Dois ceguinhos

Não sei de onde veio isso. Juro. Veio na minha cabeça ainda agora mas eu confesso que não pensei isso. Lembrei, mas não lembro de onde que foi:

OS CEGUINHOS

Dois cegos estão numa esquina qualquer. Ambos parados ali como fazem há dez anos.
Passa um contínuo e olha os ceguinhos. Parados. Olhando para o nada. Uma plaquinha pede esmola. Em frente a cada um um chapéuzinho com algumas parcas moedas.

O contínuo resolve sacanear:

– Vou colocar cinquenta reais aqui, tá? Pros DOIS hein?

– Brigado senhor!
– Deus lhe pague.

O contínuo ao invés de ir embora fica ali parado olhando.
Os cegos estão queitos.
Passam-se dois ou três minutos. Um dos cegos vira pro outro:

– E aí?
– E aí o que?
– O dinheiro. Vamo trocar.
– Mas ele botou no seu chapéu.
– No meu não. No seu.
– Mentira. Tu tá querendo me roubar? Foi no seu porque aqui no meu não tem nada!
– Ladrão filho da puta.

Começa a briga. Dois cdegos tentando se estapear sem um enxergar o outro. Socos voam no ar.

A multidão se junta para ver a briga.

Com remorso o contínuo resolve dar um jeito na situação.
Ele grita:

– Aposto cem reais no que tá com a faca!

Os cegos ficam queitinhos. Paradinhos.
A briga acaba na hora

A cidade retoma a sua rotina. O contínuo vai embora rindo.

FIM

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.
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Comentários

  1. Que filho da puta .. pior q tem gnt mah assim no mundo mesmo neh.. Cara, achei varios livros mto bons em pdf de anatomia e desenho.. to dando uma lida aqui como referencia..

    abraco cara, seu blog sempre me diverte!

  2. Dá onde você tira estes textos?? (não responda…).
    Muito interessante sua criatividade. Jamais imaginaria uma situação dessas…

  3. cara essa história apareceu súbitamente na minha cabeça já pronta. Então eu sei que não fui eu que criei ela. Mas não lembro de onde ela veio. Assim sendo, sem lembrar a procedência, resolvi escrevê-la pra ver se o pai aparece.
    Meu mérito aí é só de escrever, o argumento veio sabe-se lá de onde. Se eu fosse espírita daria um nome bonito ao autor, tipo: Psicografado pela Cabocla Jupira.

  4. King Kling,
    Bom dia! Você tem razão. Pode creditar isso ao velho Jung. Você ouviu essa história em idos tempos, pendurou no tal “inconsciente” e de repente, na hora que buscava outra roupinha qualquer ela caiu do cabide. Eu ouvia essa estória toda há mais de 40 anos (me entreguei!!!) nas Minas Gerais…
    Abração,
    Marcio

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