“Quero ficar paralítica” , “Estou ouvindo o meu olho”: Duas histórias estranhas

Ah, em primeiro lugar: Uhuuu! O Adsense voltou! 

Agora, dito isso, vamos ao post em questão, no qual apresento dois casos bastante estranhos. O primeiro é da mulher que quer virar paraplégica. O segundo é o do cara que conseguia ouvir os próprios olhos.

Eu quero ser paraplégica

 

O caso dessa dona já tem um tempo, e teve até documentário com ela no National Geographic. Esse post estava na minha gaveta de posts desde julho do ano passado. Mas sempre que eu conto para alguém em mesa de bar um monte de gente faz cara de que tá ouvindo mentira. Afinal, ninguém normal iria querer passar por uma operação para ficar com paralisia…

Ninguém fora Chloe Jennings-White.

Apesar de não ter nenhum problema nas pernas, ela quer virar portadora de deficiência física, nem que seja produzindo um trauma intencionalmente.

Chloe Jennings-White deseja tanto se movimentar sempre em uma cadeira de rodas que tenta há anos arrecadar dinheiro para pagar um médico que a torne paraplégica. Desde a infância, a britânica tentou por diversas vezes se ferir o suficiente para paralisar permanentemente seus membros inferiores.

Essa mulher sofre de uma doença mental, chamada desordem de identidade da integridade corporal (DIIC). Essa desordem faz com que a mente dela não reconheça seus membros como funcionais, de modo que ao andar ela sente um desconforto psicológico, pois a mente dela quer ser paralítica.

Ela tem membros normais mas quer ficar na cadeira de rodas para sempre.
Ela tem membros normais mas quer ficar na cadeira de rodas para sempre.

Alguns especialistas acreditam que essa desordem  é causada por uma falha neurológica, em que o sistema de mapeamento do cérebro não pode ver uma determinada parte do corpo. Chloe confirma a hipótese: 

Algo no meu cérebro diz-me as minhas pernas não deviam funcionar. Ter qualquer sensação nelas me faz sentir mal.

Durante anos ela enfaixou-se em segredo, comprou uma cadeira de rodas e até reformou sua casa para viver como se fosse paraplégica. Mas agora Chloe resolveu que vai expor abertamente sua condição, apesar da intolerância que ela enfrenta, como insultos e até ameaças.

A primeira vez que Chloe percebeu que tinha algo diferente nela foi quando com apenas 4 anos, foi visitar sua tia Olive, que estava usando muletas após um acidente de moto.

“Eu queria usar as muletas também”, disse ela. “Eu me perguntava por que eu não nasci precisando delas e senti que algo estava errado comigo, porque eu não as tinha.”

Com a idade de nove anos, Chloe começou a fazer maluquices de bicicleta, tentando se acidentar gravemente para paralisar as pernas. Depois de algumas tentativas fracassadas ela viu que aquele não era um bom jeito.
“Eu só queria paralisar minhas pernas, mas poderia ter quebrado o pescoço ou morrido “, ela acrescentou.

A partir de então, Chloe passou a viver sua fantasia de paralítica em segredo, fingindo ter o problema quando estava sozinha, ao mesmo tempo em que praticava esportes de risco e subia em árvores, na esperança de cair de cabeça e ficar paralítica.

O esporte preferido de Chloe hoje é o esqui alpino. Não apenas pela adrenalina, mas porque nele há reais chances dela cair e se ferrar (Shumacher que o diga, né?).

"Meu sonho é ficar paralítica"
“Meu sonho é ficar paralítica”

Fazer qualquer atividade que traz a chance de me tornar paraplégica me dá uma sensação de alívio da ansiedade provocada pela BIID.

De fato, os amigos dela vivem com medo disso, pois eles sabem que quando ela esquia, ela tem uma “agenda” e por isso ela tende a fazer manobras de forma muito agressiva. Todo mundo sabe que uma hora ou outra ela pode conseguir, ou passar do ponto e morrer.

Chloe até teve um acidente de esqui de verdade, há oito anos atrás, que a deixou com uma lesão nas costas, mas foi um dano menor e ela não ficou paralisada.
Foi graças à aquele acidente que ao pesquisando on-line ela se deparou com a BIID pela primeira vez. Assim, Chloe descobriu que apesar de sua condição ser rara, havia outros como ela.

“Foi um grande alívio”, disse ela.
Ela participou de um estudo de pesquisa BIID com um psiquiatra de Nova York, que a diagnosticou na Primavera de 2008 e recomendou que ela passasse a usar uma cadeira de rodas.

Desde então, ela tem usado a cadeira direto, só costuma levantar para chegar a certas partes de sua casa que ela ainda não teve condições para alterar. Ela ainda esta em busca de uma cirurgia que paralise de vez suas pernas.

Sinceramente, eu acho um caso bastante Gump esse, mas não entendo por que razão ela simplesmente não tentou recorrer à hipnose. Com a hipnose seria simples desabilitar os membros inferiores dela, deixando Chloe pensar que ficou paraplégica de vez.
Aqui tem um trecho de notícia sobre ela:

leia mais sobre o caso dela no Daily Mail.

O homem que ouvia seus olhos

Este é o estranho caso de Stephen Mabbutt , de 57 anos, que vive em Charlton, no condado de Oxfordshire, Inglaterra.

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Stephen conseguia ouvir coisas que não deveria. Além de ouvir seus olhos se movendo, ele também ouvia os batimentos do seu coração e tinha cada vez mais dificuldade em ouvir o mundo ao seu redor, devido à interferência dos sons intrínsecos.

Foi o otorrinolaringologista Richard Irving quem fez o diagnóstico de “Síndrome de Deiscência de Canal Semicircular Superior” ou (SDCSS). Trata-se de uma condição rara, descrita pela primeira vez na literatura médica apenas em 1998. Stephen diz que a cirurgia transformou sua vida.

Os sintomas começaram há seis anos, quando Mabbutt sentiu uma dor estranha no lado da cabeça. Diferentes clínicos gerais trataram o paciente com antibióticos e remédios para o nariz, mas seu estado continuava piorando. A coisa ficou realmente estranha quando surgiram novos sintomas: Stephen Mabbutt ouvia ruídos altos que provocavam tontura, e sua visão pulsava de acordo com o ritmo de sua fala.

“Quando eu levantava a voz, ela reverberava na minha cabeça e a vibração fazia minha visão tremer”, contou. “No final, eu podia ouvir meu coração batendo e os olhos se movendo no globo ocular. Aquilo atrapalhava a minha concentração.”

Nem é preciso dizer que isso é uma coisa bem rara. “Na Grã-Bretanha, talvez haja uma incidência anual de um caso em cada 500 mil habitantes”, disse Irving à BBC.

Após alguns exames, um especialista constatou que o paciente apresentava perfurações no canal semicircular superior, dentro de seu ouvido.
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Os canais semicirculares não têm função auditiva, mas são importantes na manutenção do equilíbrio do corpo. São pequenos tubos circulares que contêm líquido e estão situados no labirinto posterior, em cada lado da cabeça.

“Os sintomas incluem perda de audição e problemas de equilíbrio, provocados principalmente por barulhos altos ou mudanças de pressão na cabeça.”

“Tive um paciente que caía toda vez que tinha um acesso de riso”, contou o médico. “Você ouve todos os barulhos internos do corpo de forma muito alta.”

Ouvindo os olhos

Como os músculos que movem os olhos estão conectados aos ossos do crânio, quando se movem há um atrito. Alguns pacientes, à medida que seus olhos se movem de um lado para o outro, ouvem o som resultante desse atrito.

“Isso destrói sua qualidade de vida”, disse Irving.

Os cirurgiões fizeram uma incisão de 5 cm atrás da orelha do paciente e perfuraram seu crânio para chegar ao canal semicircular superior, dentro dos ouvidos. Usando amostras de osso retiradas do paciente, os especialistas fecharam as perfurações.

E aí a vida de Mabbutt se transformou.

Eu tinha esperanças de que alguém descobrisse qual era o problema. Ficava deprimido, sem saber o que eu tinha e se havia uma cura. Hoje, estou ótimo. A diferença é incrível.


fonte

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. É impressionante como existem doenças/problemas/síndromes que nós nem imaginamos que possam existir. E imagino o quanto é difícil um diagnóstico dessas coisas raras. Quantos médicos a pessoa não tem que passar até chegar em um que acerte o diagnóstico? E deve ter muita gente que passa a vida inteira sem saber qual é o problema. Se nos grandes centros já é difícil, qual a chance de um morador de algumas das milhares de cidades pequenas que existem no Brasil de ter um diagnóstico de uma moléstia rara dessas?

    Mudando de assunto, o caso dessa mulher que quer ser paraplégica, ela não pode simplesmente usar algum equipamento que prenda as suas pernas e impeça a sua mobilidade? Não deve ser difícil fazer algo assim. Se ela prender um peso de 50 kg nas pernas ela não vai conseguir sair da cadeira de rodas… Ou 70, 100 kg, enfim, o quanto for necessário…

  2. Grandes merdas.
    Eu também queria viver numa cadeira de rodas. Daquelas do Wall-e.
    Mas sem ficar paralítico, é óbvio.
    Pois mais valem duas pernas descansadas do que duas pernas inúteis.

  3. Nossa Philip!!!!
    Eu pensei que ouvir meus olhos era normal!!!!
    Quando eu os movimento, ouço um barulho parecido com uma lixa grossa na madeira… O problema se agrava quando estou em completo silêncio, a ponto de eu sempre estar com uma música ao meu lado, para disfarçar.
    Também ouço meu coração o tempo todo, a ponto de incomodar quando estou em completo silêncio. Acontece sempre quando vou dormir, tenho que me ajeitar o tempo todo…

  4. Oi Philipe,
    Vc falou ali em hipnose e na real eu sempre quis passar pela experiência de ser hipnotizada. É algo q qq um pode se submeter? Vc conhece algum profissional no Rio (ou em Niterói)? Se for algo factível, acho q seria o ideal pra mim rs
    Ah, q bom q o adsense voltou!

  5. Philipe, no chrome não da pra clicar nos links do site não dá nem pra entrar nos posts, isso é um problema no site ou do navegador?

  6. Eu já havia ouvido falar sobre o caso desta mulher, Philipe. Quando eu estudei na faculdade sobre os direitos fundamentais, sobre as questões relacionadas à dignidade da pessoa humana, nós pesquisávamos a respeito dos chamados wannabes, em relação à apotemnofilia. Neste caso, eram pessoas normais, que tinham vontade de ser amputadas sem nenhuma razão médica para isso. Essas pessoas nascem com uma disfunção que os fazem rejeitar um membro até que possam se livrar dele. Lembro de uma mulher que rejeitava um dos braços e não conseguia quem o removesse cirurgicamente, então ela mergulhou o braço em água com muito gelo até que não pudesse mais senti-lo, e então, ela mesma o amputou. E passou a viver feliz da vida depois disso. Nas aulas da faculdade nós discutíamos se as pessoas poderiam dispor do próprio corpo a ponto de prevalecer a autonomia da vontade, ou se a integridade física deveria prevalecer, enfim… Era uma discussão danada. Eu acho isso tudo muito estranho, mas entendo que estas pessoas são doentes. =/

  7. A hipnose não é um tratamente definitivo, tendo que recorrer a varias sessões e a cada sessão os sintomas da patologia podem voltar pior, por isso a hipnose não é uma terapia lá muito útil hoje.

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