Lá vou eu pros 80

Lá vou eu pros oitenta
Quando Simony era musa
E a gente ia no show do Cazuza
E tinha a Zebrinha no Fantástico
Meus transformers de plástico
Sem falar nos comandos em ação
Perdidos na noite com Faustão
E o programa do Bozo
E Alf, o ETimoso
Tinha diplink e mão de aço
Ferrorama e Perdidos no espaço
Arthur era meu robô
Que nunca trouxe o jornal
Clodovil era “Clô”
E toda tarde tinha Nescau

 

Lá vou eu pros oitenta
Ver corrida do Senna
e rir com os trapalhões
na tv e no cinema
Vou ouvir as canções
do Biquíni Cavadão, do Ira, e do Barão
Sem falar no Capital
Incluindo RPM, Plebe Rude e Legião
Ver novela Pantanal
Vale tudo e Roque Santeiro
Cantar as musicas do Hollyood no chuveiro
Prince pegava geral
Michael Jackson virava zumbi
e cigano era o Sidney Magal

 
Lá vou eu pros oitenta
Não é nenhum segredo
que a vida tem sua parte agourenta
Teve a morte do Tancredo
Challenger, overnight, inflação do Brasil
O pênalti do Zico e a explosão de Chernobyl

 

Lá vou eu pros oitenta
Ver mulher nota mil
brincar de playmobil
E montar o ferrorama
Curtindo a vida adoidado
Num copo de Malt90 ou Brahma
Quando a gente era convidado
Meninos levam bebida e meninas o salgado
Rolava oingo boingo, The police
Pretenders, New Order, e Kiss
Era uma coisa meio louca
Esperar a musica lenta pra beijar na boca
A madonna era gostosa
E de manhã passava o Visconde de Sabugosa

 

Lá vou eu pros oitenta
Ver a bolha do Volpone, o tesouro do seu Nonô
Renato Villar, Tio Maneco e Espanto, o seu robô
Beato Salu, Navalhada, Professor Astromar
Do lobisomem ao bruxo Ravengar
direto da terra de Avilan
Sem parar de me perguntar:
Quem matou Odete Roitman?

 

Lá vou eu pros oitenta
Ler chiclete com banana
e coleção vagalume
ouvir o Hit da Rosanna
Esguelando no volume
Para os Menudos superar
Se o vizinho reclamar
tem Atari, Genius e Odissey pra jogar
E quando cansar, ir pra rua brincar
Pique esconde, polícia e ladrão, corrida
E se por acaso a gente machucar
tasca mercurocromo na ferida
pois merthiolate arde pra danar!

 

Lá vou eu pros oitenta
Rir da tanga do Gabeira
Descer de Gurgel uma ladeira
descolar um da latinha
pra esperar o programa do Chacrinha
e votar no macaco tião
No Juruna, não!
Comprar a playboy da Luma
E pagar com um barão
Antes que o dinheiro suma
Na boca da inflação

 

Lá vou eu pros oitenta
Ver Casal vinte, As panteras e o Hulk
Jennie, feiticeira e o Mcgyver com seus truques
Tem Banco Nacional e as pernas das paquitas
E a blitz cantava “Ok você venceu, batata frita!”
E calça Baggy a gente achava bonita
Encontrar o baixinho da Kaiser, o Araquen
rememorar como ninguém rebola tão bem
Quanto a Gretchen
Ver as mulheres atochando o biquíni
com sorte encontro a Luciana Vendramini
E mesmo que a sorte não me dê a “bênça”
Posso dar de cara com a Maitê Proença
Mas se eu não encontrar nenhum desses vips
Volto para casa pra ver Chips

 

Lá vou eu pros oitenta
Porque só  lembrar meu coração não aguenta

FIM

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. A extinta banda Penélope fez uma “versão resumida” dessa música lá pelos anos 200x alguma coisa… A letra é curtinha e a melodia “chiclete”. Não se compara na complexidade da letra do Phillipe, mas cumpria a proposta nostálgica… :)
    Letra: http://www.vagalume.com.br/penelope/1980.html

  2. Philipe, gostaria de perguntar algumas coisas e enviar algum material para você dar uma analisada. Qual o melhor contato para mostrar o material?

  3. Éee cara… seus poemas tem alguns tons meios engraçados, mas muito verdadeiro! Para mim os anos 80 foram os melhores! Como músico, sinto que a música acabou aí. Estranho eu falar isso, pois nasci em 86 e não vivi nada dessa década. Conheço poucas coisas e as que ficaram de herança para os anos 90.

    Philipe multi função! kkkkk

    Abraço

  4. Cara é maneiríssimo.  Estou dando uma olhada no blog e tô gostando muito.  Comecei nos filmes dos anos 80 e o que mais me chamou atenção foi seu comentário sobre a voz do Darth Vader ser aquela dublagem dos anos 80 melhor que a dos dias de hoje. Pensei que só eu tinha achado isso.
    Abraços .  Eduardo Fusco

  5. MARAVILHA!!!
     ISSO ´´E    APENAS  O TRECHO MAIS FELIZ DA MINHA VIDA !!!!
     PASSOU   A CENA TODA NA CABEÇA!!!

      MARAVILHA!!!
     NOTA  DEZ !!!!

  6. O que mais me encanta é a leveza com que vc conta as coisas. As rimas encaixam perfeitamente e me lembro exatamente de todas essas coisas, inclusive as preferências, as modinhas. Como educador, exaspero-me frente ao caos atual de uma geração perdida, sem criatividade.
    Fomos contemporâneos e curtimos as mesmas coisas. Que Deus te abençoe.
    Abração.

  7. O que mais me encanta é a leveza com que vc conta as coisas. As rimas encaixam perfeitamente e me lembro exatamente de todas essas coisas, inclusive as preferências, as modinhas. Como educador, exaspero-me frente ao caos atual de uma geração perdida, sem criatividade.Fomos contemporâneos e curtimos as mesmas coisas. Que Deus te abençoe.Abração.

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