Lama

Quando vejo na Tv
A tristeza me invade
Tenho visto tanta morte
Destruição pela cidade

Sangram ocre os morros verdes
Encostas que já não vejo
Já não sobra nem um teto
Em meio a lama, e o céu negro

Põe a culpa na natureza
O descaso me arrepia
Mas nada do que me prometem me faz perder a apatia

Eu só queria ter uma mata
Uma serra montanhesa
Pra rever meus companheiros
E aplacar minha tristeza
Segura firme moço lá vem a correnteza…
E vamos perder tudo, ficar na pindaíba
Senão chegar a morte
Ou coisa parecida
E te arrastar moço
na lama homicida

Eu só queria ter um barco
E uma política dinamarquesa
Pra valer o meu dinheiro
E não ver tanta torpeza
É o fundo do poço, falando com franqueza
E deixemos de coisa, traz os donativos
Senão chega tarde
Morrem de ansiedade
e o único colosso
é a solidariedade

É pau, é pedra, é o fim da cidade
É uma escorregada, é uma calamidade
É um povo varrido, pingos do temporal
É a noite, é a morte, é o abraço mortal
São os culpados de sempre culpando a monção
É a promessa de investir no próximo verão.

é a lama.
é a lama.
é a lama.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.
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Comentários

  1. Já peço perdão antecipadamente por me basear na estrutura da musica Canteiros, do Fagner sobre a poesia de Cecília Meireles e Águas de Março, do Tom Jobim.
    Foi sem querer querendo.

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