíritos poderiam “reencarnar” em seres de outros planetas, havendo assim uma espécie de intercâmbio intergalático de reencarnações?

      • Me intrometendo no lugar do Altyer, vou dar a respostas das 10 questões no limite do meu conhecimento sobre o assunto, na ótica espírita:

        1 – se a reencarnação presta-se a melhorar o que se fez em vidas anteriores, a vida seguinte sempre seria um “castigo” por uma má existência anterior?
        R: Não. A reencarnação é um veículo de elevação do espírito, que por sua vez está sujeito a leis universais. Entre elas uma das mais citadas no meio espírita é a da “ação e reação”. O espírito tem liberdade para exercer as suas escolhas (livre-arbítrio), porém não pode fugir da responsabilidade e das consequências das escolhas que toma. Assim sendo, uma reencarnação pode sim ser uma reparação por algo de errado que se fez (eu particularmente prefiro falar em “consequência de uma escolha que se fez”). Mas não se limita a isso. Pode ser uma encarnação de provação (na qual o espírito é testado), de missão (a qual o espírito se destina a fazer grandes obras), de aprendizado, etc. Claro que, essas coisas acabam se misturando, mas de forma geral, não é um “castigo”, mesmo porque para muitos espíritos uma encarnação pode ser uma oportunidade, ou até mesmo uma conquista ou merecimento. Exemplo: Para nós viver no meio da sociedade terrena, cheia de crimes e falhas de caráter pode parecer um suplício, mas para um espírito que estava acostumado com um estado ainda mais bárbaro, com violência mais declarada e presente, a Terra pode representar um belo avanço.

        2 – ainda assim, porquê o “reencarnado” não trás consigo a recordação dos “erros” cometidos, para que não volte a repetí-los? Ademais, devo pagar neste corpo por algo errado que fiz em outro?
        R: O encarnado trás através de intuições e sentimentos a recordação dos erros cometidos. São ferramentas que auxiliam o espírito reencarnado a superar suas provas. São muitos casos para que eu consiga listar aqui e dependem de uma combinação de fatores, mas fortes pressentimentos, aversões anormais a determinados assuntos ou atitudes, entre outros, até mesmo acontecimentos presentes que desencadeiam determinada mudanças psicológicas no ser, são exemplos. Por que o encarnado não se lembra de tudo com clareza? Porque o ser humano não tem condições, psicológicas e mentais, de suportar isso. O peso da culpa, da mágoa, do ressentimento, do orgulho e outros mais é deveras pesado para a mente humana lidar muitas vezes. Imagine se a pessoa descobre que foi um genocida, e as outras pessoas lembrassem disso também, será que o genocida seria perdoado por todos? Será que ele mesmo se perdoaria? Um “reset” momentâneo é o mais adequado para dar condições do espírito lidar com os problemas e com as situações aos poucos. Mas não é apenas para situações penosas que isso acontece, suponha um grande artista, um grande músico ou compositor. Esse mesmo espírito pode querer, por n razões, avançar em outras áreas do conhecimento, como a ciência ou a medicina, porém a paixão ou a aptidão que ele possui pela música pode ser prejudicial, uma vez que ele invariavelmente poderia seguir pelo caminho que mais tem afinidade (e até paixão). Então o esquecimento (melhor, o “bloqueio”) dessas lembranças e conhecimentos também pode ser realizado, de forma a permitir que o encarnado não se desvie do objetivo traçado. Por fim, sobre a culpa do “corpo” remeto à resposta da primeira pergunta, não se pode esquivar da responsabilidade pelos seus atos. Não foi “o corpo” quem cometeu o erro, foi o espírito, afinal, ele que é a consciência, ele que é preexistente. O corpo é um veículo carnal (que interfere sim, mas isso é outro assunto), mas não é o corpo que toma as decisões. Seria o mesmo que ao bater com um carro por erro humano, você querer condenar o carro e não o motorista.

        3 – foi um ser humano quem cometeu o primeiro pecado que motivou a sucessão de reencarnações, ou o primeiro “erro” teria sido cometido por um ser incorpóreo, supostamente mais elevado, motivando-se assim a criação do primeiro “corpo” para o “aprendizado”?
        R: Não existe no espiritismo a mesma interpretação de “pecado original” como aparece no catolicismo. Nem muito menos a ideia de que as reencarnações são apenas para reparar erros (conforme respondi na primeira pergunta). O que existe é a ideia de que os espíritos quando criados, são simples e ignorantes, tal qual crianças. Assim cabe a eles, através dos mecanismos universais, evoluírem e aprenderem, desde o nascimento da consciência, do reconhecimento do “eu”, do despertar dos sentimentos, etc. Na ótica espírita, os habitantes que se encontram aqui na Terra hoje, apesar de serem na sua maioria, imensamente imperfeitos, não são espíritos “recém criados”. Já são espíritos que possuem vasta bagagem de vidas ainda mais primitivas. A escala de tempo humana é irrisória perto da escala de tempo dos acontecimentos universais e espirituais. A própria mente humana, devido à sua cultura e formação, tem dificuldades enormes de conceber como seria uma vida na casa de milhares de anos, então tende a interpretar tudo com a medida de tempo humana, mas a realidade universal é bem diferente disso. Em termos de tempo espiritual e evolução não devemos falar em anos, mas sim em, talvez, centenas de milhares de anos podendo ainda chegar até mais longe, o caminha varia de ser para ser.

        4 – com o passar do tempo, e das sucessivas reencarnações, espíritos “aperfeiçoados” deixariam de reencarnar, logo, haveria cada vez menos necessidade de corpos, e a humanidade caminharia para a extinção. Não é o que acontece atualmente, pois a humanidade cresce a cada ano.
        R: Existem vários pontos nessa mesma pergunta. Primeiro é que, até onde se sabe, a criação de espíritos não cessou. Digamos, não existem um número x de espíritos no universo. Esse número continua crescendo, então novos espíritos simples e ignorantes são criados a cada “dia”. Segundo ponto, a Terra não é o único mundo habitado no universo, assim sendo por mais que todos os humanos de uma geração evoluíssem a ponto de não precisar reencarnar na Terra, haveriam seres de outros mundos que tomariam o lugar desses que partiram. Terceiro ponto, a evolução espiritual é muito mais complexa do que o ser humano concebe, nem o melhor ser humano (no sentido literal da expressão, “ser humano = ser imperfeito”) da Terra está sequer perto do estágio conhecido como “espíritos puros” ou seja, espíritos sem necessidade de reencarnar. Como eu citei anteriormente, a escala de tempo é muito diferente, muito mais ampla. E tudo aquilo que o ser humano aqui considera como o ápice da evolução, ainda está muito distante da realidade. Quarto ponto, a população de desencarnados (espíritos) é muito maior do que a população de encarnados em torno do orbe terrestre. A última vez que li algo a respeito o número era de 10 vezes mais desencarnados do que encarnados. Então, por mais que todos os espíritos da Terra hoje não mais voltasse para a Terra, ainda teriam muitos desencarnados por perto, desconsiderando a migração de espíritos de outros orbes. Quinto ponto, remetendo a primeira pergunta novamente, até mesmos espíritos que não teriam mais “necessidade” de encarnar na Terra o pode fazer, seja por missão, por afeição ou por um compromisso moral de auxiliar a civilização terrena.

        5 – se o “espírito” nasce “com defeito” e precisa ser aperfeiçoado, seu “criador” não produz espíritos que não precisem de “escola”?
        R: Ele o poderia, se assim o quisesse. Mas qual seria um mérito de um ser que “já nasce perfeito”? Como a própria filosofia humana costuma pontuar, o que importa de verdade não é o chegar num lugar, mas sim o caminho que você toma até chegar nesse lugar. A própria felicidade, segundo alguns pensadores, segue essa mesma ideia, ela não é um fim, ela é um meio. Seria o mesmo, numa pobre e ridiculamente simplificada analogia humana, de um pai rico que quer que seus herdeiros façam por merecer as suas conquistas, e não simplesmente as ganhem porque nasceram filhos do fulano x. Como eu falei, é uma analogia pobre e ridiculamente simplificada, não se trata apenas de receber uma herança ou recompensa, mas sim o próprio processo evolutivo do ser, que vai definir o que ele é, o que vai fazer e por que.

        6 – se o espírito carrega consigo a capacidade infinita de se aperfeiçoar, em algum momento será capaz de ser perfeito, logo ser Deus?
        R: Não. O ser humano não consegue sequer conceber o que seria “Deus”. Portanto o que o ser humano sabe são características de Deus como “perfeito, onisciente, onipotente, justo, etc, etc, etc”, mas isso não é Deus. É o mesmo que eu falar que um quadro é “colorido, pintado à óleo, com moldura dourada”, isso são características do quadro, mas não o quadro em si. Então o “ser perfeito” não é igual a “ser Deus”. E mesmo assim a classificação de “perfeição”, no conceito humano, é relativa. Aquilo que é perfeito é aquilo que não possui falhas, no entanto para isso é necessário uma comparação com algo que é falho. Na ótica espírita o “aperfeiçoamento” é citado nos campos moral e de conhecimento, já as características de Deus ultrapassam esses campos. Digamos, um espírito pode se tornar o mais moral possível, perfeito nesse aspecto, nas isso não o tornará onipotente.

        7 – porquê os espíritos não se manifestam sozinhos neste plano, sempre dependendo de intermediários (médiuns), já que podem “aparecer” para algumas pessoas?
        R: Como eu citei em outro post, espíritos também estão sujeitos a leis físicas (de outra dimensão). Não é tão simples quanto parece, o sujeito virou espírito, ele pode fazer o que quiser. O espiritismo tem mais elementos de “ficção científica” do que as pessoas costumam imaginar. Os espíritos estão em outra dimensão, não tem mais largo domínio pela matéria como os encarnados possuem, então mudar essa faixa de frequência vibratória e “rasgar” o tecido entre dimensões não é algo trivial. Espíritos podem sim se materializar, bem como existem fenômenos que envolvem essa mudança dimensional, mas isso não é simples. Geralmente é necessário a utilização de energias densas de encarnados, conhecida como ectoplasma, para gerar essa intervenção no físico. Existem outras formas, mas isso inclui a manipulação de forças, energias e conhecimentos que a ciência humana está longe de imaginar. Quanto ao “aparecer” para certas pessoas, isso só acontece com maior frequência porque essas “certas pessoas” são “diferentes”. Elas possuem uma facilidade em perceber essa outra frequência, outra dimensão, onde os espíritos se encontram. É uma ilusão pensar que os espíritos que habitam a orbe terrestre são na sua maioria seres extraordinários. Eles são humanos, despidos da roupagem carnal. E assim como os humanos em sua maioria carecem de conhecimentos para fazer as coisas mais complexas, assim acontece com os espíritos. O lado de cá é reflexo do lado de lá.

        8 – pode um “espírito ainda imperfeito” se rebelar e se recusar a reencarnar, sabendo que passará por uma existência de sofrimento? Sofrer por sofrer, deixa tudo como está.
        R: Pode, mas isso gera graves consequências. É um assunto bem difícil de explicar, mas vou tentar mesmo assim. A reencarnação é uma das leis universais, um espírito rebelde pode se recusar a isso, porém ele começa a sofrer as consequências dessa escolha. Os espíritos que assim o fazem são de forma geral rebeldes e imperfeitos moralmente, como você mesmo colocou, assim sendo, habitam zonas compatíveis com seu estado espiritual. Essas zonas são altamente densas e tóxicas. E isso acaba gerando um impacto negativo no corpo espiritual desses seres. Tentando fazer um paralelo…imagine você vivendo numa zona que contém radiação nuclear, o seu corpo iria sofrer com isso, com o tempo ele começaria a sofrer degradações, deformações e outras consequências da radiação. Então esses espíritos começam aos poucos, a perder as forma espiritual humana, ficando deformados, podendo chegar ao ponto de perder completamente a forma humana. Isso que eu estou falando apenas do corpo espiritual e não estou falando dos danos psicológicos disso, nem da imersão em culpa, etc, etc, etc. Dava para escrever livros, literalmente falando, só sobre esse assunto e exemplos. Existem espíritos que, devido ao alto grau de conhecimento e outras habilidades adquiridas que conseguem forjar, numa analogia, trajes “anti radiação” (na verdade são uma espécie de campos magnéticos de alto poder que mantém as partículas do seu corpo espiritual coesas. Como eu disse, o espiritismo tem mais elementos de “ficção científica” do que se imagina), adiando assim a reencarnação por séculos, até milênios. Mas eles acabam sendo prisioneiros da sua própria escolha, sendo que a reencarnação é um pavor para eles, reféns da sua própria escolha e da condição que se encontram. Você pode perguntar “por que essas áreas são tóxicas”, a resposta é, consequência dos seres que habitam essa área. Fazendo um paralelo, uma área habitada por povos bélicos será mais destruída do que dos não bélicos, consequência das guerras que eles irão fazer naquela área. E por que os esses seres acabam lá? Eles vão para um lugar cuja frequência vibratória coincide com a deles próprios. Existem alguns parênteses sobre esse assunto, mas ele vai ficar cada vez maior se eu continuar.

        9 – de que modo uma existência terrena, num “corpo terreno” pode melhorar a situação de algo que, pode definição, ocupa um plano mais elevado de existência?
        R: Como eu citei na pergunta sobre perfeição, o aperfeiçoamento se dá nos campos morais e intelectuais. A experiência pode ser terrena, mas o aprendizado é espiritual. Vamos fazer um paralelo com viagens internacionais. Uma pessoa que vive no Brasil pode passar um período em outro país, aprender outra cultura, outros costumes, e retornar para o país de origem com mais conhecimentos do que tinha antes. O mesmo se dá com o espírito. As encarnações são oportunidades do espírito adquirir conhecimento, bem como se colocar a prova, reparar erros, ou outras coisas mais. Outros paralelos podem ser tratados, como por exemplo com filmes ou livros. Eles não “existem” no nosso mundo, mas numa imersão naquela história, nós, humanos, podemos aprender coisas novas. Esses são outros exemplos ridiculamente simples e pobres frente a realidade, mas a ideia é só passar o conceito e não fazer uma comparação fiel.

        10 – reencarnação só acontece no planeta Terra, ou espíritos poderiam “reencarnar” em seres de outros planetas, havendo assim uma espécie de intercâmbio intergalático de reencarnações?
        R: Acontece em diversos globos no universo. E portanto não só é possível como existe esse intercâmbio entre planetas. A própria raça humana já recebeu em várias ocasiões espíritos que provém de outras orbes. Como a escala evolutiva é imensa (conforme eu já citei nesse post) e cada qual caminha segundo sua própria velocidade, muitas vezes um ser “anda mais rápido” do que a média. Então, para ele não ficar acorrentado ao seu orbe, ele pode ir para um outro orbe mais condizente com o seu estado atual. Seria o mesmo que fazer um aluno adiantado pular uma série da escola, ao invés de mantê-lo junto com a turma original, que é mais devagar do que ele. O inverso também acontece, de seres de orbes melhores voltaram para os mais atrasados como forma de ajudar os que estão com dificuldades. E ainda existem os degredos, que é quando espíritos que perseveram em atitudes imperfeitas ficam atrasados demais para permanecerem num dado orbe, então eles são encaminhados para outros mais adequados, já que aquele lugar que eles habitam atualmente não mais pode ter a presença desses espíritos. Seria o equivalente a “repetir de ano” na escola e ser mudado de turma. Esse é outro assunto que só gera mais assuntos, ao começar a levar em conta as diferenças culturais e psicológicas inter raciais.

        Enfim, espero ter respondido ao menos um pedaço das suas dúvidas de forma satisfatória. Possivelmente eu devo ter gerado ainda mais dúvidas, mas esse é o caminho. Uma resposta gera duas novas perguntas.

        E Philipe, parabéns pelo blog, excelente!! As matérias são ótimas também, estou virando um leitor assíduo do Mundo Gump.

        Sobre a questão que você colocou no texto sobre um ser imaterial interferir no corpo material, na verdade não poderia ser de outra forma. A encarnação é engendrada para o espírito, tanto em acontecimentos quanto em recursos para que esses acontecimentos possam ocorrer. E o espírito pode sim, de forma consciente ou inconsciente, interferir na formação do novo corpo. O espírito já apresenta um estreitamento com o novo corpo desde a concepção deste, então o espírito vai, invariavelmente, influenciar na formação do corpo. Digamos, o corpo biológico não é um produto pronto, ele é formado com base no material genético dos pais, somado a influências externas, como mutações. E essas mutações não são “ao acaso”, elas obedecem suas leis. É só ver os recentes estudos que apontam cada vez mais que certas doenças fisiológicas tem fundo emocional ou psicológico. Não é apenas hábitos alimentares, atividades físicas e histórico genético, que também entram na balança, junto com estresse e estado emocional da pessoa. Se você considerar que um bebê ou uma criança, ou ainda um corpo em formação que já possui um espírito associado (não ligado definitivamente, apenas associado) e este já possui um estado emocional complexo, então dá para traçar um paralelo que essa consciência irá interferir nesse processo.

        Abraços.

  4. Muito interessante Philipe! Eu estava ansiosa pela segunda parte! Como sempre você mandou muito bem! Texto rico, cheio de detalhes e muito bem escrito. Esse fenômeno é realmente estranho e merece ser pesquisado.

  5. Particularmente, não acredito em reencarnação. Mas como leitor assíduo, “fã de carteirinha” do Mundo Gump, não posso deixar de elogiar o texto, que é muito interessante sim. Mas para mim, em meu ceticismo, é apenas outro texto “gumpescamente mirabolante” do Philipe.

    Mas, como diz a patroa aqui: “Acreditar, não acredito. Mas pra que duvidar?” rs

    Abração, Philipe.

  6. Segundo a Doutrina Espírita, o espirito puro seria bastante imaterial, necessitando de um revestimento mais grosseiro, o perispírito, que faria a ponte com o corpo físico. Os dois, porém , seria de uma especie de matéria, ainda indetectável por nossos instrumentos. E o corpo seria moldado pelos dois (espirito e perispírito), que seriam sua matriz, por assim dizer. A influência seria também mutua.
    Uma analogia seria pensar em um programa de computador: o espirito puro seria o código-fonte, com perispírito seria o programa compilado, e com um corpo seria o programa instalado.

  7. Nossa!! ótimo texto.
    Meu primeiro comentário,
    Minha maior alegria, é quando meu reader atualiza e aparece uma atualização do mundo gump!
    Parabéns Philipe

  8. Oi Philipe, te acompanho desde 2010, apreentei seus textos à minha irmã, q tb curte. Enfim sobre este assunto posso dar meu testemunho: desde meus 13 anos de idade mais ou menos não me dou bem com minha mãe, nossa relação é super difícil, hoje estou com 33 anos (ainda moro com meus pais), uns meses atrás eu tive um sonho estranho, era como se o meu eu de hoje estivesse enxergando o meu eu de 3 anos de idade, porém em outra vida, aconteceu que minha mãe me dava pra um casal, e eu chorava muito, pq sabia o q estava acontecendo, e q não veria mais minha família. Acordei chorando muito e isso realmente mexeu demais comigo. Nessa época eu já conhecia por contos e site o Dr Oswaldo Shimoda, que desenvolveu uma terapia chamada Terapia Regressiva Evolutiva, resumindo, me consultei com ele e descobrimos que sim, o sonho era de uma vida passada, que até hoje eu não perdoei minha mãe por ter me entregado à outra familia, por isso ainda temos problemas de relacionamento. Descobri outras coisas que não vêm ao caso.

  9. Texto muito bom!! O tema é fascinante e você o abordou de uma forma que me deixou ainda mais curioso e inquieto com o assunto.

    Descobri esse blog depois do texto da rádio russa de números e já me tornei leitor assíduo. (entro todo dia e passei uma noite inteira lendo postagens antigas, rs).

  10. Não existe unanimidade nem em relação ao início da vida. Que dirá consenso no que diz respeito a desde quando a alma habita o corpo.
    Eu sou cristão, e não acredito em reencarnação.
    Para mim, no momento da fecundação, quando uma nova vida é formada, uma nova alma está já presente. Não preciso dizer que não tenho provas disso, e também ninguém tem provas ao contrário. A população mundial hoje é recorde, coisa que não combina com reencarnação.
    Qualquer um que acredite numa vida espiritual, em Deus e seu opositor, em Céu e Inferno, o que constitui imensa maioria da população, sabe como é possível uma pessoa “lembrar-se” de vidas passadas, sem que seja necessária a reencarnação.
    O post parece ser longo, mas o assunto ( as ramificações dele, o contraditório, todos os argumentos possíveis, com explicações, origens e interpretações de estudos, livros e ainda testemunhos e experiências de vida ) é de tal forma complexo, que quem se interessar terá um longo caminho de estudo.
    Diferente do Joaquim, não considero baboseira. É coisa séria. Nada relacionado à alma pode ser colocado como baboseira.

  11. Compadre…meu amigo quer mexer com essas coisas de hipnose, eu levo fé nisso, menos nos programas de tevê e o meu amigo quer que eu seja a “cobaia” dele para o primeiro experimento de hipnose dele para me deixar em um estado de sono lúcido.
    Eu deixo ou não deixo??

    • Não há perigo. Um paciente hipnotizado jamais vai fazer algo que seja contra seus princípios. Se vc for hipnotizado e ele te largar assim, vc não fica preso para sempre na hipnose (tem gente que pensa isso) mas vai mudar de estado e passará a dormir. Aí acorda de boa.
      As hipnoses de programa de tv são hipnoses de verdade! Ocorre que a parte que eles não contam é que esses caras que estão na plateia ja foram hipnotizados antes, foram selecionados com base em sua predisposição natural (há pessoas mais sugestionáveis que outras) e foi gravado o signo-sinal. Isso é uma palavra que o hipnotizador grava na mente do hipnotizado que ao ser dita leva o cara direto para o transe. Então, eles parecem despertos no meio da plateia, só que já estão hipnotizados. Esse é o “segredo” do truque.

      • Cumpadre, você se antecipou à minha resposta. Tive oportunidade de conhecer profissionais que aplicam a hipnose como coadjuvante no tratamento de certas “perturbações psicológicas”, e me informaram que realmente não se pode “forçar” uma pessoa hipnotizada que faça coisas que ela não faria, estando fora do transe. O “super-ego” da pessoa funcionaria como um juiz e, dado um comando contrário, faria a pessoa despertar do sono hipnótico.
        Muitas são facilmente sugestionáveis; uma parcela são resistentes e uma minoria são totalmente “refratárias”, ou seja, noão podem ser hipnotizadas.
        E o signo-sinal é um comando que é implantado na mente do paciente, para facilitar a indução do transe, não sendo necessária a repetição do procedimento para se chegar no estado que é parecido com o sonambulico.
        Hipnotizadores de palco que não contam com pessoas previamente hipnotizadas, buscam participantes sugestionáveis, mediante testes como o das mãos que “grudam” entre sí, e outros. Selecionados estes, alguns entraram em transe, outros até que não.

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